Depois do jantar, Harry não se demorou muito no salão comunal da Grifinória, estava cansado por conta do dia cheio que teve e os pensamentos do dia de hoje estavam bagunçados em sua cabeça, precisava dormir para organiza-los, além disso, não tinha mais visto Gina e muito menos o lugar misterioso e belo então tinha esperanças que fosse para àquele lugar e pudesse desabafar com Gina, quem sabe ela poderia ajudá-lo a organizar os seus pensamentos? E não foi com surpresa nenhuma que Harry não demorou nada para adormecer e, como ele queria, ele se viu no lugar misterioso.

Harry olhou para os lados a procura de Gina e não a encontrou, porém, escutou uma risadinha acima de sua cabeça, a qual ele conhecia muito bem. Ele olhou para cima e encontrou-a sentada em um dos enormes galhos da árvore que estava atrás de si. Gina lhe olhou sorridente e ele correspondeu ao sorriso que ela lhe lançava, ainda não podiam se ver direito, porém, ele correspondeu assim mesmo.

— Pretendia me assustar? – Harry indagou cruzando os braços e dando um sorriso maroto.

— Não, na verdade, não. – Gina respondeu.

— O que está fazendo aí em cima?

— Eu gosto de subir em árvores. – Gina deu de ombros.

— Sério? – Harry disse levemente surpreso, nenhuma menina que ele conhecia gostava de subir em árvores.

— Sim… você não tem nenhum problema com isso, não é?

— Não. Porquê? – Harry estranhou a pergunta dela.

— Todos acham que sou de porcelana.

— E você não gosta disso. – Afirmou Harry.

— Nem um pouco. – Gina concordou. – Por que não sobe aqui em cima para nós conversamos melhor?

— Tudo bem. – Harry subiu na árvore e sentou-se ao lado de Gina.

— E então, como foi a sua semana? Não nos vimos tem uma semana… – Gina puxou conversa. – Como foi esse tempo em Hogwarts?

Harry sorriu e começou a lhe contar tudo o que acontecera nessa primeira semana em Hogwarts. Contou-lhe das pessoas que ficavam olhando para ele onde quer que passasse e que algumas delas davam várias voltas no corredor para poder vê-lo mais de uma vez, o que o irritava bastante já que ele estava tentando se concentrar para achar o caminho para as suas aulas e eles não ajudavam em nada, lhe disse como os cômodos e lugares pareciam mudar de lugar, o que também dificultava muito chegar as aulas, fazendo Gina rir de cada episódio.

— Rony também não ajudou em nada com o temperamento dele, não é? – Gina questionou, já conhecendo o irmão.

— Ajudou sim. – Harry respondeu. Gina apenas arqueou uma das sobrancelhas, incrédula, foi o que fez com que Harry suspirasse em derrota.

— Está bem! Ele não ajudou em nada mesmo, só me deixou mais nervoso. – Harry confessou fazendo com que Gina desse uma pequena risada.

Harry continuou o seu relato sobre a sua primeira semana dizendo-lhe como era desagradável a sensação de um fantasma atravessando-lhe, Gina fez uma careta quando ele lhe descreveu a sensação.

— Eu nunca vi um fantasma. – Ela disse depois.

— Verá muitos deles em Hogwarts. – Harry a respondeu. – Em cada casa existe um fantasma, o da Grifinória é o Nick-quase-sem-cabeça.

— Nick-quase-sem-cabeça? Meus irmãos me falaram sobre ele, me disseram que é um fantasma muito simpático.

— Sim, ele é. Está sempre ajudando os alunos quando estão perdidos.

Ele contou-lhe também sobre pirraça, o poltergeist, que era uma pedra no sapato de todos que ele cruzasse. Sua maior diversão era dar informações erradas para os alunos, fazendo muitas vezes com que eles se perdessem ou se metessem em encrenca acabando por pegar alguma detenção. Contou-lhe sobre o zelador e sua detestável gata, madame nor-r-r-a, – como quem ronrona - os quais patrulhavam os corredores do castelo e não gostavam nada dos alunos “baderneiros”, que era como o zelador se referia aos alunos, que, de acordo com o mesmo, deixavam sua vida um verdadeiro inferno, e contou-lhe também que ele não foi nada com a cara dele e de Rony, pois logo no primeiro dia estavam, acidentalmente, no andar e na porta que era proibida aos alunos.

