Vidas Opostas escrita por Ku Hye Sun


Capítulo 1
Primeiras Impressões


Notas iniciais do capítulo

Bom Natal para todos!
Essa é minha primeira história com Exo e Monsta X, portanto espero que apreciem e deem suas sinceras opiniões.
Um grande abraço!



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P.O.V Hye Sun

Parei em frente aos degraus da pacata casa de dois pisos. A rua silenciosa não dava nenhum indício que ali uma república se instalava, abrigando universitários de Seul que não conseguiram uma vaga no alojamento da faculdade.

Carregando minha mochila e uma bolsa de mão que pesava mais do que meu próprio corpo subi os oito degraus da frente com certo esforço, tomando o cuidado de me ajeitar rapidamente antes de tocar a campainha.

Do lado de fora da casa nada dava para se ouvir. Resisti o impulso de colar meu rosto contra a porta para ter certeza de que não ouvia passos no interior, mas a porta se escancarou antes que eu o fizesse.

Um garoto de olhos bondosos e rosto extremamente fofo atendeu a mesma vestindo um grande pijama de listras, o cabelo desgrenhado para todas as direções indicava que eu havia acabado de perturbar seu sono.

—Me desculpe o incomodo..._comecei sem jeito, sem saber de fato o que dizer.

O garoto abriu um sorriso mais largo do que eu ousara imaginar ser possível, fazendo um gesto abrangente de mão para que eu adentrasse na casa.

—Não tem problema. Hoje é o meu dia de receber os calouros, de qualquer maneira._disse dando de ombros ainda sustentando um sorriso ofuscante na face.

Antes que eu desse mais do que dois passos ele se apressou e agarrou minha bolsa de mão, tentando não fazer careta com o peso da mesma.

—Obrigada._agradeci verdadeiramente.

Passei pela soleira da porta e retirei meus tênis, ficando de meia e explorando a sala espaçosa que se abria.

—Bom...aqui é o lugar de encontro de todo o pessoal da república. Normalmente sempre tiramos um tempo para beber e bater papo na semana, principalmente quando o nível de estresse da faculdade ultrapassa os limites._disse o garoto sorridente, apontando para o grande sofá pérola no meio da sala.

—É bem grande aqui dentro._falei ainda embasbacada. Do lado de fora a casa parecia extremamente regular e pouco ampla por dentro. Aquilo era uma surpresa boa, muito boa diga-se de passagem.

—E tem mais: a cozinha fica no fim daquele corredor. Lá também tem a porta para o quintal de trás que é tão grande quanto a nossa sala. Durante o verão nos aproveitamos o máximo o sol lá._ele parecia estar animado fazendo seu pequeno discurso de guia_No andar de cima ficam os quartos: três à direita e três a esquerda.

—Você pode me mostrar o meu?_pedi ansiosa, afinal de contas o quarto era o que mais interessava.

Ele assentiu e me guiou escada acima onde mais uma pequena sala se abria no fim da escada, rodeada por três portas do lado direito e três portas do lado esquerdo.

—O seu quarto é o último da direita. Sua colega de quarto é a Park, é uma garota legal que cursa desenho. Tenho certeza que irão se dar bem._ele parecia nitidamente convencido de que nossas personalidades se encaixariam miraculosamente, embora eu não soubesse ao certo o que esperar.

—Quantas pessoas moram aqui?_enfim eu criei coragem e fiz a pergunta que mais me afligira desde o momento do contrato de locação, quando eu, esquecida como sempre, acabei deixando de perguntar.

O rapaz fez uma cara engraçada que eu interpretei como algo nada bom para mim, mas que parecia ser extremamente divertido para ele.

