A Enfermaria escrita por AceMe


Capítulo 1
Capítulo Único - Espíritos Só Querem Shippar


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores! Obrigada por se disporem a ler.
Caso alguém queira ver o mangá, tenho aqui o link de onde vocês podem ler (Está a partir do momento de onde me inspiro):
http://mangahost.net/manga/corpse-party-blood-covered/25/7
Eu, sinceramente, prefiro o mangá entre todos, porque tem mais cenas legais, principalmente de shipps. E, mais principalmente ainda, do meu OTP: Ayumi x Yoshiki :3. Lá também aparecem mais pensamentos da Ayumi que, na minha opinião, dão a entender que ela pode desenvolver uma quedinha pelo Yoshiki. YAY!
Mas, enfim, vamos ao que interessa, que é a one:
Boa leitura, ;)!



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Naquele lugar, descobriram como a vida era cheia de ironias.

Yoshiki Kishinuma realmente detestava a escola. Um lugar onde o julgavam. Julgavam por causa de sua aparência rebelde, de seu vício, de seus problemas internos. Ele nunca imaginou que poderia querer desesperadamente voltar àquele lugar horrível um dia. Mas, depois de pisar em Heavenly Host, era exatamente isso que desejava.

Engraçado também como a razão dele de continuar frequentando a Academia Kisaragi era exatamente a mesma que tinha para sair daquela escola amaldiçoada. Uma razão que ele carregava nas costas. Literalmente.

Pelo canto do olho, observou a representante de classe Ayumi Shinozaki. Ele carregava a menina molhada e febril em direção à enfermaria. Acabara de ser possuída por mais um espírito maligno daquela escola e quase se afogara na piscina. Felizmente, Kishinuma percebeu isso a tempo e conseguiu salvá-la. No entanto, a garota ficara realmente mal, tanto pela água, tanto pela atividade paranormal intensa.

Ela foi a primeira que o viu através das aparências. A primeira que acreditou nele. A primeira amiga. Por causa dela, começou a frenquentar mais a escola. Ficou mais receptivo às pessoas e percebeu que aquele não era um ambiente de todo o mal. Não foi difícil se apaixonar depois disso.

Mesmo vendo que a garota tinha sentimentos por seu melhor amigo, Satoshi Mochida, ao invés dele, jurou protegê-la e tirá-la daquela escola esquecida por Deus viva. Custe o que custar. Porque aprendeu que isso era o que significava amar; algo que ele nunca poderia pensar que conseguiria fazer um dia. Amar é fazer o bem e não esperar nada em troca. É o simples prazer de ver um sorriso no rosto daquela pessoa quando está com você ou não. Mas, naquele lugar, não parecia ser possível sorrir.

Quando finalmente chegou à enfermaria, Kishinuma rapidamente desceu Shinozaki de suas costas. Aconselhou-a a secar a si mesma e as roupas rápido para que não pegasse um resfriado enquanto ele mesmo o fazia. A garota corou com a visão do outro sem camisa, puxando apressadamente a cortina que funcionava como divisória, o advertindo para que não espiasse.

Enquanto se despia, Shinozaki não pôde deixar de pensar em seu salvador. Mais cedo, aquela tentativa de RCP a assustara. A proximidade que a boca dos dois estava realmente a apavorou tanto que ela o empurrou para longe. Mas, passado o choque, ela sabia que Kishinuma só estava tentando impedir que ela morresse. Ele, no fim das contas, era um bom garoto. Queria muito encontrar e garantir que Mochida e os outros estivessem bem, mas Kishinuma a ajudava e a fazia se sentir segura por algum motivo. Mesmo sabendo que ele era bom, nunca imaginou o quão bom ele poderia ser.

No entanto, algo retirou a médium de seus devaneios. Um mau pressentimento fez sua cabeça virar-se para encarar a cama que estava ao lado. Ayumi bem que desejou que fosse só impressão dela, mas ouviu uma risada sombria vindo de trás do objeto. Uma voz que arrepiou até sua espinha.

—Kishinuma! - Gritou sem nem pensar duas vezes.

O jovem também não pensou duas vezes antes de atender ao chamado. Afastou a cortina.

—O que foi, Shinozaki?

—Atrás da cama! Tem alguma coisa lá!

O loiro arrastou a cama para o lado cuidadosamente e percebeu de onde vinha o barulho. Pegou o objeto e mostrou-o a Shinozaki. A boneca do assassino. Fazia sentido, porque eles deixaram a boneca na enfermaria após a tentativa falha de exorcizar os espíritos da criança.

