All I Want For Christmas Is You escrita por FaberryLover


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera? Desculpe pelo sumiço em HTSAL, mas esse final de ano foi muito corrido pra mim! Ano que vem estarei de volta!

Então, ano passado a Metacase fez uma coletânea de one-shots faberry de Natal que contou com a participação de várias autoras, mas infelizmente a pequena história que eu estava escrevendo virou algo gigante e eu não consegui terminar a tempo e acabei não postando.

Essa história ficou na gaveta o ano inteiro e umas semanas atrás resolvi voltar a ela e postar pra esse Natal! E aí ela ficou mais gigante ainda! Rs Então já peço desculpas adiantadas pelo tamanho!

Como o motivo da existência dessa história foi a maravilhosa ideia da Metacase ano passado, dedico essa história a ela!

Divirtam-se!

Ps: as partes em itálico são flashbacks.



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Era uma manhã fria de dezembro, em que a maioria das pessoas da sua idade encontravam-se em suas camas, aproveitando as tão esperadas férias de inverno depois de um semestre desgastante na faculdade. Mas não ela, Rachel Berry. Ela, ao invés disso, estava saindo de seu prédio às 6 horas da manhã para enfrentar o tempo frio e chegar a NYADA, onde uma aula de dança a esperava. E a culpada por aquilo era Cassandra July.

A professora simplesmente havia reprovado toda a turma de dança daquele semestre, sem exceção, não restando outra alternativa a Carmem Tibideoux a não ser abrir uma classe de inverno para que os alunos tivessem mais uma chance antes do próximo semestre. Não que Rachel esperasse ser uma exceção daquela vez. Contudo, isso não se tratava de qualquer demérito de sua parte, mas sim da perseguição que Cassandra exercia sobre ela desde o primeiro dia de aula. Então se Cassandra decidisse reprovar alguém, ela sabia que seria a primeira da fila.

O que não a impedia de se sentir extremamente revoltada por uma série de motivos. O primeiro e maior deles era que por causa disso ela não poderia ir para Lima no Natal ou no Ano Novo. Todos iriam estar em Lima para as festas de fim de ano, menos ela e talvez Finn, e ela estava morrendo de saudades de todos os amigos e triste por ter que descumprir a promessa de passar todos os feriados em casa para que eles pudessem se reencontrar sempre. Nem parecia que dois meses atrás eles haviam se reencontrado no feriado de Ação de Graças, parecia que ela não via os amigos há séculos.

O segundo motivo, apesar de menor, não era menos revoltante. Kurt e Santana estavam, nesse exato momento, dormindo confortavelmente em suas respectivas camas, de malas prontas para Lima, enquanto ela estava tendo que enfrentar aquela manhã fria para ir para aula. Kurt chegara até mesmo a dizer na noite anterior que se considerava sortudo por não ter entrado em NYADA naquele semestre, podendo aproveitar o Natal com sua família e Blaine.

E Santana... bem, era Santana. Embora ela estivesse rindo dela há dias a fio desde que soubera o que Cassandra July fizera, Rachel sabia que a latina estava triste por ela ter que passar o Natal sozinha. Apesar dos inúmeros problemas que ocorreram no início da convivência entre elas, o que Rachel havia tido certeza que iria acontecer assim que a latina batera em sua porta, ela não havia se arrependido da oferta. Elas, depois de algum tempo, conseguiram desenvolver uma espécie de amizade, assim como a latina e Kurt, o que só havia acrescentado ao fato de que viver em NY com seus amigos era um sonho se tornando realidade para Rachel.

Aliás, sua amizade com Santana era só uma das inúmeras coisas que haviam mudado para melhor em sua vida. A mudança começava, definitivamente, com o término entre ela e Finn pouco depois que ela soube que havia entrado em NYADA e ele não havia conseguido a mesma sorte no teste que fizera. Tudo que estava desmoronando aos poucos no relacionamento deles acabou por cair de vez a partir do momento que a realidade da vida pós-formatura começou a bater na porta.

Então ela finalmente reuniu a coragem necessária e admitiu para si mesma que seu relacionamento com o moreno havia chegado ao fim havia um bom tempo. E Finn finalmente havia reconhecido que por mais que tentasse, Rachel e ele eram destinados a seguir caminhos diferentes na vida. Ele havia partido para o Exército logo após a formatura e o verão que a morena havia passado em Lima antes de se mudar para NY fora o melhor verão de todos os tempos.

E o motivo disso era outra grande mudança em sua vida. Quinn Fabray. Elas haviam dançado em torno de uma possível amizade pela maior parte do último ano no McKinley, mas depois do acidente que a loira sofrera, todos os motivos pelos quais ambas sentiam receio em se aproximar haviam se tornado irrelevantes. Rachel fora forçada a se deparar com a possibilidade de perder a loira para sempre e Quinn fora forçada a se dar conta do que realmente importava em sua vida. Isso acabou por desfazer as últimas amarras que as impediam de reconhecer que sim, Quinn Fabray e Rachel Berry se gostavam e nutriam uma amizade uma pela outra.

Dali em diante pareceu que ela e Quinn queriam recuperar todo o tempo perdido entre brigas, mal-entendidos e subentendidos, como se nunca tivesse existido qualquer inimizade entre elas algum dia. Esbarrões aleatórios pelos corredores se transformaram em conversas, sorrisos se transformaram em risadas, encontros casuais passaram a ser encontros marcados, desencontros viraram motivo de procura, desentendimentos se transformaram em perdão, a distância passou a causar saudade e meias palavras agora formavam frases inteiras e sinceras.

Elas haviam passado o verão inteiro tomando decisões difíceis como em qual casa elas iriam passar a tarde nadando e tomando sol, entre escolher passar o dia assistindo a uma maratona de filmes e comer pizza ou ir ao cinema e comer pipoca, entre ir às compras ou fazer um passeio pelo parque, entre noites do pijama e festas, entre risadas e gargalhadas, entre ver Santana correndo atrás de Puck porque ele havia empurrado a latina na piscina ou assistir a um Kurt completamente bêbado subir na mesa com Brittany, tirar a camisa e começar a dançar.

Mas essas não eram a melhor parte. A melhor parte era que apesar do verão ter chegado ao fim e Quinn ter ido para New Haven e ela para NY, a amizade entre elas havia permanecido através mensagens e telefonemas, finais de semana compartilhados em New Haven ou NY, desabafos no meio da madrugada e viagens de trem inesperadas. Rachel podia dizer, sem sombra de dúvidas, que Quinn Fabray havia se tornado sua melhor amiga e um dos motivos pelos quais ela estava realmente infeliz por ter que ficar em NY enquanto a loira, Kurt e Santana iriam para Lima.

O apito do metrô chamou sua atenção e ela desceu na estação, passando pela roleta e subindo rapidamente as escadas em direção ao prédio do outro lado da rua. Ela não queria chegar atrasada e dar mais um motivo para que Cassandra destilasse seu desagradável mau humor diário. Ao entrar na sala, ela se sentiu ao menos reconfortada ao perceber que seus colegas de classe pareciam estar no mesmo estado de espírito que o dela. Pouco tempo depois Cassandra entrou na sala e Rachel imediatamente assumiu a postura devida. Apesar de tudo, ela estava ali para aprender e era isso que ela faria. 

A aula durou a maior parte da manhã e ela correu a porta do loft com uma expressão cansada no rosto, expressão que logo se transformou em uma de tristeza ao ver Kurt e Santana sentados no sofá com suas malas ao canto.

“Finalmente, Berry!” Santana falou, levantando do sofá.

“Vocês já estão indo?” Ela perguntou, sem conseguir tirar o tom de tristeza em sua voz.

Santana e Kurt compartilharam um olhar solidário e o moreno se levantou também, indo em direção a Rachel e abraçando-a.

“Já, Rach. Só estávamos esperando você chegar. Não íamos embora sem despedir de você.”

“E por isso estamos atrasados. Vamos logo, Porcelana.” Santana repreendeu, vendo Kurt pegar sua mala e se dirigindo a morena. “Se cuida, ok?” Ela falou num tom baixo.

A morena assentiu e envolveu seus braços em volta da latina em um abraço rápido, mas carinhoso. “Espero vocês no Ano Novo?”

Santana se afastou. “Pode apostar, Berry. A Britt está doida para ver a bola cair e essa merda toda.”

“O Blaine também não fala de outra coisa.” Kurt acrescentou.

Santana correu a porta e eles acenaram uma última vez para a morena.

“Avisem quando chegarem!” Rachel pediu.

A latina revirou os olhos e saiu. Kurt confirmou com a cabeça e mandou um beijo para ela, saindo logo em seguida e fechando a porta do loft.

Rachel suspirou, olhando em volta. Eles mal tinham saído e ela já estava se sentindo sozinha. Ela pegou o celular, pensando em mandar uma mensagem para Quinn, falando para ela também avisar quando chegasse e evitar que ela morresse de preocupação, mas ela percebeu que a loira já havia se adiantado e mandado uma mensagem dizendo para ela não se preocupar, que ela ligaria para a morena assim que chegasse.

Rachel sorriu e respondeu, vendo que outra pessoa também havia lhe deixado uma mensagem. Era Brody convidando ela mais uma vez para passar o Natal com ele e seus amigos de NYADA. Eles dariam uma festa na casa de um deles e parecia que todos que estavam em NY iriam, não se falava de outra coisa pelos corredores nos últimos dias de aula. Ela não estava particularmente animada para ir, mas talvez aquela fosse a única coisa a se fazer e era melhor do que passar o Natal sozinha naquele apartamento.

Ela jogou o celular no sofá e olhou em volta, a árvore de Natal completamente decorada e piscando como sua única companhia.

Rachel parou em frente a porta do loft, tentando recuperar o fôlego que havia perdido subindo as escadas e sustentando o peso de inúmeras sacolas.

“Sério, Rach? Alguns degraus e você já está morrendo desse jeito?” Quinn falou logo atrás dela, também carregando várias sacolas, mas andando como se estivesse caminhando pelo parque.

A morena bufou e depositou as sacolas de sua mão direita no chão, batendo na porta e gritando um estressado “Santana, abre!” antes de se virar para Quinn. “Fique sabendo que eu estou em excelentes condições físicas, Fabray!”

A loira riu ao mesmo tempo em que a porta foi aberta, uma latina mal-humorada aparecendo. “Na próxima pendure a chave no seu pescoço, Berry.” Ela disse antes de dar espaço para que ela e Quinn entrassem. “Dios mio! Vocês compraram toda a 5th Avenue?”

“Eu levei a minha chave, Santana. Só estava carregando muitas coisas pra caçar ela na minha bolsa, achei mais fácil bater.”

“Alguém pode me dizer o que é isso?” A latina pareceu não prestar atenção no que a morena havia dito.

“Enfeites de Natal!” Quinn respondeu, completamente animada.

“Acho que você vai ter que devolvê-los para o buraco de onde eles vieram.” Santana disse, fazendo a loira arquear a sobrancelha. “Não sei se você reparou, mas vocês esqueceram de algo muito importante.”

“E o que seria?” A loira perguntou, já tendo deixado as sacolas na mesa e retirando o cachecol.

“Vocês vão pendurar esses enfeites onde? Até a última vez que eu chequei, o nariz da Rachel não era tão grande assim.”

“Há há há... muito engraçado, Santana, realmente.” Rachel respondeu. “Mas nós não esquecemos de nada. Na verdade...”

A porta do loft se abriu pela segunda vez, entrando por ela um Kurt completamente esbaforido e um rapaz novo, mas forte, ambos carregando uma árvore de Natal.

“Vocês só podem estar brincando comigo!” A latina revirou os olhos, mas sem conseguir esconder a surpresa.

“Uma ajuda seria de bom tamanho, se alguém não se incomodar.” Kurt disse, fazendo com que as três rapidamente fossem ajudar.

Depois de meia hora para decidir onde a árvore ficaria e mais meia hora para que Rachel finalmente se desse por satisfeita com o seu posicionamento, eles finalmente começaram a abrir as sacolas com os enfeites e a desenrolar os pisca-piscas.

“Para quem ficou falando de cinco em cinco segundos que isso era um completo desperdício de tempo, dinheiro e espaço, até que a ela está se divertindo bastante.” Quinn comentou baixinho para Rachel enquanto elas desembrulhavam os últimos enfeites, indicando com a cabeça para onde a latina pendurava uma série de bolas vermelhas na árvore aos risos com Kurt, a todo momento tirando fotos e enviando para Brittany.

Rachel riu e balançou a cabeça. “Eu acho que eu já sei qual é a da Santana.” Ela disse, sussurrando em tom de mistério. “Ela quer que todos pensem que ela é badass para que ninguém descubra o quanto ela é doce e gentil por dentro.”

Quinn riu pelo nariz. “Doce e gentil? A Santana?”

“Ok. Talvez não exatamente doce e gentil, só... uma pessoa melhor do que aparenta, tipo... ahh, você entendeu!” Ela disse, empurrando o ombro de Quinn com o seu enquanto a loira soltava risadinhas.

“Concordo com você. Ela é assim mesmo.” Quinn finalmente concedeu.

“Então, prontos?” A morena perguntou, agora em um tom normal para que Kurt e Santana também ouvissem.

“Para o quê, exatamente??” A latina perguntou.

Rachel desembrulhou a última caixa, retirando dela uma enorme estrela dourada e entregando a Kurt, sabendo que ela jamais alcançaria o topo da árvore, se contentando em pegar seu celular para registrar aquele momento. Kurt botou a estrela na ponta e Quinn ligou as luzes. Os olhos da morena marejaram. Era a primeira árvore de Natal que ela montava sem seus pais e era a primeira árvore que ela montava em NY, a cidade que guardava todos os seus sonhos. Aquilo lhe causava ao mesmo tempo um sentimento de profunda tristeza e imensa alegria.

Quinn se juntou a ela, admirando também o belo trabalho que eles haviam feito. Ela não disse nada, somente abraçando a morena de lado e Rachel soube que a loira sabia exatamente como ela estava sentindo naquele momento.

“Obrigada.” A morena disse, olhando para Quinn. “Por estar aqui, por ter andado a cidade inteira comigo atrás de todas essas coisas e não ter reclamado nenhuma vez, por ter feito questão de vir para cá esse final de semana e fazer parte disso, por-”

“Por nada, Rach. Para com isso. Eu queria estar aqui com vocês.” A loira disse, um sorriso sincero no rosto. “Com você.” Ela sussurrou, seus olhares se cruzando e por um momento Rachel podia jurar que os olhos de Quinn estavam tentando dizer a ela algo mais. Mas o instante passou assim como veio e logo Quinn estava dizendo “Mas eu ainda acho que falta algo nessa árvore, não?”

