quando escutei um barulho de sirene e a luz da policia,me afastei e olhei pela janela,me assustando com o pulo que Mark deu entrando no meu quarto.

-meu Santo Cristo...ferro tudo,a policia.Ele berrou fechando a porta e acendendo a luz,quando viu Joe na cama arregalou os olhos e principalmente quando me viu de calcinha e sutiã.-seu pervertido,ela é minha irmã...desgraçado.

Mark andou a cama e tirou Joe de cima dela,quase batendo nele,mas eu fiquei na frente.

-a policia seu idiota...se tentar bater nele ai que vamos presos.Eu berrei colocando meu robi que estava em cima de uma cadeira rosa que ficava no canto do quarto.

-verdade a policia...droga preciso pensar.Ele rosnou nervoso soltando o braço de Joe e indo de um lado para o outro,do nada ele parou e apontou para Joe.-e sai desse quarto pé grande.

-o que vamos fazer?.Eu perguntei sentando na beira da cama,Joe já estava fora do meu quarto.

-tenho uma idéia...fala para o policial ligar para este número.Ele disse pegando um celular no bolso.-e não fala que você tem um irmão aqui...senão já era o plano.

Peguei o celular da mão dele e desci a escada,a porta estava aberta e dois policiais estavam parados na soleira da porta nervosos,eles olharam para mim a cada vez que me aproximava.

-você é a dona dessa casa?.Um policial gordinho e baixinho perguntou enquanto o outro desligava o som.

-eu sou filha do dono.Eu meio que engasguei para falar,não gostava de me meter em encrenca,pelo menos agora.

-a senhorita já percebeu que passou das dez.O outro falou cruzando os braços.-os vizinhos estão reclamando.

-já estava acabando,todos estavam indo embora.Eu abaixei a cabeça e olhei para o celular.

-eu preciso falar com seus pais.Ele disse.

-eles foram viajar mas liguem para esse número.Eu entreguei o celular com o número principal.

Eles me olharam,pegaram o celular,se afastaram e começaram a conversar com a pessoa do outro lado da linha,nesse instante todos que participavam da festa já tinham corrido para suas casas,estava tensa principalmente quando eles desligaram.

-muito bem garota,então seus pais estão Acapulco?.Perguntou o policial magro de bigode.

-estão...eles foram ontem para Acapulco.Eu soltei um sorriso tenso,que diabos de Acapulco eles estão falando.

-seu pai disse que você vai ter uma punição quando chegar...então estamos indo,se você inventar de fazer uma destas festinhas novamente,vai ter que pagar uma multa e ir para a delegacia até seus pais chegarem,então sem essa de festinha.Ele entregou o celular,olhou de um lado para o outro na casa bagunçada e saiu.

Fechei a porta e sentei no chão,estava tensa e meu coração batia aceleradamente,escutei o carro partindo e Mark desceu a escada sorrindo.

-seu babaca,por que está rindo?,quase nos ferramos por sua culpa.Eu berrei levantando e o empurrando.

-calma,por minha causa estamos livres da policia.Ele soltou outro sorriso satisfeito e sentou no sofá com pizza e copos jogados.

-o que você fez?.Eu perguntei sentando ao lado dele,peguei um pedaço de pizza e dei uma mordida.

-fácil...fingi ser meu pai,falei que você iria ficar de castigo e tal.Ele ligou a televisão e sorriu novamente.-essa é minha tática de escapar das encrencas.

Eu olhei para ele e soltei um sorriso tenso e ao mesmo tempo de felicidade,ele me olhou e do nada ficou sério.

-não...não me fale que...ai cara,como você pode fazer logo com o Joe.Ele passou a mão no rosto sério.

-a vida é minha e eu faço o que quiser.Eu olhei para ele enquanto pegava uma garrafa fechada de refrigerante.-cuida da tua vida.

-como você pode ter tesão por aquele pé grande,girafa,desgraçado que colocou aquele brinquedinho ridículo dentro de você,miserável.Ele rosnou indignado.-como você pode ter tanta luxuria,credo.