—Então...nós temos quatro alunos de intercâmbio chineses que dividem o quarto maior. Eu divido o quarto ao lado do de vocês com o Chen, o Suho e o Kai dividem o quarto ao lado do nosso e na porta da frente temos o Baekhyun e o Chanyeol, os melhores amigos inseparáveis que você conhecerá na sua vida e, ao lado deles, o Sehun e o D.O._ o garoto parou abruptamente, aparentemente satisfeito pela explicação bem detalhada_Ha...a propósito: sou Minseok, mas pode me chamar de Xiumin, porque quase todo mundo aqui utiliza os apelidos ao invés do nome.

Sinceramente eu queria apertar a mão do Xiumin e lhe agradecer pela recepção calorosa, pela maravilhosa explicação e pelo senso de boa vontade que perdurou durante todo o turismo pela pacata casa de dois andares, mas, naquele instante, eu apenas conseguia imaginar no tamanho do problema que eu entrei totalmente alheia da situação.

—Então..._recuperei o fôlego rapidamente, tendo o cuidado para não gaguejar durante a fala, isso seria a sentença exata do meu atual estado de espírito_Quer dizer que moram doze garotos—enfatizei bem a última palavra para ter certeza que meu cérebro estava processando corretamente_nessa casa e apenas—minha voz saiu uma oitava mais alta do que outrora_duas garotas. É isso mesmo?

Xiumin deixou escapar uma pequena risada, parecia que ele compreendia totalmente minha surpresa.

—Desculpe...acho que você não esperava esse tipo de situação, não é mesmo?!_havia compreensão e uma pitada de compaixão em seus olhos, mas, ainda assim, uma pequena faísca de graça brincava nos mesmos, como se estivesse realmente se divertindo com toda a confusão.

Assenti, sabendo que meu rosto deveria estar tão pálido quanto a cor das paredes da casa.

—Na verdade esperávamos mais quatro moradoras mulheres no começo da semana, mas acabou que houve uma pequena confusão na imobiliária que é responsável por alugar as repúblicas e no fim das contas Suho, Kai, D.O e Chen acabaram vindo parar aqui por destino.

Mordi a língua para não gritar de frustração.

Se nada tivesse ocorrido um erro eu estaria numa casa dividindo o espaço com um número confortável de garotas e garotos, mas, agora, eu e minha colega de quarto não poderíamos estar numa situação pior e mais desconfortável. Não pude deixar de imaginar o sufoco que minha roommate passou durante esses dias que viveu numa casa cheia de garotas e sem nenhuma alma feminina para se apiedar dela.

—Entendo..._foi a única coisa que meu cérebro em colapso conseguiu montar naquele momento.

Xiumin sorriu mais uma vez, seus olhos gentis sendo muito atenciosos.

—Não precisa se sentir desconfortável. Falei a mesma coisa para a Park quando ela parecia tão intimidada quanto você. Mas logo você se acostuma e percebe que, apesar dessa casa ser o lar de muitos garotos, ainda assim somos tão sensíveis quanto mulheres. A diferença vai ser mínima com o passar do tempo. Você verá._encarajou-me fazendo um sinal de Fighting!

Sorri um pouco, não porque me sentia realmente encorajada com suas palavras, mas porque apreciava o fato dele ser tão positivo e honesto, mesmo num momento tão desconfortável.

Tentando soar um pouco mais confiante do que me sentia, andei até a porta indicada e abri a mesma com facilidade. Atrás de mim Xiumin carregava a mala de mão com dificuldade, provavelmente xingando mentalmente o peso da mesma.

Meus dedos procuraram o interruptor e o acharam. O quarto se iluminou magicamente apresentando duas camas em cada extremidade e uma grande escrivaninha com duas cadeiras no centro do quarto. Na parede da porta havia um armário mediano e outra porta que dava para nosso banheiro particular, um dos motivos que me levou a assinar o contrato de locação com rapidez: o fato de não precisar dividir o banheiro com metade da república.

Uma das camas estava revestida com almofadas coloridas e pôsters de grupos musicais em alta, enquanto a mesinha de centro dividia-se em um lado cheio de cadernos e aparelhos eletrônicos e o outro tão vazio quanto a cama e a parede do lado oposto.

