Quebrada. Inteira. escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Vou estragar a brincadeira nessas notas, mas foda-se!


Pensei muito sobre o que eu iria falar. Nunca fui boa com amigos secretos. A capa da fanfic já elimina algumas pessoas possíveis já que não foram muitas que escolheram esse tema.
Então resolvi dar pequenas dicas que tenho certeza que o meu amigo oculto vai adivinhar na hora.

Está fanfic foi baseada na música Broken da banda Lifehouse que por sinal é uma das bandas preferidas da minha amiga oculta.
É minha música preferida.
Essa amiga já escreveu uma fanfic inteira usando apenas músicas do Lifehouse.
Eu pensei nos outros temas, mas Peeta e Katniss é apenas mais uma coincidência nessa brincadeira.
É muito complica escrever sobre eles. Poderia usar Harry Potter o que de fato fiz e ia escrever uma fanfic com pequenos capítulo, mas não sai do segundo. Pensei em escrever sobre certo livro preferido, mas meu ponto de vista seria ainda mais triste. Pensei em escrever sobre certas crianças amores de uma certa série, mas só Peeta e Katniss tem tudo a ver com nossa história.
Hei amiga oculta você já sabe quem é?
Boa Leitura!



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Estou sentada contra a parede do quarto. O piso gelado consegue me acalmar quando eles chegam de repente. Na parede oposta o relógio parece me observar. Seus ponteiros estão parados, e números gastos. Não sei por que ainda o temos pendurado na parede, mas é um conforto encará-lo de volta.

            Encosto minha cabeça de maneira mais confortável, ainda sinto meus cabelos molhados pelo suor e evito deixar que o grito escape mais uma vez. Apenas o observo deitado na cama tendo a primeira noite de sono da semana, não quero fazer como todas as outras e acordá-lo por causa dos meus pesadelos.

            Sempre fui a mais forte. Ele mesmo me disse isso. E agora apenas sinto o sono me alcançar enquanto conto de cinco em cinco no relógio quebrado. Rezando, apesar de não acreditar em milagres, pedindo para que eles me deixem amanhã. Para que os sonhos me abandonem para sempre.

            Quando começo a me sentir melhor percebo que estou apenas me enganando e estragando aquilo que me foi negado toda a vida. Estragando a tal liberdade que tanto lutei para alcançar e que no final se tornou uma prisão muito mais sufocante do que todas as outras.

            Eu escuto o canto dos pássaros imitando seus gritos, eu vejo as flores em volta de uma pintura manchada, e sinto o gosto na garganta, aquele amargo que a bile deixa sempre depois que vomitamos até mesmo o que não tínhamos no estômago. É isso que me faz acordar suada, com medo, perdida no meio dos lençóis, segurando a barriga e deixando que os gritos o acorde todas as noite em que é impossível me controlar.

            Estou constantemente caindo aos pedaços, me arrastando do quarto para a cozinha, da cozinha para a sala, da sala para fora. Às vezes sinto as mãos dele novamente envolta de meu pescoço, nesses momentos mal consigo respirar e preciso me lembrar que de todos eles foi o único que permaneceu. Eu não precisei escolher um dos dois, não existia escolha. Apenas um seria capaz de conseguir permanecer ao lado de um coração quebrado. Viver o resto da vida ao lado de uma pessoa destruída.

            Ainda estou encolhida contra a parede quando sinto suas mãos em meu rosto. Abro os olhos o mais rápido possível, parei de dormir com as armas, não queria machucá-lo e já estava machucada demais para que qualquer outra pessoa pudesse me ferir mais ainda.

            Nesses momentos de esquivos é que vejo seus olhos mudarem de expressão, e consigo ouvir a voz de Snow dizendo “ela é uma bestante, mate-a” apenas por um segundo e um chacoalhar de cabeça ele retoma o olhar doce que nunca deveria ter sofrido mudanças. Ele sente dor. Tanta dor quanto eu sinto. Mas um de nós sempre foi melhor em frente as câmeras, e possivelmente em se manter firme quando tudo estava desmoronando. Na dor é possível encontrar a cura.

            ― Peeta. – Digo apenas para conseguir me levantar. – Eu estou aguentando. Eu estou aguentando. Eu estou aguentando.

            E enquanto eu falo isso sei que estou me segurando nele. Não literalmente, mas no conjunto todo. Estou me mantendo viva, Estou me apoiando nele.

