Herói Anônimo escrita por Kevlaf


Capítulo 38
Retorno e resolução




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Capítulo 38

*Narrativa*

— Ei! – Candeian rugiu, ao ver que Ernest esqueceu de dar permissão para que entrasse nos limites mágicos do acampamento.

— Ah, desculpe – O jovem sorriu – Tens permissão.

— Obrigado, idiota – Resmungou o dragão, voando para o ombro do rapaz, enquanto o mesmo se dirigia para o topo da colina, onde estava a Casa Grande. Uma certa movimentação parecia estar instalada no quartel-general do acampamento, campistas entrando e saindo, sátiros circulando e um “zum-zum-zum” de conversa que parecia ecoar acampamento adentro.

— Posso me intrometer aqui? – Anunciou o filho de Atena, subindo em direção à varanda onde os líderes de cada chalé estavam reunidos com Quíron.

— Jovem Jensen, em breve assumiríamos que estava morto – O centauro deu uma piscadela, indicando uma cadeira vaga.

— Um minuto – Clarisse interrompeu – Antes de iniciar o comitê de boas-vindas, essa é uma reunião apenas para os líderes. Saia.

— Acho que tenho informações suficientes para interessar a todos, acabei de retornar do acampamento romano.

Vários murmúrios pareciam concordar que a informação era de interesse geral.

— Além do mais, por favor, não ataquem – O garoto assoviou, chamando o dragão – Achei melhor não trazer ele logo de cara, mas esse é um novo aliado.

Todos, inclusive o centauro, pareciam pasmos com o pequeno dragão, mas pareciam estar se controlando ao máximo para não deixar transparecer.

— Yo – Cumprimentou a fera – Sou Candeian, estou acompanhando Ernest para deter Gaia, é um prazer.

— Ele fala? – Annabeth parecia horrorizada, passando seu olhar do dragão para o irmão – O que você fez? O que aconteceu? Ficamos sem notícias por muito tempo e...

— Ok Annie, respire – Disse Ernest balançando as mãos – Vou contar o que rolou.O garoto iniciou sua história, sendo interrompido de tempos em tempos para que seu companheiro dracônico fizesse algumas colocações, apesar de que, na maioria das vezes, era uma auto exaltação.

— Resumindo – O rapaz correu o olhar pela sala, analisando as expressões de todos – Percy está bem, devemos ir para o acampamento e encontra-lo o mais rápido possível. Os gigantes invadiram uma vez, quem sabe o que farão em uma segunda tentativa?

— Muito bem, mestre Ernest – Quíron parecia ponderar as palavras do rapaz, avaliando o que seria mais prudente – Vá ao seu chalé para descansar, depois do jantar podemos conversar mais um pouco sobre a abordagem desse problema.

O garoto assentiu e levantou-se, levando o dragão no ombro até certo ponto, para depois caminharem lado a lado rumo ao chalé, mas é claro, não era o chalé de Atena.

— Ora, ora – Uma voz familiar soou atrás do jovem, fazendo-o virar-se rapidamente, antes de bater na porta do chalé de Apolo – Finalmente.Estava diante dele uma Peggy com expressão furiosa, de braços cruzados e analisando o rapaz de cima a baixo. A garota vestia uma camiseta laranja do acampamento, com as mangas dobradas, virando praticamente uma regata, shorts jeans e o cabelo estava com pequenas tranças na lateral direita. Em contrapartida ao visual leve da namorada, o rapaz vestia calça jeans escura com coturnos pretos, camiseta preta por baixo da camisa de flanela laranja/preta desbotada, de padrão xadrez. Os cabelos negros bagunçados combinavam com a barba desgrenhada.

— Ei – O jovem sorriu, mas a garota estava irredutível.

— Não podia ter mandado notícias?

Ernest deu um passo em direção à namorada, estendendo a mão direita e pegando a mão esquerda de Peggy, puxando-a para si e envolvendo-a em um abraço.

— As coisas saíram do planejamento, desculpe – Sussurrou o rapaz.

