O Passado Sempre Presente. escrita por Tah Madeira


Capítulo 19
Capítulo 19




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Ainda naquela noite, na casa de Zilda e Luís, ela já deitada com sono, mas sem conseguir dormir, vira de um lado a outro, tinha uma vontade enorme de entrar em contato com Emília, pelo menos tentar, queria que ela soubesse que estava arrependida de ter omitido  que foi sua a iniciativa de pedir a tutela dela, que não foi um ato voluntário de Vitória, mas por mais que não goste, sabe que deve seguir o conselho da irmã e deixar a sobrinha assimilar tudo, por as ideias no lugar e só quando estivesse pronta que iria falar com eles, Emília não era uma mulher de deixar assuntos pendentes sabia disso como ninguém.

 

Esticou a mão involuntariamente  sobre a cama e encontra o vazio,  Luís não estava ali, não compreendia o porquê dele ter escondido dela que sabia  e se encontrava com Alberto, sabia que estava sendo injusta  com ele, Luís tinha os seus motivos, assim como ela teve em não contar a Emília, e que ele tinha razão quando disse que  esse era um momento em  que deveriam permanecer juntos, unidos como sempre foi, levanta da cama, descalça mesmo, caminha a passos lentos pelo corredor até o quarto de hóspedes, abre a porta devagarinho,  entra e fecha novamente a porta,  seus olhos se acostumam com a escuridão do ambiente, ela vê ao formato dele sobre a cama, dorme de  lado virado para a porta, ela fica de pé próxima a cama.

— Luís.— ela chame bem baixinho, mas ele a ouve, abre os olhos vagarosamente, dá um pequenino sorriso quando a vê, sem dizer nada, vai mais para trás na cama, puxou a manta que o cobre e estica a mão para ela, que pega e deita de frente para ele, Luís passa o braço em volta do corpo dela, que se aconchega mais a ele. —Me desculpa, me desculpa— ela diz em sussurros.Ele toca o rosto dela, secando onde está molhado pelas lágrimas, beijou delicadamente seus lábios.

— Tudo bem meu amor, tudo bem.— a beija de novo, e a abraça mais forte, que o abraça também, e assim agarradinhos o sono vem rápido.




Bernardo custou a dormir, certamente que ele viu quando a porta do banheiro foi aberta e fechou os olhos, mas não resistiu e abriu um pouquinho e viu Emília cautelosamente espiar o quarto e olhar para ele, por sorte ele tinha desligado as luzes e a luz do abajur o mantinha no escuro, de modo que ela não podia ver que ele de mansinho a observava, teve que segurar o riso ao vê-la quase correr para a cama e só depois tirar o que cobre a camisola, tecido que ele nem sabia o nome e estranha uma veste por cima da roupa de dormir, coisas de mulher, viu que ela se cobriu até o pescoço, quem ela achava que ele era, será se ela já tinha esquecido que passou uma noite entre seus braços, e que ele quisesse algo teria feito, ela desliga o abajur, mas vinha uma brecha de luz da janela, não quer levantar e fechar totalmente a cortina e deixa assim se ela quiser que o faça, mas por esse feixe de luz consegue observar Emília melhor,  percebe que ela se mexe muito, talvez também não conseguisse dormir, Bernardo tenta  mas ele não conseguia tirar os olhos dela, um tempo depois já com os olhos cansados e quase dormindo ela se mexeu mais uma vez, só que faz algo impensado puxa com a perna o lençol a deixando descoberta até um pouco acima do joelho, aquilo o atormentou, lembrou de ter tocado e sentido ela em suas mãos mais cedo, lembrou os beijos no hotel e o perfume dela que ficou nele quando dormiram juntos, sua mão começou a suar novamente, as imagens o confundiam ele vira para o canto  como forma de desviar sua visão da imagem dela, busca o sono a todo o custo.

 

Emília acordou com a claridade da janela sobre o seu rosto, era uma fresta que não tinha percebido na noite anterior,  o lençol quase não cobre mais seu corpo, deve ter se mexido muito durante a noite, então lembra de Bernardo, puxa para si de novo o lençol e olha para onde ele dorme, mas encontra o sofá desocupado, as coisas que ele usou dobradas, vira de lado admirando onde ele ficou, onde será que ele anda?, fecha um pouco os olhos, e pensa em quão confuso foi o dia anterior, era mais um no mar de dias bagunçados que se transformou os seus dias desde a volta da mãe, ao pensar nela, abre os olhos e dá de cara com o presente imaculado sobre a mesinha,  espicha  a mão e o toca, alisa e sorri, mas o despertador a chama, dizendo ser a hora de levantar, vai ao banheiro, não demora muito no banho, sai e fecha a porta do quarto  para não correr o risco de Bernardo voltar e pegá-la desprevenida e quer se arrumar sem susto, tinham reunião logo cedo na Ventura.



