Laços do Mar escrita por Mirys


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eis que venho de surpresa mostrar essa one fruto de um desafio maravilhoso! Gaby Uchiha mandou essa imagem de capa para mim no whats e em meio a conversas acabei tendo que fazer um NejiTen. Maaaaas óbcio que eu iria pedir algo em trocar dessa mente brilhante! Gaby irá nos presentear com um ShikaTema. e Hitsatuke veio lacrando tudo nos dando UMA LONG SasuSaku toda trabalhada nas guerras biológicas. #Desafiodastrês sendo arrasador nesse pós natal! Vamos fechar esse 2016!
É isso aí! Sem mais enrolar vão ler que conversamos mais depois.



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A brisa marinha soprava suave trazendo os mais diversos aromas do porto e espalhando os risos das crianças que brincavam tranquilamente na praça. Homens andavam discutindo questões da Pólis, mulheres cobertas por seus véus conversavam trivialidades seguidas pelos escravos, estrangeiros cercavam artesões impressionados por algo que não possuíam e o destino seguia o curso fiado pelas parcas.

—Senhorita Hanabi! Poderá brincar hoje?- um menino perguntou se aproximando correndo arrancando um sorriso da jovem senhora.

—Idiota! Sabes que ela é muito respeitável. Não pode brincar assim. - A menina mais velha bronqueava.

—Bom vê-los tão animados!- Hanabi sorriu para aquele pequeno grupo que ainda não sabiam muito das tantas questões da vida – Não poderei brincar com vocês hoje. Desculpem. Mas posso ficar aqui por um tempo e contar uma história!

—Uma história? Daquelas com monstros e heróis?- Os meninos já olhavam com devoção imaginando as aventuras sem pensar que uma mulher os contaria tal coisa.

—Não. Dessa vez é uma história um pouco mais real. Diz sobre um homem de minha família e uma mulher espartana. –Hanabi dizia enquanto sentava-se sabendo que já possuía a atenção daqueles pequenos.

—Espartana? Meu pai diz que elas são monstruosas, feias e comem pessoas vivas. –Um dos meninos confidenciava seu saber.

—Minha avó sempre fala que elas não são educadas e ainda aprendem a lutar!- Outra menina complementava enquanto sentavam-se ao redor de Hanabi.

—Bem, eu não sei se elas comem pessoas vivas, mas sei esta história. –Hanabi focava em cada olhar desviando por um breve momento para umas das escravas de sua casa que a acompanhava- Tudo começou assim...

“ -Eu não vou aceitar! - A mulher esbravejava não se importando com o olhar severo daqueles homens.

—Sabes que pode atuar no comércio e sua posição na assembleia nunca será negada, mas o casamento precisa acontecer ainda mais após a morte de seu pai. –Um dos gerontes* tentava controlar o temperamento da morena sabendo que o fim poderia ser pior.

—Eu não posso aceitar isso. Que eu perca a posição na assembleia! Me recuso a casar. –Ela se mantinha firme.

—Como não aceitas? Isso não cabe a sua decisão!- Outro gritou- Mulher é para ter filhos saudáveis e manter nossa população forte! Sabia que aquele fraco não conseguiria criar uma mulher. A falta da mãe em sua criação e a liberdade que aquele covarde lhe dava acabaria nisso! Vejam! Uma mulher que se recusa a dar filhos para Esparta! Isso não pode acontecer!

—Meu pai lutou por Esparta dando tudo que possuía sem medo! Não venha caluniá-lo após sua morte, seu velho pulguento!

—Essa merece um belo castigo! Passar um tempo com os homens do exército talvez a faça ter uma ideia da verdadeira posição que possuí. –O geronte lhe respondeu com ódio- Ou se casa e tem filhos fortes para Esparta, ou seja marcada e morta!

—Chega!- A voz imperou no lugar silenciando a tudo e a todos com seu poder.

Tenten sentiu o medo lhe invadir ao encarar aqueles olhos tão negros. Todos em Esparta sabiam da imponência de Sasuke Uchiha. Um dos reis que compunha a diarquia*, o único que carregava a hereditariedade do trono após a morte de sua família, aquele que venceu batalhas impossíveis por Esparta. Alguns diziam ser um filho de Ares, mas para a mulher aquele homem poderia ter o poder de um deus lhe determinando a morte ou a vida.

Após a morte do pai, ela sabia que não conseguiria fugir da imposição do casamento.
O pai que tanto lhe prezava após a morte da esposa fazia parecer que tal obrigação não era para ela. Que as parcas lhe tinham reservado a vida nas batalhas e não na casa criando os filhos viris que Esparta precisava. Entretanto, nenhum daqueles homens poderosos que pareciam mandar mais que os deuses pensavam assim.

—Meu rei, meu pai me ensinou a não fugir em momentos de desespero. Que não importa quanto pareça impossível, o medo não pode nos dominar e temos que usar todas as estratégias que possuímos para vencer.- Tenten respirou fundo mantendo sua postura de soldada enquanto se prostrava diante de um dos homens mais poderosos daquele lugar- Eu entrego minha vida à Esparta. Seja para minha morte como punição, seja para minha morte trazendo algo melhor ao meu povo. De qualquer forma, minha alma encontrará os elísios livre de culpa pois segui os ensinamentos de meu pai e não me acovardei mesmo diante de todas as ameaças que me foram feitas. Não vim até aqui para zombar de seu poder. Vim para honrar os ensinamentos que tive e lutar por minha vida como um espartano deve sempre lutar.

—Se deseja tanto a morte, então morra. –O rei proferiu a sentença que todos já esperavam- Irá para as terras Atenienses. Estamos há tempos sem ter batalhas, mas em períodos de paz que se articulam as guerras. Rumores já chegaram a mim de que os malditos fingem estar envolvidos apenas em suas conversas políticas tolas e teatros, mas na verdade estão aliando forças de guerra.

—Uma mulher em missão? Não pode estar considerando mesmo tal coisa, meu rei! –O mesmo geronte esbravejou.

—Não colocarei um de meus soldados em uma missão que resultará em morte. Irá para aquelas terras e descobrirá tudo que puder sobre a família Hyuga. Descubra quais planos estão sendo tramados sob o disfarce político. Envie da maneira que for as informações conquistadas.

—Diz ser uma missão de morte, mas coletar informações em momentos de paz não necessita de tanto cuidado. Não haveria riscos para os soldados, então porque uma mulher? –O outro rei que compunha a diarquia levantou a voz silenciando o salão mais um vez. Danzou olhava com provocação para o jovem rei Uchiha em mais um embate velado pelo poder.

—Para obter as informações que desejo uma cortesã não será suficiente. Terá que se permitir ser capturada, torturada se for necessário. Os Hyugas se consideram muito superiores e inteligentes, terá que ser mais astuta e conquistar as informações que desejo. Se eles realmente possuem algo então só lhe restará a morte. Eles não irão permitir sua saída mesmo que não perceba que descobriu algo. –O rei Uchiha mantinha sua expressão indiferente encarando os cabelos daquela mulher enquanto os olhos permaneciam no chão- Ofereceu sua vida à Esparta. Cumpra com sua palavra e morra por esta terra. A função de uma mulher é permitir que tenhamos mais espartanos para seguir com tudo que temos. Se não vai oferecer seu ventre, ofereça sua vida.

—Eu farei.- A morena respondeu sem titubear- Não importa pelo que passarei. Obterei as informações que aqueles atenienses escondem e darei minha vida por Esparta.