A garota apertou a mão do jovem, contendo um soluço.

— Se você fizer isso de novo, vai se arrepender, agora me solta, você tá vestindo flanela em um dia de calor absurdo – A garota olhou para as mãos do namorado – E o que é esse anel?

— Ah, desculpe, deixa eu apresentar um amigo – Disse Ernest, apontando para o dragão – Esse é Candeian, ele é um aliado que está ajudando na batalha contra Gaia, o anel é um símbolo da nossa aliança.

A garota parecia estarrecida, não tinha reparado na pequena figura azul aos pés do namorado.

— Só pra constar, você é louca por estar com esse imbecil – Candeian bocejou – Mas, prazer.

— Ahn, p-prazer – Gaguejou a moça – E a-acho que concordo com v-você, ele é um imbecil.

— Ei! – Protestou o rapaz, arrancando um risinho da filha de Apolo.

— Vá tomar um banho, relaxar um pouco – A garota apontou para o chalé de Atena – Nos vemos depois do jantar – Saindo em direção aos campos de tiro ao alvo após dar um selinho no namorado.

— É – Afirmou o dragão.

— O que? – O rapaz parecia confuso.

— Ela é demais pra você, ainda mais nesse estado. Vá tomar um banho.

— Cale-se – Riu o jovem, dirigindo-se ao chalé para o merecido descanso.

(...)

Ernest jogou sua mochila sobre a cama, que aparentemente estava igual ao momento de sua partida, sentando-se em uma das cadeiras das inúmeras escrivaninhas puxou alguns papéis que continham desenhos diferentes, pareciam mais novos.

— Uhn – Os olhos do garoto correram por toda a extensão do papel, absorvendo os traços – Um barco, eh?

— Ei, onde vou ficar? – O dragão subia e descia das várias camas, até parar na do semideus.

— Pode ficar na minha enquanto não ajeito algo pra você – Comentou o jovem, distraído com o desenho – Argos... II? Criativo.

— O que é isso? – Candeian bocejou, enrolando-se nas cobertas do rapaz.

— Um projeto, parece um tipo de barco voador – Ernest pousou os papéis na escrivaninha, uma boa parte do design devia ser coisa de Annabeth – De qualquer modo, vou para o banho, volto em uns minutos.

(...)

O filho de Atena nunca havia agradecido tanto voltar de uma missão, depois de um bom tempo sem alimentações descentes, aquele banquete rotineiro do acampamento fazia tudo valer a pena. Fez questão de sentar-se ao lado de Annabeth, virando-se para ela durante a refeição.

— Qual é a do barco voador?

— Hmm – A garota deu um gole na Diet Coke – É um projeto do Leo, na verdade, só estou ajudando para ficar mais funcional.

— Mas vocês não estão fazendo isso só por diversão.

— Não – Concordou a loira – Pretendemos usar o barco para ir até o Acampamento Júpiter e, de lá, para a Grécia.O rapaz estudou seu prato, especialmente um pedaço de frango que brilhava com molho, pensava nos próximos passos, até ser desperto por um certo dragão pousando em seu ombro.

— Precisa de alguma coisa? – O jovem ergue a sobrancelha, olhando para o parceiro.

— Só estava entediado.

“Isso é constante, mas vai melhorar com a guerra” – Afirmou Cronos, na mente dos dois.

“Legal!” – Celebrou o dragão, pela via telepática.

“Calados, me deixem jantar direito pelo menos uma vez” – Ralhou Ernest, enfiando um pedaço do frango na boca do dragão.

Após engolir tudo de uma vez, o dragão soltou um risinho.

— Não posso argumentar com isso – Bateu as asas e levantou voo – Vou deitar na sua cama, tirar um cochilo.

“Esses seres inferiores... Rendem-se aos instintos primitivos muito facilmente” – Desdenhou Cronos.

“Eu ainda posso te ouvir, idiota” – Retrucou o dragão azul.