Foi só naquele momento de calma que ambos perceberam: Ayumi não havia vestido as roupas de volta antes de chamar Yoshiki. Estava só de calcinha e top. Os olhos dela se encheram e as bochechas se avermelharam de vergonha. Sem pensar, tascou um tapa em Kishinuma:

—Seu pervertido! - Gritou de novo.

Kishinuma passou a mão no local onde levara o tapa, como se mostrasse que doeu. Shinozaki fitou-o tensa por um curto período de tempo até abrir a boca de novo, dessa vez com a voz mais suave:

—Obrigada.

Dessa vez, Kishinuma observou-a surpreso.

—"Obrigada"?

—Sim. - A morena concordou. - Fui eu quem chamei você. E você veio me ajudar. Então, obrigada por isso.

—Unh, não foi nada. - O outro disse meio sem jeito.

Os dois se encararam silenciosamente por mais um tempo. Ayumi, inconscientemente, ao olhar para baixo, encarou os próprios seios quase inexistentes. Lembrou-se daquele dia, um pouco antes da aula de educação física, no vestiário. Seiko estava falando com a Naomi como Mochida ficaria feliz com a outra porque ele gostava dos grandes. Ela passou a noite em claro pesquisando como fazer os dela crescerem. Até mesmo acabou dormindo na aula por causa disso.

Kishinuma também se lembrava daquele dia. Yui-sensei teve que sacudí-la para que ela acordasse. Despertou comentando como já deviam estar aumentando. Yoshiki não entendeu o desespero da garota na época e podia confirmar as suspeitas agora mesmo: Eles já eram bons do jeito que eram. Ele entendeu imediatamente o que a outra devia estar pensando, mas não sabia como acalmá-la sem soar como um pervertido.

Quando a menina percebeu que o outro havia seguido seu olhar, corou completamente. Entretanto, não sentiu aquela vontade de dar-lhe um tapa e expulsá-lo. Na verdade, não pôde deixar de sentir-se sendo admirada. O olhar de Yoshiki… de alguma forma, ela não via malícia nele. Não era como o olhar de Satoshi quando tocava Naomi ou de Seiko quando observava os seios dela quando achava que ninguém estava vendo. Não… era diferente. Algo como Morishige e Mayu, antes dessa loucura toda. Ela sabia que, no fundo, Morishige tinha uma queda por Mayu. Ficou ainda mais vermelha quando percebeu o que aquilo poderia dizer sobre Yoshiki.

Isso deu-lhe forças para dar mais um tapa nele e pedir, envergonhada:

—A... A... Acho melhor você ir.

Mais uma vez, Kishinuma passou a mão no local onde recebera a mão antes de fazer qualquer outra coisa. Dessa vez, mesmo querendo falar algo sobre isso, ao perceber o estado de Ayumi, levantou-se.

—Termine de se secar e se vista. Assim você vai pegar um resfriado.

Yoshiki arrastou as cortinas de volta para o lugar. Ayumi vestiu novamente o uniforme antes de empurrar a divisória e chamar o outro timidamente.

—Kishinuma-kun…

O loiro parou para ver o que ela queria. A menina se recompôs, colocando a melhor expressão determinada que pôde no rosto.

—Obrigada… Você tem se esforçado bastante. Vamos encontrar Mochida-kun e os outros e sair daqui!

Ao ouvir o nome de Satoshi sendo pronunciado de novo por Shinozaki, Kishinuma sentiu mais uma faca cortando-lhe o coração. No entanto, ele simplesmente sorriu confiante para apoiar a outra.

—Sim, nós vamos.

Assim que Yoshiki fechou a boca, a boneca do assassino emitiu uma aura escura e vozes saíram dela. Palavras diferentes de arrependimento. Ela estava dando a localização da última parte de corpo das crianças!

Os dois pegaram-na e pararam para escutarem atentamente as indicações da boneca. Nem repararam no espírito azul fitando-os de esguelha, de feição decepcionada.

A boa notícia? Agora sabiam onde estava a última parte de corpo.

A má notícia? Estava sob as entranhas de Mayu, espalhadas pela parede ao lado da enfermaria.

Outra boa notícia? Morishige já havia retirado a sacola com a parte de lá.

Outra má notícia? O olhar sádico no rosto dele e o fato de que ele não fazia a mínima ideia de que aquele era o corpo do que já fora sua amada Mayu.

