Lights -Especial de Natal. escrita por SabstoHoku


Capítulo 1
Capítulo único - Lights


Notas iniciais do capítulo

Yoooo minna! Estou de volta (bordão pq sou tradicional -sqn) e dessa vez trouxe um especial de natal do Sasuke, que foi escrito meio que sem querer. É sério. A minha "pequena" paixão pelos piscas-piscas de natal fez essa ideia surgir na minha mente, e disso saiu Ligths- escrito num caderno, inteiramente à mão, levando quase quatro horas e um capuccino para ser finalizada - O que o Capuccino tem haver com a história? Também não sei. 

Enfim, um beijão e boa leitura! Espero que gostem! 



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Aos cinco anos, Sasuke não entendia todo aquele fascínio que as pessoas tinham pelas luzes de natal. 

O pequeno andava até a área externa da casa, observando a fachada coberta de neve e as luzinhas que, por algum motivo, o irmão mais velho encarava com tanto afinco, como se fossem as coisas mais belas já vistas por ele. O mais novo não entendia. Que graça tinha ficar a olhar aquele confusão de cores brilhantes, que para nada serviam a não ser deixar sua pequena cabeça confusa? Não via motivos para tanta adoração e nem beleza naquele amontoado de fios que piscavam de maneira desordenada.

"Muitas coisas podem ser vistas nessas luzes, Sasuke." dissera Itachi, de forma calma, mas ainda assim o pequeno Uchiha não compreendera. As luzes eram só luzes. Mais nada. 

Andava de cabeça baixa, chutando a neve que deixava as ruas da vila completamente brancas. Não sabia que horas eram, e nem desejava saber; Não tinha mais horário, e muito menos motivos para voltar para casa. Sabia apenas que era tarde da noite já que, como de costume, todos já comemoravam em suas casas, e os estabelecimentos encontravam-se fechados. Não que ele se importasse. 

O menino deteu-se em frente a uma casa, dirigindo o olhar à grande janela por onde, através do vidro e de uma cortina amarela, era possível distinguir as sombras de quatro pessoas em frente a uma mesa, reunidas para o jantar. Sasuke observou as silhuetas se mexerem, ouvindo as risadas e perguntando-se se não poderia ter aquilo de volta em sua vida. A resposta era óbvia e clara: um sonoro Não. Nunca mais passaria seus natais junto àqueles que mais amava. Sasuke não tinha mais esse luxo. Não tinha mais uma família. 

Desviou os olhos ônix para o lado, não conseguindo mais suportar tal cena e querendo afastar-se de suas próprias lembranças. Só então percebeu que várias daquelas luzes envolviam a casa, fazendo-a brilhar, piscando com fervor. O menino encarou-as, os lábios apertados, as mãos em punho, nem sequer piscava. Ninguém que visse a cena imaginaria que, por trás daquela postura rígida demais para uma criança de sete anos, houvessem olhos cheios d'água. 

Sasuke ainda não via beleza naquelas luzes, apenas um vazio e lembranças de alguém que desejava urgentemente esquecer. 

"Muitas coisas podem ser vistas nessas luzes" dissera ele. Mas era mentira. Elas só serviam para fazer seus olhos arderem e sua cabeça girar, assim como as cenas que a pessoa que proferira aquelas palavras lhe obrigara a ver. 

Ele não sabia o porquê Kakashi insistira para que o time se reunisse naquela data. Quer dizer, quem diabos comemora o natal numa barraca de rámen? É claro que, na mente do Uchiha, aquilo só poderia ter sido ideia de Naruto. 

O garoto andou rapidamente em direção ao Ichiraku, simplesmente ignorando todos os olhares que o seguiam pela rua. Aquilo não mais lhe afetava. Apesar disso, mantinha a cabeça baixa, olhando para as pedrinhas largadas no chão que encontrava durante o trajeto. Aquele fora o único natal em anos em que Konoha não ficara coberta pela neve. Sasuke agradecia por isso, seja lá quem ou o quê fosse o culpado. Neve também não costumava trazer-lhe lembranças boas. 