“Os dois, quietos” – Suspirou o semideus, ao mesmo tempo que se recostava na cadeira, sentindo o peso de uma refeição bem aproveitada.

— Ernest – Annabeth cutucou o irmão e fez um aceno com a cabeça – Não vá dormir aí, tem gente te esperando ali.

O jovem olhou para onde a irmã indicou, encontrando uma Peggy um pouco mais sorridente, levantando-se logo em seguida para ir de encontro com a mesma.

(...)

— Finalmente a sós – O garoto se espreguiçou enquanto andavam na praia, ambos descalços, carregando seus chinelos.

— Finalmente juntos – Corrigiu a garota – Não pense que vou esquecer tão cedo esse seu vacilo.

O rapaz adiantou-se um passo e girou em seus calcanhares, ficando de frente para a namorada, fazendo-a para abruptamente. Com um sorriso, estendeu a mão direita e colocou-a sobre a cabeça da garota.

— Não se preocupe – E, com a seriedade tomando o rosto novamente, completou – Mas você sabe que era necessário, precisamos de Percy de volta. Todos nós, não só a Annie.

Peggy segurou a mão do rapaz que ainda se encontrava em sua cabeça, puxando-a para sua bochecha esquerda.

— Eu sei Ernest – A garota olhou para baixo, observando a areia branca sob os pés dos dois – Mas não é fácil simplesmente ver você ir, sozinho, ficar sem notícias, não saber se você está bem.

Com esse último pronunciamento, a garota deu mais um passo à frente, largando a mão do namorado e encostando a cabeça no peito do rapaz, sem abraça-lo nem nada, apenas usando-o como apoio. O jovem, por sua vez, envolveu o pescoço da morena em um abraço, acariciando seus cabelos.

— Está acabando, tudo isso – O rapaz sentia o odor marítimo misturando-se ao perfume de Peggy, uma combinação estranha, mas maravilhosa – Em breve derrotaremos Gaia e tudo ficará bem, prometo.

A filha de Apolo envolveu a cintura do rapaz, suspirando.

— Você não pode prometer isso, não sabe a dimensão de tudo isso ainda, ou o que pode acabar se tornando. - Não tem problema, cumprirei essa promessa, por nós dois.

A garota abriu um sorriso discreto, o rosto ainda escondido.

— Você sempre cumpriu com sua palavra, é um dos motivos de eu gostar de você.

— E quais os outros?

— Bom, além de ser bonito, principalmente quando ajeita essa barba e usa roupas limpas, o outro é que... – A garota girou, tirando o equilíbrio do rapaz, lançando-o no chão e ficando por cima do mesmo, rindo - ...Você sempre vai perder pra mim na briga.

— Ei! – O rapaz ia iniciar um protesto, mas foi calado por um beijo da morena.

Os dois não se atentaram, mas a maré subia e, claro, distraídos um com o outro como estavam, não demorou para uma onda molhar as costas do filho de Atena.

— Melhor irmos, a água está chegando – Sussurrou o jovem, com os olhos fechados, no ouvido da garota.

— Talvez seja... – A garota não pôde concluir a frase, já que uma onda quebrou sobre os dois, empurrando-os ainda abraçados, tossindo.

— Eu disse! – Riu o rapaz – Você está...

Ao olhar para a garota, a visão foi de tirar o folego, um sorriso exuberante nos lábios, os cabelos molhados e bagunçados, a luz da lua, as gotículas de água que subiam no ar, tudo fez o rapaz soltar uma única palavra.

— Linda.

— Diferente de você, não? – Respondeu a menina, gargalhando.

Ernest levantou e ajudou a garota a ficar de pé.

— Tá abusadinha hoje, heim?

— Você não está em posição de reclamar comigo de nada, nem vem.

— Certo, certo – O rapaz pegou os dois pares de chinelos e ofereceu o outro braço para a namorada, que aceitou. Em pouco tempo, o casal encharcado voltava aos seus respectivos chalés, com a paz restaurada entre eles.


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