Eu olhei para ele e comecei a sorrir.

-cara eu estou com Joe,se ele quiser enfiar aquele brinquedo gigante em algum lugar...eu vou aceitar ou não,você não cuida da minha vida,e não é meu irmão.Eu murmurei encostando a cabeça no encosto do sofá.

-então ele não colocou nada dentro do que deveria colocar?.Ele perguntou feliz,começou a sorrir sem parar.-essa é a melhor noticia.

-vou ir dormir.Eu levantei e subi a escada,escovei os dentes e dormi rapidamente,meu corpo pesava de tão cansada que estava.

Os passarinhos piavam lá fora,não estava nevando,passei a mão no rosto e levantei levando um susto.

-ai meu Deus o que você está fazendo aqui?.Eu perguntei encarando Mark que estava na soleira da porta me olhando.

-você é linda dormindo,só dormindo.Ele sussurrou deitando na cama,fui até o banheiro e escovei os dentes rapidamente.-e sabe irmãzinha,ontem até que estava bonitinha.

-eu sou bonita,e não sou sua irmãzinha,temos a mesma idade,a única diferença é que eu vou fazer dezessete daqui alguns dias e você já fez.Eu voltei para o quarto pegando uma roupa,estava ainda de robi da noite passada.

-o que quer fazer hoje?.Ele perguntou com os olhos fixos para onde eu ia.-andar de pedalinho?

-nossa Mark cada dia você fica mais pirado.Entrei no banheiro,tranquei a porta e me vesti rapidamente,quando sai Mark ainda estava lá deitado.

-sabe um dia eu te levo para o pedalinho,é em formato de pato bem grande e tem no Rio de Janeiro,é uma das programações que nossos pais iram fazer,ai quanto mais você pedala,mais ele flutua na água.Ele levantou se despreguiçando.

-isso parece brega.Eu sorri saindo do quarto com ele do meu lado,ele abaixou a cabeça,e não iria o deixar triste.-mas se você pagar esse mico comigo,então está bem.

Descemos a escada juntos,sentei no sofá e ele andou até a janela,espiando lá fora.

-está nevando um pouco.Ele colocou a luva que estava em uma mesinha de canto.-quer fazer anjinho de neve?

-nossa faz uns dez anos que não faço anjinho de neve.Eu sussurrei lembrando de quando fazia anjinho de neve com papai,quando viajávamos e estava nevando.

Ele pegou minha mão e me puxou para fora,só que antes consegui pegar minha jaqueta e minha touca que estava pendurada ao lado da porta de entrada.

-sabia que você é maluco.Eu berrei caindo em um bolo de neve que estava ali a tempos,desde a última grande nevasca,semana passada.

Ele deitou onde estava coberto de neve e balançou os braços e as pernas,para formar um anjinho,deitei ao lado dele e o copiei fazendo is mesmos movimentos na neve.

-como era sua vida antes de vir morar aqui?.Ele perguntou parando de se mexer,virou e me olhou.

-uma vida normal,morava em apartamento antigo no Brooklin,dividia meu quarto com Jack,usava roupas largas,andava com garotas normais,vivia nas pista de esquete com os garotos do meu prédio,comia coisas enlatadas todos os dias,mamãe trabalhava pra caramba em um supermercado da parte de alimentação...ela é nutricionista só para saber,eu tinha uma vida normal e para alguns chata,mas eu sinto falta.Eu me virei para ficar olhando para ele.-e como era sua vida antes de eu chegar?