—Gostou do quarto?_perguntou Xiumin com curiosidade, parecendo esperar verdadeiramente que eu não saísse correndo da república o mais rápido o possível.

Assenti, esbanjando minha melhor expressão de contentamento.

—Eu gostei muito e digo isso de verdade._acrescentei fazendo-o rir.

—Fico feliz em saber disso. Bom...vou deixar você se acomodar. Sua colega de quarto provavelmente vai chegar daqui a pouco. Ela pode te colocar mais a par do cotidiano da casa. Mas, de qualquer maneira, eu e o Baekhyun combinamos de fazer uma reunião no fim da noite, quando todos os moradores estivessem presentes. Queremos apresentar todo mundo, já que não tivemos tempo de fazer isso quando os novos moradores chegaram. Também precisamos estipular o orçamento do mês e a divisão da limpeza. Acho que vai ser divertido. Posso contar com sua participação?

Queria eu puder dizer que não. Que provavelmente eu estaria ocupada numa festa de confraternização da universidade ou bebendo para esquecer que estaria dividindo os próximos meses uma casa com doze rapazes e apenas uma garota, mas não, ao invés disso me pus a assentir e me curvar em despedida, enquanto um Xiumin sorridente desaparecia pela porta.

***

Quando já havia preenchido o espaço vazio no armário com meus pertences e arrumado minha cama com lençóis e colcha familiares a porta do quarto se abriu, revelando uma menina baixinha com grandes óculos redondos e um corte curto que a deixava ainda mais com a aparência de uma colegial. Ela usava um macacão jeans um número maior do que o seu, fazendo-a parecer dez vezes mais fofa do que habitualmente seria plausível. Acho que no fim das contas, essa era a ideia por detrás de sua aparência frágil.

—Você deve ser..._antes que eu pudesse concluir a frase a garota minúscula se jogou no meu pescoço me abraçando com tamanha intimidade que não pude evitar quase perder o equilíbrio.

—Me desculpe, Unni. Mas estava realmente desesperada por companhia! Esses dias aqui tem sido uma vergonha atrás da outra. Para onde eu olho tem homens bonitos me encarando com sorrisos fofos e olhos de panda._ela despejou tudo com a mesma facilidade que se jogou no meu pescoço: como se eu fosse a solução para todos os seus problemas de convívio.

—Acho que a situação parece mais fora de controle do eu pensava._falei em voz alta, imaginando as dificuldades que seria conviver com uma colega com os hormônios a flor da pele e a personalidade ligada no modo ON 24hrs por dia.

—Sim, tem sido muito, muito constrangedor mesmo!_insistiu ela, não percebendo que eu me referia à situação de colega de quarto e mais doze estranhos homens convivendo na mesma casa comigo.

—Quantos anos você tem?_apressei em perguntar, querendo saber se estava lidando com ela de forma certa.

—Vinte um, não precisa se preocupar. Eu pesquisei um pouco sobre você nas redes sociais quando descobri seu nome._confessou com naturalidade_Sabia que você era mais velha desde o começo._sua frase parecia carregar um tom de orgulho que eu intitulei como preocupante, embora não em voz alta.

—Ok. Então...bom, acho que me apresentar já não é tão importante agora, mas, de qualquer forma, me chamo Hye Sun._falei estendendo a mão por formalidade e recebendo um abraço em resposta. Rolei os olhos, imaginando o quanto seria dificultoso dividir o quarto com alguém tão jovem e cheia de energia.

Antes que Park continuasse a tagarelar uma batida na porta foi-se ouvida ecoando por cada centímetro do cômodo.

—Pode entrar._respondi alto o suficiente.

O rosto alegre de Xiumin apareceu entre a fresta da madeira, espreitando se era seguro entrar.

—Desculpe, mas estou reunindo todo mundo para nossa pequena reunião._comunicou com um sorriso animado.

Assenti encurtando o espaço até a porta e seguindo um Xiumin muito contente. No meu encalço Park vinha grudada como cola, me usando de escudo contra os olhares masculinos.

