Herói Anônimo escrita por Kevlaf


Capítulo 33
Profecia For Free parte 1 - O tesouro do lago


Notas iniciais do capítulo

Bom, teremos um arco de história rapidinho que será super importante pra explicar uns eventos que aconteceram nos próximos capítulos, está sendo bem bacana de escrever, espero que gostem tanto quanto eu! Boa leitura!



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Capítulo 33

*Narrativa*

Três dias haviam se passado desde que o trio de busca se separou, Ernest seguiu para São Francisco para encontrar a Casa dos Lobos, enquanto as meninas voltavam ao acampamento para reunir informações e tentar entrar em contato com Nico.

— Droga, preciso de um banho e meus pés estão me matando... Um pouco mais e vou roubar um carro – O rapaz suspirou, enquanto parava em frente à uma placa que dizia “Antonio’s Pizza”, em White Heaven, Pensilvânia – Certo, talvez comer antes...

O jovem andou pelo estacionamento, parecia ser um complexo de lojas, uma lavanderia ao lado da pizzaria.

“Pode comer pizza enquanto lava a roupa, os humanos são interessantes, não? ” – Cronos murmurou.

— Tenho quase certeza que esse não era o intuito...

O jovem entrou na minúscula pizzaria e sentou-se em uma das mesas perto da porta, fazendo seu pedido à uma garçonete que parecia entediada.

— Cidade pequena... Pelo menos parece que não preciso me preocupar com monstros por enquanto – O rapaz olhava para as próprias mãos, a esquerda ainda enfaixada, ainda não parecia dar sinais de cicatrização, apesar de já não sangrar.

O calor era sufocante dentro do recinto, o estacionamento lá fora estava vazio e era por volta das 11h30. O asfalto emanava calor, enquanto observava o lado de fora, com um baque a comida foi deixada na mesa: Uma fatia de pizza quatro-queijos e um copo de coca-cola com alguns cubos de gelo dentro.

— Parece delicioso.

A voz veio das costas do rapaz, fazendo-o sobressaltar-se e empunhar a faca da própria refeição em direção à figura às suas costas: Um rapaz de cabelos loiros bem lisos, quase na altura do ombro, rosto magro e costeletas bem definidas, mantendo-se no estilo dos anos 70, usava uma camiseta regata branca, jeans pretos e tênis converse também pretos, com uma mochila nos ombros para completar.

— Ei, você é... – O mestiço arregalou os olhos ao reconhecer a figura – Archie!

(...)

Após o susto inicial, os dois semideuses conversavam sentados à mesa como se fosse antigos colegas de batalhas.

— Então quer dizer que você desocupou toda a sala de Dédalo no labirinto e levou um notebook meses antes do desmoronamento? – O filho de Atena levantou uma sobrancelha, admirado com a genialidade do outro garoto.

— Exato, eu tinha os arquivos de criação de Quintus, então quando o vi perambulando fora do labirinto, tratei de sair fora, existia chance de ele querer me pegar.

— Bom, o que tem feito desde então?- Algumas pesquisas, encontrei algumas coisas, algumas interessantes, mas não o suficiente pra eu ir atrás.

— Tipo o que?O loiro pegou o notebook com o delta na mochila, abrindo dois arquivos.

— Este primeiro, acredito ser dos Livros Sibilinos romanos.

Eram umas poucas linhas escritas em latim, Ernest leu devagar, tentando ativas o lado romano que devia estar no seu sangue:

"No occidens o herói buscará, 

Mas em vez disso asas ganhará, 

Por amor, uma decisão exitiale

Abandonar ou ser abandonado no final”

— Alguma ideia do que isso pode significar? – O mestiço sentiu um arrepio.

— Não, mas no verso havia isso – Archie mostrou o outro arquivo, que era a foto do verso onde a profecia estava escrita.

Observava-se uma espada equilibrada na ponta de uma agulha, a palavra “Lendys” nos caracteres gregos e  “Kayenta”, nos caracteres contemporâneos comuns, inclusive parecia ter sido escrita com uma caneta bic qualquer.

