O Passado Sempre Presente. escrita por Tah Madeira


Capítulo 17
Capítulo 17




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Emília fica mais algum tempo na sala, não esperava essa reação da mãe, a pegou completamente desprevenida, mas ao mesmo tempo a deixou mais aliviada, era uma coisa a  menos que tinha que pensar, pois as  conversas com a mãe eram sempre difíceis e a que iriam ter era a mais complicada de todas,  não queria conversar, queria pôr as ideias no lugar, mas antes queria um banho e a sua cama,queria mesmo era apagar esse dia de sua vida, mas como não é possível  com o pacote em mãos sobe as escadas e vai para o seu quarto.

 

Depois do banho olha a mala que Anitta arrumou, verifica as peças e  acrescenta outras, a muito que ela já preparava sua bagagem então não tinha muito com o que se preocupar, antes de fechar a mala, olha o presente que a mãe lhe deu em cima da cama, pega e fica pensando o que  poderia ter ali, nem lembra qual foi o  último presente da mãe que aceitou de bom grado, pois no tempo em que ela ficou fora, muito dos presentes  que Vitória deu foram “doados” às vezes sem serem abertos, fica com vontade de ver o conteúdo desse,  era uma caixa retangular não muito grande nem muito pesada, envolto em um papel branco com detalhes em prata, com uma fita dourada em cima, pode ser qualquer coisa, um livro, uma joia, não sabia, sua mão está na fita para desvendar o mistério, mas desiste, coloca ele com cuidado  na mala, em cima das roupas, fecha  e deita, o sono demora a vir, foram muitos acontecimentos para um dia só, para os últimos dias, mas o daquele dia tinha sido de longe o pior, seu tio, sua tia, seus preciosos como chamava, tinham enganado ela, cada qual a sua maneira, lágrimas começam a surgir, ainda não sabia de onde vinham  tantas lágrimas, não lembra de ter chorado tanto em sua vida como nos últimos dias.Desiste de pensar e tentar entender o que tem acontecido, no momento é só um gasto desnecessário de energia, está com raiva e magoada e nesse estado ninguém pensa direito, não quer cometer os mesmo erros. E o sono vem com custo, mas vem.



Pela manhã, o café é silencioso, já está a mesa quando a mãe desce.

—Bom dia  minha filha.— Vitória a cumprimenta, e senta-se ao lado dela.

— Bom dia.— Emília a olha sem saber muito o que dizer ou como se comportar, nunca sentaram a mesa sem rolar farpas para todos os lados.

— Achei que dormiria um pouco mais hoje.— ela tenta manter um diálogo neutro com a filha, que mantém os olhos sobre o jornal, mas parece não ler.

— Não, eu preciso ir para Beraldini.

— Por causa da viagem pensei que ficaria em casa.

—Vou viajar no final da tarde, tenho que resolver algumas coisa na empresa antes de ir.— faz um silêncio entre elas, que o som do telefone quebra. Anitta atende em seguida diz que era Zilda pedindo para falar com Emília,as duas se olham, Emília respira e por fim diz o esperado—Diga a ela que já sai para a Beraldini —Vitória não diz nada, nem a olha, sabe que é um momento complicado para a sua menina, e um olhar indagador é do que ela menos precisa, Emília fica em silêncio até o fim do café. — Com licença preciso ir. —

sobe as escadas para ir ao quarto, em minutos desce com a bolsa.

— Você vem em casa antes de ir para o aeroporto? — Vitória já na sala,  fala antes de ela chegar a porta, Emília vira o corpo para responder a mãe.

—Eu não sei, mas acho que não.

— Então boa viagem minha filha e se cuida.

—Obrigada —é só o que consegue dizer antes de sair, antes uma cena como essa nunca aconteceria entre elas,  mas não é mais tempo de duelar,  talvez nunca tenha sido. Entra no carro,  seu Ariel também e vão rumo a empresa.



Na mansão Vitória pega o telefone e liga para a irmã.

— Alô Zilda.

— Oi Vitória —ela ainda tem a mesma voz chorosa do dia anterior — Como está Emília, liguei para falar com ela, mas Anitta falou que ela já tinha saído o que sei ser mentira.

—Zilda como você acha que ela está,  você sabe que ela precisa de um tempo —quantas vezes Vitória ouviu isso da irmã ao longo dos anos.

— Sim eu sei, mas é que… —Zilda apesar de saber que esse afastamento seria um gesto comum da sobrinha,  tinha que tentar falar com ela,  se explicar.

— Eu sei que é difícil esse momento a todos, principalmente a Emília, mas por experiência própria e por ouvir várias vezes esse conselho de vocês,  eu repito,  vamos dar espaço a ela.

—Você está adorando tudo isso né Vitória?

—Adorando ver a minha folha sofrer?  Você só pode estar louca Zilda em pensar algo desse tipo —Vitória estava perdendo a paciência com a irmã  — Você mais do que ninguém saberia a reação dela e é de acordo comum que todos queremos o bem dela,  por isso peço a você que respeite esse momento dela.

— Está pedindo que eu me afaste dela?

— Estou pedindo que você dê o espaço que ela precisa para colocar as ideias no lugar e ficar ligando não é respeitar e insistir.