Enquanto descia a escada mentalizei todas as frases calmas que deveriam ressoar dentro de mim e garantir que meu rosto não entrasse em combustão e minha expressão não desfalecesse quando doze pares de olhos me encarassem curiosos. Eu admitiria para uma colega de quarto mais velha ou um pouco mais centrada que Park que estava tão nervosa quanto qualquer garota estaria nesse tipo de situação, mas, naquele momento, não desejava demonstrar nenhuma fraqueza, fosse para Park ou para os doze estranhos que nos esperavam na sala do andar de baixo.

—Não precisa ficar nervosa, os rapazes são gente boa, de verdade._Xiumin garantiu mais uma vez, como se estivesse realmente concentrado em me fazer concordar com ele.

—Não fico com medo tão facilmente._menti, mas minha voz estava estável e controlada fazia com que eu parecesse anos mais madura do que realmente era.

Xiumin sorriu satisfeito enquando descíamos o último degrau e sentávamos no sofá perolado.

Park se encolheu ao meu lado como se pudesse se camuflar atrás de mim, os olhos voltados para o colo como se temesse fazer contato visual. Me mantive com o corpo ereto e os olhos perscrutando cada rosto que se virava para me encarar, enquanto me curvava em cumprimento.

Contei rapidamente o número de pessoas na sala: dois garotos na extremidade do sofá: tão quietos que chegava a ser assustador; um sorridente ao lado de Xiumin; um muito alto sentado no chão, aos pés dos mais quietos; dois garotos conversando nas duas poltronas de frente para o sofá perolado; dois sentados no centro de tudo, os braços emboscados um no outro como se fosse normal viverem grudados; um tão quieto quanto os dois da extremidade sentado no chão ao lado da poltrona; o penúltimo rapaz chegou uns dois minutos depois, parecendo tão superior em seu porte e tão educado em suas palavras de desculpas que fiz o máximo de força para não corar; o último integrante chegou da rua cinco minutos mais tarde, os cabelos molhados pela chuva repentina que caia lá fora. Comparado aos demais presentes ele poderia ser considerado menos atrativo do que os outros, mas algo em seu sorriso e em seus olhos mexiam fundo com qualquer um que tivesse a certeza de observá-los atentamente.

—Bom..._Xiumin começou elevando a voz o máximo que podia, fazendo com que o burburinho de conversa cessasse aos poucos_Acho que essa reunião é muito bem vinda agora que temos tantas caras novas aqui na república. Acho que é importante manter o diálogo e a amizade entre todos os moradores; afinal nosso bem estar depende da nossa convivência. Portanto, eu começo sugerindo que cada um se apresente como bem aprouver.

Todos assentiram, mas ninguém ousou quebrar o silêncio que se seguiu.

Antes que Xiumin tomasse a frente novamente, uma mão se ergueu avidamente no ar, abanando afobada por atenção.

Era o garoto no centro do nosso pequeno circulo, o qual enganchava seu braço em outro rapaz com naturalidade exacerbada.

—Bem, eu sou o Baekhyun e não gosto muito de formalidades. Acho que viver junto com pessoas diferentes pode ser muito bom e as formalidades podem quebrar esse laço de companheirismo, por isso não esperem de mim nada muito clichê. Eu curso artes e adoro cantar no chuveiro, por isso não se surpreendam quando ouvir minha bela voz._o riso foi inevitável. Baekhyun parecia a pessoa certa para quebrar qualquer gelo que se formasse entre o grupo. Gostei dele exatamente por isso._Eu amo meus amigos e mais ainda meu melhor amigo._disse cutucando o rapaz ao seu lado_Esperem só coisas boas de mim, farei o possível para atingir suas expectativas.

Acho que todos ali decidiram que Baekhyun era uma ótima pessoa, até mesmo Park saiu de trás do meu corpo e ergueu os olhos em admiração.