Rachel assumiu uma expressão confusa e viu a loira sumir e voltar com um pequeno embrulho em mãos, voltando para junto da morena e oferecendo a ela. “Pra você.”

A morena abriu as mãos para receber o que parecia ser uma pequena caixa, olhando do presente para Quinn e de Quinn para o presente. “Pra mim?”

“Não, Berry, para o Papa. Abre logo isso que eu quero ver o que a Fabray aprontou dessa vez.” Santana falou alto, interrompendo o momento.

Rachel olhou para Quinn mais uma vez.

“Abre.” A loira incentivou.

Rachel finalmente abriu, retirando a tampa de uma pequena caixa e arregalando os olhos. “Quinn... isso é o que eu estou pensando?”

“É exatamente o que você está pensando.” A loira confirmou, sorrindo.

“Oh, meu Deus, Quinn!” Rachel gritou, abraçando a loira sem desviar os olhos do presente que acabara de receber.

Santana aproveitou o momento para arrancar a caixa das mãos de Rachel e finalmente retirar o presente de lá. “Tudo isso por um enfeite de Natal com uma bruxa verde desenhada nele?” A latina disse, balançando a fitinha que segurava o objeto.

Kurt arfou. “Me dá isso aqui, Santana!” O moreno rapidamente pegou o enfeite e guardou de volta na caixa. “Esse é um enfeite de Natal personalizado de Wicked, de fabricação única e quantidade limitada que foi produzido em 2010 e que trazia os vários personagens da peça. Esse é da Elphaba, com a assinatura de Idina Menzel, que interpretou o papel.”

“Exatamente!” Rachel confirmou, se desvencilhando da loira e pegando a caixa. Com os olhos brilhando, ela retirou cuidadosamente o enfeite e escolheu uma posição central na árvore para botá-lo com mais cuidado ainda. Depois de admirar o presente por mais alguns instantes, ela se virou novamente para Quinn, os olhos castanhos marejados e enormes.

“Nem pense em agradecer de novo.” Quinn rapidamente falou. “Não foi nada demais.”

“Como assim não foi nada demais? Como assim não foi nada demais? Eu nem consigo... como você comprou isso sem que eu percebesse? Aliás, onde foi que você achou isso?”

A loira riu. “Simples. Eu já tinha comprado ele antes, trouxe comigo de New Haven. Eu arrematei ele em um leilão no e-Bay. Você comentou que queria montar uma árvore e eu sabia que não podia faltar algo que representasse a Broadway nela.” Ela finalizou, dando de ombros.

A morena balançou a cabeça, ainda sem acreditar no que a loira havia feito, e a abraçou mais uma vez. “Obrigada, Quinn. De verdade. Eu nem sei o que dizer.” Ela realmente não sabia o que dizer, então ela só apertou a loira mais ainda em seus braços, sendo prontamente correspondida.

“Ok, ok. Já entendi que a bruxa verde é muito importante e essa baboseira toda, mas esse trabalho todo me deixou com fome. Então vamos parar de melação que tem um lugar que eu descobri aqui perto que vende o melhor hambúrguer de bacon que você vai comer na sua vida, Fabray. E sim, Rachel. Lá tem essas imitações de hambúrguer que você come.” A latina respondeu antes mesmo que a morena pudesse se manifestar.

Rachel revirou os olhos e pegou o seu casaco, esperando Quinn botar o seu antes dos quatro saírem, não sem antes dar mais uma olhada na linda árvore de Natal que agora iluminava o ambiente...

Rachel sorriu com a lembrança. O carinho e a consideração que a loira tivera com ela ainda lhe deixava com um sorriso bobo no rosto. Ela passou pela árvore, correndo os dedos pelo presente, um hábito que ela tinha adquirido, e parou em frente à janela para admirar a vista, uma fina camada de neve cobrindo as ruas e prédios, deixando a cidade ainda mais bonita.

Desde criança, ela sempre amara a neve, pedindo para que seus pais a agasalhassem para que ela pudesse brincar no quintal ou então pudesse ir para rua brincar com as outras crianças até o escurecer. Quando crescera, ela não saía mais para brincar, mas sempre gostava de parar em frente à janela do quarto e ficar admirando o cair dos flocos.

Mas não fazia muito tempo que ela havia voltado a ser criança...

Rachel não sabia que horas eram, ela só sabia que era domingo e que devia ser bem cedo, porque seu alarme ainda não despertara, e que alguém parecia estar lhe chamando.

“Rachel... Rach, acorda...”

A morena abriu os olhos e deu de cara com Quinn. A loira estava completamente arrumada e com um olhar animado no rosto para aquela hora da manhã.

“Quinn?” Ela franziu as sobrancelhas, se sentando na cama e esfregando os olhos. “Não é muito cedo para você ir embora?” Ela perguntou. A loira estava passando aquele final de semana em NY com ela, Kurt e Santana.

A loira riu. “Não estou indo embora, Rach. Só acordei e reparei que está nevando, então pensei que a gente podia aproveitar essa linda manhã de neve para um passeio no Central Park...”

“Como você adivinhou, Fabray?”

“Adivinhei o quê?” Perguntou a loira, confusa.

“Que eu estava doida para ver como fica o Central Park quando está nevando...”

“Isso é um sim?”

“Isso com certeza é um sim! Me dê um minuto para me arrumar.” Rachel disse, já se levantando da cama.

“Ok. Vou preparando o café enquanto isso. Chamo o Kurt e a Santana?”

“Bom, o Kurt você pode até tentar, mas a Santana certamente é um desperdício do seu tempo.”

“Foi o que imaginei.” Quinn disse, rindo. “Não demore.” Ela avisou, antes de sair do quarto.

Acabou que Kurt não estava a fim de ir, então logo elas estavam em frente ao parque, surpreendidas mais uma vez com a beleza do lugar, agora coberto por uma fina camada de neve que deixava a paisagem ainda mais especial. Rachel enganchou seu braço no de Quinn e elas entraram no parque, seus pés já caindo no familiar caminho que elas gostavam de fazer.

“Eu amo a neve.” Rachel comentou, o rosto rosado pelo frio e nos lábios vermelhos um sorriso.

“Eu sei.” Quinn respondeu, enquanto elas paravam em frente a uma fonte parcialmente congelada e Rachel desvencilhava o braço do seu para alcançar o celular e tirar algumas fotos, a loira permanecendo atrás de si. “Foi por isso que eu te trouxe aqui. Bom, não só por isso, mas porque eu também amo a neve e porque eu queria muito fazer algo...” A loira finalizou, deixando a frase no ar.

A morena, curiosa, virou para perguntar o que exatamente Quinn poderia querer fazer ali, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, foi atingida por uma bola de neve que bateu em cheio no seu rosto, ouvindo a gargalhada de Quinn.

“Isso!” A loira respondeu, ainda rindo e se aproveitando do choque momentâneo de Rachel para pegar outro monte de neve em suas mãos.

Mas Rachel não iria deixar barato aquilo. Todos aqueles anos brincando na rua com seus vizinhos finalmente vieram a calhar e ela e Quinn começaram uma guerra épica de bola de neve bem ali, no meio do Central Park, até as pernas ficarem bambas de tentarem correr na neve e o ar muito difícil de ser respirado, tanto pela falta de fôlego quanto pelos risos.

Rachel foi a primeira a se render, se jogando no chão coberto de neve e levando Quinn com ela. “Foi... uma bela... guerra.” Ela disse, ainda tentando recuperar o fôlego.

“Até... parece. Eu... acabei com você... Berry.” A loira provocou.

Um instante depois a loira sentiu um punhado de neve atingir seu rosto. “Só nos seus sonhos, Fabray.” Revidou a morena, sem conseguir esconder o riso na voz.

“Se prepare para pagar por isso...” A loira ameaçou antes de levantar num movimento só, fazendo Rachel também se levantar rapidamente e começar a correr mais uma vez, o riso de ambas ecoando pela aquela fria manhã de domingo.

Rachel sorriu saudosa com a memória, se encaminhando para cozinha para preparar algo rápido de almoço e decidindo por fazer um sanduíche simples e aproveitar o tempo para ligar para os seus pais. Eles não poderiam ir para NY em razão do trabalho e Rachel acabou insistindo que eles viessem com mais folga no Ano Novo, juntamente com os outros.

Eram três horas da tarde quando ela acordou assustada, se dando conta de que havia caído no sono no sofá logo depois de desligar o telefone com seus pais, o cansaço do seu corpo tendo levado a melhor. Ela levantou lentamente e percebeu que ainda estava com a roupa que chegara da aula, decidindo por um banho, uma roupa confortável e depois um café para despertar daquele estado de sonolência e não acabar atrapalhando sua rotina.

Rachel saiu do banho alguns minutos depois, enrolada somente numa toalha e o cabelo já preso em um coque solto. Caçando alguma roupa confortável para vestir naquele frio, ela acabou se deparando com uma blusa de moletom de Yale que ela tinha certeza que Quinn deveria ter esquecido ali em sua última visita.

Rachel adorava aquela blusa. Para ser completamente sincera, o que Rachel adorava era ver Quinn naquela blusa enquanto andava pelo loft, se sentindo em casa. A morena pegou a peça e trouxe para o nariz, o cheiro de Quinn ainda fortemente impregnado no tecido e fazendo a morena fechar os olhos. Sem querer, a imagem da loira dormindo com aquela blusa em sua cama se fez presente. A imagem era real, era uma cena que Rachel havia presenciado mais de uma vez e provavelmente jamais cansaria de presenciar.

Quinn era linda, dolorosamente linda. Mas tinha algo sobre sua beleza ao dormir, as feições do seu rosto tranquilas e inocentes, como se Quinn estivesse tendo o melhor dos sonhos, que sempre fazia a morena sorrir. A loira sempre parecia tão em paz e sempre acordava com um sorriso preguiçoso no rosto, o cabelo completamente desgrenhado e se espreguiçando sobre os seus lençóis e ainda assim continuava sendo a garota mais bonita que Rachel já tinha visto. Garota não, mulher. Se a Quinn adolescente era linda, a Quinn mulher era estonteante.

A morena então corou profusamente, ainda que estivesse sozinha. Quinn era linda e possuía um corpo perfeito, sob medida. Todos sabiam disso. Santana mesmo vivia comentando e provocando a loira, até mesmo Kurt comentava uma coisa ou outra sobre isso, sempre elogiando Quinn. Não era nada demais.

Assim como não era nada demais ela vestir a blusa de Quinn e foi o que ela fez. Não era qualquer pessoa que tinha o orgulho de dizer que sua melhor amiga estudava em Yale. Parecia bobo, mas aquela simples peça que carregava o cheiro de Quinn fez com que ela não se sentisse mais tão sozinha ao caminhar em direção à cozinha e começar a preparar o café. Fazia sentido afinal, pois a loira sempre estava ao seu lado, mesmo que não fisicamente, ela pensou enquanto abria o armário e pegava sua caneca favorita que, coincidentemente, também lhe lembrava a loira.

A caneca havia sido um presente de Quinn quando ela fora pela primeira vez em New Haven. Ela e Quinn possuíam uma paixão por café e ela havia se apossado da caneca de Quinn nos dias que havia passado lá. Ela tinha os dizeres “Keep calm and live in New Haven”. A loira não tinha tardado a comprar uma caneca idêntica para Rachel, mas com os dizeres “Keep calm and love New Haven”. Rachel realmente havia se apaixonado pela cidade, tanto quanto Quinn havia se apaixonado por NY.

Quinn dissera que havia comprado a caneca para que Rachel a usasse sempre que a visitasse, mas a morena havia insistido em levá-la para NY para ter uma lembrança da cidade e de Quinn quando estivesse longe. Não havia demorado para ela comprar uma caneca com os dizeres “I love New York” para Quinn e assim a caneca que era da loira havia se tornado definitivamente sua sempre que ia para lá, já que agora Quinn só usava a que ela havia dado. A loira dizia que aquele tinha sido o plano de Rachel desde o início.

Rachel fechou os olhos, saboreando o cheiro do café recém-feito que já se espalhava pela casa. Ela ia se servir quando ouviu batidas na porta, prontamente indo para sala verificar quem poderia ser. Era provavelmente o vizinho de baixo querendo reclamar sobre alguma coisa, como sempre. Ela correu a porta do loft e qual não foi a sua surpresa ao dar de cara com uma Quinn Fabray completamente agasalhada, o rosto vermelho pelo frio, uma mala ao seu lado e um sorriso singelo no rosto.

“Quinn??” A morena arregalou os olhos, imediatamente indo abraçar a loira. “Oh, meu Deus, eu estava pensando em você agora mesmo. O que você está fazendo aqui? E o seu voo para casa?” Rachel perguntou afobada em seu pescoço, se desfazendo do abraço e puxando a loira para dentro.

“Eu não podia deixar você passar o seu Natal sozinha, Rach. Isso não se faz.” A loira explicou, retirando seu casaco e cachecol e olhando para a morena.

“Como assim? Você vai passar o Natal comigo? E o seu voo?”

Quinn riu do estado perplexo da morena e sentou no sofá, gesticulando para Rachel sentar ao seu lado. A morena atendeu prontamente.

“Nunca teve voo nenhum, Rach. Eu já estava planejando passar o Natal aqui desde que você disse que não poderia ir pra Lima. Só queria fazer uma surpresa.” Ela deu de ombros.

Rachel não se conteve e abraçou a loira novamente. “Você é louca, Quinn Fabray.” Ela se limitou a dizer no ouvido da loira, tentando transmitir naquele abraço toda a gratidão que sentia pelo gesto, seus dedos deslizando de forma carinhosa pelos ombros de Quinn. Ela podia jurar que tinha ouvido a loira suspirar, mas então Quinn saiu lentamente de seus braços, um sorriso tímido no rosto.

“Mas e a sua mãe?” A morena logo perguntou.

“Ela vai passar o Natal com a minha irmã. Eu disse que tinha um curso de inverno que eu queria fazer e Frannie já tinha feito o convite. Ela ficou um pouco triste por eu não ir junto, mas entendeu. Tudo pelos meus estudos.” Quinn falou e sorriu marota.

“Eu não acredito que você mentiu pra sua mãe pra passar o Natal comigo! E ainda tem todos os nossos amigos em Lima, esperando você...”