—Não há mais o que falar aqui. A morte foi decretada como deveria. Pela manhã deverás partir. Se não cumprir este decreto, saberemos e a punição será decidida pelos homens aqui presentes como for melhor.

Tenten permaneceu prostrada enquanto ouvia todos saírem. Seu coração batia desesperado no peito, mas não havia medo em seu corpo. Havia alívio. Não importava o que aconteceria daquele momento em diante, ela havia lutado e continuaria. Se morrer significava isso, então ela abraçava a morte de bom grado.

Horas depois, o sol começava a colorir os céus clareando pouco a pouco a negritude e tingindo de diversas cores o manto que antes abrigava as estrelas. Tenten observava os vastos campos espartanos em silêncio. Sabia que os soldados já deveriam estar de pé, os mais novos já começavam a passar por mais um dia de ensinamentos de guerra, os comerciários começavam a despertar o movimento e os escravos já trabalhavam nos campos.

Aquilo era algo que conhecia e sabia exatamente como agir. Sabia como seu dia seria após o sol surgir no céu. Entretanto a partir daquele momento sua vida estava entregue totalmente ao que as parcas poderiam fiar sobre si.

E com este pensamento, ela se despediu de sua terra. De suas lembranças. Da obrigação do casamento. Seguindo rumo à Atenas.

—-*--

Vozes. Cores. Pessoas diferentes demais. Aos olhos de Tenten, Atenas era uma mistura confusa. Ao longe exalando poder via-se o Paternon com toda sua glória e mostrando o orgulho que aquele povo possuía. A arte era tão presente quanto a ausência de espadas. Não haviam soldados desfilando seus bens. As poucas mulheres que transitavam por ali lhe olhavam com desconfiança fazendo-a se questionar se a viagem a teria transformado em um Minotauro tamanha estranheza.

—Acho que está perdida. -Uma moça encoberta por um véu se aproximou- A senhorita não parece ser daqui. De onde és? Veio com os mercadores?

Tenten segurou em sua adaga avaliando a situação estranha. Enquanto todas as mulheres mantinham distância e de alguns homens só havia recebido olhares lascivos, aquela mulher de aparente nobreza se aproximava com perguntas demais.

—Sim. E não estou perdida.-A morena já se afastava da estranha até ouvi-la chamar mais uma vez.

—Está sim. São ocasiões muito raras mulheres virem com os mercadores tanto pela dificuldade da viagem no mar quanto pela forma que são tratadas em Atenas. Eu só conheci uma até hoje. -Tenten sentia a intensidade dos olhos da ateniense mesmo sob o véu- Dizem que o melhor lugar para saciar as dúvidas sem passar por coisas ruins é o recanto dos deuses. Um prostíbulo, sim, entretanto de grande apreço. A senhora de lá sempre ensina o que for necessário e ainda pode lhe ajudar. Mas entenda que andar por Atenas com o rosto exposto e com roupas assim apenas trairá atenção indesejada.

A espartana pesava se deveria acreditar ou não naquelas palavras. Como ela poderia ofertar um lugar bom? Seria alguma armadilha? Será que teriam reconhecido suas vestes e a estavam levando para a morte certa?

Não importa. Sasuke falou que eu deveria ser capturada. Preferia que fosse mais tarde, mas já que é assim…

—Ei! Espere!-a estranha moça já se afastava- Como faço para achar esse lugar?

—Eu não sei. -A senhorita sorria- Consigo fugir bastante das companhias que meu pai arruma para que eu possa sair de casa, mas nunca consegui conhecer este lugar. Procure alguma mulher que trabalhe no comércio, ofereça alguma dracma e talvez consiga a informação.

—Quem é você?

—Me chame de Sakura. Que Atena lhe guie com sua sabedoria.

A morena permaneceu parada observando a jovem mulher se afastar sendo logo encontrada por um homem aparentando desespero. Ele parecia brigar com a moça que não se afetava por tais palavras. Então mulheres não andavam sozinhas? Por Ares, que lugar era aquele?

—Licença. -Tenten falava com a mulher que vendia algo estranho a si- Pode me dizer onde fica o Recanto dos deuses?

A senhora lhe olhou ofendida com as grossas sobrancelhas castanhas quase unindo-se com o vinco formado na testa. Mas bastou uma dracma ser estendida para toda a expressão mudar e um leve sorriso tomar conta do rosto da comerciante.

—Não é um lugar adequado para senhoras corretas, mas como um favor a sua benevolência posso dizer o que sei. Basta seguir entre as barracas dos artesãos. Em uma casa mais afastada próximo ao mar e pouco distante do teatro encontrará o que procura.

—Agradeço. - independente do lugar a ambição continua reinando.

Entre os artesões os olhares sobre a viajante diminuíram. Logo que viam a falta de interesse na compra de seus produtos, logo o interesse sobre a moça desaparecia como se não existisse.

Quando os olhos de Tenten contemplaram a imensidão azul que se movia com o vento sendo salpicada de espuma branca, ela pôde entender como podia existir uma devoção grandiosa a Poseidon. Já havia ouvido diversas histórias sobre aquelas águas salgadas que eram o grande trunfo dos atenienses mesmo assim nos contos espartanos a imponência era sempre relegada a algo menor que os feitos heroicos dos homens em combate. Homens saiam da água com suas construções de madeira com redes transbordando de alimento para suas casas, embarcações maiores traziam toda a sorte de coisas que faziam aquele ser um local de encontro de tantos povos.

—A primeira vez que conhecemos o mar é impossível não fazer uma cara de embasbacado. –Uma mulher com um véu jogado sobre os ombros encarava o oceano ao lado de Tenten.

—É algum costume ateniense de aproximar de pessoas estranhas para afirmar aquilo que acreditam sobre ela? – a morena perguntou irritada. Ela não fazia uma cara tão boba.

—Se diz isso então esbarrou com a senhora Sakura e se isso aconteceu mesmo acredito que me procura. – a mulher loira sorria encarando os olhos castanhos da jovem- Me chamo Tsunade de Delfos. Sou a proprietária do recanto dos deuses. Sim, sei que é um nome horrível, mas os homens que me enriquecem não se importam com isso desde que possam saciar suas vontades sem pensar nas esposas que deixam em casa. Venha, menina. Se estás atrás de mim, certamente eu tenho perguntas a responder.

Tenten não comentou nada e apenas seguiu aquela mulher. Ela não se apresentava como a jovem senhora que lhe abordou, mas não aparentava ser de mesma posição que os artesões que viu.

—Não ando de véu pois não preciso tanto de respeito afinal não irei me casar. Ganhei esse espaço em uma aposta, em minha primeira noite apareceram três moças sujas e machucadas implorando por um lugar para dormir. Elas também não precisam mais do respeitado dos cidadãos atenienses. Eu tinha um amigo com influência suficiente para me proteger e permitir que eu fundasse esse lugar sem grandes problemas. Após a morte desse amigo precisei lutar por meus próprios meios e por isso carrego esse véu. Não tem motivo para sentir-se desconfortável neste lugar. – a senhora encarava a jovem segurando a porta aberta do estabelecimento.

O lugar era incrivelmente limpo e arejado. Transmitia uma vivacidade que contrariava o estigma que carregava. Flores enfeitavam o salão de entrada intercalado com objetos que pareciam vir do mar. O cheiro salgado preenchia o lugar e a brisa suave entrava por todos os lados fazendo todos os tecidos brancos dançarem suavemente.

