Um dia frio, tudo que se vê la fora é azul e escuro.
Dentro de casa esta quentinho, o sofá arrumado para o bom velhinho.

Cores vermelhas e verdes por toda casa. A mesa posta para a ceia, toda cheia com muita fartura.

Annie esta sentada com seu cachorro  spin em seu colo. Esperava ali, toda sonolenta e preocupada com seu noivo chegar com os últimos petiscos do jantar. A tempestade lá fora era forte e a  cidade mais próxima era alguns quilômetros dali. Ouvia-se o vento uivando, o tintilar da neve nos vidros, e o estalo dos moveis por conta da lareira quente.

A casa estava em um silêncio delicioso, o único barulho era o la de fora e o da lareira, queimando, bem ardente.

Spin do nada começa a dar pequenos rosnados...

— Fique quieto spin, não é nada amigão. Annie dizia fazendo carinho na cabeça de seu cão.

Spin começou a rosnar mais forte, agora correndo para a porta de entrada da casa e olhando fixamente pelo vidro embaçado pela neve.

— O que foi Spin? Nao tem..." BLAFT, PLOFT MIAAAAAAAAH" GROUUUURRRRRR" - Ahhhhh Annie da um grito com a barulheira que se fazia la fora. Mesmo com toda neve dava para se ouvir os rosnados fortes e os gritos que mais pareciam miados.

Spin começa a ficar ansioso e a raspar a porta feito louco com os dentes. Ouve- se mais gritos e rosnados mais intensos.

Annie agora resolve olhar para fora, única coisa que consegue ver são lobos gigantes pretos rosnando e uma gata toda malhada em posição de ataque.

— Não podemos ir ajudar spin, são muitos, não podemos sair la fora so eu e você nesse frio.
"Grrrrrr Miiiiiuuuu" com esse rosnado a gata recua e olha para traz.
Nesse momento Annie tenta acompanhar e toma um susto...Não podia ser, aquilo não estava acontecendo. O que ela iria fazer?

— Pensa Annie, pensa Annie, o que posso fazer para afastar os lobos? O que posso fazer Spin? Annie fala sozinha com seu cachorro.

A garota então sai correndo pela casa para procurar tudo que pudesse ajudar: facões, fogos de artifício, trombetas, pedras, sinalizadores (Quando se mora no meio do nada, tem que se ter um pouco de tudo, para todo tipo de ocasião).
Depois de um tempo montando seu arsenal e Spin já louca de ansiedade, Annie resolve sair.

Primeiro ela abre a porta e dispara dois sinalizadores, com o barulho forte os lobos se afastam de susto e correm um pouco dalí.
Annie sai correndo e pega alguns bixinhos peludos perto de sua cadeira de balanço da varanda, congelando de frio e os traz para casa. Eles tremiam tanto...

—Fiquem aqui fofinhos, ja volto.
— Annie cobre eles com uma coberta do sofá e volta para o quintal.

A garota ouve sua cachorra latindo, e rosnando, os lobos haviam voltado.

Ela então com medo de que ocorresse algo ruim com sua cachorra, faz a primeira coisa que vem pela sua cabeça, pega dois galhos e enche de fogo, deixa ficar bem quente e brilhante, e sai correndo para tacar nos lobos, eles se afastam.

Aquilo lhe deu tempo, para pegar os outros fofinhos e trazer Spin para dentro de casa.

A Gata continuava la fora, rosnando, logo os lobos estavam voltando e vindo em direção a gata, chegando cada vez mais perto dela.

Annie decidiu que teria que afastar definitivamente aqueles lobos dali.

Olhou ao seu redor e achou um vaso cheio de pedras com sua planta favorita, uma espécie de bromélia rara. E era aquilo mesmo que ela iria usar nos lobos.

Ela começou a esquentar  as pedras na lareira, todas elas, e assim formar um balde quente de pedras ferventes. Aquilo estava pesado, muito pesado.. Annie arrastou o bande para a porta de começou a atirar as pedras com um estilingue ( sim até isso tinha lá, pois era a diversão do pessoal da cidade, e seu marido Jhon sempre guardava alguns para dar de presente para seus sobrinhos em festas comemorativas).

