A Floresta Cinzenta escrita por Polaris


Capítulo 1
Capítulo 1 - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal,
desde já quero agradecer a vocês que deram uma chance para a história, obrigada!

Espero que gostem ^-^



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A floresta cinzenta

Capitulo 1 – Prólogo

 

O carro balançava em um vai e vem pela estreita estrada de chão, era uma noite chuvosa e a brisa antipática levantava poeira e jogava folhas secas recém arrancadas no para-brisa do carro.

No seu interior, o clima não estava tão diferente da tempestade lá fora. Um silêncio mortal predominava devido a pequena discussão minutos atrás.

O moreno de pele clara e cabelos negros bagunçados estava de cara amarrada, não aceitava muito bem a separação dos pais, muito menos a escolha do irmão mais velho de ficar na Itália, sua cidade natal, para terminar a faculdade de direito.

 A mãe do garoto, uma mulher de quarenta e três anos, tentava controlar seu humor. Não estava sendo fácil para ela também, a mudança, a escolha do filho mais velho, a traição do marido, a trocando por uma mulher mais jovem – fato este, que prefere deixar escondido do caçula – respirou fundo, uma, duas, três vezes e olhou o filho pelo retrovisor.

— Sasuke. – Chamou uma vez.

O garoto continuava com uma mão apoiada no queixo e os olhos fixos na estrada pela janela.

— Sasuke, filho olha pra mim. – Chamou outra vez tentando manter a voz calma.

Ele pôs os fones de ouvido e a ignorou completamente.

Respirou fundo outra vez e continuou o caminho, tentando ignorar a rebeldia do garoto.

Acabaram chegando depois de cinco minutos, a casa era enorme, um pouco velha e gasta, castigada pelo tempo, mas aconchegante e silenciosa. O tom, que há tempos atrás deveria ser de um amarelo claro, estava desbotado, nada que uma mão nova de tinta não consertasse. Ambos estavam precisando de um novo começo, e aquela poderia não ser o que queriam, mas era tudo que tinham. Se virou e o encarou novamente.

— Sasuke, chegamos. – Ele a ignorou de novo. – Filho, estou falando com você. Sasuke! – Falou mais alto.

Ela perdeu a paciência e puxou os fones com força, fazendo o garoto a olhar com raiva.

— Qual é o seu problema? – Ele elevou o tom de voz e fez menção de pôr os fones de volta.

Ela segurou sua mão antes que ele os colocasse.

— Meu problema? O meu problema é você pensar que é um adulto e que pode tomar suas próprias decisões. Você tá achando que eu queria vir pra cá? Realmente pensa que eu deixei a minha vida de advogada pra trás por simples capricho? Acha que te tirei de perto do seu pai e do seu irmão por nada? Pela primeira vez na sua vida tente agir como um adulto que você pensa ser e não como uma criança mimada que é.

Saiu do carro com raiva, abriu a porta malas, pegou sua bagagem e entrou na casa deixando o garoto atônito para trás.

Sasuke ficou parado digerindo as palavras duras da mãe.

 Havia realmente se comportado como uma criança mimada o caminho todo, e pior, nem havia ligado para o que a mãe sentia. Poxa, ela deveria estar sofrendo também. Afinal, terminar um casamento de 22 anos não devia ser fácil.

Não tinha noção de quanto tempo ficou no carro, apenas viu uma cabeleira rosa e outra loira entrando na casa. O garoto loiro tinha alguma coisa na mão. Sentiu o pânico lhe invadir, a mãe estava sozinha na casa, sem nada para se proteger. Abriu a porta e começou a correr.

Recebeu uma boa parte da chuva, já que o lugar onde pararam o carro estava a uns sete metros do casarão.

Tropeçou algumas vezes no caminho, fazendo a roupa ficar um pouco suja de terra.

Abriu a porta num rompante e deu de cara com a mãe conversando com os garotos, as luzes agora estavam completamente acesas.

Mikoto olhou o estado do filho um tanto quanto perplexa.

— O que houve com você?

—Mãe!? Você está bem? Quem são esses?

— Ah! Querido, estes são nossos vizinhos não tão próximos. – Riu baixo acompanhada do loiro, a rosada apenas sorriu de leve.

— Quando os vi entrando achei que tentariam roubar ou machucar a senhora, esse garoto tinha alguma coisa na mão.

— Sasuke! – Foi repreendido.

— Não tem problema não, dona Mikoto, está tudo bem. – O loiro respondeu e olhou na direção do moreno. – Prazer, sou o Naruto. Se foi aquilo que viu. – Apontou para a torta de cereja em cima da mesa. – Vou logo avisando, o único perigo dela é ser extremamente gostosa.

Ficou envergonhado e tentou não o encarar. Os olhos do garoto eram de um azul profundo, quase parecido com as águas de Capri.

— Foi mal. – Falou baixinho.

— Ah, sem problemas. Aquela ali é a Sakura, minha melhor e mais doce amiga, né coisinha? – Bagunçou os cabelos da garota, que lhe deu um tapa na mão.