Um grupo de mulheres e alguns homens estavam animados comendo e conversando. Logo Tsunade se unia a eles levando uma Tenten assustada com o ambiente que conhecia. Nunca havia entrado em um prostíbulo, mas possuía a certeza de que as coisas não deveriam ser tão festivas. Passado um tempo, o grupo se dispersou e Tsunade a guiou para um outro cômodo mais afastado. A movimentação das meninas dizia que o objetivo realmente conhecido do local iria começar.

—Como sabes que Sakura me disse algo sobre este lugar? –a morena não perdeu tempo logo disparando sua maior dúvida. Estava com sua vida correndo perigo ali e mulheres que lhe abordavam como se soubessem muito de sua vida lhe era suspeitas. Não acreditava que as parcas lhe estariam sendo tão bondosas.

—Porque não és a primeira que essa menina guia. Todas as moças que aparentam não ser de Atenas acabam por me encontrar e quando pergunto o motivo de terem vindo até mim sempre ouço que uma jovem senhora que se apresenta como Sakura lhes guiou. Nunca dei nada para essa menina, nem ao menos sabia de sua existência, mas ela em algum momento tomou ciência da verdadeira ideia desse local e se dedica a ajudar as moças que encontra no caminho. Agora eu quero fazer uma pergunta.

Tenten logo se preparou para o momento em que os soldados apareceriam para desmascará-la gritando em seu rosto que já sabiam de tudo.

—Irá trabalhar aqui nem que seja como serviçal dos alimentos ou apenas esta noite já lhe será suficiente?

—O que? – a morena encarava incrédula.

—Não acho que vais matar alguém daqui, também não acho que queiras morrer. Então só me resta oferecer meu espaço. Sejas  o que for que precisas tenho certeza que aqui poderá encontrar.

—Alguns dias. Precisarei de alguns dias aqui. –as palavras fluíam da boca da morena, mas sua mente ainda questionava tamanha bondade. Não poderia aquilo ser tão fácil, poderia? Como alguém lhe dava abrigo sem perguntar seu verdadeiro objetivo? E se ela estivesse mentindo?

—Ótimo! Não pense muito. Descanse por hoje e mandarei uma das meninas lhe ensinar o que precisa amanhã.

O quarto que ficaria era em conjunto com mais outras três moças, mas naquela noite seria apenas dela. Era simples, mas aconchegante com pequenos objetos marcando que aquele era o lar daquelas mulheres. Havia se desfeito de seus trajes mais pesados e que tanto parecia lhe identificar como estranha usando, agora, um vestido de tecido leve, realmente estranho para si. Fora criada em meio a competições, usando tecidos mais pesados para proteção e sempre confortáveis para o movimento. Agora utilizava uma roupa que saberia que não a permitiria fugir com tanta facilidade se precisasse. Mesmo assim não poda negar que Tsunade parecia lhe conhecer muito bem e lhe dera um tipo de vestido mais apertado para se colocar por baixo dos panos leves, além de que sua adaga estava muito bem guardada em sua coxa. Os cabelos estavam soltos como raramente acontecia. Presos lhe eram mais práticos e por vezes pensava em cortá-los para facilitar sua vida. Mas o único pedido de seu pai era que preserva-se seus cabelos castanhos como os cabelos de sua falecida mãe. Toda noite soltava seus fios e ouvia os elogios de seu pai. Após sua morte, continuava a soltar seus fios e senti-los atacar seu rosto como um carinho de seus pais permanecendo como ponto de amor em sua vida de soldada.

Entediada de permanecer naquele quarto, decidiu-se por voltar a observar o mar da região mais escura do pátio que se encontrava próximo aos quartos. A diferença na imagem era imensa. Enquanto de dia aquelas águas lhe pareciam tão convidativas como se escondessem um grande segredo, de noite as ondas pareciam mais revoltas e a negritude da água parecia trazer um mau agouro ao mesmo tempo em que o mistério que aquelas águas guardavam ainda estava ali esperando quem seria corajoso o bastante para ir desvendá-lo. Mesmo assim precisou confessar, em seu coração, que entendia melhor o motivo de tamanha dedicação a Poseidon. Como deveria ser entrar naquelas águas então? Deveria descobrir no dia seguinte. Que Ares a perdoasse se aquilo fosse um desrespeito, mas precisava aproveitar da oportunidade de conhecer aquelas misteriosas águas antes de sua morte.

—Alguém que conhece o mar pela primeira vez é fácil de reconhecer.

Tenten sobressaltou-se e repreendeu-se internamente. Como não percebeu a aproximação daquele homem? Tsunade deveria estar certa quando disse de sua expressão de boba contemplando o mar. De tanto pensar nos mistérios do reino de Poseidon esqueceu-se das habilidades que Ares lhe presenteou.

—Nunca a vi por aqui. De onde és?

—Isso só interessa a senhora Tsunade.- a morena respondeu resoluta. Se nem ao menos a loira quis saber de onde era, não seria um estranho que lhe arrancaria tal coisa.

—Se trabalha aqui então é de meu interesse. – o homem dizia com um ar de leve deboche que se intensificava com a iluminação pálida da lua.

—Só começo a trabalhar amanhã e mesmo assim isso irá caber apenas à senhora Tsunade. –Tenten mantinha firme seu olhar para aquele homem estranho.

—Quanta petulância! Se pretendes trabalhar com tamanha arrogância neste lugar saiba que nem Tsunade poderá lhe proteger.

—Sei cuidar de mim mesma. E se eu sou petulante o que dizer do senhor que se aproximou sorrateiramente e me enche de perguntas como se fosse...

—Um deus? –ele interrompeu sua fala seguido de um leve riso irônico- O nome desse lugar é recanto dos deuses por um motivo. Não são apenas homens simples que aqui frequentam, mas sim homens com influência que podem se equiparar aos deuses.

—Quem és? –estaria ela de frente ao seu objetivo? Seria ele o homem que poderia dar todas as respostas de sua missão?

—Outra coisa que Tsunade esqueceu-se de ensinar ao que vejo. Nunca pergunta-se o nome do senhor a que serve. Ninguém precisa saber que estivemos aqui.

Um silêncio se seguiu. A lua iluminou mais intensamente o pátio antes de se esconder na nuvem mesmo assim a cor dos olhos daquele homem lhe permanecia um mistério. Entretanto podia sentir a intensidade de seus orbes cravados em si como se enxergassem seus pensamentos, o cabelo dele que parecia ir de encontro aos seus próprios, a diferença em suas alturas, visto que estava sentada no chão enquanto o homem permanecia em pé.

—Não estou a lhe servir e se não irás me responder, então não irei falar mais nada. –Tenten sentiu a necessidade de finalizar aquele assunto e tirar aquela intensidade de si.

—Continue a observar o mar e tome cuidado para não se afogar.

E assim o homem se foi tão silencioso quanto aparecera. Mesmo a sombra seu porte era imponente e ela teve certeza de que ele não era apenas mais um dos que vivia na assembleia. Era homem de guerra de espadas e de palavras. Talvez fosse o homem que procurava.

—-*--

No dia seguinte, a rotina no lugar foi apresentada a Tenten. Mesmo de dia o local funcionava ao contrário do que a morena pensava, mas apenas servindo refeições para os pescadores ou comerciantes do porto. Havia um momento de descanso antes do trabalho noturno começar.