            ― Por que não me chamou? – Ele pergunta, mas já sabe a resposta. Eu continuo orgulhosa.

            ― Não precisamos ficar os dois sem dormir. – Respondo tentando disfarçar que o jeito que ele me olha me incomoda.

            ― Foi ruim? – Ele questiona sentando-se ao meu lado.

            ― Prim, Rue, Sangue. Rosa. – Falo pausadamente.

            Peeta apenas passa as mãos por meus cabelos ainda úmidos. Seus toques mudaram desde que ele sofreu com o veneno. Antes eram doces. Provavelmente ele também ache que poderia matá-lo a qualquer momento.

            ― Katniss, vamos apenas continuar. – Ele diz me ajudando a levantar.

            Quando estamos de pé me deixo desejar abraçá-lo. Me deixo desejar tê-lo para sempre ao meu lado. Não vou mentir e dizer que é fácil demonstrar qualquer sentimento por ele. Não quando esses sentimentos me deixaram tão vulnerável, quando me fizeram perder a cabeça. Perder a guerra. Mas depois de alguns anos aprendi a desejá-lo. E a amá-lo.

            Existem pessoas que gostamos, que sentimos atração, e existe o Peeta em seu medo, em seu ódio, em sua doçura. Uma mistura perigosa. Talvez fatal para alguém como eu.

            Ele me leva para o banheiro, e o que antes me parecia impossível se tornou algo comum na vida em conjunto que administramos. Ele liga o chuveiro e me ajuda a entrar embaixo da água quente. Depois de algumas horas no chão frio sinto um choque de temperatura.

            ― Eu estou aguentando. – Digo quando ele abre a porta para sair do banheiro.

            ― Nós estamos. – Ele responde me deixando sozinha. Só por alguns minutos enquanto tento apagar os pesadelos, enquanto me livro do suor e da fragilidade que tanto odeio.

            Ainda estou embaixo de água vendo minha pele ficar ainda mais enrugada, quando sinto o cheiro do pão. Ele ainda faz os pães com queijo. Ainda lembra dos meus preferidos. E por isso aceito sentar na grama e ver o sol se pôr quase todos os dias.

            Desligo a água e busco a toalha mais próxima. Peeta aparece assim que o barulho do chuveiro cessa. Deixo que me guie para o quarto, deixo que ele me ajude com as roupas, e deixo que me leve para a cozinha.

            Alguns dias me sinto fraca. Gostaria de mentir. De continuar a Katniss forte. De dizer que consegui superar todas as cicatrizes da luta. Mas ainda não consegui. Estou me agarrando a ele.

            Sento na cadeira e deixo que ele me sirva. O pão. A bebida. O beijo na boca. Sorrimos.

            ― Não sei como te ajudar. – Ele diz enquanto se abaixa em minha frente.

            ― Continue fazendo esses pães. – Digo tentando ser engraçada.

            ― Katniss, você não consegue dormir e está tão perto. – Sua mão pousa em minha barriga.

            ― Estou bem. – Coloco minha mão sobre a sua. – Estamos bem.

            Vejo seus olhos cheios de lágrimas. Não estamos bem, mas vamos ficar. Eu não queria filhos. Não queria que precisassem viver os jogos, não quero nem que saibam dos jogos. Do quanto as outras pessoas podem ser ruins. Mas Peeta insistiu, e acabei gostando da idéia de ter filhos para ensinar a caçar, para ensinar que algumas pessoas são boas, para vê-los sujos de farinha.

            Olho para o relógio na parede. Esse não está quebrado.

            Está seguindo em frente. Tique. Taque. Tique. Taque.

            Eu estou quebrada. Peeta está quebrado. Metade de um com metade de outro é igual a um inteiro. Assim que desvio meu olhar vejo as flores entrando pela janela, sopradas pelo vento, todas despetaladas. Leves, voando para perto de mim. Seguro com a palma da mão.

            ― Faça um pedido. – Digo para Peeta.

            ― Que você consiga dormir. – Ele suspira.

            Beijo o topo de sua cabeça.

            Estou agüentando. Segurando as lembranças. Deixando que o relógio da cozinha trabalhe. Torcendo para que o do quarto continue parado.

            Quebrada.

            Inteira.

            Quebrada.

            Inteira.

            ― Você me ama? Verdadeiro ou Falso? – Seu rosto ainda colado em minha barriga.

            Eu respondo.

            ― Verdadeiro.


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Notas finais do capítulo

E ai todos já adivinharam?
Um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de alegrias!!



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