Fantasmas escrita por Dark Lace


Capítulo 1
Capítulo Unico


Notas iniciais do capítulo

Fanfic Presente do V Amigo Oculto de Natal da Liga dos Betas

Luna, minha amiga secreta fofa, Feliz Natal e me desculpe a confusão e se, por acaso, vc não gostar da fic. Foi muito difícil de escrever, eu pesquisei um bocado, mas mesmo assim.

E para todos aqueles que quiserem se aventurar. Boa leitura!



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Era início de inverno e quase tudo estava coberto de branco. O céu nublado e pesado prometia chuva e neve a qualquer instante e o vento gelado fustigava o rosto e levava sombrinhas coloridas que voavam soltas pelas ruas de Londres. A despeito de tudo isso, era quase Natal! E luzes e guirlandas, renas e trenós enfeitavam fachadas e quintais. As pessoas se aglomeravam nos cafés e corais já ensaiavam suas tradicionais musicas. Uma alegria melancólica pairava em meio o frio, típica do Natal.

Hogwarts não era diferente. A escola ficava vazia nessa época, restando uns coitados que não tinham para onde ir e sobravam ali, de companhia aos fantasmas e à decoração. Harry ficou observando por um tempo, nostálgico, enquanto as crianças vinham arrastando suas malas, animados. Já fora um desgarrado daqueles, agora sua vida era... bem, normal. E normal, no seu caso, era bom.

Esse ano passariam as festas na velha casa dos Black. Havia herdado a casa, no fim das contas, e não podia deixa-la lá, apodrecendo. Muito tinha acontecido naquele lugar, guardava alguns horrores dela, mas maravilhosas lembranças também.

Rony reclamara um bocado de ficarem por lá, mas Hermione havia dado um jeito. Tinha certeza que as crianças se divertiriam muito e havia quartos de sobra.

Fora na frente, para ter certeza de que a casa estava habitável. Não era simples de manter aquilo lá e não podia, simplesmente, mandar arrumar. Monstro afugentaria até os mais bravos. Então, agora, Gina estava tranquila ao abrir a porta e deixar as crianças entrar.

— Credo, esses crânios ainda estão aí? — perguntou, ela, franzindo a expressão.

— Não conseguir convencer Monstro, são de estimação. — respondeu Harry.

E, por sinal, lá estava o elfo, no alto da escada, não exatamente feliz, mas o mais próximo da felicidade que ele podia chegar. Levou as crianças, que ainda não conheciam a casa, para seus quartos, resmungando sobre salas trancadas e proibidas a “pequenos ratos descuidados”.

Algumas horas depois todos estavam instalados, os Wesley haviam chegado e caldeirões e velas ardiam na cozinham. Não é necessário dizer que as crianças não perderam tempo. Alvo e Rose logo deram um jeito de se livrar de Monstro para explorarem o lugar. Lily convenceu James a ajudar, e o pobre elfo acabou trancado num banheiro esquecido e inóspito, que ninguém lembrava mais. E foi exatamente aí, que Lily fez uma descoberta.

Sob o carpete mofado, o assoalho estava solto e havia afundado num ponto, deixando entrever um pedaço de couro embolorado. Lily foi genial em descobrir isso? Não? Alvo a havia empurrado “não intencionalmente”, após um briga, e seu pé havia prendido no buraco. A descoberta pode ter sido interessante, mas seu nariz não a achou nada legal.

Rose havia sido a única com coragem o suficiente para tirar o livro daquele buraco escuro e fedorento. Sabe-se lá que bicho poderia viver ali? Gabou-se por dias, até James ameaçar conjurar ratos em sua cama. Mas no fim, não puderam ler o tal livro, não havia nada escrito. É obvio que tentaram alguns truques e até alguns feitiços, mas tudo o que conseguiram foram ofensas. Ora veja, o livro os chamou de nojentinhos, fofoqueiros, desleais e até os mordeu! quando Rose tentou um feitiço mais incisivo. Pensaram em perguntar a Monstro, mas seria inútil! Aquele velho elfo caduco não diria nada A eles, mesmo que soubesse. Não demorou para deixarem o livro de lado, exceto Alvo. Como bom sonserino, que era, cercou os pais e tios de perguntas veladas sobre os antigos moradores da casa. Sabia pouco sobre os Black, a informação que tinha era quase exclusivamente sobre o Tio Avó, Sirius Black, e pela descrição que faziam dele, não parecia alguém que teria, muito menos esconderia, um livro sob o piso. Sem sucesso, resolveu deixar o mistério para quando voltasse a Hogwarts, talvez Scorpius soubesse uma coisa ou outra que abriria aquele negocio.

A ceia de Natal foi esplendida e, fora algumas brigas aqui e ali, tudo correu bem. Harry e Rony sobraram acordados no sofá da sala, com o ruivo resmungando sua vida. Sempre dramático. Após o amigo ter ido se deitar, emburrado com o trigésimo segundo suéter Wesley, novinho em folha e xadrez, esse ano, Harry passou no quarto dos filhos.

