Herói Anônimo escrita por Kevlaf


Capítulo 21
O adeus de um amigo


Notas iniciais do capítulo

Só gostaria de dizer que a dupla Percy e Beckendorf é o verdadeiro esquadrão suicida que você respeita!



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Capítulo 21

*Narrativa*

Faltavam alguns dias para o verão chegar, por mais que missões fossem distribuídas com certa regularidade para os campistas, as atenções estavam todas direcionadas para apenas uma: A destruição do Princesa Andrômeda. Mesmo que ainda faltasse pouco para a aprovação, era um assunto constante entre os líderes dos chalés e, principalmente, entre Ernest e qualquer pessoa que fosse falar com ele.

— Bem, acha que vai dar certo? – O rapaz parecia um pouco nervoso, havia passado dias desenvolvendo e tecendo o plano e seus detalhes junto com Beckendorf, mas agora que estava chegando no momento de apresenta-lo ao conselho de guerra, tudo parecia instável.

— Ei, relaxa um pouco – Annabeth girou a cadeira e ficou de costas para a escrivaninha onde trabalhava em um de seus projetos de arquitetura – Não adianta fritar a cabeça agora... Acho que o plano está bastante consistente, não tem como prever muito mais do que isso.

— Sei lá, eu só não estou gostando a ideia de mandar dois amigos para uma missão suicida.

A garota mordeu o lábio inferior, nervosa, mas manteve a calma na voz.

— Pare com isso, eu sei que não mandaria os meninos para fazer algo que eles não conseguissem fazer.

— Annie – O rapaz suspirou – Posso te contar uma coisa sobre isso tudo?

— Uhn?

— Eu tenho um pressentimento ruim, desde a primeira vez que montei o planejamento... Acho que alguém não vai voltar dessa missão, se ela ocorrer mesmo.

A menina ficou pálida, mexendo nas contas de barro desenhadas do colar quase que inconscientemente.

— Você está errado, eles vão voltar – A loira murmurava para si.

— Espero que esteja certa – O mestiço pôs as mãos atrás da cabeça, olhando para a cama de cima do beliche enquanto tentava se livrar da sensação péssima que tinha sobre a situação.

(...)

— Bom, agora que todos estão aqui – Quíron se posicionou em uma extremidade da mesa de pingue-pongue onde o conselho de guerra estava – Podemos começar essa reunião. Prossiga criança.

Ernest se levantou, sentindo-se ligeiramente nervoso, mas pigarreou e começou a falar, escrevendo alguns pontos mais importantes em uma das muitas folhas de papel que estavam sobre a mesa.

— Certo, o plano é composto de quatro partes:

Charles e Percy partirão rumo ao navio usando Blackjack, um pégaso negro será um bom meio de aproximação quando se trata de invasão noturna. Como o cruzeiro é enorme e a casa de máquinas geralmente fica na parte de baixo, não há necessidade de ficarem logo no primeiro andar do convés para serem expostos, então o pégaso os deixará em um dos andares mais baixos, de preferência onde identificarem uma vigilância menor;

Uma vez dentro do navio, Blackjack sairá e voltará para o acampamento para não atrair atenção com seu cheiro, afinal já basta o cheiro de um filho de Poseidon. Lá os dois seguirão pelos corredores até achar a casa de máquinas, onde Beckendorf irá instalar os explosivos e detonadores. O trabalho de Jackson é manter todos os monstros longe, servir de vigia e distração quando necessário;

Após a instalação ser concluída, os dois devem pular para o mar de algum modo, detonando os explosivos. O trabalho de Percy é conseguir proteção o suficiente com o mar e leva-los à um lugar seguro;

Esperamos uma mensagem para apanhar os dois, seja lá onde forem parar.

Clarisse levantou a mão, surpreendendo o filho de Atena, que a fitou enquanto a mesma tomava a palavra para si.

— E no caso de serem apanhados?

— Aí tentaremos achar uma brecha, ou detonarei o navio conosco dentro dele – O filho de Hefesto interviu antes de o mestiço ter a chance de responder – De qualquer modo, vamos cumprir o que foi proposto.

O silêncio pairou sobre o grupo, olhares foram trocados antes de finalmente o velho centauro falar.

— Bem, precisamos votar, quem se manifesta a favor da realização da missão?

Timidamente algumas mãos foram se levantando: Uma, duas, três, quatro, cinco, seis. Era mais do que a metade dos representantes dos chalés no conselho de guerra. Ares, Atena, Hefesto, Hermes, Apolo e Deméter foram os que votaram a favor, como Percy não estava presente, apenas 7 conselheiros estavam presentes, ou seja, vitória maciça pela missão. A única que não concordava era Silena, mas de forma alguma o filho de Atena a culpava, se ele não queria enviar os amigos, quem dirá ela apoiar que o namorado fosse.

—Pois bem, Beckendorf irá preparar os explosivos e detonadores, informaremos Percy sobre tudo e, quando tudo estiver pronto, enviaremos os dois – Finalizou a reunião o instrutor.

(...)

— Ei, soldado – Ernest estava sentado olhando os outros campistas praticarem canoagem, quando uma voz feminina surgiu sussurrando junto ao seu ouvido – Está ficando mole, não?