— Hm... Estão relacionados? – Perguntou o filho de Atena.

— Provavelmente, mas não tenho tempo de investigar isso, tenho outros interesses, como já disse.

— Entendo... Posso copiar isso? A profecia e as coisas do verso.

— Como quiser.

Ernest em um guardanapo fez o melhor que pode, guardando no bolso da camisa de flanela xadrez vermelha e preta que usava.

— Vou andando, quer vir comigo? – O mestiço deixou o dinheiro em cima da mesa – É por minha conta, pelas informações.

— Não, estou indo pro lado oposto, vou pro leste, voltar pra Manhattan.

— Entendo, entre em contato caso precisa de algo, talvez possamos nos ajudar num futuro próximo.

O loiro acenou com a cabeça e seguiu o rapaz para o lado de fora, se despedindo e caminhando para o leste, como dissera.

— Sabe algo sobre esse símbolo? – O jovem resolveu apelar pra Cronos.

“Não me é familiar” – O titã pareceu um pouco desapontado por não saber – “Mas nesse mundo, tudo tem um fundo de verdade, talvez se pesquisar encontra algo do tipo”.

— Certo... Não parece ser grego, nem romano... E na gravura parecia ter sido desenhado eras depois da profecia ter sido escrita... Talvez alguém tenha tentado interpretar em algum momento – O garoto esfregou a mão esquerda – Talvez eu deva começar por Kayenta, pelo menos estava escrito no nosso idioma atual, mais chances de ser algo dessa época.

*Comentários do registro*

— Vamos voltar ao resumo da história: Consegui fazer a pesquisa em um computador na cidadezinha, nada sobre o símbolo, mas descobri que Kayenta é uma cidade no meio do nada e que Lendys era o nome de uma rede americana de cafés.

*Narrativa*

Faziam 45°C, quase duas semanas após o encontro de Archie e Ernest em White Heaven, o mestiço se encontrava parado próximo à rodovia, o sol castigava-lhe o rosto e a areia parecia açoitá-lo ao ser movida pelo vento. O jovem já tinha uma barba bastante expressiva, com um volume que já sugeria a necessidade de cortá-la para devolver a forma normal do rosto, não estava muito grande, mas se não penteasse já dava um certo volume. Os cabelos eram agitados pelo vento, bagunçados, enquanto a calça jeans escura estava marcada pela poeira e areia. A camiseta laranja do acampamento meio-sangue estava puída e rasgada em vários pontos, resultado de várias batalhas que ocorreram no caminho, mas finalmente estava lá: Kayenta.

— É bom que essa viagem valha a pena – Murmurou o rapaz ao olhar para o vasto deserto, pensando na mensagem de Íris que recebera de Peggy há alguns dias, dizendo para voltar ao acampamento, pois o trio da missão havia voltado com informações sobre Gaia e o acampamento Júpiter.

O jovem caminhou por entre os arbustos rasteiros, atento à possíveis cobras, já que o campo era bem aberto e não havia sinal nenhum de monstros, porém havia um cheiro estranho no ar, difícil de definir misturado à areia, mas familiar ao rapaz.

Mais adiante havia uma pequena elevação, aparentemente um paredão de pedras de uns 8m de altura, bastante castigado pela areia, o jovem já estava há quase 4km da rodovia principal que passava na cidadezinha, mas concluiu que lá não tinha nenhum café Lendys. Ao se aproximar do paredão, Ernest apertou um pouco os olhos, conseguindo enxergar uma pequena variação no ar por toda a extensão da elevação rochosa, o que o levou a rodeá-la com cautela, tentando achar algo incomum.

Após uns 10 minutos, tempo usado para dar a volta, afinal o jovem não queria se arriscar subindo no paredão, o jovem encontrou uma entrada uns 3m acima. Cautelosamente o garoto escalou e se postou na entrada, sentindo um cheiro de ozônio bem marcado, como se a caverna exalasse o cheiro. Logo percebeu que era o cheiro estranho que havia sentido misturado à areia, lembrava muito quando Zeus estava por perto.