—Então, senhora Tenten, está confortável? Precisa que eu pegue mais alguma coisa? –um dos jovens que trabalhavam no local lhe perguntava pela milésima vez. Lee foi acolhido pois era órfão e não podia ter o título de cidadão ateniense. Era um rapaz muito prestativo e logo após a apresentação passou a ajudar em  tudo que Tenten precisasse mesmo que a mesma detestasse isso.

—Está sim, Lee.

Instantes depois, uma mulher entrou no local atraindo a atenção de todos por um momento. Pouco sabia dos costumes atenienses, mas já havia entendido que mulheres de respeito usavam véu, não andavam sozinhas e jamais frequentavam prostíbulos mesmo que de dia fosse apenas um local de refeições.

—Quem é essa moça que acabou de entrar? – a morena perguntou para uma das moças que trabalhava consigo.

—Essa é a senhora Temari do deserto. Ela vem com os irmãos trazendo mercadorias pelo mar. Dizem que foi ideia dela se arriscar em um comércio que nada sabiam. Como pessoas do deserto poderiam conhecer o mar? Mas eles aprenderam em outras terras ao sul daqui como se construía um barco e como se conduzia. Controlam um porto que atende apenas às terras deles e fazem trocas constantes com Atenas. – Shion, uma das moças sussurrou disfarçadamente.

Após a saída da mulher do deserto nada de animador aconteceu. Apenas homens entravam no recinto com seus jeitos espalhafatosos e sempre prontos a contar alguma história. Quando chegou o momento do descanso, Tenten agradeceu internamente. Treinar com sua espada era mais leve do que aquilo. Enquanto as moças foram ao comércio comprar e passear, Tenten escolheu ficar.

Foi em direção ao mar tomando o cuidado para escolher a parte mais isolada evitando o encontro com os pescadores. Aproximou-se das pedras com cuidado sentindo que aquela cobertura verde poderia lhe fazer cair. Deixou suas sandálias sobre umas das pedras mais plana e mergulhou os pés naquela água. Sentia a água puxar seus pés com a areia sendo arrastada ao redor deles para logo depois ser devolvida em um ir e vir constante. Sem perceber foi adentrando mais e mais naquelas águas sentindo seu bater forte ao mesmo tempo que suave em suas pernas. Quando veio uma onda mais forte se desestabilizou e pensou que fosse cair até sentir braços fortes lhe segurarem. Aqueles braços não eram de uma das moças, ou mesmo de Lee. Ofegante, Tenten virou seu rosto em direção ao seu herói, mas antes disso a voz forte se apresentou.

—Eu avisei para tomar cuidado e não se afogar.

Iluminados pelo sol do fim da tarde, Tenten entendeu o motivo para não ter visto a cor de seus olhos na noite anterior. Eram cinzas ou talvez brancos. Eram olhos de cego, mas a intensidade daquele olhar dizia o oposto. Os cabelos longos e castanhos mais escuros que o seu davam o contraste absoluto. Se ele dissesse ser filho de algum deus, Tenten estaria muito propensa a acreditar.

—Não sou cego e se continuar a me observar com tanto afinco devo presumir que deseja me servir.

Todo o encanto se desfez no mesmo instante e a morena percebeu que ainda estava nos braços do homem. Afastou-se imediatamente já recolhendo suas sandálias e se afastando apressada. Não confiava que conseguisse falar algo sem revelar seu encantamento pelo estranho homem de aparência divina por isso apenas correu torcendo para que não o visse naquela noite. O que essa Atena estava fazendo consigo? Dando diversos encantos para desviar Tenten de seu foco. Por Ares, ainda não sabia nada de sua missão! Não estava ali a passeio, estava ali para morrer por Esparta e não podia se dar o luxo de fugir disso. Decidiu-se, então, que naquela noite iria decorar todos os rostos possíveis e no dia seguinte iria com as moças no comércio para começar sua verdadeira busca.

—Tenten, está tudo bem? –Tsunade perguntou obsevando a moça com os pés cheios de areia e a sandália na mão.

—Está sim. Apenas quis molhar os pés no mar.

—Sim, precisamos desse momento pelo menos uma vez na vida.- a loira disse com um sorriso nostálgico- Se arrume agora. Logo começaremos a trabalhar.

O salão fervilhava de conversas entre os homens e algumas moças envolvidas. Para Tenten era como se um jogo tivesse começado com demonstrações de riqueza, poder e beleza. Afrotide estaria muito feliz com aquele lugar sem dúvidas. Talvez mesmo Zeus sentisse muito tranquilo naquele lugar. O ego enorme dos homens era expresso nas bebidas fartas que se dispunham a pagar e nas moças que escolhiam para ficar ao seu lado. Conversas sobre a tal da filosofia intercalada com histórias heroicas logo passadas para algumas das discussões das assembleias pulando rapidamente para algum comentário maldoso sobre alguém. Foi fácil perceber que seja Atena, seja Esparta a essência do ser se mantinha. Mesmo que em Esparta filosofia jamais fosse mencionada e discussões dos gerontes permaneciam com os gerontes, a ideia de se enaltecer e sempre ser o maior era a mesma.

Servia o vinho e o hidromel além de alguns alimentos salgados. Já havia sido importunada como Tsunade já tinha avisado que seria, mas apenas com algumas palavras já conseguia se livrar do aperto.

—Moça nova! Permita-me. –um homem moreno se colocou a frente de Tenten com um sorriso enorme além de modos duvidosos se comparado com os outros senhores- Sou Kiba e estou encantado ao ver tamanha beleza.

A morena não sabia o que deveria fazer. Estava tentada a bater com a bandeja de madeira na cabeça do senhor, mas para estar ali ele era alguém respeitável e isso não seria bom.

—Deixa a moça trabalhar, Kiba. Olha o peso que está fazendo-a segurar por estar parada aqui.-um outro moreno mais soturno que estava à mesa intercedeu por Tenten- E não sei porque se apresenta. Esqueces que aqui não falamos nossos nomes?

—Covardes que não confessam seus nomes. Não tenho esposa me esperando em casa, não tenho motivos para não me apresentar. –Kiba pegou a bandeja de sua mão servindo sua própria mesa deixando uma Tenten nervosa.

—Deixa que eu sirvo. Como disse sou nova aqui e não creio que será bom para mim que o cliente esteja fazendo meu trabalho. –a morena logo recuperou suas coisas e terminou o serviço ali.

—Sente-se um pouco conosco. –Kiba ofereceu com mais um sorriso.

—Ela não é como as moças, Kiba. Não percebeu que ela é a que serve a comida?

—Shino, nunca mais eu venho com você. Como pode ser tão irritante? –Kiba dizia com raiva enquanto seu amigo permanecia com seu olhar apático- Eu só quero contar minhas histórias para a moça. Veja bem quantos heróis de guerra que inovaram no combate em campo e ainda servem diretamente aos Hyugas a senhora conhece?

—Hyugas? –Tenten sentiu tudo parar. Sua missão acabara de começar.

—Mesmo quem nunca veio a Atenas sabe do poder dos Hyugas. Eles formam uma família muito grande e isso traz muito poder já que ao invés de se separarem eles se unem mais dominando mais e mais terras dando expandindo as terras Hyugas. Além de participarem ativamente no porto. Aqueles do deserto realizam grandes trocas com os Hyugas e o Kizashi de Haruno. –Kiba já havia terminado sua primeira caneca ficando ainda mais animado para contar sua história- Dizem que eles são descendentes dos deuses. Alguns dizem ser Poseidon e por isso eles dominam os mares tão bem, outros dizem ser o próprio Zeus e por isso todos que pertencem a esta família acabam tendo grande poder. Eu apenas os considero homens inteligentes e muitas vezes chatos.