O garoto sorriu imediatamente, sentindo um abraço envolver seu pescoço enquanto ele próprio atirava os braços para trás, retribuindo de forma meio desajeitada enquanto uma cabeleira morena caía sobre si.

— Senti saudades – O rapaz murmurou – Temos muito pra conversar...

— Na verdade – A garota soltou-o, mas puxou o mestiço pela mão, obrigando-o a levantar-se – Eu preferia passar um tempo com você sem conversar, se estiver me entendendo.

O semideus manteve um sorriso de canto, malicioso – Para onde iremos?

Peggy tinha um brilho nos olhos, sorrido enquanto puxava o rapaz para longe dos outros campistas. Em poucos minutos depois os dois jovens estavam em algum ponto dos bosques, um lugar reservado que parecia ter sido feito para eles, com um banco de madeira improvisado feito do tronco de uma árvore que caíra eras atrás. Os lábios dos dois estavam grudados, os olhos fechados para que apenas sentissem um ao outro, sem preocupar-se com as coisas ao redor.

— Uhn – Um suspiro escapou pelos lábios da filha de Apolo quando os braços do mestiço apertaram sua cintura, logo as mãos passeavam pelo corpo da morena, mas com certo respeito, sem cruzar os limites. Ao mesmo tempo a garota afagava os cabelos negros bem aparados do jovem, a outra mão estava contra o peito do namorado, sentindo sua respiração ir e vir, o coração bater forte e bombear o sangue pelo corpo do rapaz.

As línguas dançavam em um ritmo lento, mas sensual, acompanhando os movimentos dos corpos que deixavam de estar lado a lado naquele banco: A garota girou em seu próprio eixo, sem sair do banco, passando suas pernas por cima das do rapaz, puxando-o para si ao dobra-las, mas sem sentar-se sobre ele. A pele de Peggy arrepiava ao sentir o roçar da bem aparada barba do rapaz em seu rosto, em seu pescoço, arrancando mais suspiros e deixando a região que tocava avermelhada.

(...)

O sol já estava quase se pondo, a escuridão avançava sobre os bosques quando o casal resolveu voltar para o acampamento, precisavam de uma boa refeição depois daquela tarde. No caminho Ernest colocava a namorada a par de tudo, parando para comentar sobre seu planejamento para a missão.

— Acha que temos chance? – O jovem questionou após terminar suas explicações.

— Você fez o plano, é a melhor chance que poderíamos ter.

— Todos estão dizendo isso... Droga, será que só eu não acredito no meu plano?

— Provavelmente. Mas eu sei o que você pode fazer, não vai decepcionar o pessoal – A garota segurou a mão do rapaz, o calor que emanava de sua mão era reconfortante. Devia ser algo dos filhos de Apolo, mas Ernest não iria reclamar de ter um pouco de conforto depois de tanto tempo sozinho, se culpando pela provável missão suicida.

*Comentários do registro*

— Hoje eu sei que a explosão do Princesa Andrômeda foi necessária, mas na época eu me lembro de ficar super pilhado com tudo. Passei o resto do mês nas forjas com Charles para arrumarmos tudo e garantirmos a eficiência das explosões, não podíamos deixar que uma missão tão perigosa falhasse por motivos técnicos.

— Percy também apareceu no acampamento depois de receber a mensagem de Quíron explicando que tinha uma missão, desde então só pude assistir os treinos para o dia D, tentei orientar e ajudar ao máximo, mas acho que no final das contas, o desempenho só depende de quem está lá no momento.

*Narrativa*

Todos no acampamento haviam almoçado, ou melhor, todos menos Ernest. O jovem estava tão nervoso com o dia da missão que não havia conseguido comer direito, mesmo sabendo que não seria ele quem iria entrar no cruzeiro do mal de Luke.

— Ei Beckendorf, posso falar com você por um momento? – O filho de Atena viu o amigo perto de Blackjack, mas logo se arrependeu ao ver que a monstruosa forma do filho de Hefesto escondia a pequena figura de Silena, que parecia enxugar os olhos – Opa, desculpem, volto depois!

— Não precisa – Silena deu um risinho fraco – Eu já estava saindo.

— Ahn, ok.

O mestiço se aproximou enquanto a filha de Afrodite se afastava, Charles continuou a preparar o pégaso e sua bolsa de explosivos.

— Tudo bem? – O garoto experimentou perguntar ao ferreiro.

— Acho que já tive dias melhores, mas pensar em explodir Cronos me alegra bastante.

— Bom, só vim desejar boa sorte... Lembre-se que a missão se baseia no elemento surpresa, ninguém ali espera que vocês cheguem no meio da noite e explodam tudo.

— Pode deixar, vai dar tudo certo. Seus planos não falham – Beckendorf dirigiu um sorriso e estendeu a mão para o rapaz – Cuide de tudo aqui enquanto eu estiver fora.

Ernest apertou a mão do amigo, uma despedida que nenhum dos dois esperava que fosse definitiva.

— Conte comigo, pode fazer tudo sem se preocupar.

Logo mais o filho de Hefesto e o pégaso negro eram apenas um pontinho no horizonte, sumindo por entre o azul do céu que ia em direção ao filho de Poseidon. Tudo o que o jovem estrategista podia fazer agora era esperar e torcer para todo o plano ser bem-sucedido e para sua sensação de que alguém não voltaria estivesse errada.


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