Double Date escrita por Aislyn


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Presente de natal pra Kika e pras fãs de Mikatsu (Mikaru e Katsuya) e/ou Takara (Takeo e Arata/Hayato). A ideia surgiu depois de ver uma notícia falando que no Japão está bem frio e nevando por esses dias. E como Mikaru ama neve (sinta a ironia XD~), eu precisava tirar ele de casa.



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A sineta pendurada sobre a porta soou baixinha quando Hayato entrou na cafeteria, retirando o cachecol que cobria boa parte do rosto e as luvas dos dedos, satisfeito pelo ambiente quente e acolhedor.

 

A previsão marcou bastante neve para o feriado e com certeza ela não estava deixando a desejar. Se não fosse a comemoração pela data e o encontro com o namorado e os amigos, teria preferido ficar em casa, aproveitando um bom filme enrolado no cobertor, talvez tomando um vinho…

 

De longe avistou o namorado e o amigo de infância dele, que pareciam bastante distraídos com alguma conversa, ambos sorrindo cúmplices e alheios às pessoas ao redor. Se fosse antes, Hayato ficaria com ciúme daquela cena a ponto de deixar sua paranóia falar mais alto. Claro que ainda sentia um pouco, mas sabia que podia confiar no namorado, além do fato do amigo dele também estar numa relação.

 

Sorriu para os dois enquanto se aproximava da mesa, sendo retribuído pelo namorado com um sorriso mais acolhedor ainda, como que para compensar a expressão de Mikaru, que parou de sorrir no mesmo instante e encarou-o com desgosto.

 

— Boa noite!

 

— Está atrasado. – Mikaru resmungou enquanto o recém-chegado se sentava ao lado de Takeo, deixando o cachecol pendurado no encosto da cadeira.

 

— Feliz natal, koi. – Takeo cumprimentou-o com um selinho, estendendo a caneca com chocolate quente e cutucando sua bochecha vermelha pelo vento frio que pegara – Conseguiu aproveitar um pouco com sua tia?

 

— Sim, eu e o Jin nos divertimos muito. Tia Aya queria que eu fosse jantar com eles, mas avisei que já tinha compromisso.

 

— Devia ter ido, o passeio por aqui seria bem mais agradável. – Mikaru reclamou novamente, recebendo um olhar enviesado de Hayato, enquanto Takeo apenas sorria de canto com a situação. Aqueles dois não tinham jeito.

 

— Espero que receba seu namorado com esse mesmo humor adorável, já que ele também está atrasado. – Hayato alfinetou de volta, mas não estava com muita vontade de trocar farpas. Era uma data festiva e queria aproveitar se divertindo.

 

— Diferente de você, que não faz nada útil, Katsuya está trabalhando hoje. Ele vem assim que acabar o horário.

 

— Ok, chega. Trégua pro hoje, o que acham? – Takeo decidiu interferir antes que começassem a brigar de verdade.

 

Provavelmente não foi uma boa ideia fazer um encontro duplo. Não devia forçar uma amizade entre eles, mesmo que Mikaru fosse seu amigo de infância. Isso não mudava o fato que, para os olhos de Hayato, ele era também seu ex-namorado.

 

— Ele quem começou… – Hayato deu de ombros, esperando algum sinal de acordo vindo do outro, mas Mikaru apenas desviou o olhar, apoiando o rosto na mão, desinteressado.

 

— Mikaru? – Takeo insistiu com o amigo, sabendo que conseguiria uma resposta mais satisfatória.

 

— Tudo bem… – murmurou a contragosto, ainda sem encarar os dois, mas completando a seguir – Eu nem queria ter vindo…

 

— Mas veio, então que tal aproveitar? Você estava se divertindo até agora a pouco.

 

— Porque éramos só nós dois. Não tem como não aproveitar com você, Shiro.

 

— Eu ainda estou aqui.

 

— Por que me odeia tanto, Mikaru? – Hayato não aguentou o descaso naquele dia, se intrometendo na conversa – O que eu te fiz?

 

— Por que será? – mas o rapaz não parecia disposto a continuar a discussão, voltando a atenção ao café em sua xícara, tomando um longo gole.

