"Encosta teu coração na minha epiderme

E a lealdade que te faz transbordar rejeita todo o resto

Mas me deixa ser teu par  

Que eu sou daqueles que gruda e custa a desgrudar" ~00:36

Era uma manhã fria e chuvosa como é todos os dias de inverno em Londres mas como toda manhã de segunda feira, as ruas estavam cheias de pessoas correndo daquela maneira que somente os londrinos sabiam fazer, eles iriam até os seus determinados cafés preferidos e então iam até onde trabalham e depois voltariam para casa, aquela rotina de sempre que muitos julgavam serem boas; e que para eles naquele momento e em todas as outras manhãs era a coisa mais importante que eles poderiam ter na vida.

Mas só quem experimentou a morte ou quem tem alguém que morreu nem que seja por poucos minutos, sabe o quanto cada segundo ao lado da pessoa que se ama são os mais importantes; depois de viver uma situação dessa você passa a dar mais valor a cada suspiro que a pessoa dá, a cada bocejar e espreguiçar de sono ao acordar mais cedo do habitual, cada pesadelo com a morte...

E pesadelos era uma coisa que John andava tendo com muita frequência durante o período que dormia sozinho na Baker Street até mesmo quando estava deitado na cama do Holmes, enquanto que o mesmo ainda continuava internado no hospital; já fazia cinco dias que Sherlock havia morrido e depois voltado para os braços do loiro mas ele ainda teria que ficar em observação pelas próximas semanas para só então poder voltar para casa.

O relacionamento deles que antes nem chegava a ser um relacionamento que foi somente sexo poucas vezes, hoje também não tinha um nome certo mas sabiam que eles sentiam muita saudade um do outro e queriam sempre estar por perto e nem precisava ser alguma coisa erótica, só estar lado a lado era o suficiente .  

Eu quero ser o seu aspirador de pó

Respirar sua poeira

Eu quero ser seu Ford Cortina

Eu nunca vou enferrujar

Se você gosta de seu café quente

deixe-me ser sua xícara

Você que manda, amor

Eu só quero ser seu

Os diversos motivos que impedem eles de ficarem juntos, se transformaram e agora eram apenas um: medo.

Todo o Baker Street cheirava somente ao Sherlock, aquele cheiro que trazia paz para a sua mente e bagunçava o seu coração mas isso foi quando John chegou lá na primeira noite, mas depois de dias sozinho ali o apartamento passou a ficar tão solitário e frio.  

O único lugar ali que ainda tinha aquele cheiro característico dele era a sua cama que naquele momento servia como o melhor abrigo para um coração com saudade, e desesperado por um abraço mas jamais poderia ser de qualquer um.

John levantou da cama, cansado por não conseguir dormir e por sentir saudades, naquela manhã ele acordou decidido a enfrentar os seus medos e cair nos braços de quem ele amava e lá seria o único lugar que ele jamais abriria mão de pertencer; era nos braços do seu Sherlock que ele conseguia se sentir vivo, e disposto a enfrentar o mundo.

Segredos que eu tenho realizada em meu coração

São mais difíceis de esconder do que eu pensava

Talvez eu só quero ser seu

Eu quero ser seu

Eu quero ser seu

Eu quero ser seu

Eu quero ser seu

Eu quero ser seu

O caminho até o hospital foi rápido mas assim que pisou naquele local que tanto conhecia e que a um tempo era o seu lugar de refúgio; o hospital que ele podia fazer o que tanto amava que era exercer o seu cargo de médico; que nos últimos dias nem isso parecia ser o suficiente para distrair a sua mente que se encontrava tensa igual ao seu corpo.

John já tinha estado tantas vezes naqueles corredores que conseguia andar por ali até mesmo de olhos fechados, sem se preocupar em bater em nenhuma parede ou até mesmo não errar a porta do elevador; ele andou calmamente até o último andar onde Mycroft tinha fechado somente para que o seu irmão pudesse receber o melhor tratamento que o seu trabalho e influência no mundo podia pagar.

Antes mesmo que pudesse entrar dentro do quarto escutou uma conversa dentro do quarto e logo em seguida uma risada que mesmo tendo escutado poucas vezes, ele conhecia muito bem e acha ela uma das coisas mais fofas do mundo; talvez fosse porque ele era completamente apaixonado pelo Sherlock, mas não importava. E saber que ele estava rindo para uma pessoa que não era ele, fazia ele perder o sentido como somente duas coisas eram capazes de fazer; sexo com o Sherlock e ciúmes do Sherlock.

John entrou devagar acenando com a cabeça para os três homens parados perto da porta que eram os seguranças que Mycroft havia contratado para cuidar do irmão, mesmo que John soubesse que Sherlock encarava aqui como se eles fossem babás. No quarto se encostando na parede perto da porta apenas observando o seu Sherlock trocando sorrisos e olhares com uma médica, ruiva e com um belo corpo e que estava sem nem ao menos disfarçar, mostrando todo o seu decote pra ele.  