— O que vocês estavam fazendo lá? – Gina perguntou curiosa.

— Foi completamente acidental, queríamos chegar na aula e erramos o caminho. – Harry explicou.

Ele continuou a lhe contar sobre sua semana, lhe falando sobre suas aulas e que elas não eram tão fáceis como parecia ser e que magia não era uma coisa tão simples assim, assustando um pouco a Gina. Ele lhe informou o nome de cada professor e qual eram as melhores e as piores aulas, em sua opinião. Falou da sexta-feira importante que tiveram, na qual fora a primeira vez que não se perderam nenhuma vez.

— Meus parabéns! – Gina disse com um grande sorriso. – Já estão se habituando.

— Sim, logo poderemos andar por todas as propriedades de Hogwarts sem nos perder ou não saber onde estamos. – Harry disse um pouco orgulhoso de si.

Ele informou-a sobre o convite de Hagrid para ir visita-lo em seu tempo vago na escola.

— O que vocês fizeram?

— Daqui a pouco eu chego lá. – Harry continuou falando do quanto o professor de poções parecia odiá-lo.

— Você tem certeza que não é impressão sua?

— Não, eu estou dizendo, ele me odeia! E o pior, é que eu não sei o porquê, e também não é só comigo. O coitado do Neville que o diga. – Harry respondeu. – Ele tirou pontos de nossa casa e foi completamente injusto.

— Está bem, se você está dizendo… eu já ouvi alguma coisa sobre esse professor de poções… Severo Snape, certo? – Gina perguntou.

— Sim.

— Enfim, já ouvi alguma coisa sobre ele. Todas nada boas, ele parece não gostar de meus irmãos também. – Gina disse rindo sarcasticamente.

— Ele não gosta de ninguém! – Harry concluiu e Gina deu de ombros.

— Me conte sobre a visita de Hagrid. – Gina pediu animada querendo continuar a conversa.

— Bom, foi legal. Hagrid tem um cão que ele chama de canino… se ignorarmos toda a baba que ele solta talvez possamos ver o quanto ele é fofo, Hagrid é muito gentil. – Harry, de repente, ficou pensativo. – Hagrid parece saber sobre o motivo que Snape me odeia.

— Podemos não falar em Snape? – Gina pediu. – Vamos falar de coisa boa, continue a me falar sobre a visita.

— Bem, Hagrid não sabe cozinhar muito bem, os biscoitos que ele nos serviu estavam duros feito pedra, quase quebraram os nossos dentes. – Harry disse lembrando da dor que sentiu quando deu a primeira tentativa de morder os biscoitos. Gina fez uma careta de desagrado, porém, seus olhos mostraram compreensão. – Claro que fingirmos gostar e saímos com os bolsos cheios de biscoitos do Hagrid.

Gina lhe olhou compreensiva e deu uma pequena risada.

— Mas a conversa com ele foi ótima. - Harry completou.

— A conversa com Hagrid sempre é ótima. – Gina falou sorrindo.

— Você soube sobre a tentativa de roubo em Gringotes? – Harry começou um outro assunto diferente da escola.

— Sim, eu soube. Quem será que foi o louco que tentou fazer isso?

— Não sei, mas Hagrid parece saber quem foi, ou pelo menos sabe o porquê fizeram isso. – Harry falou sobre suas suspeitas.

— Por que acha isso?

— O jeito como agiu e em como tentou mudar de assunto quando eu falei sobre. – Harry respondeu, e Gina deu de ombros.

— Pode ser que esteja certo. – Gina começou a sentir o formigamento característico de quando estava prestes a acordar. Harry começou a sentir o mesmo. Gina sorriu e Harry a correspondeu.

— Te vejo outro dia. – Gina se despediu.

— Te vejo outro dia. – Harry respondeu.

E no mundo real, eles acordaram…

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Outra semana se passou e novamente, Harry e Gina se encontraram…

Quando Gina foi para o lugar misterioso, ela encontrou Harry sentado debaixo de uma árvore, pensativo e emburrado. Ele estava tão concentrado nos seus pensamentos que só a percebeu quando ela se aproximou o bastante dele.

— Por que está com essa cara? – Gina indagou sentando-se ao lado dele.