—Vou me apresentar antes que o Baekhyun faça isso por mim._falou o rapaz ao lado dele fazendo todos rirem_Meu nome é  Chanyeol  e eu posso ser bastante barulhento quando estou animado._disse coçando a parte de trás da cabeça, sem jeito_Gosto de tocar instrumentos e estudo música.

Percebi que a personalidade de cada um parecia extremamente brilhante naquele momento o que me fez temer ainda mais minha própria apresentação, afinal eu não era boa em nada em especial, tão comum quanto a maioria dos universitários.

Uma voz baixa e gutural impregnou a sala depois que Chanyeol terminou sua apresentação. Vinha de um dos garotos quietos na extremidade do sofá.

—Não gosto muito de me apresentar com o meu nome verdadeiro, por isso podem me chamar apenas de Kris. Acho que sou bom em bastantes aspectos, mas sou realmente bom em diferentes idiomas. Curso Línguas e faço parte do time de basquete da universidade. Gosto de compor músicas também e tendo a crer que tenho talento para o desenho.

A forma simples e despreocupada com que enumerou suas qualidades fizeram os outros moradores se entreolharem, mas eu apenas fiquei lá imaginando o quão bom ele poderia ser em todas as áreas que mencionou e o quanto miserável era parecia ao lado de sua personalidade exuberante.

O rapaz ao lado de Kris deu continuidade a apresentação, um pouco menos egocêntrico do que o primeiro, embora sua pouca modéstia realmente apresentasse seu charme.

—Podem me chamar de Lay. Estudo música e estou no grupo de dança da faculdade. Gosto muito desse ramo._falou sucinto, parecendo um pouco acanhado ao finalizar sua curta apresentação.

O garoto aos pés de Lay pegou o ritmo e se apresentou:

—Sou o Tao, também estou no time de basquete da faculdade e estudo artes marciais. Posso parecer sério às vezes, mas sou bastante risonho, portanto espero que nos demos muito bem._finalizou com um sorriso gentil, diferente de minha primeira impressão sobre ele. Percebi, enquanto processava a apresentação de Tao, que haviam muitas personalidades escondidas naquele pequeno grupo e, pela primeira vez, eu estava realmente curiosa sobre elas.

—Podem me chamar de Kai. Estudo literatura, mas também estou no grupo de dança da universidade. Espero passar bons momentos ao lado de cada um aqui._disse sincero o garoto sentado em uma das poltronas, seus olhos analisando cada um presente com uma profundidade tocante.

O garoto ao lado de Kai viu no discurso do amigo um incentivo para dar fim ao seu também:

—Me chamo Kyungsoo, mas podem me chamar de D.O. Eu curso gastronomia_houve uma pequena comoção quando comida foi mencionada à fala_mas também gosto de cantar._D.O parou abruptamente, parecendo ter terminado sua apresentação. Quando todos estavam prontos para continuar a rodada D.O voltou a falar parecendo retornar a realidade_Espero que todos possamos nos dar bem ao longo dos meses. Conto com a ajuda de todos para que isso dê certo.

Depois do discurso incentivador de D.O todos pareciam ter certeza de apenas uma coisa: apesar de obviamente não ser o morador mais velho, D.O tinha o que chamamos “alma velha” que consiste na capacidade de parecer mais maduro do que sua idade real. Em menos de vinte segundos eu soube que, independente da idade de D.O, eu o ouviria sempre que necessário.

—Sou Sehun e estudo dança._simples e sucinto, mas com uma quantidade infinita de beleza. De um modo engraçado, me vi muito curiosa para desvendar o quebra cabeça que parecia ser Sehun.

O garoto ao lado de Xiumin sorriu e pude sentir meu coração me trair por breves segundos.

—Me chamo Luhan. Estudo música e dança, porque é a única coisa que faz meu coração vibrar de um modo estranho e reconfortante. Também amo jogar futebol, embora não esteja no time da universidade._ele esbanjou um sorriso e até mesmo Park pareceu se envolver na nuvem prateada que rodeava Luhan._Sou bastante sociável e estou animado para morar com vocês.