“Você é mais importante.” A loira não titubeou em dizer, parecendo só depois se tocar do que havia dito, suas bochechas se avermelhando. “Q-Quer dizer...” Ela gaguejou, ignorando que naquele momento Rachel tentava entender porque seu coração acabara de disparar em seu peito com aquela confissão sincera. “Você é minha melhor amiga.” 

Rachel forçou um sorriso. “Claro. Melhores amigas... nós somos.” Foi o que a morena conseguiu dizer, parecendo ter incorporado o Mestre Yoda naquele momento.

“É...” A loira confirmou, limpando a garganta.

O som fez a morena despertar daquele clima estranho que havia se instalado, se levantando. “Bom, vou levar suas coisas para o quarto. Você deu sorte, Fabray, acabei de fazer café.” Ela disse, indo para o seu quarto com a mala de Quinn.

“Eu ia mesmo perguntar o que era esse cheiro maravilhoso.” Quinn comentou, assistindo a morena realmente levar suas coisas para o seu quarto, mesmo os de Kurt e Santana estando vagos, fazendo com que um ligeiro sorriso aparecesse nos lábios da loira antes dela se levantar e ir para a cozinha. Quando Rachel entrou na cozinha, o café já estava a sua espera. Ela se sentou de frente para a loira e tomou um gole da bebida quente, apreciando o gosto.

“Gostei da caneca.” Quinn comentou.

“Há há. Como se não fosse a milésima vez que você me visse usando ela.” Rachel revirou os olhos.

“Quando eu estou aqui. Você poderia estar fazendo isso só para me agradar. Mas depois de ver ela na bancada agora sim eu sei que você realmente gostou dela.” A loira piscou.

“É a minha preferida, Q. Me lembra New Haven e você.” A morena falou, causando um arquear de sobrancelha da loira pela forma com que Rachel dissera aquilo.

“Então... Kurt e Santana já estavam sabendo dessa sua estripulia?” Rachel mudou de assunto.

“Não... imaginei que o Kurt não conseguiria guardar segredo com você resmungando e andando triste pelos cantos.”

“Quinn Fabray! Fique sabendo que eu não fiz tal coisa!” Rachel falou indignada.

Quinn se limitou a rir. “Engraçado, foi exatamente o que ele e Santana me disseram...” A loira ironizou e ambas caíram naquela familiar implicância que talvez fosse a única coisa que não tinha mudado entre elas.

Logo elas estavam conversando sobre as últimas notícias que elas tinham dos amigos, o que se transformou em Quinn contando a briga que ela tinha presenciado entre sua colega de quarto e amiga, Hannah, e o namorado e Rachel finalmente contando com detalhes o que tinha acontecido quando Cassandra July havia soltado a notícia de que todos estavam reprovados aquele semestre.

“Vadia.” Quinn comentou.

“De fato.” Rachel riu sem animação. “E eu tenho aula amanhã e depois de amanhã ainda, você consegue acreditar nisso?”

“Nossa, Rach. Que merda. Mas não se preocupe que nesses dois dias eu durmo por mim e por você!” A loira brincou, rindo. 

“E eu pensando que pelo menos você seria solidária com a minha situação...”

“Mas eu sou. Tanto que agora eu vou tomar um bom banho enquanto você vai ligar para aquele restaurante chinês que você sabe que eu amo e nós vamos passar uma noite relaxante vendo seus filmes favoritos enquanto comemos a melhor comida chinesa de NY!”

“Sério?”

“Seríssimo, Berry.” Quinn falou, se levantando da mesa. “Estou sonhando com aquele peixe apimentado há dias!”

Já era noite quando elas finalmente sentaram no sofá, os pratos em mãos e o filme a postos. Antes da metade do primeiro filme Rachel teve que levantar para pegar um cobertor, estava realmente muito frio.

“O meu moletom ficou bem em você.” Quinn finalmente comentou ao ver a morena voltar com o cobertor em mãos.

Rachel olhou para baixo e corou, só agora percebendo que ela estava usando a blusa de Quinn na presença da loira. “Tem o seu cheiro.” A morena comentou baixinho quando se sentou de volta no sofá.

“O quê?” Quinn perguntou, não tendo escutado o que a morena havia dito.

“Ela é confortável.” Respondeu Rachel, corando ainda mais.

A loira ficou com a impressão de que não era isso que Rachel havia dito da primeira vez, mas não pressionou, jogando o cobertor sobre elas e se aconchegando para mais perto da morena, que já havia dado play novamente no filme. Foi no segundo filme que a morena, tentando se ajeitar, acabou por pressionar sua mão na perna da loira, que exclamou de dor e segurou sua mão.

“Desculpa.” A morena prontamente falou.

“Não foi nada, Rach.” Quinn logo respondeu, começando a brincar com seus dedos.

A morena olhou para Quinn com um olhar interrogativo, mas a loira estava olhando para o filme, agindo como se fosse a coisa mais natural do mundo estar segurando sua mão e brincando com seus dedos. Durante algum tempo, Rachel achou extremamente difícil voltar sua atenção para o filme, o toque de Quinn em sua pele funcionando como a mais perfeita distração. Ambas acabaram dormindo pelo cansaço durante o segundo filme e Rachel acordou com uma sensação maravilhosa em todo seu corpo, se aconchegando mais ainda na fonte de calor que estava provocando aquela sensação e que, estranhamente, tinha o mesmo cheiro de Quinn.

Ela então despertou, abrindo os olhos, percebendo que aquela fonte, na verdade, era a própria Quinn. Ela estava com o lado direito do seu corpo completamente colado ao da loira, sua cabeça descansando em seu ombro e sua mão direita entrelaçada com a esquerda de Quinn. Rachel levantou a cabeça e viu que a loira também dormia, a televisão ainda ligada e o filme acabado. Relutantemente, ela saiu daquela bolha de calor e conforto, descolando seu corpo do de Quinn e retirando a coberta, espreguiçando-se.

“Quinn... Q... Acorde...” Ela chamou com a voz rouca de sono, deslizando sua mão pelo braço alvo. 

A loira despertou e olhou em volta, bocejando.

“Vamos para cama.” Rachel disse, levantando do sofá e oferecendo sua mão para a loira, as duas se arrastando em direção ao quarto. Elas se jogaram na cama e trocaram um sonolento boa noite antes de caírem mais uma vez no sono.

De manhã cedo, a morena acordou com o despertador, rapidamente alcançando o celular para desligá-lo e não perturbar o sono da loira ao seu lado. Alguns minutos depois e ela já estava completamente pronta, pegando o cachecol de uma das cadeiras e botando em volta do pescoço antes de se virar para Quinn, que ainda dormia tranquilamente.

A lembrança da noite anterior e dos dedos de Quinn acariciando sua mão a invadiu e ela se pegou relembrando da sensação que era ter eles percorrendo cada parte da sua mão com toda a calma e delicadeza do mundo. Quinn estava linda aquela manhã, assim como em todas as manhãs. Um sentimento de paz tomou conta de si e Rachel, sem pensar, se aproximou da loira, percorrendo seu rosto com o olhar e se abaixando em frente a ela. Ela não resistiu e cheirou os cabelos dourados, fechando os olhos com o perfume delicioso que emanava deles... seria possível que ela estivesse viciada no cheiro de Quinn?

Ela levantou antes que pudesse ter mais desses pensamentos inapropriados, não sem antes deixar um beijo demorado da testa da loira. Ao alcançar a porta, ela lançou mais um olhar em sua direção e suspirou feliz...

Quinn despertou com um sorriso no rosto. Ela podia jurar que havia sonhado com alguém deixando um demorado beijo em sua testa e que esse alguém possuía o mesmo cheiro de Rachel. Ela se virou e se deparou com o lado vazio da morena, imaginando que ela já deveria ter ido para a aula.

Ela se levantou pouco tempo depois para tomar café e reparou que a morena havia deixado um bilhete dizendo que suas panquecas estavam no forno e que havia café na máquina. Quinn suspirou feliz ao levar a primeira garfada à boca, ela amava as panquecas de Rachel, que eram uma das raras coisas que a morena se aventurava a fazer na cozinha. Olhando em volta, um pequeno sorriso adornou seus lábios. Ela se sentia tão bem ali quanto se sentia em seu dormitório em Yale e ela havia se apaixonado por NY da mesma forma que havia se apaixonado por New Haven.

E nada a deixava mais feliz do que poder juntar esses dois mundos sempre que ela ia para NY ou que recebia seus amigos em New Haven.

Quinn estava estressada. Aquela tinha sido uma péssima semana e, para coroar, seu professor de Introdução à Arte havia passado um trabalho enorme em plena sexta-feira para entregar logo na próxima semana.

Isso explicava porque ela estava em sua mesa trabalhando em pleno sábado de manhã ao invés de estar em NY aproveitando o final de semana com seus amigos como estava previamente combinado. Não só seus planos de ir para NY haviam ido por água a baixo, mas também os planos dela e de Santana de arrastarem Rachel para um show que ambas estavam planejando ir há semanas.

Alguém bateu na porta e Quinn revirou os olhos. Não era Hannah, sua colega de quarto, que estava na casa de seu namorado e provavelmente não apareceria antes de segunda-feira. Era provavelmente algum cara da fraternidade fazendo propaganda de alguma festa. As batidas na porta ficaram insistentes e Quinn se levantou num rompante, disposta a descontar em quem quer que estivesse do outro lado seu estresse acumulado.

Quinn abriu a porta bruscamente, o discurso na ponta da língua, mas se deparou com uma Rachel Berry portando um enorme sorriso e uma pequena mala em mãos.

“Rach!” A loira exclamou, surpresa. “Como assim você está aqui?” Ela perguntou. “Vem! Entra!”

Ela pegou a pequena mala de Rachel e entrou, a morena logo atrás.

“Bom, você cancelou sua visita de última hora e pareceu tão estressada pelo telefone que eu resolvi fazer bom uso mais uma vez daquele passe de trem que um certo alguém me deu e checar pessoalmente como você está.”

A loira sorriu docemente, balançando a cabeça em descrença, mas então seu sorriso se desfez. “Rach, eu estou atolada de trabalhos e-”

“Eu sei, Fabray. Por isso eu também trouxe todo o material necessário para também fazer os meus trabalhos. Só queria te fazer companhia e garantir que você não se afunde em livros esses dois dias sem ter a quantidade necessária de horas de sono e negligencie a importância de uma alimentação balanceada.” Então ela sorriu de lado. “Talvez um passeio ou um filme viriam a calhar também para diminuir o estresse.” Piscou-lhe.

Quinn arqueou a sobrancelha e cruzou os braços, o pequeno sorriso em seus lábios traindo seus movimentos. “Então, basicamente, você está aqui para bancar a babá.”

“Basicamente.” A morena confirmou, dando de ombros.

Quinn finalmente desfez de sua postura, descruzando os braços. “Bom, já que eu estou presa com você mesmo...” A loira brincou, se aproximando de Rachel e abraçando o corpo moreno. “Obrigada por ter vindo, Rach.” Quinn agradeceu, sua voz rouca ecoando no ouvido da morena. 

“Não há de quê, Q.” Rachel disse.

As duas se afastaram e Quinn levantou o braço direito, gesticulando para o dormitório.

“Bem-vinda novamente à New Haven, Berry.”

Rachel realmente havia salvado aquele final de semana, lhe fazendo companhia e, surpreendentemente, sabendo exatamente quando deixar com que a loira estudasse e a hora de arrastar Quinn para fora do dormitório para se distrair um pouco. Quinn havia se preocupado em não ser uma boa anfitriã ou em descontar na morena seu estresse, mas Rachel rapidamente se fizera em casa e se mostrara extremamente útil e feliz em ajudar a loira no que fosse preciso, mesmo à revelia de Quinn, tirando um enorme peso de suas costas.

Voltando à realidade, Quinn olhou o relógio pendurado na parede e percebeu que tinha que sair de casa logo se quisesse enfrentar o mercado em plena antevéspera de Natal e ainda voltar para preparar o almoço. Ela rapidamente trocou de roupa e checou em sua bolsa para ver se a lista com os ingredientes para a ceia de Natal que fizera estava lá. Rachel podia ser judia, mas um de seus pais não era e ela amava o Natal e comemorava a data como qualquer cristão. Ela sabia que a morena devia estar sentindo muita falta de casa e dos seus pais e Quinn faria de tudo para que a tradição fosse seguida e Rachel não se sentisse sozinha.

Logo a loira estava andando pela multidão que enchia a estação de metrô. Havia um mercado não muito longe do loft, mas ele era um mercado comum que quase não tinha opções veganas e Quinn havia tido todo o cuidado de pesquisar uma ceia natalina que fosse vegana e também consultar os pais de Rachel para sondar os gostos da morena.

Por mais que tivesse tentado negar, a verdade é que os hábitos alimentares de Rachel não eram tão ruins como havia imaginado. Tanto que a ceia realmente seria completamente vegana e Quinn não estava se importando nem um pouco com isso. Ao contrário e para o horror de Santana, a maioria das vezes que ela estava em NY ou em New Haven com Rachel, ela aderia à dieta da morena, que sempre lhe direcionava um sorriso vitorioso, pois não fora fácil convencer a loira sequer a experimentar...

“Você confia em mim?”

A pergunta da morena fez Quinn arquear a sobrancelha enquanto levava a taça de vinho aos lábios. Elas estavam no restaurante favorito da morena em NY, esperando por Santana e Kurt e, enquanto isso, apreciando uma bela entrada acompanhada por um bom vinho.

“Preciso mesmo responder?” A loira disse, com um sorriso doce.

“Bom, sim.” A morena retraiu na cadeira, parecendo pensar. “Quero dizer, pensando por esse lado de confiança confiança, sabe? Não sei se você confia em mim, no sentido completo da palavra. Apesar de nos conhecermos há muito tempo, nossa amizade é relativamente recente, não? Acho completamente justificável essa pergunta. Posso não passar essa impressão, mas saber que você confia em mim realmente seria algo-”

“Rachel.” Quinn interrompeu a morena, rindo. “Eu não consigo ler pensamentos, lembra?”

Rachel suspirou, rindo também. “Ok, vou tentar me explicar melhor.” A morena disse, se endireitando na cadeira. “Primeiro eu só queria que você fizesse algo por mim e por isso perguntei se você confiava em mim, mas era uma pergunta inocente, comum, que as pessoas fazem quando querem algo de outra pessoa. Mas você me perguntou se precisava responder e aí eu realmente parei para pensar no assunto. Você confia em mim? Confia que eu sempre vou querer o seu bem, acima de qualquer interesse que eu tenha, que eu sempre vou estar do seu lado, mesmo quando você estiver errada e eu tomar alguma atitude que faça você pensar o contrário quando, na verdade, eu só estava querendo te ajudar?”