Bernardo passeia pela cidade que aquela manhã  já tem um movimento, mas está calma, era uma cidadezinha muito charmosa, a praça central bem arborizada, tinha até um coreto, bem típico ele pensa, apesar de uma aparência de cidadezinha histórica certas modernidades estavam ali, mas que não tiravam o charme dela, para e senta um pouco na praça para observar o movimento. Ele não conseguiu ficar muito tempo no quarto, ao abrir os olhos automaticamente bateu com eles em Emília, que literalmente estava radiante pela luz do sol que invadia o quarto, ele levantou e foi até a janela para fechá-la, mas olhou para Emília e quase perdeu o chão, o lençol caído no chão, ela dormia de bruços, cabeça de lado, cabelos soltos sobre o travesseiro, a camisola tinha um decote nas costas que a deixava sua pele exposta, agora entendia o porque o pudor dela em se cobrir, era um tecido preto, uma bela combinação com a cor dela, ele aproxima alguns passos estica a mão sobre ela, mas se abaixa juntando o lençol, estende sobre Emília, tira a parte que pegou no rosto dela, toca delicadamente a sua face, inconscientemente ela sorri, antes dela acordar, Bernardo pega uma muda de roupas vai para o banheiro, esquecendo de fechar a janela.

 

Já ali na praça,  volta os seus pensamentos para o presente não podia negar o quanto estava envolvido com ela, não só pela história de seu pai, mas por um sentimento desconhecido, decide voltar para o hotel , quem sabe ela acordou, olha para o relógio tem tempo ainda de um café antes de ir para a Ventura, vai para o restaurante.

 

Emília dá mais uma olhada no espelho,já está pronta,  pega sua bolsa e seu telefone, vê que tem duas mensagens uma da mãe ao que responde um ”Bom dia, bjs”, essa comunicação entre elas era algo novo que estava se acostumando, e uma de um número desconhecido e familiar, “Estou no restaurante do hotel, Bernardo”,  essa ela nem respondeu, não sabia como ele possuía o seu número  colocou o celular na bolsa, e pegou a pasta com os relatórios que teria que levar, e deixou sobre a cama, levando consigo só a  chave do quarto e saiu do aposento. No elevador ela lembra que quando se encontraram no hotel e não sabia quem ele era, tinha deixado seu número no bilhete, que tola que foi.

 

E como aconteceu no aeroporto apesar das pessoas em volta, Bernardo  foi a  primeira coisa que seus olhos viram, ele sentando na mesa, assim que pôs o pé no restaurante ele ergueu a cabeça em direção a ela, ficou de pé antes mesmo de ela chegar ali, sempre cavalheiro puxou a cadeira para ela sentar.

— Obrigada — Emília diz ao se sentar.

— De nada, dormiu bem?— ele não poderia evitar de perguntar, analisa o rosto dela, que não possui quase nada de maquiagem, estava linda.

— Sim— ela chama o garçom  e faz o pedido de café, algo simples ele nota.— E você como dormiu? — ela finge não notar a surpresa que viu em sua cara.

— Minha cama não é das melhores, mas já dormi em lugares piores.

 

O resto do café corre em silêncio, sobem ao quarto para pegar a bolsa dela , os relatórios, na frente do hotel Cícero já estava a postos.

A reunião foi mais demorada que o esperado, tomando o resto da manhã e o começo da tarde, eram muitos pontos a ser analisados, e debatidos, o almoço foi esquecido, mais por culpa dela do que qualquer um, não gostava de deixar coisas pendentes, e se surgia alguma dúvida queria esclarecer e ser esclarecida, mas o que a surpreendeu foi de fato  ver Bernardo bem entrosado sobre o assunto e dialogar de igual com uns dos diretores da Ventura e ver dois pontos que de discórdia que nem ela tinha visto. Ficou acertado que eles fariam uma visita às duas áreas de  produção e passado o fim de semana, na segunda-feira eles sentavam para conversar. Para ela isso não era novidade, apesar de fugir de  seu cronograma que seria resolver tudo em dois dia, voltar  para o Rio de Janeiro no máximo no sábado de manhã, mas sabia que imprevistos aconteciam

 

—  Cícero nos leve a um bom restaurante por favor— Bernardo fala sem perguntar a ela, o motorista faz que sim e dá partida no carro — Desculpas mas eu estou com fome e você também deve estar.

— Tudo bem— ela estava mesmo— Eu não pretendia ficar o fim de semana aqui, se você tiver algum compromisso pode ir que eu finalizo.— ela diz .

— Não ficarei aqui.

— Não achei que seria tão complicado e tão demorada a reunião, queria ver as terras essa tarde, mas não será possível.

— Grande parte da demora foi por você — ela o olha não gostando do comentário, ele percebe — Deixa eu reformular, você é muito direta, gosta de pôr às claras as coisas e quer que as pessoas façam o mesmo, talvez eles não estavam preparados para você.

— A papelada que mandaram foram inconclusivas, por isso quis vir aqui e ter essa reunião.

— Mas e as terras você já as viu?

— Vi por foto e vídeo e tenho a impressão que valem a pena, mas certeza só quando as ver.

— Chegamos —anuncia o motorista, antes que ele desça, Bernardo se adianta e desce estendendo a mão para Emília.