Shinozaki e Kishinuma concordaram em não contá-lo nada sobre a morte de Mayu. Quando voltassem à Academia Kisaragi, esperavam que ele se curasse da aura negativa de Heavenly Host e, então, seriam capazes de contar a ele o que aconteceu. Por enquanto, era melhor que ficasse como estava.

—Agora nós temos que nos concentrar em procurar os espíritos das crianças.

—Não tão rápido. - Uma voz veio do corredor, de trás deles. Viraram-se. Era o espírito azul cuja presença fora ignorada por eles na enfermaria. - Vocês ainda não podem escapar. Não agora.

Por um instante, tudo permaneceu calmo. Kishinuma e Shinozaki se entreolharam e voltaram-se para o fantasma. Era um espírito azul, do bem. O que ele esperava fazer? Mas uma coisa que eles deveriam ter aprendido em sua estadia em Tenjin era que os mortos poderiam ser mais imprevisíveis do que os próprios vivos.

O fantasma levantou uma das mãos em direção ao Yoshiki. Tão instantaneamente quanto ele realizou o movimento, o garoto pareceu parar de respirar. Desesperado, tentava hiperventilar sem sucesso. A boca fechava e abria, saliva saía, os olhos rondavam a área loucamente; nenhum oxigênio era capaz de passar pela faringe.

Não demorou nem um pouco para os joelhos cederem e se chocarem contra o chão, juntamente com a palma de uma das mãos. Continuava a engasgar, a procura de ar. Os olhos lentamente se fechando. Um filete de sangue começava a escorrer pelo canto da boca, acompanhado de gemidos agonizantes.

—Yoshiki!

Ayumi observava aquela cena praticamente petrificada. Mal percebeu quando lágrimas começaram a escorrer de seus olhos e o primeiro nome do companheiro deixou sua boca. Finalmente, desviou o olhar do caído para o espírito. Ele estava rindo.

—O que você quer? - Perguntou com raiva. - Te diverte ver os outros sofrerem!? Deixe ele respirar! O que preciso fazer para você nos deixar em paz?

O fantasma silenciou-se. Para a surpresa de Ayumi, moveu-se para perto dela para segurar-lhe o queixo com aquela mão fria. Fitou-a profundamente nos olhos e abriu um sorriso maldoso.

—Ele tem que se acostumar com isso.

E, então, ele mergulhou na direção do loiro, fazendo a dor e agonia dele só aumentarem. O garoto já estava virado de barriga para cima. Havia praticamente desistido de resistir. Parecia estar querendo dizer alguma coisa, mas o espírito não se importou nem em deixá-lo proferir as últimas palavras.

“Desculpe, Shinozaki”. - Kishinuma pensava com dificuldade. - “Não fui capaz de tirar você dessa escola. Sinto muito…”

Mas ele nem precisava verbalizar esses pensamentos para a representante perder a paciência. O fantasma, ocupado demais retirando novamente o ar dos pulmões do loiro, nem percebeu que a menina se preparava para gastar até a última partícula de sua força para fazê-lo parar.

Rapidamente, Ayumi pulou Yoshiki e “se fundiu” ao espírito. Rolou um pouco no chão,  contorcendo-se. Diferentemente das outras vezes, agora tinha consciência prévia de que uma alma tentava ocupar completamente o corpo dela. Desse jeito, lutou arduamente para resistir à possessão. Depois de um tempo, acalmou-se. Sentira o espírito indo embora. Ficou um tempo no chão, tentando recuperar o fôlego, quando lembrou-se da razão de ter feito aquilo.

—Yoshiki! - Chamou, levantando-se de súbito. Parece que depois do que acontecera, ela não conseguia mais chamá-lo pelo sobrenome.

Meio sem jeito, ela engatinhou para perto do loiro. As mãos tremiam. Ele estava morto? Estava só desmaiado? Como checar isso? Nervosamente, ela posicionou um dedo logo abaixo do nariz do delinquente. Acalmou-se um pouco quando sentiu o ar saindo e entrando levemente.

Olhou ao redor. Não podia deixá-lo no meio do corredor. Com uma certa dificuldade, puxou-o até a enfermaria. Porém, mesmo esforçando-se o máximo possível, não conseguiu colocá-lo na cama.

Ofegante, Ayumi parou sentada, observando o loiro. O coração estava acelerado. Se Kishinuma morresse, ela simplesmente não sabia o que fazer. Não era simplesmente o medo de ficar sozinha; já havia ficado ainda um tempo atrás. Mas se lembrou de como se sentiu muito menos segura sem o outro por perto. Lembrou-se de quando, mais cedo, ela pensara que ele tivesse morrido e ele, mesmo sem soar gentil, conseguiu fazê-la sentir-se melhor. Lembrou-se de todas as vezes em que estiveram lado a lado, tanto em Heavenly Host quanto no mundo real e sorriu fracamente. Parecia ser a vez em que passou mais tempo sem pensar em Satoshi.