O olhar de Quinn era intenso e penetrante e Rachel segurou a respiração, sentindo de uma vez só a importância daquela pergunta e o peso que teria a resposta de Quinn. Como se tudo que viveram até ali estivesse em cheque e pudesse desmoronar em um instante. Nesses momentos, em que a verdade nua e crua era posta em jogo, Quinn ainda tinha o condão de fazer ela ficar nervosa e suar frio. Tudo em relação à loira parecia sempre amplificado e Rachel não sabia explicar o porquê. 

Mas a morena não precisou esperar por muito tempo, a resposta de Quinn veio como uma brisa de verão ao pôr-do-sol, acalmando todo o seu ser.

“A verdade é que eu sempre confiei em você, Rachel.” A loira confessou. “Mesmo quando não éramos nada além de hostis uma com a outra. Bem, eu era.” Ela admitiu, dando de ombros.

Aquilo era uma das coisas que Rachel mais amava na Quinn que estava diante de si, madura e em paz com ela mesma. A facilidade que ela tinha de admitir seus erros do passado, despida de qualquer orgulho e seguir em frente, sempre procurando ser uma pessoa melhor, mesmo depois de tudo que havia passado.

Rachel sentiu os olhos marejarem, mas ela não ia chorar na frente de Quinn por isso. O quanto a loira pensaria que ela era uma boba?

“E você? Confia em mim, Rachel Berry?” Quinn perguntou num tom que aparentava descontração, mas a morena viu a loira morder os lábios, um claro sinal de que por mais que tentasse aparentar tranquilidade, ela também estava nervosa com a resposta que Rachel poderia dar.

Aquilo encheu o coração da morena de alegria e cumplicidade. Saber que a amizade dela valia para Quinn tanto quanto a da loira valia para si era como se ela tivesse acabado de alcançar um certo tipo de realização em sua vida. “Com todo o meu coração.” Ela respondeu, sincera.

Quinn sentiu seu corpo se arrepiar por inteiro. Algo dentro de si parecia prestes a explodir e ela queria levantar da mesa e gritar, mas ela se contentou em segurar a mão da morena que repousava em cima da mesa e apertá-la, um imenso sorriso no rosto.

A troca de olhares entre elas durou um pouco mais que um instante, mas foi o suficiente para Rachel se sentir hipnotizada pelos olhos avelãs que mais pareciam verdes naquele momento. Um verde brilhante e límpido que a convidava para se perder neles. E Rachel sabia que teria se perdido se uma latina não tivesse chegado naquele exato momento, quebrando a conexão entre elas.

“Dios mio, não posso nem me atrasar sem que um arco-íris exploda entre vocês.”

A morena se assustou e fez menção de retirar a mãos das de Quinn, mas a loira segurou sua mão no lugar, sem deixar que ela saísse de seu aperto e se virou para a latina com cara de poucos amigos.

“Relaxa, Rach. A Santana não sabe reconhecer um gesto de carinho entre amigas, ela só reconhece esses gestos quando eles vem da Brittany.”

“Isso deveria dizer algo a você, não? Leia as entrelinhas, Fabgay.” Santana provocou, sentando na cadeira vazia ao lado da amiga e deixando que Kurt sentasse ao lado de Rachel.

“Vocês já pediram?” Kurt interrompeu a troca de farpas, pressentindo o perigo.

Rachel, ao invés de responder, virou para a loira, sorrindo e perguntou. “Então, você confia em mim?”

Quinn riu, ignorando os olhares confusos de Kurt e Santana. “Sim.”

Rachel abriu um enorme sorriso e bateu as mãos animada, gesticulando para a garçom mais próximo e fazendo o pedido por ela e por Quinn, surpreendendo a loira.

“É impressão minha ou a anã acabou de pedir um prato vegano pra você também, Fabray?” Santana deu voz ao que tinha acabado de acontecer, rindo da cara de perplexidade da loira.

“Deus me ajude.” Foi a única coisa que Quinn disse, antes de tomar um bom gole do vinho a sua frente.

A morena revirou os olhos para Santana, que ainda soltava risadinhas, e direcionou seu olhar para a loira, sorrindo de forma encorajadora. “Você vai adorar, Quinn.”

A loira assentiu de forma hesitante, recebendo um tapinha nas costas de Kurt. “Boa sorte com isso, Quinn.” O moreno se limitou a dizer.

Os pratos finalmente chegaram e ela olhou com uma certa inveja para belo filé que parecia brilhar no prato de Santana, suspirando e olhando apreensiva para o prato estranho a sua frente. Mas sua hesitação logo se desfez na primeira garfada e ela fechou os olhos, saboreando o gosto.

“Isso é realmente muito bom, Rach!” Ela exclamou, uma clara surpresa em sua voz.

Rachel sorriu satisfeita enquanto Santana a olhava como se ela tivesse duas cabeças...

Quinn riu com a lembrança, ainda que no dia Santana quase tivesse a tirado do sério. Quase. Logo ela tinha comprado tudo o que precisava e voltou para o loft, Rachel ainda em NYADA.  Ela guardou as compras e começou a preparar o almoço, um prato simples que ela havia pesquisado e que estava morrendo de vontade de fazer para Rachel provar.

Sem modéstia, ela realmente cozinhava muito bem, ainda que pratos veganos estivessem longe de ser sua especialidade. Ela estava tentando mudar aquilo, contudo. Até porque Rachel não conseguia cozinhar nem que fosse para salvar a própria vida e ela imaginava o quanto a morena devia sentir falta de uma comida vegana que fosse caseira.

“Rachel, você tem certeza que essa é uma boa ideia?” Um preocupado Kurt questionou da bancada da cozinha, enquanto uma morena animada separava alguns ingredientes em cima da mesa.

“Claro que é uma boa ideia!” Rachel respondeu, pegando uma panela e colocando no fogo.

Kurt viu a diva franzir o nariz ao pegar um bowl cheio do que parecia ser carne e jogar seu conteúdo rapidamente na panela, tampando o nariz.

“O que é exatamente isso que você vai fazer?” O moreno questionou, vendo a diva manusear a panela o mais longe possível que seu braço permitia.

“Lasanha à bolonhesa! A parte mais complicada é realmente fazer essa carne moída enquanto eu penso no animal que teve que morrer para que isso fosse possível.” A morena balançou a cabeça em desaprovação.

Kurt já sentia um leve cheiro estranho vindo da panela e se aproximou mais um pouco para observar. “Rachel! Você só jogou a carne aí dentro e botou no fogo alto?” O moreno arregalou os olhos, logo pegando um copo e colocando um pouco de água e jogando na panela, fazendo com que um chiado ecoasse pelo loft. Ele mexeu um pouco a panela e desligou o fogo, se virando para a morena, que tinha os olhos arregalados. “Me diz que você pelo menos temperou a carne!”

“Temperar a carne? Ele já não vem pronta do mercado?”

“Oh, céus!” Kurt balançou cabeça. “Rachel, por que você não faz uma simples lasanha vegan? Você nem come lasanha à bolonhesa!”

“Eu vou fazer as duas! Uma com molho à bolonhesa e uma com molho branco e legumes.”

“Você vai fazer as duas? Rachel, você não sabe nem-” Kurt começou, mas foi interrompido por uma latina que entrou no ambiente com o nariz franzido.

“Dios Mio, que cheiro é esse?” Santana questionou, indo em direção ao fogo e fazendo uma careta. “Que gororoba é essa?”

“A Rachel decidiu cozinhar para Quinn. Lasanha à bolonhesa.” Kurt informou tragicamente.

“Achei que você gostasse da Fabray, Rachel.” Santana respondeu, um ar de riso no rosto.

Rachel bufou, cruzando os braços. “Daqui a pouco ela está chegando de New Haven depois de duas semanas cansativas de prova e eu queria fazer uma surpresa! Então, se vocês não pretendem ser de nenhuma ajuda, me deem licença que eu já estou atrasada.”  A morena falou determinada, espantando os dois da cozinha.

“Você acha que deveríamos deixar os bombeiros em alerta?” Santana perguntou baixinho para Kurt depois de serem despachados pela morena.

“Eu acho que deveríamos deixar o delivery de pizza em alerta.” Kurt respondeu.

“Eu ainda posso ouvir vocês dois!” A morena gritou.

Ambos resolveram ficar longe da cozinha pelo resto do tempo, só aparecendo quando ouviram batidas na porta e foram receber Quinn. Mas Rachel, mesmo cozinhando, havia sido mais rápida, e Santana observou a morena sair da cozinha como um foguete para abrir a porta do loft e se jogar nos braços de Quinn.

“Q! Como foi a viagem? E a sua última prova? Você conseguiu descansar? Se você quiser, pode tirar um cochilo antes do jantar, eu arrumei a ca-”

“Jesus, Berry, deixa a Quinn respirar!” Santana disse ao mesmo tempo que Kurt se juntou a elas na sala.

A morena se desprendeu da loira, corando timidamente, e deu um passo para o lado para que Quinn entrasse no loft com uma pequena mala em mãos e um sorriso bobo no rosto.

“Cinquenta dólares que elas vão estar se comendo no Natal.” A latina cochichou para Kurt.

“Ano Novo.” O moreno disse, oferecendo a mão.  

“Fechado.” A latina respondeu, apertando a mão de Kurt.

Enquanto isso uma morena animada arrastava Quinn para a mesa, que já estava completamente arrumada e com duas travessas que pareciam ter acabado de sair do forno.

“O que é isso?” Quinn perguntou, se sentando e sorrindo.

“Se eu fosse você não criava grandes expectativas, Fabray.” Santana alertou, se sentando na mesa também.

“Bom, depois desses dias completamente cansativos pra você, eu resolvi testar minhas habilidades culinárias e fazer seu prato favorito.” Rachel declarou, servindo uma porção no prato de cada um.

“Isso é lasanha à bolonhesa?” A loira questionou, olhando para o prato em dúvida.

“Por quê? Não está parecendo uma?” Rachel perguntou, seu rosto assumindo imediatamente uma expressão preocupada.

“Não, não é isso. Só está... um pouco diferente. Mas tenho certeza que o gosto deve estar maravilhoso!” Quinn disse, reassegurando a morena.

Assim que a loira terminou a frase, Santana pareceu engasgar e começou a tossir. Quinn rapidamente serviu um copo com água e entregou para a latina.

“Meu Deus, como você conseguiu a façanha de fazer algo que tem gosto de cru e queimado ao mesmo tempo, Rachel?” Santana exclamou, Kurt ainda dando leves tapinhas em suas costas.

Rachel parecia a beira das lágrimas. “Está tão ruim assim?”

Quinn e Kurt trocaram um olhar e pegaram um pedaço, experimentando com cuidado.

“Rachel, querida, você sabe que eu te amo, mas está realmente muito ruim.” Kurt disse, afastando o prato enquanto Quinn concordava com ele.

“Oh, meu Deus, me perdoem! Eu não sei o que eu fiz de errado! Eu segui tudo o que a receita dizia para fazer! Eu-”

“Rach...” Quinn botou a mão em seu ombro, apertando levemente. Rachel parou de divagar e olhou para a loira. “Está tudo bem. Eu sei que cozinhar não é muito a sua e mesmo assim você teve todo esse trabalho só para me agradar! Foi um dos gestos mais doces que alguém já fez por mim e por isso não importa se deu certo ou não, ok? Eu adorei!"

“Promete?” A morena perguntou, um olhar de cachorro perdido direcionado à loira. 

“Prometo.” Quinn sorriu, achando a expressão perdida de Rachel a coisa mais fofa já vista.

“Então, pizza?” Kurt perguntou, fazendo todos rirem.   

Rachel subiu as escadas do prédio extremamente cansada, mas feliz por ter alguém a esperando em casa. Principalmente se esse alguém atendia pelo nome de Quinn Fabray. Assim que a morena entrou pela porta, ela sentiu um cheiro incrível que parecia dominar todo o apartamento e sorriu animada, porque aquilo definitivamente significava que Quinn devia estar cozinhando!

Animada, ela foi para a cozinha e teve seu palpite confirmado. A loira estava tão distraída que sequer percebeu que ela havia chegado. Rachel parou no arco da porta e suspirou, observando a forma com que Quinn se movia graciosamente pela cozinha e manuseava tudo ao seu redor. Não, não era inveja... era a mais pura e verdadeira admiração.

Quinn estava terminando de temperar a salada quando sentiu seu pescoço se arrepiar e um formigamento gostoso subir pelos seus braços. Ela se virou e se deparou com Rachel encostada na porta a observando, um leve sorriso nos lábios e um olhar que ela não sabia muito bem definir, mas que fez o formigamento que sentia se alastrar por todo o seu corpo. Ela estava se sentindo muito bem sob aquele olhar.

Ela interrompeu o momento a contragosto, perguntando como havia sido a aula da morena e um leve papo surgiu entre elas enquanto almoçavam.

“Então...” Rachel começou assim que as louças do almoço estavam devidamente limpas e guardadas. “Já que você me deu esse almoço maravilhoso, será que eu posso levar você para passear por NY?”

“Me levar para passear?” Quinn riu do jeito que a morena havia feito a pergunta.

“A gente pode ficar em casa se você estiver muito cansada. É só um convite.”

“Não estou nem um pouco cansada.” A loira negou. “Que lugar você tem em mente?”

“Você vai ver.” Rachel piscou-lhe.

Elas saíram não muito depois e Quinn sorriu assim que elas desceram na estação de metrô da 7th Avenue.

“Broadway?”

Studio 54, mais especificamente.” Rachel disse, entregando a Quinn as entradas. “Eu estava querendo o semestre inteiro te levar pra ver essa peça, porque é com o Jim Parsons e você ama o Sheldon, mas a gente sempre tinha outra coisa pra fazer. Então eu descobri que hoje é a última apresentação e pensei: por que não?”

A expressão de felicidade no rosto de Quinn foi resposta o suficiente para a morena, que enganchou seu braço no dela e passou a ouvir a loira comentar sobre a última temporada de The Bing Bang Theory, um leve sorriso se recusando a abandonar os seus lábios por todo o caminho.

Ao final, Quinn tinha certeza que Rachel tinha ficado mais encantada do que ela. Mesmo sendo uma comédia, a morena havia mantido o mesmo brilho nos olhos do início ao fim, como se pudesse se imaginar no palco ainda que a peça não fosse um musical. E Quinn não tinha dúvidas de que o talento de Rachel podia levá-la a qualquer lugar que desejasse, não só aos palcos de musicais e não só aos palcos. A loira não resistiu e tirou diversas fotos de Rachel e delas em frente aos letreiros ao sair, querendo guardar aquela expressão extasiada no rosto da morena para sempre.