—E o que faz para estes senhores?- Tenten perguntou torcendo para que soasse como uma curiosidade inocente.

—Eu sou o servo de maior confiança. Acompanho meus senhores em batalhas, cuido da segurança de sua casa e ainda tenho o título de cidadão ateniense para ir às assembleias. Posso entrar e sair de suas casas com total liberdade. – Kiba falava orgulhoso de sua posição.

—O mesmo para mim. –Shino completou.

—É nessas horas que você deveria permanecer calado, Shino! – Kiba o encarava furioso- Mas não temos a mesma posição pois eu treino os cachorros para a batalha e defesa. Eles não deixam passar nada, mesmo Cérbero temeria Akamaru.

—Cachorros? Usam para localizar quem estão caçando? –Tenten perguntou com verdadeira animação.

—Sim. Eles não deixam ninguém escapar e ainda impedem entrada de pessoas desconhecidas na casa. Assim as filhas de meus senhores nunca se preocupam com nada. -Kiba contava com o orgulho restaurado- Se um dia desejar conhecer Akamaru basta me encontrar por Atenas. O jovem Lee que trabalha aqui pode lhe guiar se precisar.

—Kiba, não pode simplesmente levar uma mulher daqui para casa de Hiashi! – Shino censurou sério.

—Oh, sim. Não posso ir e causar algum problema aos senhores e mesmo a mim. Imagina se alguém tão poderoso me encontrasse? Minha morte seria certa. Prefiro permanecer com as histórias apenas. – a morena falou com o máximo de preocupação que poderia passar tentando conseguir o oposto que suas palavras significavam.

—Bobagem! Será apenas para que conheça Akamaru. E se estiver andando de véu meu senhor não verá problema algum em estar uma moça em minha presença. –Kiba lhe dizia sorrindo- Peça ao jovem Lee. Me encontre próximo ao templo de Poseidon que lhe levarei para conhecer meus animais.

—Quem sabe conseguimos nos encontrar. Agora se me dão licença. –Tenten se retirou da mesa feliz logo continuando a servir os outros senhores. Parece que Ares finalmente resolveu lhe ajudar.

Depois de tantas mesas servir, Tenten podia dizer que estava cansada. Não entendia como aqueles homens não se cansavam, ou não se embriagavam de vez ou apenas fossem embora mesmo. Alguns já haviam sumido com algumas moças para um outro local que Tenten nem pensava em ir, Kiba já havia ido embora com seu amigo Shino e o trabalho não parava. Como ninguém se importava em pedir algo decidiu por ir ao lado externo apenas para sentar e descansar os pés. Mas eis que logo após retirar suas sandálias foi puxada por uma mão que a arrastava. Se debateu, só que a mão era forte. Se forçou a parar e tentou chutar seu oponente, entretanto isso só o fez pegá-la no colo arrancando um grito de sua garganta.

—Quem pensa que és? Me solte agora! –Tenten gritava com raiva daquela situação.

—Como se irrita fácil! Está com medo?- o homem perguntou.

—Estou com raiva! Como ousa me levar assim?- “ah se eu estivesse com minha espada”.

—Não estou fazendo nada que seria passível de punição. Estou apenas levando a senhora para descansar no local que tanto aprecia.

Logo Tenten se sentiu sentar em uma superfície dura e fria. Sentiu a água do mar lambendo seus pés e o vento fazendo seu cabelo dançar. O que afinal aquele homem queria?

—Prefiro seus cabelos soltos... –ele a observava com seus olhos tão claros e misteriosos- Estava com ele preso hoje mais cedo.

Tenten usava um dos penteados que Shion lhe fizeram. Parte estava presa fazendo um volume, mas boa parte estava solta emoldurando sua face e caindo por suas costas. Não estava acostumada com elogios assim vindo de homens. Recebera muitos durante a noite, mas todos eram carregados de uma lascívia que a enjoava, mas aquele não. Ele não estava a lhe elogiar para conseguir algo, ele apenas estava fazendo uma constatação e parecia já saber que ganharia o que queria.

—Passarei a usá-los sempre presos então. - Tenten respondeu sem encarar seus olhos com medo de sua pele ou seus próprios olhos denunciarem algo.

—Sempre atrevida. –o homem fez uma pausa atraindo a atenção da morena – Sou Neji.

—Tenten. –as palavras deslizaram por sua boca antes que sentisse para responder aquela pergunta implícita.

Ainda permaneceram na praia por um tempo antes de Tenten voltar para sua função. Na noite seguinte, Tenten saiu pelo mesmo lugar e não precisou ser carregada para a praia. E na outra noite, e na outra noite... Sem perceber já contava com as histórias que ouviria de Neji assim que chegassem na praia e as histórias que poderia contar para ele sem revelar de onde era. As histórias de batalha dele encantavam pela inteligência no combate ao contrário da brutalidade que Esparta tanto enaltecia. Com ele falando, a filosofia parecia algo mais interessante do que as palavras soltas que os velhos falavam. A atenção que ele lhe concedia as suas histórias de quando criança ou as lendas que conhecia a empolgavam para querer contar mais, contar tudo.

E só quando se deparou com Kiba acompanhando alguma senhora Hyuga importante no meio de Atenas que percebeu seu erro. Estava se envolvendo com Neji, um ateniense, e esquecendo sua missão. Sempre esteve tão disposta a morrer e agora parecia que fugia de todas as formas. Isso não podia acontecer. Não fora para Atenas para viver um sonho feliz. Fora apenas para encontrar seu fim.

—-*--

Olhava-se no único espelho que tinham no quarto, um luxo que Tsunade concedeu a uma das meninas de presente. Brincava com uma mecha do cabelo lembrando da noite anterior.

“Sentia algo agitando dentro de si. Rejeitava todas as vezes que uma das moças desejava fazer algo em seus cabelos, mas naquela noite resolvera abrir mão disso e usar os cabelos soltos. Já preparava qual desculpa iria dar quando ele a visse e falasse sobre ela cumprir o gosto dele. Ao mesmo tempo sentia que devia se despedir de Neji. Agora que iria seguir a missão não sabia quanto tempo de vida poderia ter.

—Pronto! –Shion e mais duas moças lhe sorriam através do espelho- Estás deslumbrante, Tenten!

—Obrigada, meninas!- o penteado era igual ao que Shion já lhe fizera, mas parecia ainda mais belo do que se lembrava.

Trabalhou ansiosa naquela noite. Demorou a admitir, mas quando percebeu que sua fiel adaga não estava mais consigo não teve como negar o quanto queria vê-lo. Assim que pôde escapou do salão e antes mesmo de arrancar a sandália para ir à praia ele já estava lá.

Um leve sorriso emoldurou a séria expressão quando percebeu seu cabelo solto. Tenten logo escondeu seu rosto, podia sentir sua face queimar e preferiu fingir que apenas se preocupava em retirar o sapato. Assim que levantou sua face encontrou com a mão dele estendida para ela e sem resistir aceitou.

Caminharam em silêncio e sentaram no lugar de sempre. A lua parecia brilhar forte naquela noite sem nuvens e com o negro manto salpicado de estrelas. O mar calmo brincava com os pés do casal. Parecia que os deuses concordavam com os planos de Tenten e a davam aquela noite por presente.