  Os lançamentos eram imprecisos, erravam todos os lobos, fazia muita ventania ali, então a  garota foi para a entrada da varanda para ter mais precisão ao ataca-los

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A gatinha era ágil, e conseguia se esquivar facilmente dos lobos, até que em um deslize, junto de um escorregão na neve, a pequena leva uma patada e voa para o chão, um pouco longe dali.

Agora era a chance, Annie aproveitou que os lobos se distraíram com a cena e começou a tacar as pedras mais forte neles. Com dor eles começaram a recuar, e  fugir dali, principalmente por que o maior ( parecia o líder

da alcateia) estava com o focinho bem machucado  por conta de uma bela pedrada certeira, e agora sangrava um pouco. Logo já não havia mais lobos, eles haviam dispersado.

Tanto que Spin que estava tão elétrica antes, agora estava com cara de preocupada olhando para a gatinha.

Annie foi ate lá, pegou a pequena toda cheia de neve e com a pata aparentemente quebrada e a trouxe para dentro de casa.
Colocou-a junto de seus filhotes. E se levantou para ir buscar curativos.

—Spin, fique ai e cuide delas, eu ja venho!

O cachorro parecendo entender, logo deita ao redor da gata e dos filhotinhos, os aquecendo com seu corpo peludo.

—Isso mesmo Spin, a mamãe já vem!

Annie antes de subir, olha para os fofinhos, agora com mais calma e tranquilidade consegue percebe-los, tão pequenos, tão fofinhos, tão delicadinhos. Eram 6 ao todo. 3 brancos, um bege e dois amarelos. Todos dormindo, e aconchegados na mãe! Deviam de ter 2 meses no máximo. Como sobreviveram? Talvez o amor de sua mãe, heroína e destemida. Que com barulho e coragem nos ajudou a "acabar com os lobões".

Annie vai pegar os curativos, mas antes dá uma ultima olhada para o Spin, como se dizendo: "cuide bem deles eim!"

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Já no andar de cima Annie começa a pensar tristonha e preocupada: "Espero que Jhon chegue logo, a tempestade estava tão forte...queria tanto ouvir sua voz, saber se ele esta bem, mas a porcaria dos telefones param totalmente quando tem tempestade nessa cidade.... Uma porcaria...Que deus e a magia do natal cuide dele.. Droga porque justo na ceia de natal ele resolve sair pra comprar a maldita pasta de amendoim e nozes... a gente nem precisava disso, já temos tudo! Ahhhhh vou ficar louca aqui.. deixa eu ir cuidar dos baixinhos fofos.

Annie pega os curativos em seu guarda roupa e logo esta na sala novamente. No final das escadas encontra todos os fofinhos dormindo aconchegados um nos outros, inclusive Spin, todo protetor.

A Garota chega perto da mamãe gata, pega sua delicada patinha e começa a fazer os curativos, a gata está tão cansada que nem reclama dos curativos...

Logo Annie finaliza tudo e deita no sofá exausta.
" Sei que devo esperar Jhon, mas estou tão cansada...A nossa ceia, nosso natal.. Vou deixar comida e água para os fofos e vou cochilar um pouquinho.."

Depois de deixar mais uma panelinha com leite desnatado e pedaços de peixe bem picadinhos para os fofos,  Annie se joga no sofá novamente e tenta dormir, mas seu sono durava pouco, pois,  de meia em meia hora, ela tinha pesadelos, com os lobos, seu marido que sumiu, com a gatinha, imaginando o pior para com todos eles.

A garota olha o relógio, são 2:00 da manhã, os baixinhos ainda dormem tranquilos, mas seu coração não está nada tranquilo. Se vendo  no desespero ela começa a chorar. " Meu Jhon, cadê você! Preciso tanto de você, estou tão desesperada...." Depois de um tempo em lágrimas, Annie consegue finalmente cochilar novamente.