— Prazer em conhece-lo, Sasuke. – Estendeu a mão.

O garoto a olhou constrangido, devia ter ficado vermelho, pois o jeito que a mãe o olhou, foi no mínimo, cômico. Apertou a mão.

— O prazer é meu, Sakura. – Ela ficou lhe encarando alguns segundos.

Sasuke começou a reparar nos olhos da garota, incrivelmente verdes, como se duas esmeraldas estivessem costuradas no lugar do globo ocular. 

Mikoto pigarreou, então Sasuke reparou que ainda segurava firmemente a mão da rosada.

— Enfim, foi um prazer conhece-los e esperam que se sintam bem aqui em Konoha, mas precisamos ir. – Sakura cutucou Naruto o despertando do transe, ele ainda encarava Sasuke com curiosidade.

— Ah, por que não ficam mais um pouco e nos fazem companhia? Seria bom.

— Agradecemos o convite, Mikoto, mas não devemos ficar mais, vai começar a chover mais forte. – Disse Sakura.

— Não está chovendo tanto assim. – Sasuke olhou para fora.

— Na verdade, a tempestade ficará pior, eu sugiro que tragam o restante das malas depressa, antes que fiquem encharcadas. – Naruto se pronunciou.

— Como sabe disso? Viu no noticiário? – Mikoto riu de leve.

Os dois se olharam cúmplices.

— Digamos que eu tenho uma ligação especial com a água.

A olhou divertido.

— Se você diz. – Deu de ombros.

— Sasuke. – Chamou a rosada. Ele a olhou. – Sugiro que tome um banho e coloque algum agasalho, o clima daqui é um pouco hostil.

— É, eu percebi.

Ela assentiu e puxou Naruto. Se viraram e foram caminhando em direção a porta, antes de abrirem ouviram Mikoto dizer:

— Crianças, se não for incomodar, podem nos ajudar a colocar a bagagem para dentro, é que são muitas malas.

Se entreolharam rápido, como se estivessem preocupados.

— Olhe, Mikoto, nós não... – Naruto a interrompeu, dando uma cotovelada em seu braço, fazendo-a resmungar e o olhar irritada.

— Claro, vai ser um prazer para nós.

Sakura ainda lhe olhava seria e mortalmente.

— Não é, Sakura-chan?

A olhou como se a repreendesse. Ela ponderou alguns segundos.

— É claro.

Sasuke percebeu a tensão e a diferença entre os dois, enquanto Naruto parecia ser mais calmo e disponível, Sakura era misteriosa e fechada, totalmente inalcançável. Mas, ainda assim, era quase impossível não se sentir atraído. Não sabia dizer se eram pelos olhos, pelos cabelos rosas – o que achou estranho, mas preferiu não comentar. – Ou pelos lábios pequenos e vermelhos, tinha ainda o detalhe do corpo, não era a rainha das curvas, mas ainda assim, chamava atenção, a cintura fina, o quadril largo e os seios médios. As italianas eram mais bonitas, mas havia algo nela que prendia sua atenção, só tinha que decidir qual das alternativas acima era a mais... correta e menos pervertida.

Saiu dos pensamentos inoportunos ao ouvir a mãe bater palmas.

— Ótimo, vamos antes que a chuva engrosse.

Todos foram correndo até o carro.

Pegaram a quantidade de malas que aguentaram, duas em cada mão, e foram à casa, repetiram esse caminho apenas duas vezes.

— Naruto, pode me ajudar a levar estas para o meu quarto?

— Claro, vamos lá.

Sasuke e Sakura ficaram sozinhos colocando as últimas malas para dentro.

— Pode me ajudar com essa aqui, quero pôr no quarto.

— Já sabe em que quarto vai ficar? – Indagou.

— Ué, no que sobrar.

A garota riu mostrando os dentes perfeitamente brancos e alinhados.

— Existem cinco quartos nesse casarão. Um é da sua mãe, você vai ter que escolher entre quatro.

— Daqui que eu olhe e escolha um, já vai ter amanhecido. Acho que hoje vou dormir com a minha mãe.

Suspirou derrotado.

— Quer uma opinião?

— Quero.

— Escolha o último do segundo andar. Creio que vá gostar dele.

— E como tem tanta certeza? – Perguntou com curiosidade.

— Digamos que eu conhecia bem a pessoa que morava aqui anteriormente.

— Está falando do meu avô? Ele morreu a cinco anos.

Ela assentiu.

— Indra era um homem maravilhoso, gentil e inteligente. Nos divertíamos juntos, eu, Naruto, alguns amigos e ele. Fiquei chocada quando soube de sua morte, lamentamos a perda por vários dias. Não foi uma notícia fácil de aceitar.

Ela parecia triste, mesmo depois de tantos anos.

— Não éramos muito chegados, ele partiu sem nem dizer o porquê, e então nunca mais nos vimos de novo, quando eu soube da morte dele, não fiquei abalado, mas, olhando agora, eu gostaria de ter dito a ele que o amava.

Ela sorriu de leve.

— Como ele morreu?

