Carolina e Maria são duas meninas de dez anos que moram em dois lados diferentes de uma mesma cidade. Carolina é uma menina rica que mora no bairro mais rico da cidade. Ela tem pais muito importantes mas que normalmente trabalham tanto que pouco tempo têm para dar atenção a ela. Maria, por outro lado, é uma menina humilde e que vive num bairro bem humilde também, mas que tem pais muito amorosos e atenciosos tanto com ela quanto com seus dois irmãos mais novos. A família de Carolina geralmente não se reúne com a ceia natalina em volta da mesa por, na maioria das vezes, estar viajando. Mas a de Maria sempre se reunia à mesa, mesmo com uma ceia simples.

Na véspera de natal, Maria resolveu comprar um brinquedo bonito com o dinheiro que ganhara de seu avô, pois aquele ano fora proveitoso pra ele. Ela quis comprar algo para a ceia, mas seus pais insistiram que ela devia comprar um brinquedo bonito. Chegando na frente de uma loja, ela viu uma bonequinha bonitinha e resolveu comprar, mas a bonequinha era cara demais para o dinheiro que ela tinha, mas ela conseguiu comprar uma bonequinha menor e mais simples pra levar na mão. Saiu de lá satisfeita, mas se sentiria mais feliz se fizesse algo muito bom pra alguém na noite de natal. Depois de voltar pra casa, os pais a levaram para comprar as coisas para a ceia. O mercado era bem grande e tinha ceia para todos os gostos. Esperando os pais passarem pelo caixa, Maria resolveu brincar com os irmãos no playground do mercado ao lado do estacionamento. Lá ela viu uma garota triste sentada no banquinho.

— O que aconteceu que você está triste, menina? - Maria perguntou gentilmente.

— Não é nada demais. Só acho que vou passar o natal sozinha de novo. - disse a menina triste.

— Por que não vai passar o natal com sua família? 

— Porque meus pais têm que trabalhar! - respondeu Carolina bem triste.

— Não fique triste, mesmo assim seus pais te amam e querem te ver feliz. Eu ganhei um presente do meu avô, mas o que eu queria mesmo era ver outras crianças felizes como eu! 

— Eu ganho muitos presentes. - Carolina disse com uma sorriso tímido.

— Então, para que você fique feliz, tome mais um presente de uma nova amiga. - Maria deu a bonequinha que havia comprado para Carolina - Assim, você não passará o natal sozinha.

Maria saiu dali feliz com o sorriso alegre e sincero de Carolina. Quando os pais de Maria terminaram de pagar a ceia, ela se encaminhou para fora do mercado, foi quando Carolina a viu novamente e correu em sua direção.

— Posso te dar um abraço? - perguntou.

— Claro! - respondeu Maria. As duas se abraçaram e foram embora.

Carolina chegou em casa e viu a enorme e brilhante árvore de natal cheia de presentes em volta. Mas se perguntou onde estavam seus pais. Ao anoitecer, a mãe de Carolina chegou em casa falando no telefone. Quase não cumprimentou a filha. Carolina estava triste, então abraçou com força sua boneca. Ela viu que um pingente brilhante estava preso na boneca, então ela presumiu que seria de Maria. Ela queria devolver.

— Mãe, posso falar com você? - perguntou Carolina envergonhada.

— Que seja rápida, tenho que me arrumar para o evento. - respondeu friamente sua mãe.

— Eu conheci uma menina que me deu um presente de natal, mas ela esqueceu um pingente comigo e eu queria muito devolver. 

— Mas que menina era essa? - sua mãe perguntou.

— Uma menina que conheci no mercado, ela era uma menina humilde e que nunca vi por aqui.

— Podemos pedir que alguém devolva. - disse friamente a mãe.

— Mas ninguém conhece ela, só eu.

A mãe dela consentiu relutante, elas saíram no carro da família e perguntaram por uma menina humilde com uma família de três filhos, pais e avô. Não foi muito difícil achar, pois naquele bairro, só havia uma família unida assim. A de Maria. Maria estava ajudando seus pais com a ceia enquanto seus irmãos brincavam no quintal com seu avô. Um dos irmãos entrou correndo anunciando a chegada de um carro rico na rua. A Carolina estava ansiosa pra rever sua amiga repentina.

Chegando na casa, a mãe de Carolina não quis passar do portão, pois achava que era uma casa humilde demais para entrar, mas Carolina pegou na mão dela e insistiu. A casa pequena estava totalmente enfeitada para o natal e a mesa estava quase pronta. Toda aquela decoração e aquele clima natalino era tão aconchegante que até mesmo a mãe de Carolina se sentiu confortável com a família simples e calorosa de Maria.

Depois de devolver o pingente e conversar com a família de Maria, Carolina sentiu que havia feito uma amizade verdadeira e finalmente, depois de meses, ela sorriu tão espontânea e alegremente que sua mãe admirou-se por nunca ter visto sua filha tão feliz. 

Ao ir para casa, no carro, Carolina voltou a ficar triste e calada, enquanto olhava pela janela do carro a paisagem. Ao ver aquilo, sua mãe refletiu sobre o fato de há anos não passar um natal simples com uma ceia e a família. Ao chegar em casa, a mesa era farta e bonita, mas não havia ninguém ali e não havia nenhum clima natalino caloroso como o da casa de Maria. Carolina logo entristeceu-se com a solidão que estava acostumada a enfrentar nos feriados. 

Seu pai chegou logo depois para levar a mãe ao evento de natal de sua empresa. Mas a esposa mostrou um comportamento levemente relutante e ficou triste.

— O que foi querida? - o marido perguntou.

— Eu estava pensando, temos aqui uma linda mesa e uma família linda, mas não vamos comemorar aqui?! Isso é meio triste, uma família humilde com uma ceia mais simples que a nossa, me fez eu me sentir como na infância quando tinha meus pais e irmãos comigo. Aconchegante e calorosa... Agora sei como a nossa filha se sente quando a deixamos, ela sente falta desse amor e calor que até a família daquela menina humilde tem. - a mãe disse isso num tom melancólico.

Ao ver a esposa e a filha descontente e infelizes pelo natal que iriam ter, o pai ligou e desmarcou a presença no evento, para passar a noite com a família que há muito tempo não se reunia.

Chegou o momento da ceia e ambas as famílias  estavam juntas e puderam sentir a magia do natal e o amor que essa data podia despertar nas pessoas, mesmo que tenham inúmeras diferenças. Como as famílias de Carolina e Maria, que por um encontro ao acaso, puderam sentir como fazer bem ao próximo podia ser tão especial quanto estar feliz com a sua família.

Carolina, em agradecimento ao que Maria fez por ela, a presenteou com uma nova ceia para comemorar no dia 25 e presentes para ela e seus familiares. Incluindo a bonequinha que Maria não pode comprar. 

E a amizade delas durou pelos natais seguintes e a família de Carolina nunca mais passou o natal separada, enquanto a de Maria teve sempre uma mesa farta, graças a ajuda da Carolina. Boas festas!!!