A médica se inclinou sobre ele sussurrando alguma coisa na ouvido do moreno que correspondeu sorrindo pra ela enquanto a mesma se afastava e passava pelo John; e como se só agora Holmes tivesse notado o loiro ali ele direcionou aqueles lindos olhos claros de anjos pra ele, por mais que por trás pudesse ver a maldade ali.

— Interrompi alguma coisa Sherlock? Porque se você quiser eu posso sair e achar a sua amiga ruiva para fazer companhia pra você. -John falou se aproximando mas ainda deixando uma distância segura, como se quisesse evitar pular no pescoço do Sherlock e arrancar dele a verdade sobre a médica.

— Porque você está tão distante John? Eu não vou quebrar, não precisa de tudo isso. -Sherlock falou sorrindo por ele mas por trás daquele sorriso de saudade tinha insegurança pela distância que eles estavam tendo.

John tinha agora ciúmes nos olhos deixam até se esquecer por poucos minutos da saudade, enquanto Sherlock ainda naquela cama depois de tanto pensar em quando John iria aparecer; eles sentiam falta um do outro mas como colocar todas as suas incertezas e medo pra fora? Guardar elas no mais fundo da sua mente era muito mais fácil.

Em pensar que John talvez tivesse abandonado ele e voltado para a esposa, Sherlock sentiu o seu coração se apertando e sofrendo fazendo com que a máquina de batimentos se alterasse.

— Sherlock fala comigo, vai ficar tudo bem, você precisa se manter calmo, o seu coração ainda está se acostumando com tudo isso. -John falou se aproximando e pegando na mão dele ao escutar os batimentos irregulares.

Mas assim que Sherlock sentiu o calor da outra mão em contato com a sua o seu coração se acalmou em saber que ainda restava amor entre eles. Por mais que aquele não fosse o Holmes que todos estavam acostumados, aquele era o Sherlock que estava guardado para ser somente do John.

— Por que você está fazendo isso comigo? -Sherlock falou baixo, quase como um sussurro.

— Eu não queria chegar aqui assim, eu vim deis de Baker Street ensaiando, mas ao chegar aqui e ver você trocando sorrisos com aquela médica eu senti ciúmes; porque aqueles sorrisos tinham que ser somente meus e mesmo que isso pareça possessivo é o que eu sinto do mais fundo do meu coração.

Deixe-me ser o seu medidor elétrico

E eu nunca vou parar de funcionar

Deixe-me ser o aquecedor portátil

Que você vai ficar sem frio

Eu quero ser sua loção hidratante (quero ser)

Segure o cabelo em profunda devoção (quero ser)

Pelo menos tão profundo quanto o oceano Pacífico

Eu quero ser seu

John fechou os olhos sentindo todo o sangue sair de seu corpo e ir parar em seu rosto deixando um ex militar, com grandes experiências, com vergonha igual um adolescente que havia confessado seu amor pela primeira vez pra menina mais popular do colégio.

Era uma analogia estranha mas que fazia sentido, porque pra eles não importava a comparação deis que eles estivessem juntos.

— Se você soubesse como mexe comigo, não iria mais se importar com sorriso nenhum que eu der pra outra pessoa, porque o mais bonito sempre vai ser seu; o brilho no olhar só pertence a você, os suspiros de prazer, a risada estranha que eu sei que te encanta.

Sherlock nunca era de demonstrar os seus sentimentos e até achava que não tinha sentimentos, mas depois que entendeu o seu amor pelo John só sabia dizer a ele o quanto amava o loiro.

— Eu te amo mais do que existe estrelas nessa e em todas as galáxias, você me conhece melhor do que eu mesmo e sabe que eu não tenho nenhum problema em dizer o que eu penso mas tudo isso muda em relação à você.

Sherlock entendia aquilo mas sabia que não iria importar o tempo ou que acontecesse, eles iriam ficar juntos; porque um não conseguia mais seguir a vida sem o outro.

Sherlock se sentou na cama com cuidado e John se sentou de frente com ele com os olhos baixos, mas levantou eles ao sentir a mão do moreno subindo em forma de carinho da sua coxa para a sua cintura; eles sentiam falta desse contato, com um simples toque fez Sherlock conseguiu fazer John suspirar e sorrir pela saudade.  

Aquele toque era a resposta para tudo.

— Eu quero ser somente seu. -Sherlock sussurrou encostando seus lábios naqueles que ele tanto desejava.

Eu quero ser seu aspirador de pó (Eu quero ser seu)

Respirar sua poeira (Eu quero ser seu)

Eu quero ser seu Ford Cortina (Eu quero ser seu)

Eu nunca vou enferrujar (Eu quero ser seu)

Eu só quero ser seu (Eu quero ser seu)

Eu só quero ser seu (Eu quero ser seu)

Eu só quero ser seu (Eu quero ser seu)