Observa-los dormir lhe dava paz, a tranquilidade de saber que nada os ameaçaria antes de acordarem. Sentou na cadeira do canto e se desculpou com os quadros que acabara acordando. Um já lhe era muito familiar, pelo tempo que ficara naquele quarto e foi esse quem lhe chamou a atenção.

Ei, psiu, Harry — sussurrou — seu filho não está se metendo em boa coisa, eu acho — disse o velho homem de peruca e apontou uma protuberância no colchão da cama de Alvo. — Puxou a você, esse ai.

Debaixo do colchão estava o livro, escondido por Alvo. Harry apanhou o volume, olhou mais uma vez o filho e saiu do quarto. Examinou-o sob a luz das velas fantasmas do pinheiro enfeitado: era velho, a capa de couro azul estava rasgada e embolorada, comida nas pontas. Abriu o livro e estava em branco. Tentou o mesmo que as crianças e não deu resultado. Lembrava muito a magia usada no Mapa do Maroto, então testou as mesmas palavras.

— Juro solenemente não fazer nada de bom.

“Rá! Espertinho! Não vai ser assim que você vai conseguir ver minhas coisas. Mas se sabe sobre esse juramento, vou considerar sua tentativa não como uma deslealdade contra minha pessoa e sim curiosidade familiar. Seja educado, Potter e eu te deixo entrar.”

Ser educado? Ele queria que pedisse permissão? Revirou o livro nas mãos, usou a ponta da capa do sofá para limpar o bolor na lombada e achou as iniciais R.A.B. gravadas nela. Já havia visto isso antes.

— Regulus Black... ahn... por favor? — pediu, incerto. Pelo que sabia, o irmão de Sirius fora, em vida, um Comensal da Morte. Aquele livro podia ser perigoso.

 “É analfabeto, sr. Potter? Não, não, deve ser de família essa educação peculiar. Satisfaça sua curiosidade, mas cuidado porque ela matou muitos gatos, já.”

“Propriedade de Regulus A. Black”

O livro o respondeu, confirmando ser do irmão de Sirius. Após essa frase, a pagina brilhou numa tonalidade azul, ficou aquosa e, de repente, foi tragado por ela.

******************************

A paisagem era toda branca, morros de neve impediam a passagem e as pessoas desviavam, volta e meia, de bolas de neve perdidas. Hogsmeade estava abarrota de gente, risos e sinos. Dois rapazes discutiam próximo a praça.

— Ah, Sirius, vamos lá! Não vai te matar aparecer em casa.

— Quem me garante? Eles nunca me quiseram lá, Reg, e eu não concordo com aquela insanidade de “sangue puro” e tudo o mais. É capaz de me queimarem vivo se eu voltar, mesmo se eu quisesse isso e eu não quero — gritou, Sirius.

—Quem é que você está chamando de insano? — Regulus estreitou os olhos. Estavam conversando numa boa, até então, ou o máximo que Sirius conseguia. A mãe deles tinha razão, seu irmão não tinha um pingo de educação.

— Você, Regulus, juntos com todos eles. Como não enxerga que Voldemort será o fim do mundo magico que conhecemos. Ele vai destruir tudo e todos que não forem de acordo com o que ele planeja! — Gesticulou, nervoso. Queria esfregar a cara do irmão na neve, talvez assim ele acordasse.

— Lorde Voldemort não é assim, Sirius! Mas não adianta, nada que eu fale muda sua maneira rebelde de pensar!

— Rebelde!!! — Sirius guinchou tão alto, que os passantes se afastaram deles. — Olha aqui, Regulus... — E ergueu o punho, mas não valia a pena, não mesmo. Deu as costas e saiu andando, deixando o irmão lá.

Thiago vinha andando e quase foi pro chão com o encontrão que Sirius lhe deu. Nem adiantou chamar o amigo.

— Ei, Reg — cumprimentou Thiago, indicando com a cabeça o amigo que havia saído num rompante. — Que houve com o Sirius?

— Discutimos.

Nossa. Curto e grosso. Aquele ali não queria conversar. Que bom que isso nunca importou pra James.

— Foi a situação com seus pais de novo? — Perguntando, sentando no banco ao lado de Regulus. Não tinha muita intimidade com o sonserino, mas era o irmão mais novo de Sirius, e se um era seu amigo, o outro era parte do pacote.

— Acho que isso pode não ser da sua conta.

— Hum... Sirius vai ficar de mau humor, isso vai atrapalhar o jogo dessa semana e acabar com as chances de Pedro conseguir o encontro, logo eu vou ter que conversar com ele e, com sorte, perder uma noite de sono. É, Reg, acho que é da minha conta sim. — Disse rindo, e deu uma tapa divertida nas costas do outro, que, pela cara, não achou nada divertido. Argh, aquele ali tinha mesmo os genes da família.