— Entendi seu recado Vitória — Zilda desliga sem receber alguma resposta da irmã.




Zilda após desligar volta para cama, lugar que não saiu depois de contar a Vitória o que aconteceu, ouviu suaves batidas na porta, pensa ser Ângela, a empregada, mas não, é Luís que com passos lentos e incertos entra, senta com cuidado na beira da cama, e analisa as feições da esposa os olhos vermelhos, olheiras profundas, claro sinal que não dormiu, nem ele tinha dormido, não só pelo que aconteceu, mas dormir no quarto de hóspedes, apesar de ser um quarto confortável, não tinha Zilda com ele, e há muito tempo que não dormiam separados, ela assim que viu ele sentar na cama fechou os olhos.

 

— Sei que não dorme Zilda.— se a situação fosse outra ele iria sorrir do gesto quase infantil dela, ela dá um suspiro, mas mantém os olhos cerrados.— Eu queria te dizer que eu tinha os meus motivos para não te falar de Alberto.

— Você pode dizer o que quiser mas não justifica você esconder me mim isso Luís— ela senta na cama, olhando bem para ele.

— Eu não achei que deveria, queria poupar você…

— Ainda assim não é pretexto, nunca tivemos segredos e agora depois de anos descubro isso.— ela senta e cruza os braços — Você escondeu mais alguma coisa de mim?

— Não, não ocultei mais nada de você, eu juro.

— Emília está magoada com nós, você escondeu sobre o pai  dela…

— Mas você também contribuiu para ela estar assim, e aposto que isso  a chateou mais.

— Ah Luís ...— ela começa a chorar de novo, ele levanta da cama.

— Desculpa  Zilda, mas nós todos erramos…

—Sim, mas não escondi nada de você

— Por isso peço que me perdoe, você pode?— ele espera ansioso por uma resposta dela que não vem, entendendo o recado ele vai até a porta— Eu errei, eu sei, mas assim como você errei tentando acertar e tentando proteger quem eu amo. Não vou ficar trocando acusações, pois é um momento onde deveríamos estar unidos.  —e Luís sai deixando-a  só.



Emília escuta uma batida na porta, Carola entra.

— Dona Emília as passagens sua e do senhor Boldrin.— diz a secretária entregando um envelope a ela.

— Ele ainda não chegou?— ela pega o envelope.

— Não, ele ligou e disse que encontraria a senhora no aeroporto.

— Avisou a ele o horário?— a moça confirma com um gesto de cabeça —Bom com ou sem ele eu vou para BellaRosa.

— Reservei um motorista, ele estará esperando por vocês, e reservei o hotel também.

—Está bem Carola, falou com o pessoal da Ventura?

— Sim aguardam a senhora para uma reunião logo cedo, bom é isso , precisando de algo mais só pedir.

— Obrigada, avisa ao seu Ariel passar em casa e pegar a minha mala, Anitta sabe onde está, quando ele voltar vou ao aeroporto.— a moça se retira, Emília volta ao seus afazeres.



Bernardo, termina de arrumar a sua mala, nem acredita que está indo viajar com Emília, ele queria ter gravado a cara dela quando ele sugeriu ele acompanhar ela, jamais esquecerá o quão vermelha e sem jeito ela ficou. Sai de casa, ainda  tem tempo até o voo, resolve visitar o pai.

 

Na clínica, Alberto terminou  a sua refeição quando o filho entra.

— Oi pai.— ele vai até ele e o beija a testa, os dois não tinham se falado desde que Bernardo disse que a pessoa que mais sofria com tudo isso era Emília.

— Olá Bernardo.— eles se olham— Pensei no que você me disse— o filho o olha meio sem entender— Sobre Emília, Você tem razão, ela foi a quem mais sofreu, a pessoa que menos tem culpa, e devo uma explicação a ela.

— Isso é muito bom e o que o senhor pretende fazer?

—Quero que você a traga até aqui—  ele diz de supetão, Bernardo se ajeita na cadeira.

— Bom, acho que podemos esperar um pouco.— agora é Alberto quem olha confuso para o filho.

— Achei que o que você mais queria era isso.

— Sim é, mas Emília precisa aceitar receber o senhor, e ainda não sei se ela quer isso.— ele vê o desapontamento nos olhos do pai e tenta contornar a situação.— Pai desde ontem eu já faço parte das empresas Beraldini, inclusive estou participei de uma reunião.— Bernardo finge não ver a cara de contrariado do pai.— Emília está indo viajar para o sul e eu vou junto com ela.

— Você o quê? — Alberto perguntou alterado.

—Pai calma por favor, vou viajar com ela a trabalho.

— E porque você, se mal chegou.

— Porque me ofereci, preciso estar por dentro— ele diz e o pai o olha— Além do mais sou formado em administração.

— Bernardo, eu te conheço.

— O  que o senhor quer dizer?

— Menino.

— Pai estou indo exclusivamente a trabalho e para de alguma forma tentar ajudar o senhor.— ele olha para o relógio — Preciso ir.

— Tenha uma boa viagem e cuida da sua irmã— Alberto diz, com um certo incômodo Bernardo rebate.

— Ela não é minha irmã, mas cuidarei dela, até mais pai.— e sai do quarto com a alusão que Alberto fez pesando em sua cabeça.


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