Herói Anônimo escrita por Kevlaf


Capítulo 7
Jornada de busca parte 2 - Contatos


Notas iniciais do capítulo

Demorou, saiu mais curto, mas tá aí! Desculpem a demora!



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Capítulo 7

*Narrativa*

Era por volta das 2h da manhã, o acampamento estava totalmente silencioso, as harpias patrulhavam à luz da lua e, claro, Ernest estava acordado.

“Tem certeza disso? ” – Perguntou ao titã em sua mente – “Vai dar trabalho”.

“Vai por mim, garantido” – Foi a resposta obtida pela voz gélida do titã, o que não deixou o garoto mais à vontade com o plano, claro, era melhor que ir até Los Angeles, mas... Não tinha muita certeza de que aquilo poderia dar certo, ou melhor, de que seria o lugar certo. Com esse pensamento feliz e cheio de dúvidas, o semideus saiu de seu chalé com o mínimo de barulho possível, com as mesmas vestimentas de quando saiu para sua missão particular no dia anterior, porém deixou a mochila para trás, levava apenas nos bolsos internos da jaqueta um cantil com néctar, alguns quadradinhos de ambrosia, uma gaita de boca e sua faca presa ao cinto, como de costume.

Em pouco tempo o filho de Atena estava encostado em uma das paredes da casa grande, verificando se ninguém se movia por perto, ou se alguma harpia teria percebido um campista fora da cama, mas parecia tudo bem. Logo mais seguiu em direção à árvore de Thalia, onde um belo dragão estava enrolado e o garoto, como qualquer um inteligente o suficiente, passou longe para não o acordar e virar candidato à churrasquinho para o almoço seguinte. Seguiu a pé junto à estrada, quando a encontrou, por cerca de uma hora e meia até conseguir uma carona na traseira de uma caminhonete de algum mortal qualquer, chegando próximo ao seu destino por volta de 4h da manhã.

— E agora, para onde? – O rapaz se sentia um pouco perdido, nunca tinha andado por Nova York para conhecer todos os pontos – Você disse que era “garantido” – Os gestos de aspas com as mãos acompanharam a última fala.

“Ah, não se preocupe, você está no território dele, logo mais conseguirá contato” – O titã afirmou de forma soturna, foi o suficiente para o garoto andar alguns metros e se recostar em um prédio qualquer, ao mesmo tempo que pensava – “Para ‘a cidade que nunca dorme’, isso está bem quieto” – Cronos não tardou a replicar – “Isso é sinal que está por aqui, ele não gosta de muito barulho”.

Os dois se mantiveram em silêncio por um tempo já que Ernest não sabia por quem, ou pelo que estava procurando, em alguns minutos (que mais pareceram horas) um jovem apareceu caminhando pela rua, prosseguindo em seu caminho até parar em frente ao semideus que se mantinha sentado, recostado no prédio.

— Procurando alguma coisa? – O filho de Atena perguntou para o rapaz que o encarava.

— Talvez você esteja – A sombra de um sorriso surgiu no rosto magro do desconhecido.

Após um breve momento de tensão o jovem acenou para Ernest, como se o chamasse a segui-lo – “Ande logo, é nossa chance” – O titã o apressou, fazendo com que o garoto fosse com o jovem magro até um beco próximo ao lugar onde estavam, com uma espiada em volta, o desconhecido tocou a parede, fazendo um triângulo azul brilhar e abrir uma passagem logo em seguida, exalando um cheiro de coisa velha que só poderia equivaler ao sótão da casa grande. Logo os dois estavam dentro de uma sala repleta de televisores mostrando os vários locais de Nova York.

— Certo, afinal, quem é você? – O filho de Atena estava dividido entre a fascinação e a cautela, sua mão repousava sobre o punho da faca de bronze.