“Você está com fome?” A morena perguntou ao atravessarem a rua, seu rosto corado pelo frio e seu braço mais uma vez enganchado ao da loira.

“Não muito. Mas não negaria um café se você me perguntasse.” Quinn sorriu de lado.

“Então eu já sei exatamente onde te levar.” Rachel disse.

Ela puxou Quinn para o que parecia ser um café bastante aconchegante logo na esquina de onde elas estavam, mas elas acabaram por não demorar muito, só o suficiente para pegarem seus respectivos cafés, ambas querendo aproveitar o fim de tarde nova iorquino.

“Acho que eu ainda não te agradeci o suficiente por ter vindo passar o Natal comigo.” Rachel comentou enquanto elas caminhavam lentamente pelas ruas, alheias as pessoas apressadas que passavam ao redor.

Quinn revirou os olhos de forma divertida. “Não seja boba, Rach. Você sabe que não precisa agradecer.” Ela respondeu.

“Claro que preciso. Você está abrindo mão de passar o Natal com a sua família e com os nossos amigos por minha causa, Q.” A morena relembrou.

“Você não me obrigou a vir, Rach. Eu queria estar aqui com você.” A loira declarou, sua voz suave e levemente rouca.

Rachel sorriu involuntariamente com a afirmação. “Eu também queria que você estivesse aqui comigo.” Ela também declarou. “Se não fosse por você, eu provavelmente iria passar o Natal sozinha no loft, vendo algum filme de Natal e comendo pizza.”

Quinn riu. “Bom, assistir a um filme de Natal não está necessariamente descartado porque eu estou aqui. Eu amo filmes de Natal...” A loira confessou, olhando para baixo.

Rachel não podia dizer que estava surpresa pela confissão. Quinn era completamente viciada em filmes e quem conseguia resistir a um bom filme de Natal? Ela certamente não.

“Eu pensei que você queria ir para a festa que aquele Brody está organizando.” A loira mudou de assunto.

Rachel havia comentado com ela a alguns dias atrás que estava cogitando em ir e aquilo não a havia agradado nem um pouco, mesmo que ela já tivesse decidido que iria passar o Natal com a morena e sabendo que certamente não seria isso que Rachel iria querer fazer uma vez que ela estivesse lá.

Talvez fosse porque ela não tinha ido muito com a cara do tal de Brody na única vez que eles haviam se encontrado. Tinha sido um dos finais de semana que Rachel e Kurt haviam levado ela e Santana para um bar chamado Callbacks e que, pelo visto, era bastante frequentado pelos alunos de NYADA. Brody tinha dado um jeito de aparecer na mesa deles a noite inteira, sempre tentando tirar Rachel pra dançar ou cantar, sem sucesso. O jeito lascivo que ele olhava para Rachel a tinha irritado profundamente, como se a morena fosse simplesmente mais uma caloura gostosa que ele quisesse contar para os amigos que havia conquistado. Ela não tinha dito nada a Rachel, contudo, até porque ela poderia estar enganada em seu julgamento em relação ao rapaz.

“Eu estava pensando em ir, mas sei que iria acabar desanimando na última hora.” Rachel deu de ombros. “Mesmo o Brody sendo particularmente insistente para eu pelo menos dar uma passada por lá.” 

“Brody, hã?” Quinn a cutucou com os ombros, mortalmente curiosa para saber se estava acontecendo qualquer coisa entre os dois.

“Ele é só um amigo.” Rachel respondeu firme, sem nem ao menos corar.

Quinn considerou aquilo uma vitória e soltou a respiração que nem sabia estar segurando. “Mesmo?”

“Mesmo.” A morena confirmou com simplicidade. “Em tese, ele teria tudo para me atrair. Ele é um veterano, bonito, tem um certo charme. A Rachel de alguns anos atrás não iria acreditar que um cara desse pudesse estar a fim dela.” Ela riu de si mesma. “Mas graças a Deus eu não sou mais essa pessoa que fica deslumbrada por qualquer coisa. Eu não sinto nada mais que amizade por ele e definitivamente nada vai acontecer entre nós.”

Quinn tentou desviar sua atenção da salsa que seus órgãos começaram a dançar depois daquela declaração e assentiu. “Eu não fui muito com a cara dele mesmo.” Ela se limitou a dizer.

Rachel riu. “Ele é meio convencido, não é?”

A morena confidenciou e ambas riram, um confortável silêncio caindo entre elas. Rachel aproveitou o momento para olhar de relance para a loira, que parecia perdida em pensamentos, mas portava uma expressão feliz no rosto.

“E você, Q? Duvido que não tenha um cara em Yale que esteja interessado em você e seja convencido para a gente também poder falar mal dele.” A pequena diva brincou. “Aliás, não consigo imaginar um cara sequer em Yale que não esteja encantado por você.” Ela acrescentou.

Quinn corou intensamente com o que parecia ser um elogio sincero vindo da morena. Realmente vários caras haviam mostrado interesse nela e alguns até a tinham chamado para sair, mas ela havia recusado todos eles sem nem pensar duas vezes.

“Eu não senti nenhum interesse além de amizade por ninguém em Yale.” Ela respondeu, dando de ombros.

“Sério?” Rachel perguntou, parecendo um pouco surpresa.

“Juro.” Quinn disse, cruzando os dedos, brincando com a morena.

A morena sorriu com a brincadeira. Depois de tudo que Quinn havia passado, pela primeira vez na vida a loira parecia simplesmente feliz e agora ela sabia que nenhum cara em Yale estava fazendo ela se sentir assim. O sorriso permaneceu em seus lábios pelo restante do caminho.

Elas chegaram em casa cansadas pelo longo dia e Rachel insistiu para que a loira tomasse um relaxante banho primeiro enquanto ela pedia comida para as duas e nada poderia ser mais perfeito para terminar o dia do que elas se jogarem no sofá e assistirem a alguns episódios de The Bing Bang Theory.

E foi exatamente o que elas fizeram até a morena se assustar com o horário e dizer que precisava ir dormir, uma aula bem cedo em NYADA a esperava no dia seguinte. Quinn a acompanhou e ambas deitaram, um suspiro cansado escapando dos lábios da loira.

“Boa noite, Rach.” Quinn desejou antes de deixar um beijo no rosto moreno e se aconchegar na cama, fechando os olhos.

Rachel sentiu seu rosto se avermelhar na escuridão do quarto e desejou o mesmo, também fechando os olhos. Mais de uma hora depois e ela ainda não tinha conseguido dormir. Seu corpo estava cansado, mas sua mente não conseguia relaxar, fazendo ela se revirar de um lado para o outro da cama sem conseguir achar uma posição confortável o suficiente para pegar no sono.

“Quinn?” Ela chamou baixinho, ouvindo um resmungo vindo da loira. Ela acendeu o abajur do seu lado da cabeceira e deitou de lado, virada para a loira. “Já dormiu?” Sussurrou.  

A loira se mexeu, também ficando de lado, virada para a morena. “Com você se mexendo assim?” Quinn provocou numa voz rouca de sono, arqueando a sobrancelha.

“Desculpa.” Rachel pediu timidamente. “Não estou conseguindo dormir.”

A loira sorriu compreensiva e elas se encararam. A silhueta de Quinn estava fracamente iluminada pela única fonte de iluminação do quarto, mas Rachel conseguia enxergar com nitidez o contorno do seu corpo e as feições de seu rosto. Os olhos avelãs pareciam especialmente enegrecidos aquela noite.

“Você acredita em almas gêmeas?” Rachel perguntou de repente.

Quinn soltou um pequeno riso pelo nariz, sem saber muito bem o porquê daquela pergunta inusitada no meio da madrugada. “Defina almas gêmeas.”

“Você acredita ser possível duas pessoas virem neste mundo destinadas a ficarem juntas?” Rachel reformulou a pergunta.

“Sim, eu acredito.” A loira respondeu.

Rachel não poderia ter ficado mais surpresa com a resposta. Ela pensou que Quinn fosse rir dela ou então negar veemente e dizer que isso não passava de um conto de fadas que os adultos contavam tantas vezes para as crianças que elas cresciam pensando ser verdade.

“Acho que você não esperava essa resposta.” Quinn sussurrou, achando graça da expressão surpreendida da morena.

“Não mesmo.” Rachel balançou a cabeça. “Você sempre me surpreende, Quinn.”

“Eu realmente acredito, mas não é uma crença cega. Eu acho sim que duas pessoas podem ter vindo neste mundo destinadas a ficarem juntas por qualquer razão, mas eu também acredito que é perfeitamente possível elas se desencontrarem uma da outra no meio do caminho. Eu gosto de pensar que nada na vida é garantido, que nem mesmo o destino consegue manter duas pessoas juntas se elas mesmas não fazem por onde permanecerem assim. Existem tantos casais que se amam mais do que tudo, mas não conseguem superar as adversidades que a vida impõe, seja por comodidade, por escolhas erradas ou uma diversidade de outros motivos.” A loira divagou.

“Vou confessar que nunca cheguei a pensar tão profundamente assim no assunto.” Rachel disse. “Nas vezes em que pensei foi sempre focando em mim, no que eu deveria sentir quando finalmente encontrasse essa pessoa ou se eu saberia reconhecê-la.”

“Até onde eu sei, a gente pode até já ter encontrado essa pessoa e não fazer a mínima ideia de que encontrou.”

A morena pareceu pensar por um momento. “É, pode ser. Às vezes as pessoas precisam amadurecer o sentimento ou às vezes as pessoas precisam amadurecer para entender o sentimento. Nem sempre quando você conhece a pessoa é o tempo certo para vocês ficarem juntas.”

“É, nem sempre...” Quinn repetiu, aquelas palavras parecendo pairar no ar entre elas.

“Lá no fundo, eu acho que sempre soube que o Finn não era a minha alma gêmea.” Rachel confessou num sussurro.

“Sinceramente? Eu também nunca achei que ele fosse.” Quinn disse de forma sincera.

“É, eu sei. Quando terminamos eu senti um alívio imenso por finalmente cada um poder seguir o seu caminho. A gente ficava tentando prender um no caminho do outro, esperando pra ver quem cederia primeiro. Acho que pela primeira vez na vida eu não me sinto forçada a viver algo, a ser alguém x ou y. Eu simplesmente sou, entende?”

Quinn viu uma pequena lágrima escapar dos olhos castanhos e antes que pudesse se segurar, sua mão encontrou a da morena, seus dedos se entrelaçando.

Rachel percebeu a expressão preocupada da loira e balançou a cabeça, dando um lindo sorriso. “Não precisa ficar preocupada, Q. Essa lágrima está longe de ser de tristeza.” A morena afirmou, apertando a mão de Quinn.

A loira respirou aliviada e retribui o sorriso, sentindo seu peito inchar de orgulho da mulher que estava diante de si e que cada dia se revelava mais a ela. De repente, ela sentiu seu corpo ser puxado para frente e os braços de Rachel se fecharem em torno de si em um abraço apertado.

“Obrigada por estar aqui.” A morena sussurrou em seu ouvido. “Obrigada por sempre estar do meu lado, pela sua sinceridade, pela sua amizade, pelo seu carinho.”

Quinn sentiu seus olhos arderem e tentou ao máximo não se render por completo àquela declaração da morena, mas era praticamente impossível. Elas haviam passado por tantas coisas ruins, a maioria causada por ela e ter agora Rachel a abraçando e agradecendo sua amizade significava mais para a loira do que ela jamais conseguiria expressar.

Rachel desfez o abraço, mas não se afastou. Ao invés disso, ela se encaixou nos braços de Quinn, aspirando o cheiro já conhecido, mas que assim tão perto parecia embriagá-la de tantas sensações impossíveis de descrever.

“Eu sempre soube que você seria importante na minha vida. Sempre. Desde o primeiro momento em que eu te vi. Talvez por isso eu sempre tenha me sentido levada a você, como se algo sempre me puxasse para perto.” Rachel declarou num fio de voz, parecendo falar mais consigo mesma do que com a loira.

Quinn engoliu em seco, sem confiar na própria voz. Aquela noite estava se mostrando muito mais desafiadora do que uma simples conversa entre amigas e ela simplesmente não sabia como agir ou o que pensar do que fora dito pela morena de forma tão sincera.

“Eu sempre me senti da mesma forma, mesmo que isso me irritasse mais do que você poderia imaginar.” Foi a vez de Quinn confessar. “Me desculpe por tornar isso difícil na maioria das vezes.” Ela murmurou, limpando a garganta. “Obrigada você por nunca ter desistido de mim, mesmo quando deveria, principalmente quando deveria.”

Quinn apertou a morena mais ainda contra si, como que para reafirmar tudo que havia acabado de dizer. Rachel sabia que havia tocado a loira com as coisas que dissera, mas certas verdades não mereciam mais ficarem guardadas dentro de si.

“Eu amo você, Quinn.” Ela sussurrou.

“Eu também amo você, Rach.” A loira respondeu suavemente, uma alegria imensa tomando conta de si.

Naquele momento, as palavras pareceram se tornar desnecessárias entre elas, que passaram a se comunicar através de suas respirações calmas e sorrisos idênticos em ambos os rostos. Rachel, no aconchego do corpo de Quinn e sentindo uma tranquilidade incrível se apossar de si, finalmente deixou-se levar pelo sono e rapidamente adormeceu nos braços da loira.

Quinn soube dizer o exato momento em que a morena havia dormido, sua respiração estável e profunda e seu corpo completamente relaxado sobre o seu tornando impossível que ela cometesse o crime de acordá-la. Ela estava com sono, mas queria mais do que tudo aproveitar a sensação de ter Rachel em seus braços.

A conversa que começaram sobre almas gêmeas havia terminado com elas confessando que sempre haviam se sentido atraídas uma para a outra, como se algo maior as unisse acima de todas as coisas e Quinn sabia que havia algo importante ali, algo muito importante que o sono contra o qual ela tentava lutar não deixava que ela lembrasse. Embriagada pelo sono e sentindo Rachel junto ao seu corpo, ela não resistiu e abaixou o seu rosto só o suficiente para cheirar o perfume que desprendia dos cabelos castanhos, caindo no sono com um emaranhado de pensamentos sobre a morena que dormia junto a si.