— Tive um dia muito agitado… principalmente à noite.

— Me conte mais. – Gina pediu ajeitando-se melhor para escutar o relato de Harry.

— Você é bastante curiosa, não é? – Harry falou com um sorriso de canto.

— Gosto de conhecimento. – Gina disse com um ar de superioridade.

— Conhecimento? Mas, nós só conversamos sobre minha vida em Hogwarts e a sua vida com a sua família. – Harry achou engraçado o que ela falara, assim como o olhar de falsa indignação que ela lhe lançou. Os dois acabaram caindo na gargalhada.

— Enfim, me conte, como foi o seu dia? – Gina, voltou a perguntar. Harry respirou fundo e começou e lhe contar o seu longo e cansativo dia.

Ele lhe contou sobre a primeira aula de voo que teve naquele dia, em como foi a expectativa que sentiram quanto a aula e que todos estavam nervosos e ansiosos, principalmente ele, que nunca havia subido, ou tocado, em uma vassoura, lhe contou sobre o acidente que Neville sofreu e seu espetacular voo e sua pequena discussão com Draco Malfoy e como isso o rendeu uma vaga como apanhador no time de Quadribol da Grifinória e que todos estavam se referindo a ele como o jogador mais jovem do século, deixando Gina de boca aberta, completamente admirada.

— Você conseguiu uma vaga no time? Em seu primeiro ano? Minha nossa, você deve ser muito bom para a professora não conseguir esperar até o ano que vem para você fazer o teste. – Gina comentou e Harry estufou o peito orgulhoso.

— Pode ser. Estou ansioso para o primeiro jogo. – Harry disse mostrando um largo sorriso cheio de ansiedade.

— Gostaria de estar lá para ver você jogar o seu primeiro jogo. – Gina falou fazendo cara de decepcionada.

— Sei que não vai ser a mesma coisa, mas eu lhe contarei tudo em detalhes. – Harry tentou anima-la.

— Me promete? – Gina pediu.

— Prometo. – Harry sorriu.

— Continue me falando mais sobre o seu dia.

— Bom, Malfoy me desafiou para um duelo de bruxos. – Harry falou, meio envergonhado ao lembrar como esse episódio terminou, Gina arregalou os olhos surpresa.

— O que? E o que você fez?

— Aceitei. Rony se ofereceu como meu padrinho. – Harry continuou.

— É claro que meu irmão estava no meio disso tudo também, ele não podia estar de fora. – Gina comentou.

— O que queria? Não me ouviu falar sobre Malfoy?

— Sim, e nem por isso deveria cair na pilha dele. – Gina deu uma leve bronca.

— Enfim, acabou que era uma armadilha para sermos pegos pelo Filch. – Harry concluiu e ele não olhou para os olhos dela naquela hora, contudo, podia sentir o olhar dela lhe queimando e lhe dizendo “eu sabia” com um pequeno toque de bem feito.

— Foi um erro, está bem? Não irá se repetir, eu aprendi com isso.

— Ótimo. É bom que tenha aprendido mesmo.

Harry continuou a conversa falando para ela sobre o cão de três cabeças, nessa hora, ela ouviu tudo de olhos arregalados.

— Minha nossa! Nenhum de vocês se machucou, não é mesmo?

— Não, nós ficamos bem, apenas morrendo de medo e com a respiração acelerada.

— Que bom… – Gina declarou com um pequeno sorriso.

— Hermione e… eu também, achamos que o bicho está guardando alguma coisa.

— Alguma coisa? O que você acha que é?

— Aquele pacotinho que o Hagrid pegou no banco no dia em que formos para o beco diagonal.

— Faz sentido… você me disse que era assunto de Hogwarts completamente sigiloso. – Gina ponderou. - Pode ser isso mesmo.

— O que será que tem dentro do pacote? – Harry perguntou sem realmente esperar uma resposta.

— Não faço a mínima ideia, pode ser qualquer coisa.

— Nós estamos acordando. – Harry observou, já começando a desaparecer e a sentir o formigamento.

— Te vejo outro dia. – Gina falou, dividida entre a felicidade da conversa e a tristeza da despedida.

— Te vejo outro dia. – Harry respondeu, também muito feliz. Aquele tempo que passava com ela era maravilhoso para Harry. Ou melhor, aquele tempo era bom para ambos.