— Você não soube?

— Bom, ouvi algumas coisas, mas não tudo completo.

— O encontraram morto na floresta, à beira do lago. A policia disse que ele estava pescando e enfartou.

— E o que você me diz?

Ela olhou dentro de seus olhos e o garoto engoliu em seco.

— Acho que existe mais dessa história que não querem que saibamos. A floreta cinzenta não é mais como antes, alguns locais dela, ficaram traiçoeiros.

— Ele era policial, acho que disse a verdade.

Deu de ombros e quebrou o contato visual.

— Ah, garoto. Existem mais coisas naquela floresta do que você imagina.

Acabou ficando curioso com a fala da garota.

— Que quer dizer com isso?

— Nada. Apenas esqueça. Vamos?

O garoto se virou e deu de cara com Naruto escorado no batente da porta com os braços cruzados e o olhar divertido.

— Sim, senhora. Tchau, Sasuke, até breve.

Deu um tapinha no ombro do moreno, sorrindo de orelha a orelha.

— Vamos nos molhar, yeah!

Gritou como uma criança e correu para fora da casa, Sakura apenas revirou os olhos, riu baixinho e se virou.

— Boa noite, para vocês, durmam bem.

E correu atrás de Naruto.

Mikoto riu baixinho e se virou para Sasuke.

— São uma graça não são? Naruto é tão animado, vocês vão se dar super bem.

— Eu espero.

Ele ponderou sobre o que dizer e respirou fundo.

— Mãe? – Ela o olhou. – Me desculpe pelo jeito que te tratei no carro, eu fui egoísta e só pensei em mim, nem me toquei que a senhora está sofrendo também. Me perdoa?

Ela o abraçou forte e afagou seus cabelos.

— É claro que perdoo.

Ele sorriu.

— Ah, e eu vi, hein mocinho?

Ele tombou a cabeça pro lado.

— Viu o que, exatamente?

— Seu olhar nada discreto sobre a Sakura. – Ele corou. Ela riu com vontade. – Relaxa filho, eu apoio vocês dois. Vou até criar um shipp, é assim que se fala?

— Mãe, por favor, não começa. – Pediu parecendo um pimentão.

— SasuKura? SaRa? Não! SasuSaku! É isso, esse vai ser o shipp, SasuSaku, eu apoio totalmente, sou a shipper número um!

Ria descontroladamente, e acabava embolando as palavras, Sasuke não aguentou e acabou rindo junto. Não sabia o porquê mais havia gostado da ideia da mãe.

— Acho que vou dormir com a senhora hoje.

Anunciou de braços cruzados.

— Sem problemas, mas amanhã conversaremos sobre sua nova crush.

— Mãe. – Reclamou.

— Certo, certo, não está mais aqui quem falou. Acho que vou seguir o conselho da Sakura.

— Qual? – Arqueou a sobrancelha.

— Te dar um banho, você tá todo molhado e sujo de lama. Nada atraente.

Riu de leve.

— Vou preparar um banho, pegue roupas limpas e uma toalha.

— Não é melhor ver se tudo está funcionando direito?

— Querido, acha que a casa ficou sem manutenção esse tempo todo? Um amigo de Indra cuidou de tudo, Kakashi o nome dele, se não estou enganada.

Murmurou um “hum”.

A mãe seguiu pelo corredor e sumiu de vista.

A chuva ficou mais forte, assim como Naruto previra. Se aproximou um pouco da janela e ficou a olhar os pingos d’água. Relâmpagos cortavam o céu, e em um desses clarões, viu o que parecia ser um cavalo com asas, ou era isso, ou era um cavalo muito gordo e peludo.

Balançou a cabeça e olhou de novo, desta vez com mais atenção. Tentou focar, mas o bicho havia desaparecido.

— Tô ficando maluco.

Pegou o necessário e foi em direção ao banheiro, onde a mãe preparava o banho.

Realmente era tudo que precisava, a água quente percorrendo seu corpo dava um alívio incrível.

Entrou no quarto secando os cabelos e viu a mãe deitada na cama, já trocada e de óculos, lendo um livro.

Colocou a toalha na cadeira e se aproximou.

— Lê pra mim?

Ela sorriu e abriu espaço.

— Sabe pelo menos que livro é esse?

Negou com a cabeça.

— As crônicas de Spiderwick, é um dos seus favoritos não, é?

— É o meu favorito. Espero que a mudança chegue logo, e que os outros não venham amassados, ou vou surtar com os caras.

— Nós o empacotamos lembra? E você ainda os revestiu com plástico bolha. Não dá nem pra amassar.

— São precioso demais para esse mundo. – Riu acompanhado da mãe. – Vai lá, lê.

Mikoto leu em voz alta apenas três capítulos, pois havia percebido que o filho pegara no sono, guardou o livro na cabeceira e dormiu, esperando ter forças para sair da cama quando amanhecesse. Com o frio que fazia, nem valia a pena abrir os olhos.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido!
Comentem, por favor, quero ouvir/ler/saber a opinião de vocês!
Beijos, até o próximo!



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