Eu queria gritar que também estava muito animada de morar com ele, mas minha integridade e meu bom senso – se é que eu tinha algum depois de vê-lo sorrir – me brecaram antes que eu soltasse um grito de vivas e começasse a chacoalhar pompons imaginários no ar.

—Olá a todos._cumprimentou o penúltimo a chegar, um sorriso radiante iluminando seu belo rosto_Podem me chamar de Suho. Eu estudo artes também, mas sou apaixonado por cantar nas horas vagas. Gosto de andar de bicicleta e se quiser um conselho ficarei satisfeito em ajudar._como se sua personalidade brilhante e boa educação não fossem o suficiente para fazer qualquer garota cair de amores, Suho finalizou sua fala se abaixando em um cumprimento respeitoso.

Definitivamente me via louca por pedir conselhos, embora todos fossem indignos demais para falar em voz alta.

O último a chegar, com seus cabelos ainda muito desgrenhados e molhados, sorriu com sinceridade, enquanto encarava o grupo distinto que se reunia em meio a sala.

—Sou o Chen e vivo e respiro música._o orgulho em sua voz era tão palpável que me fez sorrir involuntariamente_Existe muitas coisas que gosto de fazer, mas a que realmente me faz subir aos céus é a música. Sou bom no piano e espero ser melhor no futuro._disse com veracidade_Também espero fazer grandes amigos aqui e construir memórias para levar para a vida ao lado de vocês.

Todos murmuraram um contentamento pelas palavras de Chen, mas eu estava muito concentrada para falar qualquer coisa que fosse. Chen parecia tão sincero em suas palavras que aquilo me comoveu de uma forma acolhedora. De alguma forma, eu percebi que viver ali não seria um pesadelo como o imaginado, pelo contrário.

—Bem...sei que todo mundo me conhece, mas vou me apresentar mais formalmente agora._disse Xiumin já rindo_Me chamem de Xiumin, porque é muito melhor assim. Sou, apesar de minha aparência contrária, o mais velho de todos aqui, portanto eu realmente espero que todos possamos conviver pacificamente. Gosto de arrumação e me preocupo com a limpeza, ou seja: espero que todos colaborem com as tarefas, afinal somos uma espécie de família aqui. Se precisarem de uma refeição decente eu vou conseguir suprir essa necessidade, embora eu ache que D.O é muito mais qualificado para isso._ouve alguns risinhos de concordância_Gosto de esportes, mas sou atraído pela música. Faço parte do grupo de dança da universidade e trabalho como barista num café em frente à faculdade, portanto se precisarem de algo me procurem lá._finalizou com uma piscadela.

Senti a pressão do fim do discurso de Xiumin se concentrar em mim, já que Park ainda era pouco visível encolhida ao meu lado, mas, antes que eu falasse algo, a voz dela encheu o ambiente:

—Sou a Park e a mais nova do grupo. Curso desenho e estou na equipe de natação. Espero que cuidem bem de mim._ela corou na última parte o que me fez querer desviar todos os olhares que a examinavam para que ela não se tornasse parente de um tomate próximo. No fim das contas, Park era apenas uma garota que estava tão encrencada quanto eu, mas, diferente dela, eu não tinha nenhuma imagem feminina mais velha para me apoiar naquele momento.

—Me chamo Hye Sun e não tenho nada excepcional que me faça destacar na multidão. Curso piano e sou aceitável na cozinha; estou contente por perceber que podemos contar uns com os outros durante nosso tempo de convivência. Espero que nos demos bem._frases medíocres faladas por uma pessoa mais medíocre ainda, porque, decididamente, era assim que eu me sentia agora: presa no meio de um grupo de jovens excepcionais, cujo o único talento se destinava a um órgão musical pouco atrativo no mundo conturbado das músicas estridentes.

Os olhares de todos pareciam satisfeitos, embora eu não pudesse confirmar com exatidão. Até mesmo D.O, que parecia mais fechado do que os outros, assentia imperceptivelmente com a cabeça.