 

O almoço correu tranquilamente entre eles, o assunto gira em torno da reunião, o os pontos que foram  debatido.

Ela preferiu ficar no hotel, ele mais uma caminhada pela cidade acompanhado de sua máquina fotográfica.

 

— Emília você tem quer como essa cidade é encantadora, agora que já está de noitinha está linda, cheia de luzes. ..—ele entra no quarto mas ela não está ali, estranha, olha para o seu telefone nenhuma mensagem dela, ou bilhete pelo quarto.



Ela entra no quarto olhando para o celular, quando ergue a cabeça o vê só de toalha, corpo molhado, estava secando o rosto e se assusta quando a vê.

—Desculpas eu não sabia que estava aqui. —fala Emília sem jeito

— Tudo bem eu deveria ter fechado a porta.— ele está tão sem graça quanto ela.

— Eu vou sair, depois volto.— diz abrindo a porta.

— Não precisa...— mas ela não espera e fecha a porta  escorando-se na parede, que situação, mas que visão, se recrimina por pensar assim, mas não consegue tirar a imagem dele quase pelado de sua mente, deseja um pouco de ar fresco e decide sair do hotel, caminhar um pouco, fará bem.

 

Bernardo percebe que ela demora de propósito, está com vergonha dele, resolveu facilitar um pouco para ela, pede uma comida no quarto mesmo, come faz sua higiene e resolve dormir antes que ela volte, por estar cansado caminhada que fez pela manhã e pela tardinha, da exaustiva reunião, e por ter dormido mal na noite anterior, cai como uma pedra no sofá.

 

Quando volta ao quarto encontrou com as luzes apagadas, só a do abajur acesa, ele já dorme, dá graças por isso, ele dorme de costas para o sofá, braço sobre o rosto, respira suavemente, fica um pouco vendo ele dormir, mas não por muito tempo, vai tomar seu banho, pensa que deveria ter comprado um pijama, mas não lembrou, deixa para o outro dia, aquela camisola a deixava exposta demais, será que Bernardo a viu quando acordou?, não sabe, como na noite antes o sono demora a vir, mas ao contrário do que fez antes, virá seu corpo para ver, Bernardo, fica olhando a respiração dele, o peito subir e descer, lembra da imagem de antes o peito nu, a surpresa nos olhos dele, lembra que já dormiu sobre os braços dele, dá sensação de proteção que ali encontrou, que em meio aos caos que estava vivendo, foi a única noite que dormiu plena. O sono vem de mansinho, mas do nada abre os olhos, ouviu ele chamar por ela, um “Emília” tão baixinho que chegou nitidamente aos seus ouvidos, levantou sentando, ele está ali sentado na beira da cama,  repete o nome dela  e sorri, ela quem se aproxima  ficando de joelhos e toca o rosto dele, que apoia a cabeça sobre a sua mão, a barba dele fazendo cócegas em sua palma, Bernardo tira  a mão e beija, beija na dobra do braço, a olhando, e vai subindo o beijo, o pescoço recebe um beijo que  a arrepia e  arranca  um suspiro dela, Emília  colocou  as mãos nos cabelos dele, envolvendo as mechas em seus dedos, a boca dele já está em seu queixo, mas não vai diretamente em sua boca, beija um cantinho, depois o outro, ele também se põe de joelhos, passa a mão sobre a cintura dela a puxando mais de encontro a ele e espalmando na suas costas, a outra  arrepia os pelinhos da sua nuca quando a toca, ela fecha os olhos, mas ouviu ele pedir para olhar para ele, e assim faz olha dentro dos olhos dele vê desejo ali, se vê através dele, ela umedece os lábios e sem aviso ele a toma dando um beijo profundo, suave, mas que mexe com todo o seu corpo, fazendo o desejo dela por ele crescer, as mãos dela não desgrudam dos cabelos dele, assim como as dele não deixam o corpo dela, Emília vai deitando lentamente na  cama, Bernardo a acompanha, colocando delicadamente seu corpo sobre ela, ela tira uma mão dele, Bernardo já não beija mais sua boca, mas ainda sente os lábios dele em seu rosto, seu pescoço, seu colo, ele pega uma mão dela e entrelaça forte na dele, volta a olhar em seus olhos e diz “Te Amo Emília”... O barulho do telefone faz ela saltar sentando na cama, olha para os lados está sozinha na cama, Bernardo dorme no sofá, na mesma posição, Emília percebe seu corpo todo suado, está  ofegante, ainda sem acreditar no sonho que teve, nas sensações que ainda estão ali pulsando nela, olha para o celular, já está na sua hora, antes que Bernardo desperte, pega uma muda de roupa e vai para o banheiro. No banho tenta afogar o pensamento sobre aquele sonho, não quer ter aquelas imagens quando olhar para ele. Consegue se arrumar em silêncio, sem fazer barulho, sem acordar ele.Bernardo só acorda quando ouviu a porta do quarto bater, perceber que já amanheceu, olha a bolsa dela sobre a cama, sinal de que ela ainda volta , aproveita para se arrumar, mas dessa  vez leva a sua roupa para o banheiro.


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