Foi então que, ao observar mais uma vez o rosto do desacordado, Shinozaki percebeu. Percebeu porque desesperou-se tanto com aquilo e esqueceu-se completamente do tão precioso Mochida-kun. Mas seria aquilo verdade mesmo? Não, não era possível. Será? Não. A ficha tinha que cair mais cedo ou mais tarde. Era isso mesmo. Só podia ser. Todas as vezes que pensou em Satoshi mas se sentiu mais feliz por ter Yoshiki por perto tinham um motivo.

Satoshi Mochida era sua forma idealizada de homem. Belo, inteligente, divertido, responsável, pronto para ajudar quem precisasse. Tanto é que, no mínimo, três meninas tinham uma queda por ele. Mas o homem que estava a sua frente era diferente. Yoshiki Kishinuma, apesar de não ter uma boa imagem, não ir tão bem nos estudos ou não ser um exemplo de gentileza, era aquele que sempre esteve ao seu lado, ajudou-a quando teve mais dificuldade e a fez sentir-se bem mesmo quando o mundo parecia odiá-la.

O fato dos dois homens andarem sempre juntos e da paixão sempre aparecer mais intensamente nunca deixou Ayumi ligar os pontos. Mas, naquela hora, não havia o que atrapalhá-la naquela dedução lógica.

Satoshi Mochida era sua paixão.

Yoshiki Kishinuma era seu amor.

De forma mais dolorosa do que nunca, a menina observou atentamente o garoto, que não parecia querer despertar. Seus olhos lacrimejavam. Com a cena. Com a descoberta. Com tudo. Afundou a cabeça no peitoral do rapaz e apertou bem as roupas dele com as mãos. Fungou bem o nariz antes de falar:

—Seu idiota.

—Mas que droga, Shinozaki! Quantas vezes tenho que falar para não me tratar como uma pessoa morta? Pelo menos não assoa o nariz em mim!

Rapidamente, a menina levantou a cabeça e encarou o loiro. Ele acordara e a observava curioso, com aquele meio sorriso estranho dele.

—Yoshiki, seu idiota! - Ela repetiu, dessa vez com lágrimas de alegria por vê-lo finalmente acordado. Só que ela fez mais do que isso. Sem nem pensar, ela se aproximou velozmente e o beijou.

De certa forma, foi um beijo rápido; do calor do momento. A primeira pressionou os lábios contra os dele, no começo, de uma maneira bruta. Além de ter sido repentino para ambos, nenhum dos dois sabia como fazer isso. Ayumi conseguiu sentir o corpo de Yoshiki tenso, duro e imóvel. Sentiu-se sendo fitada por ele, surpreso, com os olhos esbugalhados.

Não sabiam quanto tempo havia passado, mas, no final, o beijo terminou bem mais delicado. A garota, que permanecera de olhos fechados o tempo todo, afastou-se o suficiente somente para visualizar o rosto do garoto. Ela estava certa. Os olhos do outro estavam bem abertos e não se desviavam de suas pupilas, além de senti-lo definitivamente rijo. Shinozaki ficou surpresa quando olhou para baixo e percebeu que estava em cima de Kishinuma e corou. Nem notou quando subiu nele.

—A… Ayumi… - Yoshiki lembrou-se de como ela chamou-o pelo primeiro nome e acabou chamando-a pelo dela também.

A menina, entretanto, saiu rapidamente de cima dele, envergonhada.

—D… desculpa. - Pediu, muito sem jeito. - E… eu não sei o que deu em mim.

Para a surpresa dela, o garoto segurou-a com a mão antes que ela fosse embora. Isso a obrigou a olhá-lo de novo. Ele a observava, sério.

—Eu… O beijo… Você não precisa…

—Pensei que gostasse do Satoshi. - O loiro interrompeu-a.

—Eu… Eu também… Pensava. - A garota estava nervosa demais para completar uma frase direito. O que ela havia acabado de fazer?

Yoshiki ponderou um pouco. Ayumi estava envergonhada demais para espiar, mas a feição do rosto do outro havia passado de surpresa para felicidade. E, dessa vez, para a surpresa de Ayumi, Yoshiki, um pouco desajeitado, segurou o ombro dela e aproximou-a para que pudessem se beijar de novo.