A casa está silenciosa, agora está quase de dia, a neve agora vai se desfazendo, ouve-se um barulho ao longe. Annie desperta e fica ainda mais triste ao não ter seu marido em casa. Pela sua janela não da para se ver nada, somente neve, muita neve. Ela consegue ouvir os barulhos la fora, mas não tem a mínima ideia do que pode ser...

"Será que é polícia, que veio anunciar alguma tragédia? não pode ser, não pode ser..." Annie cai em lagrimas novamente...agora mais forte e intensa...

Spin começa a latir, e abanar o rabo, ouve-se um baque forte na porta. POFT, e outro POFT e agora um mais forte ainda POOOFFT,  e a neve caindo no chão, Annie ouve alguém chamando seu nome  -Annie! - Ela conhecia muito bem aquela voz.

— Annie, me ajude a abrir essa porta!

A Garota seca as lágrimas e vai até lá, tentando de tudo para destrava-la da neve.

Um tirando a neve do lado de fora e outro empurrando o que sobrava das frestas.

Até que depois de tanto esforço, e neve derretida a porta se abre.

Annie grita, e da um pulo no colo da pessoa a sua frente.

— Jhon!!! Meu deus o que aconteceu? Por que você não conseguiu chegar? Por que você tá todo molhado? Eu quase morri de tanta preocupação ontem!!!

A garota ia enchendo o marido de beijos enquanto o questionava. Em meio a um abraço bem apertado Jhon olha em seus olhos e diz:

—Me perdoe meu amor, eu nunca devia de ter saído nessa tempestade. Aconteceu tantas coisas que me impossibilitaram de chegar em casa, mas nosso amor e a fé, não me deixaram desistir. Me perdoe por favor!

—Está perdoado meu amor! Me conte tudo, nos mínimos detalhes. Annie puxa, ele sujo mesmo, até a mesa da cozinha e o faz sentar para  então conversar e tomar o café da manhã com a ceia do dia seguinte.

—Um pouco atrasado, me perdoe amor...Jhon diz.

—Coma meu amor, você precisa, está perdoado desde o momento que abriu aquela porta. Annie fala com voz preocupada, mas alegre ao mesmo tempo. 

Eles se entreolharam e continuaram comendo, agora com uma sensação de leveza no corpo, eles estavam felizes e tudo estava bem, isso era o mais importante. 

Depois de um tempo, Jhon agora saciado e totalmente tranquilo, olha para Spin com estranheza, antes eles só havia o cachorro e agora eles tinham Uma gata e seis fofinhos junto dele.

— O que aconteceu aqui? Quem são eles?

Annie levanta e vai pegar a gata mãe (que estava se deliciando com o peixe dela) no colo, fazendo um miadinho fofo, trazendo-a com todo o cuidado e carinho do mundo, apresentando-a para Jhon:

— Essa é Hero, tivemos uma grande batalha ontem, enquanto você estava fora, ela protegeu seus bebês com unhas e dentes, junto de mim e Spin,  infelizmente ela quebrou a patinha e precisa ficar um tempo sob nossos cuidados, assim como eles.

Annie aponta os fofinhos e espera que Jhon fale algo.

Jhon agora olha para a casa e nota a bagunça, realmente parece que ouve uma guerra ali, cinzas para todos os lados, vários móveis deslocados, chão molhado pela neve que se desfazia e a porta toda arranhada..

Olhando novamente para Annie ele faz uma cara fofa e começa a rir.

—Meu deus, aqui parece que houve uma guerra mesmo.. realmente, depois me conte mais sobre isso... hahaha.. Lógico que a Hero e seus filhotes podem ficar, aqui tem muito espaço e elas serão nossas princesas. Tem espaço para todos!

Jhon pega a hero no colo com todo cuidado do mundo, e olha para a carinha dela dizendo:

—Seja bem vinda Hero, a gatinha espírito do Natal!

Fim.