—Ficamos felizes em recebê-la também, Hye Sun._garantiu Xiumin, me encorajando novamente, agindo como o mais velho do grupo_Bom...agora que já nos apresentamos acho melhor partimos para a próxima e mais importante pauta: a divisão de tarefas._houve um muxoxo em uníssono, mas ninguém se ressentiu quando Xiumin apresentou um quadro de horários e afazeres minuciosamente divididos e organizados.

Quando o fim da reunião chegou todos começaram a se dispersar, afinal amanhã todos erámos comprometidos com algo. Park subiu primeiro, alegando já ter jantado no caminho para casa. Não pude fugir como ela, pois mais do que envergonhada eu estava faminta.

Alguns dos rapazes subiram para seus quartos, outros ficaram na sala conversando e outros ainda subiram para o andar de cima na pequena sala de TV. No fim das contas eu e o garoto sorridente, Luhan, fomos os únicos que optamos por comer.

Para minha felicidade, Luhan tomou a dianteira e falou que faria o que mais sabia: ramen. Por fim, acabamos os dois sentados na grande mesa que a espaçosa cozinha abrangia apreciando um delicioso ramen direto da panela.

—Uma pianista, hein?!_Luhan era fácil de puxar assunto e fazer os outros se sentirem mais confortáveis, embora sua beleza sobre humana fosse um pequeno empecilho quando o assunto era conforto.

—Sim, meus pais quase tiveram um ataque quando a filha desviou do caminho indicado e foi parar sobre as teclas de um piano.

Luhan sorriu, enquanto enfiava uma boa quantidade de ramen goela abaixo.

—Nem fale...meu pai ainda não se conformou também._disse simpático, embora a opinião do pai não parecesse o afetar em nada.

Quando a panela ficou vazia continuamos sugando até o último vestígio dela, não porque estivéssemos com fome, mas porque a conversa estava agradável e nada mais reconfortante do que conseguir se adaptar num lugar totalmente novo.

—Você precisa ir num jogo de futebol me assistir, eu sou realmente engraçando jogando bola._disse rindo de si próprio, embora eu soubesse que a última coisa que eu pensaria observando-o jogar era o quanto ele parecia “engraçado”.

—Vou fazer o possível;_garanti.

Voltei para o quarto depois de uma hora e meia pós reunião. Park, para minha alegria, tinha caído no sono, um mangá sobre a cara indicava que ela não havia chegado nem a página dez. Agindo mais protetora do que imaginara precisar agir, tirei seus óculos, ajeitei suas cobertas e guardei seu mangá.

Antes de dormir passei mais de uma hora processando todos os acontecimentos do dia. De certa forma era um alívio ter um tempo para pensar sem ser atraída pela beleza de um dos doze garotos que dividiam o mesmo teto que eu.

Eu havia gostado muito de Xiumin e conversei o suficiente com Luhan para saber que me daria bem com ele sem nenhum problema; Suho me fazia sentir um pouco desconfortável, talvez seu senso de proteção fosse meu real constrangimento; Kris, Lay, Kai e D.O podiam ser muito quietos, mas eu via a personalidade deles brilhar belamente enquanto falavam de suas paixões, embora sucintamente; Baekhyun e Chanyeol me deixavam confortáveis de um jeito que nunca imaginei ser possível, enquanto Tao me parecia a pessoa mais fofa do mundo, apesar de sua expressão durona no início; Sehun era tão impenetrável que eu estava disposta a fazê-lo se abrir, porque eu sabia que se o fizesse ele se revelaria uma pessoa muito amável; mas, de todos, Chen havia atraído minha atenção de uma forma que eu não sabia explicar. Talvez fosse apenas suas belas palavras ou o fascínio que seus olhos e sorriso exerciam sobre os telespectadores, mas, ainda assim, eu parecia extremamente e incondicionalmente atraída por essas peculiaridades.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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