Rachel acordou se sentindo tão bem e ela sabia exatamente o motivo. Uma loira a abraçava por trás e seus corpos se encaixavam tão perfeitamente que pela milésima vez ela amaldiçoou Cassandra July. Ela não queria ir para a sua aula porque ela não queria sair daquela bolha de calor e conforto que Quinn a havia envolvido durante a noite. A loira se mexeu em seu sono e Rachel ficou com medo de que ela acordasse e acabasse com aquele momento, mas a única coisa que Quinn fez foi trazer a morena ainda mais para si, a envolvendo ainda mais em seus braços. Ela se tornou ciente da respiração calma da loira em sua nuca e um arrepio percorreu toda a sua espinha.

Ela estava considerando seriamente permanecer ali quando o despertador tocou e ela, mais contrariada do que nunca, teve que se afastar dos braços alvos para desligá-lo e não acabar acordando Quinn. Bufando, ela se sentou na cama e espreguiçou-se, tentando se livrar do sono que sentia.

“Rach... volta pra cama...” Ela ouviu Quinn sussurrar roucamente, a voz pesada de sono.

Ela se virou para encontrar a loira passando o braço por onde ela estava momentos antes, como se estivesse tentando encontrá-la. Ela observou a loira franzir a testa e fazer uma careta antes de puxar o seu travesseiro e abraçá-lo em seu lugar, um suspiro feliz escapando de seus lábios. Seu coração pareceu ricochetear em seu peito com aquela cena e ela respirou fundo, tentando se acalmar. O seu despertador tocou mais uma vez, assustando-a, e ela só não gritou um xingamento em respeito ao sono de Quinn. Ela balançou a cabeça, olhando para o horário. Era bom ela começar a se arrumar se ela não quisesse se atrasar.

Quinn acordou levemente decepcionada por não ter uma certa morena ao seu lado, mas sabia que ela já devia estar em NYADA há muito tempo. Ela olhou a hora e se assustou. Ela havia permanecido mais que o usual dormindo, mas havia dormido tão bem que não se sentiu mal pelas poucas horas a mais. Ao invés disso, levantou completamente animada, se sentindo mais descansada do que se lembrava de estar um dia e com um ótimo humor.

Ela preparou seu café cantarolando e, ao acabar, olhou o horário e tomou uma decisão, voltando ao quarto e se vestindo rapidamente antes de enfrentar o frio das ruas de NY. Algum tempo depois e ela se deparou com o enorme complexo a sua frente e sorriu. Ela nunca havia entrado em NYADA antes, as poucas vezes em que fora ali ela sempre havia esperado a morena do lado de fora. Ela cumprimentou o segurança parado na porta de entrada e ao entrar percebeu que o prédio estava praticamente vazio, com exceção de uma música que parecia ecoar no corredor a sua direita. Sorrindo, ela foi em direção ao barulho, encontrando uma porta aberta e espiando dentro.

A sala era enorme. Haviam espelhos e barras por todo o lugar e janelas enormes iluminavam o ambiente. Do seu lado direito haviam alguns figurinos pendurados em araras e várias bolsas e pertences em um banco que ocupava toda uma parede.  A sua frente havia um piano e a parede a sua esquerda era repleta de pôsteres dos mais variados tipos, desde peças clássicas da Broadway a passos de dança e algumas fotos de apresentações. Era tudo muito impressionante e cada pedaço daquele lugar a remetia à Rachel.

Sua atenção se voltou para o grupo de alunos que ocupavam uma parte da sala a sua esquerda e pareciam estar ensaiando algum tipo de coreografia enquanto uma mulher loira andava entre eles acompanhada do que parecia um bastão preto e fino e gritava aqui e ali, corrigindo posturas e muitas vezes utilizando o bastão para isso. Quinn balançou a cabeça, incrédula. Esta deveria ser Cassandra July.

Quinn rapidamente encontrou Rachel. Ela estava de lado, sua silhueta esguia e os cabelos presos em um firme rabo de cavalo. Ela dançava e cantava ao lado de um parceiro e seus passos eram firmes e graciosos e Quinn sorriu de lado, encostando-se no batente da porta para admirá-la. Ela viu a professora parar na frente da morena e começar a falar, uma expressão de deboche e desprezo em seu rosto e todos os demais alunos pararam o que estavam fazendo para observar como se já tivesse visto aquela mesma cena outras vezes. Quinn percebeu que aquilo não era algo incomum.

Mas Rachel não pareceu se abalar, mantendo a postura irreparável e, se isso fosse possível, passos ainda mais graciosos. Quinn estava completamente impressionada e encantada por essa nova Rachel Berry. O seu crescimento em relação ao New Directions era gritante, impossível de não reparar, até mesmo em sua voz. Rachel parecia uma estrela sem qualquer esforço, executando os passos como se os soubesse desde que nasceu. A professora pareceu ter o suficiente e se virou para os demais alunos, gritando que ela ainda não havia decretado o fim da aula e todos voltaram ao que estavam fazendo num piscar de olhos.

Quinn olhou ao redor e se tornou cristalino para ela o motivo pelo qual Cassandra July fazia de Rachel seu alvo preferido. A morena era visivelmente a mais talentosa dali. Haviam outros alunos que se moviam com uma desenvoltura melhor que a morena, mas nenhum deles possuíam a postura de Rachel, como se ela estivesse atuando pela última vez em sua vida, a paixão pelo que fazia queimando em seu olhar e transbordando em suas expressões.

Quinn não sabia quanto tempo havia passado quando a professora finalmente encerrou a aula. Ela se sentia como se tivesse acabado de sair de um transe, de uma hipnose. Rachel, além de todas as outras coisas, era fisicamente linda e se movia com perfeição. Como não se sentir assim diante da morena? Rachel percebeu a sua presença assim que se virou e Quinn podia jurar que o sorriso que a morena abriu ao vê-la era um dos mais lindos que ela já havia visto. Ela retribuiu o gesto e logo Rachel estava em seus braços, abraçando-a carinhosamente.

“Desculpe! Estou toda suada!” A morena disse em seguida, tentando se afastar.

“Não me importo...” Quinn sussurrou, mantendo a morena mais alguns segundos naquele abraço.

“O que você está fazendo aqui?” A morena perguntou animada, como se não a visse há dias.

“Não tinha muita coisa pra fazer no loft, então decidi te fazer uma surpresa e te chamar pra almoçar. O que você acha?”

“Eu acho perfeito. Só preciso tomar uma ducha e te encontro daqui a 15 minutos na entrada principal?”

Exatamente quinze minutos depois Quinn sentiu alguém tampar seus olhos, bloqueando a vista da movimentada avenida em que NYADA se localizava. Ainda que fosse em qualquer outro lugar, ela saberia se tratar da morena. Seu perfume havia antecedido sua chegada e Quinn sempre reconheceria seu toque.

“Sério, Rach? Quais são as chances de não ser você?” Quinn perguntou divertida.

Ela ouviu a morena dar uma risadinha e destampar seus olhos. “Podia ser um admirador secreto.” A morena brincou, dando os braços para a loira e começando a caminhar.

“Fico feliz por não ser um. Prefiro você.” Quinn respondeu, mas não olhou para a morena, mantendo seu olhar a frente. “Aquele café a dois quarteirões daqui está bom pra você?” Ela mudou de assunto.

“Você leu meus pensamentos.” Rachel respondeu e Quinn finalmente a olhou, em seu rosto um leve sorriso que foi imitado pela loira.

Elas almoçaram e foram direto para casa, Rachel ainda cansada da aula e dizendo querer nada mais do que descansar em seu sofá com um café feito pela loira em mãos. Alguns minutos depois e Quinn lhe oferecia uma caneca do líquido preto, sentando ao seu lado no sofá com a sua própria caneca.

“Você me mima muito, Quinn Fabray.” Rachel comentou, provocando a loira.

Quinn riu e pareceu que ia responder quando seu celular apitou e ela levou a mão ao bolso para alcançá-lo. Rachel percebeu se tratar de uma mensagem, porque a loira repousou o café na mesinha e começou a digitar. A morena aproveitou para descansar os pés na mesma mesinha, saboreando o café e apoiando a cabeça para trás no sofá.

Ela ouviu a loira rir e se virou para ela, vendo que Quinn ainda estava trocando mensagens com quem quer que fosse.

“Quem é?” Rachel perguntou, curiosa.

“É uma garota de Yale. A gente se conheceu numa festa LGBT algumas semanas atrás e nos tornamos amigas, por assim dizer.” Quinn deu de ombros.

Era muita informação para a morena processar em uma frase só, então ela decidiu ir por partes.

“Amigas por assim dizer?” Foi sua primeira pergunta.

“Na falta de uma palavra melhor pra definir.” Quinn explicou. “Eu acho que ela gostou de mim ou algo do tipo, porque ela me cantou a festa inteira e continuou fazendo isso sempre que a gente se esbarrava pelo campus. De alguma forma ela conseguiu meu número e fica me mandando mensagens às vezes.”

“Uau. Acho que estou uma pouco surpresa com essa informação.” A morena comentou.

“Ah, Rachel, qual é. Como se isso não acontecesse em NYADA ou em qualquer lugar que tenham pessoas que de fato respeitam as outras. A comunidade LGBT é enorme em Yale, eles chamam lá de a Gay League. Tudo lá é muito aberto e tranquilo em relação a isso e é a coisa mais normal do mundo os alunos frequentarem as festas da comunidade. Eu sinto orgulho de fazer parte de uma instituição assim.”

“Eu sei, Quinn.” Rachel sorriu. “Não estou surpresa com a comunidade LGBT de Yale, estou surpresa com você trocando mensagens com uma garota que está claramente a fim de você.”

Quinn deixou escapar um som de compreensão pelos lábios. “Bom, é a mesma coisa se um cara mostrasse interesse em mim e conseguisse meu telefone. Eu não iria ser grossa com ele e mandar ele sumir da minha frente a não ser que ele me desse um motivo. Por que eu faria isso com ela?”

“Então você está a fim dela?” Rachel arregalou os olhos, mas sentindo uma tristeza profunda por dentro, como se seu coração acabasse de ser exprimido em seu peito.

“Não, não estou e ela sabe disso. É que a gente acabou virando amigas, como eu disse. Não tão próximas, mas ainda assim paramos pra conversar sempre que nos encontramos pelo campus e sempre que tem alguma festa da comunidade ela me chama pra ir. Era isso que ela estava fazendo agora, me avisando da festa que vai ter pra comemorar o fim das férias de inverno.”

“E eu aqui achando que você tinha acabado de me confessar seu interesse por mulheres.” Rachel a cutucou com os ombros, numa tentativa de brincadeira.

“Eu disse que não estou a fim dela, não que eu não me interessaria por mulheres.” Quinn declarou, olhando para a morena com um sorriso indecifrável no rosto.

“Você está falando sério?”

“Sim. Eu não sou mais aquela Quinn do primeiro ano do McKinley, se é que algum dia eu já fui verdadeiramente essa garota. Gosto de pensar que não. O fato é que, homem ou mulher, trans ou cis, eu não estou procurando uma atração momentânea por algum rosto bonito qualquer. Eu quero me conectar com alguém de verdade, entende? Eu definitivamente não sou do tipo festeira.”

Rachel pensou que não era possível admirar a loira mais do que ela já admirava, mas acabara de descobrir que havia se enganado.

“Bom, não posso dizer que eu achei que você fosse do tipo festeira. Eu sei que dentro de você mora uma romântica incorrigível que acredita em almas gêmeas.” Rachel sorriu.

Quinn gargalhou, balançando a cabeça. “Touché, Berry.”

“Bom, também não posso dizer que algum dia cheguei a pensar que eu era heterossexual. Eu sei que todas as minhas experiências de vida indicam isso, mas se tivesse surgido a oportunidade de explorar esse outro lado da minha sexualidade durante esses anos, eu teria vivido sem nem pensar duas vezes.”

“Fora de Lima tudo parece tão maior, não é? Acho que definir algo é só uma forma do ser humano entender melhor esse algo, mas não uma necessidade e muito menos uma limitação...”

E por um bom tempo elas ficaram assim, conversando inúmeras questões de gênero e de sexualidade. Para Quinn, era libertador poder falar abertamente sobre suas opiniões em relação ao assunto e para Rachel, era uma nova forma de redescobrir a mulher que se revelava a sua frente.

“Eu acho que nunca recebi uma cantada de uma mulher explicitamente.” Rachel comentou.

“Impossível...” Quinn rebateu. Ela realmente parecia incrédula. “Em Lima eu até acredito, mas aqui em NY? Em NYADA? Tenho certeza que sim.”

“Por que você acha tão impossível assim? As pessoas devem pensar que eu sou hetero, não sei, ou simplesmente não despertei o interesse de ninguém...” A morena deu de ombros.

“Rachel, eu vi você hoje na aula. Se tem uma coisa que você não é, é desinteressante. Acredite. E tenho certeza que seus colegas de faculdade concordam comigo.” Quinn firmou o seu olhar no rosto moreno. “Você é inacreditavelmente talentosa, a pessoa mais carinhosa e atenciosa que eu conheço, extremamente inteligente e, não bastasse tudo isso, você é linda, muito linda.”

Rachel não se lembrava de uma vez em que tivesse corado tanto e se sentindo tão bem diante de um elogio. Havia uma sinceridade latente nos olhos avelãs que provocou em si uma timidez absurda e a fez desviar o olhar, apesar do sorriso em seus lábios.

“Ok. Pensando melhor no assunto talvez eu tenha recebido alguns olhares e algumas poucas indiretas.” Ela admitiu. “Mas nenhuma chegou a despertar meu interesse.” Acrescentou. 

Quinn sentia como se houvesse um balão de gás prestes a explodir em seu peito. Rachel havia ficado tímida com seus elogios e ainda havia declarado que nenhuma mulher havia despertado seu interesse. Ela não gostava de pensar em Rachel com outra mulher mais do que gostava de pensar Rachel com um cara. Pensar em Rachel com qualquer pessoa provocava uma sensação escaldante em si, como se o sangue que corria em suas veias ficasse mais quente.

“Bom, acho que já está ficando tarde.” A loira disse, olhando para o relógio. “Temos que começar a preparar a ceia agora se não quisermos perder o Natal.”

“Como assim ceia? Não tenho nada aqui para fazer uma ceia aqui, Q. Além disso, eu sou vegan, lembra?” Rachel falou com a sobrancelha franzida.