A garota, primeiramente, ficou tão pasma que não fez nada. Porém, não demorou muito para que fechasse os olhos e tentasse corresponder. Foi bem mais intenso e demorado do que o outro. O fato de um ambiente mórbido como o chão de uma enfermaria de uma escola assombrada por espíritos assassinos ser o lugar onde os dois deram seus primeiros beijos foi completamente ignorado por ambos. O que não foi ignorado foi a tentativa de Yoshiki de abraçar Ayumi. A menina, de repente, separou os dois e fez o menino encará-la diretamente nos olhos.

—Yoshiki. - As bochechas de ambos estavam vermelhas. Tanto por causa da vergonha quanto por causa do amasso. - Você… Eu… O quê!?

Os dois ficaram se encarando ainda por um bom tempo até o loiro desembuchar:

—Já faz um tempo que eu gosto de você. - Declarou. - Mas você sempre mostrou sentir algo por Satoshi, então ignorei o que sentia. Quando você me beijou e me respondeu aquilo quando perguntei sobre ele, pensei que estivesse dizendo que gostava de mim também.

Os olhos de Ayumi nunca se encheram mais. Ela imaginou coisas mais cedo, mas nunca lhe passou pela cabeça que os pensamentos não poderiam ser mais do que devaneios. Agora tudo fazia sentido. O menino ficou sem respostas até ela, finalmente, abrir a boca:

—E eu gosto. - Disse hesitante. - Gosto muito.

O sorriso que recebeu como resposta foi diferente. Mais verdadeiro. Mais sincero. Mais radiante. Mais feliz. Mais bonito. Completamente destoante daquele lugar onde sorrisos não pareciam ser bem-vindos.

—Ayumi. - Sussurrou enquanto se aproximava novamente dela. Quando já estava perto o suficiente para tocar-lhe os lábios de novo, parou para falar. - Eu te amo.

—Yoshiki. - Ela sussurrou de volta. - Eu também te amo.

Ayumi Shinozaki sentia-se a garota mais sortuda do mundo por ter o amor correspondido pela mesma pessoa que amava exatamente no mesmo dia em que descobriu. Yoshiki Kishinuma sentia-se o garoto mais sortudo do mundo por ter um amor que considerava impossível de ser correspondido, adivinhe só, correspondido. E foi assim que o espaço entre os dois acabou novamente. Na mesma enfermaria que o fantasma da mãe da Sachiko morava. Na mesma enfermaria onde Naomi fora atacada. Na mesma enfermaria onde Mayu fora carregada por espíritos até seu trágico fim. Na mesma enfermaria, Ayumi Shinozaki e Yoshiki Kishinuma descobriam o amor. Que irônico.

Enquanto iam aprendendo aos poucos como se fazia, iam também perdendo cada vez mais fôlego, tendo que parar de vez em quando para pegar ar. Em um desses momentos, pelo canto do olho, Ayumi conseguiu distinguir a forma do espírito azul que os atacara antes que mais um beijo começasse.

Lembrou-se do que ele disse para ela, quando o perguntou sobre o motivo de estar privando o, agora, recém namorado, de respirar. “Ele tem que se acostumar”. Eles estavam experimentando a falta de ar exatamente momentos depois daquele episódio ter acontecido. Ayumi ficou se perguntando se o fantasma teria alguma coisa a ver com isso quando percebeu o que estavam fazendo. Ou melhor, o que não estavam fazendo.

—Yoshiki! - Disse afastando os dois, alarmada. - As partes de corpo! Temos que entregar!

Os dois levantaram-se e pegaram as sacolas, que Ayumi deixara próximas dos dois.

—Você está certa. - Ele confirmou. - Vamos ter muito tempo quando sairmos desse inferno.

O novo casal deixou a enfermaria, procurando pelas almas das vítimas. Nem repararam no espírito azul despedindo-se deles, com um largo sorriso de satisfação no rosto.

—Um shipp. - Alegrou-se. - Pelo menos um shipp se tornou realidade…


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Simplesmente me bateu uma vontade de escrever uma one desses dois e saiu isso. Espero algum dia, no futuro, concretizar também meu desejo de escrever uma boa long de Corpse Party. Mas, por enquanto, me contento com isso. Espero ter retratado bem a personalidade desses dois.
Falem aí o que acharam. Vamos debater ideias! A-D-O-R-O conversar que leitores!
Até a próxima, quem sabe, ;)!
PS: Feliz Natal!