— Ok, Potter. Tentei convencer Sirius a voltar para o Natal. Só uma noite! Mas não, ele é idiota demais para prestar atenção na tradição da família.

Thiago olhou o cidadão. Reg estava emburrado, encurvado, roxo de frio e parecia guardar todas as verdades do mundo.

— Entendi. Ei, Reg, vamos lá beber alguma coisa quente, que acha? Uma cerveja amanteigada e os melhores biscoitos de Hogsmead. — Disse se levantando.

— Ah.... não Potter, acho que não. — Fora pego de surpresa.

— Que isso, você precisa relaxar, o jogo é semana que vem! Eu quero ter a chance de vencer a sonserina com todos os jogadores bem dispostos — gargalhou — e também estou morrendo de frio aqui.

Thiago encarou o outro com uma expressão mista de “ larga de ser chato” e “não vou sair daqui até que aceite” até que, convencido, Regulus se levantou e o seguiu, resiliente. James Potter era a epitome da teimosia.

Algumas cervejas e horas depois, a neve lá fora caia pesada, já escurecera e o bar havia esvaziado um pouco. Thiago ria, sacudindo o ombro de um Regulus bem mais calmo e simpático.

— Está vendo! Você e seu irmão têm mais em comum do que imaginam — disse entre risadas — a diferença é que você curte caveiras e ele não. — Deu um longo gole na caneca e parou para respirar, sua barriga doía de rir. — Mas podemos resolver isso, né, Reg? — Encarou o outro e deu uma piscada marota pra este.

Regulus já estava alto pela bebida e levemente vermelho, mas aquilo lhe esquentara mais as bochechas. Baixou a cabeça.

— Já esta tudo resolvido. — Disse, encarando a caneca.

— Está nada. Ei... — Levantou as mãos de forma inocente quando o outro lhe olhou de rabo de olho. — Sei que agora você acha aquele maluco sensacional e tudo o mais, não vou negar, eu também acho. — Disse, macio, e pôs a mão no braço, estendido sobre a mesa, de Reg. — Mas o que ele quer fazer, Reg, é errado, forçar e controlar as pessoas é errado. Isso vai acabar mal. Quando você perceber isso, estaremos aqui, ok?

Os olhos de Thiago eram tão verdadeiros e calorosos, que Regulus permitiu que aquela afirmação entrasse em suas convicções. A mão do Potter apertava levemente seu braço e seu hálito cheirava a canela e gengibre. Tinha cheiro de Lar, ou o que um Lar devia ter, mas não o seu. Às vezes concordava silenciosamente com Sirius, suas infâncias tinham sido frias e estéreis.

— Não sei se posso contar com Sirius, se o que você diz acontecer, minha família vai pressiona-lo e — dizia com o olhar perdido.

— Ei, Reg! — Agarrou com ambas as mãos os lados do rosto de Regulus e fê-lo olhar para si, aproximando os rostos. — Eu estarei aqui, ok?

O outro ficou estático. Estavam muito perto, sua mão tremeu na alça da caneca.

— Acredita em mim? — Insistiu James ao ver que o outro não respondeu.

Para Regulus, o bar havia caído no silencio, seus ouvidos zumbiam e só conseguia focalizar o Potter, foi até difícil mover os lábios numa confirmação.

— Está tudo bem então! —  Soltou o outro e deu a ultima golada na caneca. — E não se preocupe, Sirius também estará aqui por você ou enfio a porrada nele. — Gargalhou, erguendo o braço com a caneca vazia. — Vê mais uma aqui!!

Regulus estava encantado. A palavra era ridícula, mas era fato, seus olhos não desgrudavam dos cachos escuros e dos olhos quentes de Thiago.

— Agora, meu amigo, que tal me convidar para sua ceia? — Sorriu travesso e passou o braço pelos ombros de Regulus, puxando num abraço torto — Assim eu arrasto Sirius. – Gargalhou novamente.

********************************************************

A casa estava silenciosa, nada se movia quando Harry voltou a si. O livro caiu em seu colo, apagado. Demorou alguns minutos até que sua mente processasse o que viu e, ainda assim... Não sabia que seu pai e o irmão de Sirius eram amigos, e a cena que vira... Alvo teria conseguido acessar o livro?!

Fechou o volume e se levantou, estava cansado. Olhou a grande sala de estar com a arvore de Natal e suas luzes colorindo os cantos antigos e sombrios do lugar. Teria sido assim naquela época? Quem foi Regulus? No fim das contas, ele havia percebido o erro que cometera. Teria se juntado a seu pai se não houvesse morrido daquela forma? Sirius talvez soubesse. Tantas coisas foram enterradas com os mortos. Suspirou e olhou a velha capa, descobriria quem foi Regulus Black e mais um pouco sobre seu pai. E talvez, ele não fosse tão parecido assim com seu pai.


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Notas finais do capítulo

BOAS FESTAS a todos!!!



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