 

Hayato suspirou pesado, decidindo deixar aquela questão de lado, pedindo também um chocolate quente quando a garçonete apareceu na mesa, deixando os lanches solicitados anteriormente pelo namorado e o amigo.

 

O casal iniciou uma conversa leve, algumas vezes trocando pequenas carícias, sorrindo ao se lembrarem de acontecimentos das festas de fim de ano anteriores que passaram juntos ou com os amigos e, durante aqueles minutos, parecia que estavam apenas os dois ali, alheios à presença das pessoas em volta e de Mikaru, que fez questão de não se intrometer na conversa, já que não se sentia bem vindo. Contudo, depois de um número considerável de lamúrias e batidas na mesa, foi impossível não notá-lo.

 

— Vai mesmo ficar resmungando a noite toda, Mikaru? – Takeo revirou os olhos, se afastando um pouco do namorado para ver se o outro se sentia mais à vontade.

 

— Ah, não, claro que não. Vou ficar aproveitando o showzinho de vocês enquanto se comem em cima da mesa. – retrucou ácido, conseguindo deixar Hayato envergonhado, mas não obteve o mesmo efeito em Takeo, que apenas riu baixinho.

 

— Logo o garoto chega e vai poder se comer com ele também. Relaxa!

 

— Não vou ficar fazendo essas coisas! Pensei que tinha me convidado pra gente aproveitar a noite, divertir e esquecer as preocupações do dia. Antes eu tivesse ficado trabalhando!

 

— Não seja ranzinza. Nós estamos nos divertindo! Temos bebidas quentes, um lugar agradável pra passar a noite, estamos bem acompanhados…

 

— Vocês dois estão! Eu estou fazendo papel de idiota e segurando vela!

 

— Não por muito tempo… – Hayato sorriu satisfeito ao ver quem entrava na cafeteria, torcendo para que a presença do garoto melhorasse o humor do colega.

 

Mikaru se virou para trás, olhando na direção da porta, mas logo voltou a atenção para sua bebida na mesa, tentando fingir desinteresse. O calor em seu peito dizia que não adiantava negar, pois estava feliz pela chegada do namorado.

 

— Desculpem a demora! As ruas estão bem movimentadas hoje.

 

— Não se preocupe, eu também cheguei faz pouco tempo. – Hayato retribuiu o sorriso do rapaz, conseguindo sentir uma nuvem negra partindo de Mikaru e vindo em sua direção. Seria sensato não ser muito amigável com o rapaz na frente do namorado.

 

Takeo acenou para uma atendente enquanto Katsuya se acomodava ao lado de Mikaru, Hayato atento aos dois, tentando esconder um sorrisinho que teimava em se formar.

 

— Oi. – o recém-chegado cumprimentou o namorado com um sussurro, sempre em dúvida sobre como abordá-lo quando estavam na frente de outras pessoas. Queria muito abraçar e beijá-lo, mas tentar um desses gestos em público era pedir para Mikaru ficar irritado, não por não gostar, mas sim por vergonha. Era incrível o quanto ele podia se expressar bem em certas ocasiões e em outras se assemelhar a uma criança perdida no meio de estranhos.

 

— Oi… – o loiro respondeu de volta usando o mesmo tom baixo, um sorriso pequeno surgindo no canto dos lábios. Talvez a noite não fosse tão ruim.

 

— Oi? É assim que voc-

 

Hayato calou ao receber de Takeo um chute na perna, num claro sinal para ficar quieto, mas o loiro havia escutado o começo e deduzido bem o final, encarando-o mais uma vez com todo o desprezo que tinha. Mas não entendia… Como eles se cumprimentavam daquela forma?! Um simples ‘oi’? Cadê o beijo, ou um abraço, um toque carinhoso? Era impossível que eles se cumprimentassem sempre tão secos! Perguntaria para Katsuya na primeira oportunidade. O garoto contaria os detalhes.

 

Sem falar que Katsuya mesmo estava pensando naquilo. No quanto era estranho o modo de cumprimentar o namorado. Via os amigos correndo pra perto das namoradas, abraçando e girando a pessoa no ar, dando flores, beijos no rosto. Por que ele não podia fazer aquilo? Lá no fundo, sentia um pouco de inveja da relação de Hayato e Takeo.