—Soltou os cabelos pensando em mim? –Neji perguntou enquanto sua mão brincava com alguns fios.

—Sim. –Tenten respondeu sincera recebendo um olhar surpreso do homem.

—Estás admitindo tão fácil?

—Não tenho porque negar. –Tenten disse simplesmente- Quis vir com o cabelo solto porque disse que preferia assim. Esta noite resolvi lhe agradar.

—Não se cansa de surpreender? –Neji perguntou aproximando da face da morena.

Em Esparta, toda mulher é criada para ser uma boa procriadora. Além de treinamentos físicos para garantir que a mulher seja apta a ter filhos saudáveis, logo após a descida do sangue ela precisa aprender a como satisfazer os gostos do marido. Fora obrigada a beijar e teve muitas lições desagradáveis sobre o sexo. Sentia que isso também a fazia temer o casamento já que seria o momento em que isso aconteceria sempre, mas ali com Neji ela não teve medo. Ela queria e por isso aproximou mais seus lábios se entregando ao homem.

—Não posso lhe prometer nada, Tenten.- Neji dizia ofegante após o beijo- Não poderei me casar com você ou lhe dar mais do que esses encontros.

—Se eu morresse amanhã...- Tenten levantou o rosto do homem para que pudesse encarar aqueles olhos- o que poderia me dar hoje?

Como resposta teve os lábios de Neji junto aos seus mais uma vez, as mãos vagando ansiosas por todo seu corpo e as roupas espalhadas pela areia.”

—Hm... Tenten- Lee encarava a mulher – Está tudo bem? Estou aqui te chamando faz tempo e você tá fazendo umas caras estranhas?

—Ahh sim. –a morena disfarçava agradecendo por Lee não poder entender o motivo de sua expressão- Que bom que chegou, Lee. Queria que me acompanhasse até o templo de Poseidon.

—Claro. Vamos sim. Quer um tempo para prender seus cabelos?- Lee questionou já que era raro ver a morena de cabelos soltos.

—Sim. Irei prender e já vou ao seu encontro. –Tenten se encarou no espelho. Aquele era o fim da parte doce de sua vida.

As ruas estavam mais movimentadas que o comum. Um novo grupo de estrangeiros havia chegado e todos queriam trocar pertences por algo de maior valor. Ainda estavam perto do festival para Poseidon o que explicava tantos visitantes dos arredores de Atenas.

—Ali, Tenten. O templo é logo a frente. Eu precisava ver outra coisa, enquanto você ora aos deuses eu poderia ir?- Lee perguntou solícito.

—Vá, Lee. Não se preocupe que irei me demorar. –Tenten despediu-se do amigo logo ajeitando seu véu. Não estava habituada a usar tal coisa, mas era necessário.

Avistou Kiba com um cachorro realmente próximo ao templo.

—Desculpe demorar tanto a vir. –Tenten o abordou levantando um pouco o véu para que ele lhe visse. Por um instante pensou que ele não lhe reconheceria e tudo ficaria pior.

—Oh, moça do Recanto dos deuses. Já havia perdido as esperanças que viesse me ver. –Kiba dizia alegre- Digo, ver os cachorros. Ah venha! Este aqui é o Akamaru meu fiel companheiro. Mas vamos entrar que lhe mostrarei os outros.

Tenten seguiu Kiba até que adentraram em uma construção maior. O pátio do local já transmitia todo o poder que aquelas pessoas possuíam. Inúmeras esculturas estavam postas em todos os lugares e por um momento Tenten se perguntou se aquele seria um templo para Atenas tamanha perfeição. Kiba seguia falando e falando, mas os olhos de Tenten estavam vigilantes tentando enxergar quais soldados faziam a segurança da família e como poderia entrar na casa para descobrir os verdadeiros segredos.

—Kiba, poderia me arrumar água? A caminhada até aqui me deu uma sede enorme ainda mais com todas essas pessoas na pólis. –Tenten sugeriu pronta para usar a oportunidade de vasculhar o local.

—Sim. Desculpe por não ter oferecido. Claro que estaria com sede. –Kiba se atrapalhou com os objetos que tinha que mãos logo saindo para conseguir a água.

Instantes depois Tenten se esgueirava pelos corredores da casa. Ouviu vozes femininas e logo correu para se esconder. De seu esconderijo viu um vulto passar por outro corredor mais escuro. Seguiu por ele com cuidado já ouvindo algumas vozes. Parou escondida atrás de um vaso e através de frestas observou a sala que parecia haver a conversa. Esculturas, lugares para sentar e comida posta a frente do que parecia ser um grupo de quatro pessoas. Não conseguia ver seus rostos, mas a menção de Esparta lhe fez parar e ouvir com atenção.

—Sasuke acha que está muito poderoso, mas apesar de ser um moço não é tolo. Aprendeu com a morte de sua família e está se precavendo bem. Precisamos derrubá-lo antes que tudo piore.-Uma voz grave falou. Parecia ser de um homem mais velho com bastante experiência de batalha.

—Meu senhor acredita que o momento está cada vez mais próximo. As decisões de Sasuke não são tão agradáveis para os gerontes e se os mais poderosos não estão do seu lado é fácil cair. Com o apoio de Atenas, creio que mais gerontes irão se interessar em apoiar nossa causa.

Tenten teve certeza que conhecia essa pessoa após ouvir a voz. Mudou sua posição tentando olhar melhor o interior da sala e quase derrubou o vaso em que se escondia. Ficou parada sem respirar, mas a conversa na sala permanecia normal. Mesmo assim seus olhos arregalaram quando reconheceu a pessoa na sala. Sai. O menino protegido por Danzo. A fala dele, o verdadeiro motivo de tudo...

—Eu não posso morrer agora. Sasuke... Preciso avisar.- Tenten sussurrou consigo mesma afoita. Afastou-se do vaso silenciosa e seguiu o mais rápido possível do corredor.

Assim que alcançou o pátio apenas correu para fora dali. Precisava pensar como avisar Esparta. A multidão estava ainda maior nas ruas com uma confusão de vozes e cores. Em meio sua corrida acabou por esbarrar em alguém.

—Ei, você! Parece que sempre lhe encontro perdida. Precisa de algo?-Sakura levantava a morena reconhecendo facilmente já que o véu havia caído.

—Sakura! Oh, céus, os deuses te colocaram aqui. Precisa me ajudar! Por favor!- Tenten se agarrava afoita nas mãos de Sakura arrastando a moça para uma parte mais tranquila da rua.

—Como posso te ajudar? Está gelada? O que houve? –Sakura perguntava desesperando junto a moça entrando na parte mais isolada de um templo qualquer.

—Preciso que envie uma mensagem à Esparta! É urgente e essa mensagem precisa realmente chegar lá.

—Esparta?- Sakura olhava assustada para Tenten após arrancar seu véu- Há um limite para minha ajuda. Não faço ideia de como mandar uma mensagem assim.

—Lee! Talvez Lee possa levar. É um dos rapazes do Recanto dos deuses. Arrume um jeito para visitar esse local e consiga alguém que possa levar essa mensagem. Por favor, Sakura! Entenda que é muito importante isso. –Tenten dizia desesperada olhando nos olhos de Sakura.

—Está bem. Eu verei o que posso fazer. Diga-me a mensagem.