— Sou Archie – O rapaz agora podia ser visto mais claramente, cabelos loiros bem aparados, o rosto magro e costeletas bem definidas, como se ainda estivesse nos anos 70, retirava uma blusa verde escura de cima de uma camiseta regata azul bebê, usava jeans pretos e tênis converse brancos. Era uma cena um tanto bizarra, mas o rapaz não parecia se importar com a aparência, logo virou os olhos castanhos para Ernest, prosseguindo a fala – Sei um pouco sobre você, meu caro Ernest Waters Jensen, filho de Atena, mestiço, claro. Sei sobre seu... Ahn.. Hóspede, mas de qualquer modo não estou aqui para julgar, só presto serviços e espero ser pago para isso.

— Ah – O filho de Atena parecia aturdido com a quantidade de informação inesperada que recebera em tão pouco tempo – Você fez isso tudo? – Apontou para os televisores ao final de frase.

— Não não, isso é coisa de Dédalo, acho que queria ficar de olho na cidade ou algo do tipo, mas encontrei isso há uns bons anos atrás e ele nunca veio sequer verificar essa sala... Agora é minha, sei de tudo que ocorre em Nova York ou em qualquer lugar que me interesse, mas basicamente meus interesses atuais estão aqui.

— Certo, mais uma vez, quem é você exatamente?

Archie deu um suspiro, como se estivesse falando a mesma coisa há eras, mas explicou:

— Sou Archie, descendente de Aquiles, filho de Hebe, deusa da juventude. Vamos falar de você, meu interesse não é falar de mim, como disse.

— Certo, preciso saber sobre como chegar no mundo dos mortos, sem estar morto de preferência. Ir até Los Angeles está fora de questão, antes que diga para eu ir até o MAC.

O loiro pareceu se divertir enquanto o rapaz falava, logo interrompendo-o:

— Pare de ser trouxa, tem um jeito muito mais fácil, só vai exigir um certo dom antes, mas... Nada impossível – Os olhos dele pareciam brilhar agora, o mestiço surpreendeu-se quando percebeu que não conseguia identificar a idade do filho de Hebe.

— Certo, que dom é esse? E qual o preço pela informação?

— Música. O preço é retornar aqui e relatar sua história, quero saber todos os detalhes.

— Só isso? – Ernest ficou confuso – Uma história?

— Exato.

— Feito, passe as informações – Os dois apertaram as mãos e juraram pelo Estige cumprir o combinado: Informações corretas e uma história de retorno.

*Comentários do registro*

— Cara, aquele Archie era louco! Gente boa, mas totalmente pirado no Jiraya! Sinto falta do cara, tivemos mais umas ocasiões para nos encontrarmos depois dessa aí.

*Narrativa*

O rapaz deixou a sala dos televisores, saindo para o beco onde havia entrado, o que parecia ter sido apenas uma hora de conversa e troca de informações lá dentro ocorreu em 3h no mundo mortal, já eram quase 8h da manhã.

— Droga, estou morrendo de fome... Pelo que seu contato explicou, temos o dia todos para esperar, não é?

— Isso – Confirmou o titã – Use o tempo para planejar bem e...

— Comer, planejar depois.

— Tanto faz, desde que planeje.

Ernest olhou para a imensidão de prédios à sua volta e caminhou em seu próprio ritmo pelas ruas que davam indício dos primeiros movimentos do mundo mortal, carro, pessoas, animais, o vento soprando enquanto trazia consigo nuvens cinzas sobre a cidade, deixando tudo um pouco mais monocromático. Logo o rapaz parou em frente à uma vitrine qualquer, olhando seu próprio reflexo e sorrindo – “Pare com isso ou vai acabar como Narciso, pateta” – A voz de Cronos fez o garoto dar de ombros e continuar seu caminho até encontrar uma pequena lanchonete, escura, imunda, estranha, do jeito que o filho de Atena gostava, o lugar era quase invisível a quem não estivesse procurando-o.

— O que tem de comida e bebida? – Perguntou, sentando-se em uma mesinha apertada perto ao balcão.