— Ok, vamos lá, com cuidado – O rapaz falou para si mesmo, mexendo na mochila e mantendo seu foco de visão ampliado – Talvez com uma lanterna... Ótimo, vamos.

O mestiço não demorou a perceber que aquilo não era uma simples caverna, mas sim um túnel, que após uns bons metros abaixo dava em uma câmara circular rústica bastante espaçosa, talvez com uns 10 metros de altura e 20 de diâmetro, esse tipo de local trazia lembranças sombrias ao rapaz, como no dia em que teve Cronos colocado junto a si. No geral, não tinha nada demais na câmara, nem um móvel, parecia ter sido escavada e, como continuação dos túneis, haviam duas saídas escavadas: Uma que parecia descer mais e outra que apenas ia para frente.

Para não descer de uma vez, o garoto tomou o caminho plano que, assim como os outros túneis, parecia ter sido escavado e tinha em torno de 7m de altura por 10m de comprimento, extremamente espaçoso. Esse caminho em particular deu em uma saída para a luz do dia quase coberta por areia, que foi rapidamente liberada pelo rapaz, dando a si mesmo um meio de sair do subterrâneo quando precisasse.

— Certo, vamos para baixo então, não pode ser que seja só isso. Nesse meio de nada não pode ter outro lugar mais sinistro pra uma profecia fazer referência – O mestiço caminhava túnel adentro enquanto refletia sobre o que poderia ter lá dentro.

Dessa vez a opção foi pelo túnel que continuava a descida, após alguns minutos de caminhada o jovem chegou em uma bifurcação, à direita, pela luz da lanterna, parecia haver uma câmara parecida com a encontrada mais acima, à esquerda, o túnel descia quase verticalmente, o solo estava úmido, não era mais areia, e sim terra. Considerando que conseguiria subir, o semideus avançou para a descida, caindo como que em um escorregador, até que a terra lisa o lançou em um lago subterrâneo.

Não era nada muito fundo, ficando em pé a água batia um pouco acima dos joelhos do rapaz, mas o impressionante era a caverna em si: O lago frio ficava no meio da câmara, tendo em torno de uns 10 metros de diâmetro, ao redor havia uma faixa de terra irregular, com pontos altos e outros quase submersos, o teto não podia ser visto. Cristais que pareciam ter luz própria iluminavam toda a caverna, mas o que parecia mais absurdo era o que estava à frente, na margem oposta ao buraco por onde Ernest veio: Uma montanha com moedas de ouro, prata, bronze, cédulas de dinheiro de todo o mundo, pedras preciosas, armas e armaduras espalhados, refletindo a luz dos cristais. O brilho multicolorido ofuscou, não literalmente, a visão do garoto, impedindo que visse o que realmente importava.

Em pouco tempo o rapaz estava na margem, segundando algumas moedas e analisando-as.

— Cara, isso não pode ser real, é como descreveram a caverna de Pan no labirinto... Só que com coisas de gente rica!

“Olhe aqui ali” – Cronos sussurrou – “À sua esquerda”.

O rapaz se virou e encontrou um pedaço de papel com o mesmo desenho que estava no verso da profecia, o mesmo estava colado em uma peça de mármore que parecia fixa no chão.

— De novo? Devo estar no lugar certo...

Alguns estalos ecoaram na caverna, fazendo parecer milhões de patinhas de metal batendo na superfície, o cheiro de ozônio de intensificou, ficando quase insuportável, uma presença pareceu surgir no local, tão forte e antiga que poderia fazer até Cronos correr como uma criança apavorada, sendo acompanhada por uma voz grave, profunda e antiga que o rapaz tinha certeza de não ser humana:

— Então chegou o dia, Lorde Lendys recompensará minha fidelidade! 


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