—Eu vim até aqui em missão por Esparta. Por não querer me casar, ganhei a opção de realizar uma missão por Esparta que resultaria na minha morte. Precisava me infiltrar em meio aos Hyugas e conseguir a informação dos planos deles para guerrear contra Esparta nesse momento de paz. Eu consegui entrar na casa, mas ao invés de conseguir informações sobre ataque de Atenas, eu descobri um plano de golpe dentro de Esparta. Danzo quer derrubar Sasuke e isso não pode acontecer. Sasuke é um bom líder para Esparta. Já sofreu após perder toda sua família, mas serve de bom grado a toda população. Confiamos nele. Agora Danzo... todos sabem que seu desejo é apenas pelo dinheiro. Ele dominando Esparta será apenas desgraças. Não pode acontecer. Sasuke precisa saber sobre isso. –Tenten suspirou- Avisa a ele por mim, Sakura.

—Por Atena, que loucura. Eu irei mandar a informação. –Sakura olhava atordoada para a morena- E o que farás?

—Eu preciso cumprir meu objetivo aqui.- a morena sorriu para a moça de estranhos cabelos rosados- Atenienses devem ter algum laço divino mesmo para terem características tão estranhas. Obrigada por tudo Sakura! Lembre-se de uma espartana perdida que ajudou. E lembre-se que o nome dela é Tenten.

—Que os deuses lhe guiem, minha amiga. Não morra!-Sakura abraçou a morena antes de vê-la sair dali ao encontro de seu destino.

Andava pelas ruas perdida. Não sabia exatamente o que poderia fazer agora. Saber mais informações não seria útil já que não conseguiria avisar Sasuke. Se revelar poderia apenas adiantar os planos de Danzo. O que deveria fazer?

—Ora ora o que temos aqui?- braços a seguraram contra a parede impedindo que escapasse.

—Sai. Bastardo, me solte!

—Por que lhe soltaria? Não está com saudade de um rosto espartano?

—Para ver um rosto de um traidor eu prefiro viver em meio aos monstros do submundo.

—Então já descobriu... Acho que o senhor Hyuga desejará conhecê-la.

Sai empurrava a morena pelas ruas até o pátio dos Hyuga. Tenten viu Lee em meio a multidão e percebeu que não havia outro caminho para si. Iria encarar o que viesse e morrer.

—Boa garota. Já aceitou seu destino. –Sai empurrou Tenten em direção ao chão do pátio.

—Aceitei sim, mas te levarei junto comigo, seu bastardo. –a morena virou em direção de Sai com a adaga em mãos. O movimento inesperado não deu tempo para fuga com a lâmina atingindo o braço inteiro do homem.

—Sua vadia desgraçada! Morra! Matem ela!- Sai gritava segurando seu braço e logo mais homens apareceram cercando Tenten.

Apesar do momento ser ruim, um sorriso emoldurava o rosto da morena. Depois de tanto tempo poderia fazer uma das coisas que mais gostava. O primeiro avançou sobre ela empunhando uma espada, mas facilmente Tenten o derrubou já se apossando da espada do homem. Brandiu sua lâmina para os próximos homens. Segurou o próximo ataque com sua própria espada disputando força até conseguir desestabilizar o oponente e atravessar sua lâmina pelo corpo do inimigo. Passou a lâmina por mais dois homens que lhe atacavam e se preparava para se livrar de mais um quando o viu.

Do outro lado do pátio segurando uma espada e com um olhar perdido estava Neji. Ao seu lado encontrava-se um homem mais velho com as mesmas características que ele.

—Não pode ser...-Tenten se perdeu na batalha logo sendo levada ao chão pelos homens que lhe atacavam.

—Parem!- a mesma voz que imperou na sala mais cedo deu a ordem- Levem-na para a cela.

Tenten foi arrastada e largada e uma cela suja. Aceitava morte, mas Neji... Por que logo ele precisava ser um Hyuga?

A luz sumiu do ambiente anunciando que a noite chegara. Nenhum soldado tinha ido levar comida ou acender um archote. O silêncio acompanhava os pensamentos confusos da morena até ser quebrado por uma presença.

—Ai! –uma voz fina se fez presente –Esse lugar é realmente horrível. Você é a espartana que revirou esse lugar?

Tenten olhava a moça sem entender o que acontecia. Era claramente uma nobre e quando retirou seu véu ficou claro que era uma Hyuga.

—Não precisa ter medo de mim. Não poderei lhe condenar a algo pior que meu pai. Me chamo Hanabi e vim até aqui para entender o que fez com meu primo Neji. -A morena dizia com a expressão séria mesmo que sua voz não tivesse a mesma gravidade que sua fala.

—Ele... Ele está bem? Não fizeram nada a ele certo?- Tenten sentiu um aperto no peito. Sabia que o homem deveria estar pensando coisas erradas a respeito dela, mas para aquela menina estar falando com ela algo pior poderia ter acontecido por ele se relacionar com ela.

—Se diz bater e trancafiar em uma cela esperando a morte... Não. Mas eu sou uma garota esperta. –Hanabi sentou-se no chão do outro lado da grade- Neji mudou faz um tempo. Parecia mais feliz e sempre sumia todas as noites coisa que ele não fazia tanto assim. Agora que toda essa confusão aconteceu ele está junto ao meu pai buscando informações e pareceu afetado quando ouviu sobre a sua morte. Por isso eu quero saber o que fez com Neji. Apenas o usou para chegar na nossa família?

—Eu nem sabia quem ele era. Não me importei de perguntar assim como ele. –Tenten suspirou encostando-se na parede da cela- Se desejas saber o que houve então preciso voltar ao início. O motivo que me fez sair de Esparta.

—-*--

Tenten dormia escorada na parede até sentir uma mão em sua face. Em um dos treinos militares de Esparta ela havia sido capturada e seus sentidos mesmo dormindo se tornavam mais alertas que o normal. Foi assim que ela acordou imediatamente mesmo que os toques não representassem perigo algum.

—Neji.

—Quando supôs sobre morrer no dia seguinte eu não pensei que seria tão literal. –o moreno respondeu retirando a mão de sua face.

—Eu... –tentava buscar palavras para explicar algo a ele, mas não conseguia- Não me aproximei por interesse. Sabes disso.

—Eu sei. Hanabi veio conversar comigo. Conseguistes emocionar a menina mais dura daqui.Na verdade, creio que ela adoraria que a ensinasse tudo que aprendeu em Esparta.- Neji respondeu sentando-se ao lado da mulher puxando-a para seus braços- Não vou conseguir salvá-la...

—Está tudo bem. –Tenten sorriu com o rosto escondido no pescoço do moreno- Apenas fique aqui um pouco. Não importa mais o que irá acontecer.

—Mandarei Hanabi falar com Sakura amanhã para ajudar com que a mensagem chegue a Sasuke.

—Eu agradeço. –Tenten respondeu capturando os lábios do homem em um beijo apaixonado. Um beijo de despedida.

Quando realmente amanheceu, Neji não estava na cela nem os restos da comida e o recipiente com água que ele havia levado. Tenten sentia o coração mais leve depois de ter certeza que ele não a culpava por algo sem fundamento. Ele a compreendeu e isso renovava as forças dentro da mulher para enfrentar o que viesse.

—Vamos! Meu senhor quer lhe ver. –Kiba vinha buscá-la cabisbaixo.

Tenten pensou em falar algo, mas preferiu nada fazer. O orgulho daquele homem estava ferido e isso era algo impossível de ser remendado com facilidade. Seguiu-o em silêncio sentindo o sol tocar sua pele. Logo após atravessar o pátio, foi conduzida para um salão e deparou-se com seus julgadores. Mesmo em algo com fim certo, a democracia ateniense parecia falar mais alto naqueles homens. Neji estava mais ao fundo lhe olhando profundamente.