— Sucos, refrigerantes, quase tudo com álcool... Para comer temos petiscos e uns cachorros-quentes de ontem – Um senhor de meia idade barrigudo, com cabelos negros oleosos caindo pelos lados da cabeça já calva respondeu enquanto pegava um copo no armário embaixo da pia.

— Não tenho idade para beber.

— Se tiver dinheiro, para mim não importa.

— Bom, manda um suco de laranja e o tal do cachorro-quente, se animar talvez uma cerveja depois.

O senhor logo pôs na mesa os pedidos do garoto e se retirou para o fundo do local, deixando-o sozinho. Após um tempo, depois de terminar seu café da manhã, o rapaz pegou sua carteira e tirou uma foto amassada dela: Podia-se ver Nico e Bianca di Ângelo quando crianças, ou melhor, mais crianças ainda, juntos e sorridentes, o que fazia Ernest pensar sobre como tudo havia mudado do dia para a noite na vida de todos os semideuses... Em um segundo eram crianças estranhas e problemáticas para os mortais, no outro eram apenas mais aspirantes à heróis tentando sobreviver. Não parecia uma troca tão boa assim.

— Os deuses são cruéis – A voz do senhor dos titãs ressoava claramente na cabeça do filho de Atena – Mas sabem que precisam de vocês, assim como eu pretendo usar cada um quando derrubar meus filhos do poder e tomar meu reino de volta.

— Ei! – O rapaz levantou a voz, fazendo-se ouvir no escuro recinto onde ainda se encontrava – Vou aceitar aquela cerveja, seja lá o que tiver.

— Vai beber antes da missão? – O titã parecia estar em um misto de surpresa com raiva – É imprudente!

— Ah, cale-se, tenho horas até começar de fato... – O rapaz deu um demorado gole na lata com a bebida – E quem sabe assim eu te ouça menos, tá ficando chato.

Após terminar de beber, o rapaz pagou a conta e seguiu andando até chegar ao Empire State, onde parou e ficou observando a construção, já era próximo do meio-dia, então parecia ser apenas mais uma pessoa em meio à multidão que passava por lá, não sentia fome nem nada do tipo e cogitou ir até o Olimpo, mas não seria inteligente, saíra de lá com vida uma vez e não pretendia fazer disso um hábito. Em vez disso, seguiu sua caminhada até chegar ao Central Park, deitou-se em uma sombra ao pé de uma árvore no coração do local e tirou a gaita de boca do bolso interno da jaqueta, olhou-a e disse para o pequeno instrumento:

— Sua hora está chegando, não me desaponte menina... – Guardando-a no bolso de volta logo em seguida.

— Vai conseguir fazer isso? – O titã voltou a dar pitacos.

— Você me conhece melhor que qualquer um, infelizmente – Ernest refletiu – Acho que vai dar certo sim... Você?

— Creio que sim, se não fizer nada de errado, deve dar.

Com essa feliz frase de apoio, o filho de Atena fechou os olhos e dormiu, precisaria de toda energia nessa noite, tinha algumas poucas horas para encontrar di Ângelo e impedir que a guerra tomasse um rumo mais incerto ainda. Os sonhos que se seguiram tinham um aspecto estranho, escuro, mas com uma brisa suave que parecia limpar o ar pesado em alguns momentos, era algo diferente da última vez.

As horas passaram rapidamente, logo estava tudo escuro, não haviam estrelas ou lua no céu nublado, Ernest acordou com alguns pingos de chuva a cair em seu rosto, se recolhendo mais próximo à árvore: Chegara a hora de pôr as informações de Archie para fora do papel, chegara a hora de ver se a pequena jornada valera a pena.


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Notas finais do capítulo

Vamos ver por onde andou Nico depois de fugir, ver o que rolou naquele período entre os livros? É claro que vamos, afinal Luke e Cronos não foram para a escola!



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