-antes do ensino médio era uma merda,eu era gordo bem gordinho,nenhuma garota queria sair comigo,mesmo sendo bom no futebol americano eles não me aceitavam pelo peso,me lembro do dia em que decidi ficar magro,era o baile de inverno no começo do ano,todos já tinham um par,menos eu,então fui tentar convidar a garota mais linda da escola sem saber que ela iria com outro cara,fui até ela com uma flor e pedi,ela nem olhou para mim,começou a sorrir e disse ‘você acha que eu vou sair com um gordo feio como você’,isso foi a pior coisa que escutei,voltei para casa joguei todos meus doces,salgados que haviam na geladeira,naquela mesma noite comprei uma esteira pela internet que chegou depois de uma semana,me escrevi em uma academia e ia todos os dias depois da aula,eu não desistia corria até a escola todos os dias,não comia besteiras e emagreci rapidamente,consegui entrar no time e logo virei capitão,as garotas não me ignoravam mais pelo contrario me chamavam para sair,ai aproveitei para beijar o máximo de garotas possível,no baile de primavera estava magro...forte e com todas as garotas no meu pé,então aquela garota que me deu um fora veio me chamar para ir ao baile,sabe eu nunca deixei uma menina tão para baixo como eu deixei aquela garota,falei muito até ela chorar,convidei uma garota e ela foi comigo e nesse baile perdi minha virgindade,e depois disso não parei de aproveitar a vida,sem esquecer que a dois anos,sua mãe me ajuda na alimentação,para não comer mais do que poderia comer.Ele voltou a deitar na neve e sorriu.-eu era tão bobo e do nada virei popular.

-nossa que história.Murmurei levantando,precisava comer alguma coisa.-depois eu volto para conversarmos.

 Fui para a cozinha e peguei uns pães doces e leite,comi devagar e fiquei pensando em Mark,ele era um doce de pessoa,peguei uma rosquinha e voltei para fora de casa que nevava um pouco,mas Mark não era só um doce e sim imprevisível,estava conversando com uma garota com um gorro rosa super perfeita,respirei fundo e voltei para dentro de casa,deitei no sofá desanimada,ele não seria para mim.

Não demorou muito para ele entrar sempre com aquele sorriso convencido,ele sentou ao meu lado e passou a mão no cabelo.

-quem é aquela?.Eu perguntei sem olhar para ele,não conseguia encará-lo.

-não sei.Ele suspirou e deitou a cabeça no meu ombro.-não costumo guarda nomes de pessoas que não façam parte da minha vida,ela é apenas mais uma.

-quando você fala assim,é tão grosso.Eu respirei fundo e seu perfume entrou em minhas narinas,aquele perfume de homem,era tão bom.

 -enquanto não acho a certa me divirto com as erradas.Ele cochichou com a voz fraca,fechou os olhos e adormeceu no meu ombro.

Era tão esquisito,quando estávamos sozinhos ele era mó carinhoso só que quando saiamos em público ele sempre fazia uma piadinha ou brincava comigo,ele poderia ser legal o tempo todo mas isso não era o que acontecia.

Senti alguma coisa vibrar ao lado dele,era meu celular,Mark acordou rapidamente e atendeu,quando escutou a voz do outro lado da linha parecia tenso e nervoso.

-o pé grande.Ele fez uma careta passando o celular para mim,coloquei na orelha e escutei a voz feliz de Joe.

-oi minha coelhinha.Ele meio que berrou,como assim coelhinha que apelido mais idiota.

-oi Joe.Eu olhei para o lado e Mark me encarava fazendo cara feia,ele não gostava de Joe.

-então coelhinha,quer sair hoje de tarde?.Ele perguntou parecendo mais animado.

-hoje a tarde.Eu repeti,enquanto Mark fazia sinal de negativo,ele não mandava em mim.-seria ótimo,que horas?

-as duas,vou te levar ao cinema,está bem.Ele falou baixinho e continuou.-e talvez podemos sair para um lugar a sós.

-está bem,estarei te esperando,beijos.Eu disse desligando,Mark levantou e passou a mão no rosto.

-você não vai.Ele falou alto,levantou e andou de um lado para o outro.-precisamos limpar a casa.

-ah tá,vai pensando,você que fez essa festa agora se vira,e as empregadas estarão aqui amanhã.

-sua má,eu disse para nossos pais que iria cuidar de você e vou cuidar,se você vai no cinema então eu vou também.

-como você sabe que eu vou ao cinema?