—Mulher de Esparta, sabes o motivo de estar aqui passando por isso. –A voz imponente do homem que agora sabia se chamar Hiashi imperou no recinto.

—Antes de iniciarmos isso... –Tenten interrompeu com uma imensa tranquilidade- Há algo que posso fazer para não receber a morte como minha única pena?

—Una-se a nós. Participe do plano e seja aquela que matará Sasuke. –Hiashi respondeu sem alterar sua feição grave.

—Então não há nada que possa fazer. Isso significa que não preciso forçar nenhum respeito aos senhores. Principalmente ao traidor. –Tenten disse sorrindo olhando para Sai.

—Nem irá tentar salvar sua vida?- Hiashi questionou com as sobrancelhas franzidas.

—Eu intercedi por minha vida uma vez e minha principal motivação foram os valores que ganhei de meus pais. Apesar do meu tempo em Atenas não perdi tais coisas. Ainda os preservo bem em mim. –Tenten sustentava o peso do olhar daquele homem lembrando-se da primeira vez que precisou lutar por sua vida- Não morrerei por seu desejo. Quando supliquei por esta missão aceitei a morte de bom grado. Prometi ao meu verdadeiro rei que morreria por Esparta e não irei quebrar minha promessa. Quando implorei por minha vida em Esparta, mesmo que não conseguisse o que queria, minha alma estava em paz. Implorar por minha vida aqui é o mesmo que me lançar diretamente ao Tártaro. Por isso, peço apenas que não perca seu tempo com coisas vãs.

—Avisou a Sasuke?- Sai perguntou com sua típica expressão apática.

—Eu cumpri com a minha missão. O que achas?- Tenten disse desafiadora.

—Não servirá para nada seu esforço. Danzo acabará de vez com os Uchihas.

—Deveria ter mais apreço pelos deuses, Sai. Um único menino sobreviveu a um massacre e tudo que faz termina por ser algo bom. Ele não é amaldiçoado. Sendo filho de Ares ou não, os deuses tem apreço por ele. –Tenten virou-se para encarar Hiashi- Escolhestes o lado errado da guerra, senhor.

—Agora é tarde para voltar com minha palavra. Creio que isso a senhora entende bem. –Hiashi levantou de sua cadeira- Levem-na e acabem com isso rápido.

Tenten sentiu Kiba novamente a guiando para fora dali. Não sabia para onde iria, mas finalmente tudo estaria acabado.

—Ainda não! –Neji apareceu inesperadamente derrubando Kiba e puxando a mulher para um cavalo que jazia selado próximo a uma das saídas do pátio.

—Neji!- Tenten se preparava para implorar que não fizesse isso, ma bastou um olhar dele para saber que não poderia. Ela escolheu não interceder por sua própria vida, ele escolheu fugir com ela.

O cavalo corria com velocidade assustando as pessoas que passavam naquele momento. Instantes depois um grupo de homens já os perseguiam com Sai liderando o grupo.

—Sabes para onde ir?- Tenten perguntou sentindo a agitação aumentar.

—Apenas confie em mim. –Neji respondeu ofegante incitando o cavalo a correr ainda mais.

—Eu confio. –a morena se agarrou mais ao homem até que viu a oportunidade de derrubar uma barraca para atrapalhar os homens e com o pé conseguiu isso.

—Sabia que não podias ser daqui. –Neji lhe disse com um sorriso.

Enquanto fugiam eis que um grande grupo os forçou na mudar o caminho. Milhares de pessoas comemoravam no festival para Poseidon e assim as principais formas de saída de Atenas estavam muito cheias para que passassem rápido. O grupo de perseguidores continuava seguindo atrás deles e assim Neji se viu obrigado a escolher um caminho mais perigoso para escapar.

—Cuidado! –Tenten gritou abaixando a cabeça de Neji –São flechas! Eles irão tentar nos derrubar.

—Não. Eles são meus homens. –as palavras saiam entrecortadas devido o esforço que aquele homem fazia.

—O que isso significa? –Tenten perguntou confusa, mas bastou a primeira flecha acertar o cavalo para entender- Eles irão matar o cavalo para nos impedir de fugir.

—Aguente firme mais um pouco!

A segunda flecha acertou no flanco do cavalo. Na sétima flecha, Neji não conseguia controlar o animal e tiveram que saltarem para o chão. Continuaram a correr por meio as pedras, mas estavam totalmente expostos. O fim do caminho se revelou como um penhasco com ondas revoltas batendo nas pedras muito abaixo.

—Neji...- Tenten encarou o homem. Não queria que ele morresse, queria viver mais um pouco ao lado dele –Eu te amo.

—Precisamos chegar a isso para descobrir. –Neji a respondeu com um sorriso- Me dê a mão e vamos juntos, sim?

—Vamos. –Tenten sorriu antes de pular de encontro ao mar.”

—E essa foi a história deles. No fim, eles descobriram o amor mesmo que o mar tenha ficado com ele para si. –Hanabi encerrava observando os pequenos que ainda permaneciam consigo. Omitiu algumas partes, mas o final cheio de emoção pareceu satisfazer tanto meninos quanto meninas.

—Vamos brincar. –a menina ais velha falou- Eu serei a Tenten.

Hanabi apenas os olhou se afastarem. Imaginava que fossem gostar da história, mas não aquilo. Um sorriso escapou dos seus lábios com mais esse momento inesperado da vida.

—Crianças são criaturas fantásticas. Sempre nos surpreende!- Sakura aproximava-se sentando próxima a Hanabi- Como sabe tanto detalhe do momento final?

—Kiba me contou como foi no salão e o resto eu mesma presenciei. Tinha voltado para casa quando eles fugiram, fiz Kiba me levar em seu cavalo e consegui entender o que eles falaram entre si. Não sei se o que disseram sobre o cavalo foi exatamente isso, mas eu prefiro acreditar que sim. –Hanabi deu de ombros –Queria que eles não tivessem morrido. Mereciam viver um pouco mais.

—Bem eu também acharia maravilhoso encontrar com esse casal. Tenten seria uma ótima amiga para desajustadas como nós. –Sakura sorria para Hanabi- Mas a senhora precisa ter mais fé nos deuses.

—O que diz? –Hanabi perguntou confusa levantando-se junto com Sakura.

—Tenten se encantou pelo mar logo assim que o conheceu. Seu primeiro encontro com Neji e em todos os outros, o mar estava presente. Em sua queda, o mar a acolheu e durante o festival de Poseidon. Acredite mais em milagre, minha amiga.- Sakura sorriu aproximando seu rosto do ouvido de Hanabi- Ou acredite em amiga dona de barcos.


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Notas finais do capítulo

E então? Muito ruim? Deu para ler?
Primeira vez que me arrisco em um NejiTen e sempre bate o medo de tá fazendo errado.
Leiam as fics das meninas que não irão se arrepender. E vamos a um momento merchan... Milla Senpai criou um grupo no Facebook destinado a compartilhar diversas coisas lindas do casal SasuSaku, como principal, mas outros casais canon também estarão presentes. NEJITEN É CANON SIM! ACEITEM! Quem quiser participar do grupo https://www.facebook.com/groups/305135733220030/ é só solicitar.
Um beijo e um cheiro pessoas bunitas!



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