 

Sobressaltou-se ao sentir dedos frios segurando os seus por baixo da mesa, olhando de lado apenas para confirmar que era Mikaru, fazendo um sorriso satisfeito surgiu em seus lábios. Não era um beijo, mas mostrava que o loiro estava atento à ele, demonstrando do seu jeito.

 

Takeo apoiou o braço no encosto da cadeira de Hayato, se inclinando em sua direção, os lábios roçando em seu ouvido num afago.

 

— Hei, morango… por que você não para de implicar com o Mikaru e me dá um pouco de atenção? Eu vou ficar com ciúmes, sabe…

 

— Koi, você tem que concordar que é estranha a maneira dele agir… Qual o problema em dar as boas vindas de um jeito normal? – sussurrou para o namorado, o olhar ainda vagando até o casal à frente.

 

— É o que é normal? Provocar em público? Ficar apertando a minha perna como certa pessoa estava fazendo? Passando a língua pela borda da caneca? Acha que não notei, morango?

 

— Eu só estava aproveitando a bebida… – mas o olhar que lançou à Takeo não tinha nada de inocente, pelo contrário, prometia algo bem mais provocante para tarde da noite.

 

— Claro… então deixe o casal ali aproveitar do jeito deles, porque eu tenho certeza que Mikaru só se controla na sua frente. Provavelmente, ele é tão santo quanto você, quando está sozinho com o namorado.

 

— Acha? E por que ele se controlaria só perto de mim?

 

— Hmm… porque você iria zombar dele, como fez com o ‘oi’ de antes. Porque ele não gosta de mostrar que se diverte quando você está por perto. Porque ele gosta de me usar pra te provocar e não vai conseguir isso se baixar a guarda. Consigo imaginar vários motivos.

 

— Eu não gosto de ver que você o conhece bem… não gosto de lembrar que já tiveram um passado juntos. – Hayato mordiscou o lábio de leve, se segurando para não levar os dedos ao local, num tique tão conhecido.

 

— Eu também não gosto de lembrar do passado de vocês juntos. – e ao receber um olhar curioso, Takeo sorriu de canto, continuando – Na época em que tentavam se matar a cada cinco minutos! Era estressante!

 

— Desculpe. Você sabe que ele era terrível. – sorriu timidamente, mas não tão envergonhado ou culpado quanto achou que poderia estar. Não se lamentava tanto por aquela época, agora que havia passado. Foi bom para aprofundar mais a relação com o namorado, avançar alguns passos e perceber que seus sentimentos eram mais fortes do que imaginava.

 

— Sei… sei também que você sempre foi um santo. – riu baixinho, arrancando um sorriso fofo do namorado, que lhe presenteou com um selinho.

 

— Meu namorado quem me levou para o mau caminho… – sussurrou como numa confissão, sorrindo travesso.

 

— Ah, foi? Acho que hoje a noite ele quer te mostrar um caminho novo…

 

— Só precisa apontar a direção.

 

Takeo ia responder novamente, quando as luzes no salão se apagaram, deixando todos na penumbra. A movimentação ao redor parou, como se tudo congelasse ali dentro. A meia-noite se aproximava e a cafeteria faria algo para os casais comemorarem, afinal, a data no país era algo voltado mais para os namorados do que para os motivos religiosos.

 

Hayato vislumbrou um movimento bem à sua frente, a boca se abrindo aos poucos ao perceber o que Katsuya estava fazendo, e o mais chocante, não foi repelido e estava sendo correspondido! O garoto teve a ousadia de aproveitar a pouca luz para beijar Mikaru!

 

— Safado! – mas o som foi abafado ao ter os lábios de Takeo cobrindo os seus, imitando o gesto do outro casal.

 

— Eu pensei que tinha dito pra prestar atenção em mim… – murmurou em tom rouco, os dedos descendo pelo pescoço do namorado enquanto aprofundava o beijo.

 

Hayato se deixou levar, sendo muito bem distraído para sequer pensar no que os amigos estavam fazendo à frente, ou se mais alguém os veria. Teria tempo para implicar com o loiro ranzinza e para pedir detalhes do que aconteceu ao garoto, mas depois. Agora queria aproveitar a noite de natal.


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Notas finais do capítulo

FIM.

Feliz Natal =^-^=



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