Será que Quinn estava esperando que ela preparasse uma ceia? A loira sabia que ela era péssima cozinhando! Mas receber alguém em casa no Natal significava alimentar essa pessoa com comidas natalinas, todo mundo sabia disso! Rachel sentiu seu coração afundar. Como ela diria a Quinn que não tinha planejado nada para a ceia de Natal? O que a loira pensaria dela? Aquele provavelmente deveria ser o pior Natal da vida de Quinn e a culpa era toda dela!

Os pensamentos inquietos da morena foram calados pela voz divertida da loira. “Rachel, eu nunca ia me esquecer que você é vegan! Que tipo de amiga você acha que eu sou?”

“Certo. Mas você no mínimo deve estar esperando uma ceia a altura da mansão Fabray e eu realmente não pensei... eu deveria ter... oh, meu Deus, como eu pude fazer isso com você?”

Quinn riu do pequeno ataque de pânico da morena. Rachel era adorável...

“Rach, relaxa! Eu sei que você e cozinha não conversam muito bem e eu não estava esperando absolutamente nada de você, ok? Mas anteontem eu tomei a liberdade de ir no mercado enquanto você estava na aula e nós temos sim tudo que é preciso para fazer a melhor ceia de Natal vegana que você vai comer na sua vida!” A loira brincou.

“Você fez compras? Para fazer uma ceia de Natal vegana?”

Quinn confirmou com a cabeça com se aquilo não fosse nada demais. Rachel sorriu sem acreditar. Quinn Fabray existia mesmo? No momento a morena estava seriamente considerando a hipótese de que tudo aquilo não passava de imaginação e ela, na verdade, estava sozinha no loft e a loira feliz em Lima com sua família e amigos.

“Você não pode ser real...” Rachel deixou escapar num sussurro, encantada pelo gesto da loira.

“Hahahaha. Eu sou bem real, Berry. Agora trate de levantar do sofá e lavar as mãos, porque eu vou precisar de ajuda se quisermos comer hoje ainda!” Quinn disse e se levantou, indo em direção à cozinha.

Rachel ficou parada alguns momentos no sofá, sua mente ainda registrando o que havia acabado de acontecer. Levantar. Lavar as mãos. Ajudar Quinn com a ceia. Ao se levantar, no entanto, ela seguiu os passos da loira e a encontrou do lado do armário, de costas, organizando alguns ingredientes. Rachel não disse nada, ela apenas abraçou a loira por trás e sussurrou um obrigada em suas costas, apertando ainda mais o abraço antes de soltá-la e ir em direção a pia lavar as mãos. Quinn apenas sorriu e continuou o que estava fazendo.

Elas passaram o fim de tarde e boa parte da noite preparando a ceia. Apesar de Quinn ser extremamente organizada, Rachel era o descuido em pessoa, o que prolongou em muito o tempo necessário para deixar tudo pronto. Mas Quinn não se importou nem um pouco. Ter a presença da morena ao seu lado, cantarolando, perguntando o que ela deveria fazer em seguida e a observando como uma aluna dedicada fez com que o tempo mal fosse registrado em sua mente.

Quinn estava finalizando o molho na panela quando a morena secou o último bowl que havia lavado e o guardou no armário. Ela podia não ser de muita ajuda culinariamente falando, mas ela havia feito questão de deixar a cozinha completamente limpa da bagunça que elas haviam feito. Ela olhou para o lado e Quinn parecia completamente compenetrada mexendo o molho de forma delicada, vez ou outra acrescentando um tempero aqui e ali.

A loira deve ter notado que ela a observava, pois virou a cabeça ao seu encontro e elas compartilharam um sorriso singelo, os olhares se demorando mais do que o de costume. O momento foi quebrado justamente pelo molho, que começou a borbulhar furiosamente na panela e desviou rapidamente a atenção de Quinn para o fogo.

“Merda.” A loira exclamou, desligando o fogo e movendo a panela para o lado, mexendo o líquido com rapidez.

Rachel olhou para o rosto afobeado de Quinn e riu, chamando mais uma vez a atenção da loira.

“O que foi?” Quinn deu um sorriso inseguro, olhando para si tentando achar o motivo do riso da morena, mas sem encontrar nada fora do lugar.

Rachel havia parado de rir, mas um sorriso divertido ainda adornava seus lábios e ela se aproximou da loira, sua mão levantando entre elas. A respiração da loira engatou. A morena estava perto, muito perto e estava com uma cara de quem estava prestes a aprontar algo. Quinn fechou os olhos assim que a morena tocou uma de suas bochechas, arrastando o polegar na pele macia.

“Acho que o molho acabou espirrando no seu rosto.” Ela ouviu Rachel sussurrar e abriu os olhos.

A morena parecia mais perto ainda e seus olhos se fixaram no polegar moreno, realmente sujo do molho. Rachel levou o polegar à boca e chupou o líquido do dedo, estalando os lábios em seguida.

“Ele está delicioso, Q.” A morena murmurou.

Quinn engoliu em seco e ainda observou a morena passar a língua entre os lábios, como se ainda estivesse saboreando o gosto. Quinn sentiu não só seu rosto, mas seu corpo inteiro queimar diante daquela cena. Era tão malditamente sexy! Por que Rachel era a única pessoa que causava essas reações nela? Ela foi poupada de responder essa pergunta pelo apito do forno, indicando que o suflê estava pronto. Ela rapidamente saiu do transe induzido que Rachel a havia colocado e desligou o forno.

“A-Acho que está tudo pronto por aqui.” Ela se esforçou para encontrar a voz. ”Você pode ir se arrumar na minha frente, só tenho mais alguns detalhes pra finalizar.”

Rachel sorriu de lado, reparando o claro nervosismo da loira. “Acho que todo esse trabalho que você teve para me agradar realmente merece que eu esteja melhor arrumada.” A morena brincou.

Quinn fez a menção de protestar, mas antes que pudesse falar algo a morena já havia saído. A loira respirou fundo. Ela realmente precisava se acalmar e seguir com o planejado, mesmo Rachel tendo tornado isso quase impossível momentos atrás. Ela terminou os últimos retoques da ceia e vendo que estava tudo em ordem foi arrumar a mesa. Ela queria que tudo estivesse perfeito e que Rachel se sentisse tão acolhida quanto na casa de seus pais.

Assim que ela terminou e se virou, ela sentiu seu queixo cair com a visão de Rachel parada em frente ao quarto com um vestido vermelho colado ao corpo e os cabelos soltos caindo em cascata sobre os ombros, uma leve maquiagem acentuando seus olhos castanhos e penetrantes. Ela viu a morena corar e abaixar os olhos, assim como fizera mais cedo no sofá e se obrigou a pôr um pé depois do outro, se aproximando da morena.

“Você está linda.” Ela se ouviu dizendo.

“Obrigada, Q.” Rachel respondeu, ainda tímida. “Você pode ir se arrumar.

Quinn concordou com a cabeça. “Só não mexa em nada, ok? Já está tudo pronto.”

Rachel revirou os olhos. “Acho que até lá não é tempo o suficiente para eu botar fogo na casa.”

Quinn riu. “Não demoro.”

Assim que a loira passou por ela, Rachel voltou seu olhar para o canto direito da sala, onde estava a mesa de jantar e seus olhos se arregalaram. Quinn tinha arrumado a mesa mais bonita que ela já vira. Ela se aproximou, admirando o trabalho. A loira parecia realmente ter pensado em cada detalhe para fazer daquele Natal algo mais do que especial para ela e essa certeza faziam borboletas surgirem em seu estômago.

Ela se sentou no sofá, decidindo responder as mensagens que havia recebido aquele dia enquanto esperava pela loira. Ela havia perdido a noção do tempo quando ouviu o som de passos se aproximando e se levantou, virando-se em direção ao som. Quinn estava simplesmente magnífica. Ela vestia um vestido azul-marinho de manga comprida que ia até o meio das coxas e um simples cordão de ouro com um ponto de luz. Rachel nunca conhecera alguém que conseguia ser tão elegante e simples ao mesmo tempo como Quinn e isso a encantava.

Ela queria, ela realmente queria dizer à loira que ela estava magnífica, mas suas mãos suadas provavam o quanto ela estava nervosa diante da beleza de Quinn e sua fala acabou perdida em sua garganta. Os olhos avelãs pareciam envolvê-la em uma redoma de sensações inexplicáveis e algo sobre aquela noite parecia diferente de todas as outras noites que ela havia compartilhado com Quinn.

“Ligou para os seus pais?” Quinn perguntou de forma gentil, sorrindo para a morena e indo para a mesa, onde ela puxou uma cadeira para que Rachel se sentasse antes de ocupar o lugar exatamente oposto.

Rachel agradeceu e se sentou. “Eu mandei mensagem falando que eu tinha a melhor amiga do mundo e que ela tinha preparado uma ceia de Natal de dar água na boca para nós.” Rachel respondeu, piscando para a loira. “Mais tarde eu ligo pra eles.”

“Vinho?” Quinn ofereceu. Rachel levantou a taça e a loira a serviu, servindo uma taça também para si. “Feliz Natal, Rach.” Ela desejou, um sorriso doce no rosto.

“Feliz Natal, Q.” A morena brindou e ambas sorriram, felizes por compartilhar aquele momento juntas.

Logo o som de talheres se misturou ao som de uma conversa gostosa, cheia de risos e vinho, enquanto uma leve música tocava ao fundo. Já eram mais de meia noite quando elas levantaram da mesa, levando o vinho e suas respectivas taças e foram para o sofá. Ambas haviam tirado os sapatos e a morena já havia amarrado o cabelo em um rabo de cavalo alto. Quinn estava tendo muita dificuldade em decidir de qual dos dois jeitos a morena ficava mais linda. Depois de um tempo ela tinha decidido que não havia vencedores e que Rachel ficava linda de qualquer forma.

“Como você pode dizer isso? Anna Kendrick é definitivamente a pessoa mais foda de toda Hollywood!” Quinn argumentou.

“Eu só consigo lembrar dela no papel de amiga da Bella em Crepúsculo! Aquela garota não era muito legal!” Rachel se defendeu.

“Exatamente! Ela não era para parecer legal! Ou seja, ela interpretou o papel muito bem!”

“É, acho que você tem razão.” A morena concordou, servindo mais vinho em ambas as taças. “Você está elogiando tanto ela que agora eu fiquei com vontade de ver outros trabalhos dela.”

“Podemos ver juntas. Eu não me incomodaria de vê-la de novo!” Quinn propôs.

“Quinn Fabray, você tem uma crush pela Anna Kendrick!” A morena acusou, provocando a loira.

Quinn levantou os braços em rendição. “Você não vai me ver negar isso!”

“Há! Eu sabia!” Rachel fez uma expressão vitoriosa.

“O que eu posso dizer? Eu realmente tenho um fraco por morenas de baixa estatura e grande personalidade.” Quinn disse, parecendo totalmente inocente em sua afirmação.

O coração de Rachel pareceu perder uma batida. Estaria Quinn flertando com ela ou a loira não fazia a mínima ideia do que havia dito?

“Gwyneth Paltrow.” Rachel soltou, olhando para a loira.

“O que tem ela?” Quinn arqueou a sobrancelha.

“Anna Kendrick é a sua e Gwyneth Paltrow é minha girl crush.” A morena explicou.

“Ohh.” A loira finalmente entendeu. “E o que você vê nela que te atrai?”

“Não sei...” A morena sorriu de lado. “Acho que eu não consigo resistir a loiras de olhos claros e extremamente elegantes.” Ela disse, encarando a loira a sua frente.

Elas mantiveram a troca de olhares por um momento, mas logo Quinn já estava comentando sobre outro assunto e o momento se perdeu, mesmo que algo tivesse visivelmente mudado no ar entre elas. Quinn percebeu que Rachel simplesmente não conseguia mais se manter longe dela. A todo momento ela parecia estar em contato com a pele da loira, fosse brincando com os dedos de sua mão, fosse enganchando seus braços, fosse trazendo a sua perna para o seu colo e massageando seus pés.

Rachel estava contando uma história que parecia ser engraçada, fazendo expressões e gesticulando animadamente e tudo o que Quinn conseguia registrar era o quanto ela estava encantada e perdidamente apaixonada pela morena. Ela não sabia quando havia começado, ela só sabia que em algum momento durante aquela amizade Rachel havia se tornado a única coisa em que ela conseguia pensar. Ela só pensava em fazer coisas por ela e em querer vê-la sorrir e ouvir o som da sua voz. Simplesmente tudo relacionado a ela.

Sem resistir, Quinn delicadamente segurou uma das mãos da morena, que parou imediatamente de falar e a olhou. A loira lhe direcionava um olhar penetrante e ela se pegou tentando decifrar o comportamento da loira naquele momento.

“Rachel...” Quinn disse num sussurro. “Sabe a conversa que tivemos na outra noite? Sobre almas que se reconhecem?”

A morena assentiu, sentindo que a loira estava prestes a falar algo muito importante e isso fez com que um certo nervosismo se apossasse de si.

“Eu não consigo parar de pensar nessa conversa, porque eu não consigo parar de pensar em você e em como você é a minha melhor amiga e, ao mesmo tempo, muito mais do que isso...” A loira declarou, os olhos brilhantes e expressivos. Ela respirou fundo, aquela era a hora. “Rachel, você é a minha pessoa. Você é quem faz eu me sentir amada, valorizada, livre para ser quem eu sou, simplesmente feliz. E eu... eu quero ser a pessoa que faz você também sentir todas essas coisas.”

Quinn sabia que ela já havia reconhecido a morena sem saber, que já a amava antes de perceber, que Rachel a fazia feliz sem nem mesmo tentar e que ela já queria a morena mesmo sem querer. Era Rachel quem sempre estivera ao seu lado, mesmo contra a sua vontade, mesmo quando ela a afastava ou corria para longe. Tudo o que ela queria era fazer parte da vida da morena e ela só precisava que Rachel deixasse, que ela se permitisse...

Rachel sentia seu coração disparado loucamente em seu peito, sem acreditar que Quinn estava ali, diante dela, se declarando. Depois de todos aqueles anos, era Quinn Fabray quem a fazia se sentir daquela forma, completa. Elas não tinham absolutamente nada e a loira já a fazia sentir como se elas tivessem tudo. Céus, elas sequer haviam se beijado e ela já sentia seu corpo arder pelo toque da mão de Quinn na sua. Rachel ainda não podia dizer que Quinn era sua, mas já sentia como se fosse dela. Ela não fazia ideia de como seria uma vida ao lado de Quinn, mas seu coração parecia se quebrar só de pensar em não vivê-la.

A morena não disse nada, mas parecia que Quinn tinha ouvido tudo o que precisava através do seu olhar, porque seus olhos eram um verde límpido e claro e a sua boca formava o sorriso mais belo que ela já tinha visto. Quinn se aproximou dela, seu rosto a centímetros do seu, o olhar cravado em seu rosto e no sorriso nada mais do que um pedido para que ela a aceitasse, para que ela lhe desse a mão e pulasse com ela, de olhos fechados, naquele precipício que ambas estavam beirando haviam dias ou meses, talvez anos e que só agora Quinn reunira a coragem para pedir e só agora Rachel percebera a profundidade do pular...

“Quinn, eu...” Ela conseguiu desviar com dificuldade seus olhos daquele magnetismo que eram os avelãs de Quinn.

Rachel se levantou, querendo sair daquela bolha que Quinn havia criado entre elas, precisando pensar, precisando respirar, precisando acalmar todas aquelas emoções e sentimentos que transbordavam dentro de si e a deixavam sem chão. Ela se encaminhou para perto da janela, abrindo uma fresta e sentindo o ar frio de NY bater em seu rosto e clarear seus pensamentos. Ela se virou depois de um momento e Quinn estava ao seu lado, o sorriso ainda no rosto e os olhos refletindo as luzes da cidade enquanto ela parecia apreciar a vista.

“Rachel, quero que me desculpe, mas eu não pude evitar...”

Por que Quinn lhe pedia desculpas? Será que a sua atitude de se levantar e se afastar da loira fez com que a loira pensasse que ela não correspondia aos seus sentimentos? Ou será que loira simplesmente havia se arrependido do que dissera? Seu coração estava prestes a afundar quando a voz suave da loira a trouxe de volta à superfície...

“Eu não pude evitar de me apaixonar por você.”

Rachel sentiu-se derreter diante da loira, um suspiro encantado saindo de seus lábios. Mas Quinn não fez qualquer movimento, ela se limitou a olhar para cima e sorrir satisfeita. Rachel franziu a testa em confusão e seguiu o olhar da loira para cima, onde um visgo se fazia presente, pendurado cuidadosamente acima da janela, quase que despretensiosamente. A morena balançou a cabeça, rindo sem acreditar.

“Você armou isso tudo não foi? Você é má, Quinn Fabray.” Ela disse diante do olhar vitorioso que a loira lhe lançava.

Quinn deu de ombros. “Eu só me utilizo de todos os recursos ao meu alcance quando quero algo.”

“Isso tudo só por um beijo meu?” Rachel desafiou.

“Não.” Quinn respondeu. “Isso tudo exatamente porque eu não quero só um beijo seu. Eu quero nada menos que você inteira, Rachel Berry.” Ela confessou, seu olhar transparecendo somente a verdade de suas palavras.

Rachel suspirou e sorriu de canto, se aproximando da loira a sua frente. “Você me tem antes mesmo de saber que podia, Quinn Fabray.” A morena enfim revelou, sua mão se agarrando ao pescoço de Quinn e fechando o pequeno espaço que havia entre seus lábios.

Era apenas um roçar de lábios, um simples beijo, mas foi o suficiente para que tudo o mais ao redor sumisse e ambas mergulhassem uma na outra. As mãos de Quinn envolveram a cintura morena e ela a puxou delicadamente contra si, sem admitir qualquer distância entre elas. Isso fez com que Rachel abrisse a boca e deixasse escapar um suspiro prazeroso. Quinn não se conteve e tomou conta mais uma vez da boca da morena, de forma mais incisiva e seus lábios passaram a se movimentar numa dança sensual, como se aquilo fosse a coisa mais gostosa que já haviam provado. 

Rachel se sentia trêmula, nunca um beijo havia feito ela se sentir assim, com as pernas bambas e a respiração necessitada, seus lábios implorando sempre por mais, incapazes de se desgrudarem dos lábios rosados e apetitosos da loira, que pareciam feitos para que ela os beijasse. Apesar disso, o beijo era extremamente carinhoso, os lábios se movendo com paciência, extasiados a cada novo toque. Quinn se sentiu ofegar quando a morena capturou seu lábio inferior e o sugou vagarosamente, parecendo saborear a melhor coisa do mundo enquanto uma de suas mãos subiam pelas costas e encontravam lugar entre os fios loiros, puxando-os levemente.

“Eu estou tão apaixonada por você.” Rachel confessou entre os beijos.

A declaração foi o suficiente para que a língua de Quinn rodeasse os lábios cheios e vermelhos e invadisse a boca da morena com vontade. O beijo pareceu mudar para algo mais necessitado, mais intenso, mesmo que o ritmo permanecesse o mesmo. Rachel nunca havia sido beijada com tanta paixão, tanto amor. Quinn parecia que ia morrer se suas bocas se afastassem e a morena nunca se sentira tão desejada com um simples beijo.

Era talvez o beijo mais longo da vida de Quinn e talvez fosse porque ela queria que ele nunca terminasse. Rachel parecia sentir o mesmo, porque quando ela fez menção de se afastar, a morena segurou sua nuca e pressionou ainda mais seus rostos, a beijando com ainda mais desejo e roubando o restante do ar de seus pulmões. As mãos da loira começaram a passear pela lateral do corpo moreno delicadamente e Rachel arfou. Sentir o toque de Quinn fazia seu corpo se arrepiar por inteiro. A loira também parecia em êxtase por tocar o corpo moreno, mesmo de forma singela, e seu corpo formigava de desejo e amor pela morena grudada em si.

Quando o beijo chegou ao fim, ambas estavam ofegantes. Rachel colou sua testa na da loira e riu, sentindo-se mais feliz do que se lembrava de ter se sentido um dia. Quinn correspondeu ao gesto e riu também, sentindo a morena segurar suas mãos e apertá-las em um gesto de carinho. Ela fechou os olhos, sem acreditar que ela havia acabado de compartilhar um beijo maravilhoso com a pessoa que amava, que ela finalmente havia provado dos lábios agora vermelhos e inchados de Rachel Berry. Eles eram uma completa delícia, uma torturante tentação que ela queria provar de novo e de novo.

Rachel pareceu ler seus pensamentos, porque mais uma vez ela se apossou dos lábios da loira, incapaz de estar tão perto e permanecer longe daquela boca apetitosa e perfeitamente desenhada e que a fizera se sentir nas nuvens. Ela sentiu Quinn suspirar baixinho e foi a sua vez de envolver a cintura esguia em seus braços e aproximar seus corpos. A morena se perdeu no momento em que a mão sempre delicada da loira apertou sua nuca em desespero, fundindo ainda mais seus corpos. Aquele beijo era mais forte, mais urgente e num impulso a língua de Rachel tomou conta da deliciosa boca de Quinn, ambas se entregando cada vez mais ao momento único que compartilhavam.

Elas sabiam que nada seria como antes depois disso.

E assim elas passaram o resto da noite, entre beijos, carícias e confissões de amor até adormecerem nos braços uma da outra.

No outro dia de manhã, Quinn acordou com um cheiro delicioso de café. Ela abriu os olhos e viu a morena se aproximar dela com uma bandeja de café da manhã e sorriu.

“Você me mima muito, Berry.” Ela devolveu a brincadeira.

A morena se limitou a rir e depositou a bandeja aos pés da cama, tomando o rosto de loira com as mãos e deixando um beijo tão gostoso em seus lábios que Quinn queria que ele durasse para sempre e elas não fizessem mais nada além de provar uma a outra pelo resto de suas vidas.

Rachel se afastou com um sorriso bobo no rosto e trouxe a bandeja para perto delas, servindo a loira de café antes de se abaixar um pouco na beirada da cama e puxar dela um pequeno embrulho. “Feliz Natal, Q.” Ela disse, entregando o presente para a loira.

Quinn pegou o embrulho e o abriu com cuidado, revelando uma caixa de veludo. Ela fez uma expressão surpresa e abriu, a expressão de surpresa se transformando em uma expressão maravilhada. Dentro havia um cordão como se fosse um escapulário, em uma das pontas havia uma minúscula foto delas em frente ao campus de Yale na primeira visita que Rachel fizera e na outra a foto era uma delas em um Central Park cercado de neve.

“É lindo, Rachel.” Quinn sussurrou com a voz embargada, visivelmente emocionada.

A morena pegou o cordão de suas mãos e o pôs com cuidado na loira, ajeitando-o em seu pescoço. “É pra você nunca esquecer de mim, mesmo longe.” Ela disse, dando um leve estalinho em seus lábios.

Quando havia escolhido o presente, Rachel nunca imaginou que elas estariam nessa situação e o presente agora assumia todo um novo significado entre elas. E a morena não podia estar mais feliz com a mudança. Quinn encarou o presente por mais alguns momentos, os olhos brilhando, antes de alcançar a beirada lateral da cama e também puxar de lá um embrulho. Ele era bem maior que o outro, em um formato retangular.

Ela o entregou para Rachel, que animadamente rasgou o papel de presente sem qualquer cerimônia, revelando um belo desenho à mão das duas, emoldurado. Elas pareciam estar em um parque, de mãos dadas e olhando uma para outra com sorrisos apaixonados no rosto. Era a coisa mais bonita que Rachel vira na vida. E no canto inferior direito estava a assinatura da artista: Quinn Fabray.

“Você desenhou isso?” O queixo de Rachel caiu, surpresa.

“Bom, eu costumava fazer desenhos horríveis de você quando eu pensava que te odiava. Por que não fazer um desenho nosso agora que eu sei que amo você?”

Rachel largou o presente de lado e avançou para cima da loira, começando um beijo quente que tirou todo o fôlego de Quinn em questão de segundos. Rachel parecia faminta pela boca da loira, que segurou sua cintura e puxou a morena para deitar em cima de si, colando seus corpos. Ambas arfaram com o contato íntimo e Rachel aprofundou ainda mais o beijo, sua língua caçando a língua da loira num embate sôfrego que só as deixava ansiando por mais.

Quinn retirou uma das mãos de sua cintura e a deslizou por debaixo da blusa da morena, acariciando a pele macia. Rachel pareceu perder um pouco do controle e pressionou forte seu corpo contra o de Quinn, fazendo ambas gemerem audivelmente dessa vez. Quinn ficou completamente louca com o gesto, virando-as de posição na cama e passando a dominar o beijo. Rachel sentia a loira devorá-la, sugando sua língua e mordendo seus lábios com vontade. De forma atrevida, a morena deslizou suas mãos pela lateral do corpo perfeito de Quinn, chegando até a parte traseira e apertando com vontade os montes perfeitos que a loira possuía. Quinn soltou um gemido gutural e sentiu Rachel arfar em seus lábios, pressionando involuntariamente seus quadris para baixo.

Rachel não sabia que era possível enlouquecer daquela forma com um beijo. Ela estava completamente molhada e seu corpo estava tão quente que ela tinha certeza que entraria em combustão a qualquer momento. Seus corpos se roçavam deliciosamente e suas bocas se encontravam de uma forma tão gostosa! Era tudo tão íntimo e revelador que Quinn conseguia sentir o coração da morena martelando junto ao seu enquanto sentia sua intimidade pulsar desconfortavelmente em sua calcinha, implorando por mais.

“Oh, Deus...” Rachel gemeu em sua boca antes de se afastar, quebrando o beijo. Elas estavam muito mais ofegantes que no dia anterior e agora possuíam um incômodo no baixo ventre. Elas estavam tão excitadas e, ao mesmo tempo, a morena se sentia tão amada, tão completa vivenciado aquele momento ao lado da loira.

“Eu também amo você, Q.” A morena confessou, causando um enorme sorriso no rosto perfeito da loira acima dela.

Quinn depositou um beijo suave na testa morena e caiu para o lado, sentindo como se nada pudesse afetá-la naquele momento. Não quando ela era retribuída pela pessoa que amava e havia acabado de trocar um momento íntimo extremamente quente com ela na cama.

“Posso fazer uma pergunta?” Rachel pediu, ficando com o corpo de lado, encarando o perfil loiro. Quinn assentiu. “Você teria me dado o mesmo presente de Natal mesmo que não tivesse acontecido nada entre nós?” A morena arqueou a sobrancelha.

“Alguma coisa iria acontecer entre nós. Para o bem ou para o mal. Eu estava decidida a me declarar pra você.” Quinn confessou, também se virando para a morena.

“Entendi. E se eu não retribuísse os seus sentimentos você me daria o presente mesmo assim?”

“Eu tinha o forte pressentimento de que você retribuía.” Quinn sorriu timidamente. “Mas provavelmente sim, eu te daria o presente e voltaria de coração partido para New Haven, querendo me afundar na cama e chorar.”

“Deu sorte, Fabray.” Rachel brincou, unido suas mãos e repousando-as entre seus corpos.

“Concordo plenamente.”

“Então...” A morena mordeu os lábios. “Nos declaramos e trocamos vários beijos... incríveis por sinal...” Ela acrescentou. “...mas e agora?” 

“Achei que tivesse deixado claro ontem à noite, Berry. Eu quero ser sua e quero que você seja minha, só minha.” Quinn disse, transmitindo uma enorme certeza em suas palavras.

“Hoje em dia a gente chama isso de pedido de namoro.” Rachel argumentou.

“Não, você entendeu errado.” Quinn negou com a cabeça. “O que eu estou propondo não é um simples pedido de namoro, é muito mais do que isso. Você já era muito mais do que minha namorada antes mesmo de ser minha namorada, Rachel.” Ela declarou de forma apaixonada.

“Então somos namoradas...?” A morena sorriu de canto.

Quinn não pode evitar de rir. “Sim, somos namoradas, Rachel Berry.”

E Quinn foi mais uma vez ataca pelos lábios de Rachel. A loira acabava de descobrir mais uma coisa na morena que ela jamais se cansaria. Sua boca completamente insaciável...

“Eu fico imaginando como todos vão reagir ao saberem sobre nós.” Rachel comentou assim que seus lábios se separaram.

“Eu acho que algumas pessoas não vão ficar assim tão surpresas com isso.” Quinn revelou.

“Por que você diz isso?” A morena franziu a sobrancelha.

Quinn riu e se esticou para pegar o celular na cabeceira da cama, abrindo a conversa entre ela e Santana.

Espero que esse ano o Papai Noel coce aquela bunda gorda dele e finalmente atenda ao seu pedido de ganhar uma irritante aspirante a atriz da Broadway de Natal. Ou então você podia ao menos ganhar um par de bolas e agarrar logo a anã. 

Feliz Natal, Fabray.

S & B

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não deixem de comentar!
Feliz Natal e Ano Novo, galera!
Até a próxima!