Chegou alguns minutos depois ao pequeno restaurante, entrando e sentando-se no banco encostado na parede mais próxima, sem dar o mínimo de atenção à decoração externa e interna do local. Percebeu de imediato que havia sido o primeiro a chegar, como sempre, e suspirou, entediado. Teuchi não perguntou nada ao menino, fazendo-o presumir que o homem tinha sido informado previamente da tal reunião do time. Minutos já haviam se passado quando Sasuke ouviu a voz bem-humorada do homem. 

—Acho que chegou cedo demais, menino. -Disse, soltando uma risada, enquanto já separava os ingredientes necessários para preparar os rámens. 

"Não, eles que vão chegar atrasados." Quis responder o garoto, porém não o fez, soltando apenas um simples "Hm" que mal foi audível. A verdade era que, mesmo dizendo que não via qualquer importância em eventos como aquele, Sasuke sempre era o primeiro a chegar. Interpretava isso como um simples hábito de ser pontual, não necessariamente significando apego aos companheiros, como outros acreditavam. 

Mirou seus olhos ônix na entrada do estabelecimento. Pelo brilho multicolorido que iluminava o chão, podia presumir que havia algum daqueles piscas-piscas infernais decorando a fachada. É claro que teria. Aquelas coisinhas infinitamente irritantes eram colocadas em todo lugar durante aquela época do ano. 

O menino fez um barulho insatisfeito, vendo as luzes apagarem do lado de fora, para então se acenderem de novo. Entretanto, quando o chão foi novamente iluminado, a parte inferior de três pessoas com roupas de cores bem conhecidas e as habituais sandálias de Konoha ficaram visíveis, revelando a ele que os companheiros haviam chegado. 

Sasuke sorriu de canto, disfarçando logo em seguida, assim que Teuchi os chamou para entrarem. 

Era seu primeiro Natal desde que soubera a verdade. O primeiro desde que Itachi se fora. 

Não desejava comemorar ou lembrar daquela data, porém Karin o irritada tanto que o fizera ceder e aceitar a ideia da kunuichi de não deixar o dia passar em branco, e ficar em um dos esconderijos de Orochimaru para uma mini-comemoração.

E assim fora. Karin levara a ideia tão à sério que até mesmo os corredores do esconderijo, que era consideravelmente menor e mais tradicional que os demais, tinham enfeites. Desde fitas coloridas a bolinhas de natal. O Uchiha não sabia como a mulher decorara tudo em um único dia, e nem se importava, mas estava certo de que ele obrigara Suigetsu e Juugo a participar daquilo. 

Entrou no cômodo central do esconderijo, uma sala ampla com várias estantes cheias de pergaminhos e poltronas espalhadas aqui e ali. Era, possivelmente, usada para estudos. Mas, devido à loucura de Natal da Uzumaki, se transformara no foco das decorações natalinas. Uma árvore enorme, cuja estrela no topo chegava a tocar o teto, se encontrava no canto direito da sala. O restante do cômodo, por sua vez, fora infestado de fitas coloridas e piscas-piscas. 

Sasuke saiu dali antes mesmo que sua análise sobre tudo aquilo terminasse. Não queria ver aquelas luzes. Acabara de descobrir que, agora, elas lhe lembravam Itachi. 

E, mais uma vez, mesmo que por outros motivos, agora aos dezessete anos, ele desejava fugir da lembrança do irmão. 

  ⭐

O homem abriu a porta lentamente e com cuidado, tentando evitar ao máximo qualquer tipo de barulho, num silêncio que havia se tornado característico dele. A casa encontrava-se completamente escura, como a maior parte das residências estão às três e meia da madrugada. Porém, ele a conhecia o suficiente para poder esgueirar-se, mesmo na escuridão, passando lentamente dentre a sala, a cozinha e o corredor que antecediam o quarto do casal. As visitas noturnas não eram frequentes, porém aconteciam quando Sasuke estava perto o suficiente da vila. Ele não ficava mais que alguns poucos minutos, e fazia questão de não deixar rastros, acreditando nunca ter sido descoberto por Sakura até aquele momento.

Empurrou a porta com o mesmo cuidado e leveza que apresentara na entrada. Após abrir uma fresta suficientemente grande para que sua cabeça e parte de seu tronco passassem, inclinou-se, olhando para o interior do quarto. Viu uma cena que, embora quase sempre fosse a mesma, nunca cansava-se de observar. 

Sakura estava adormecida, encolhida na cama, com um dos braços em volta de Sarada, que encontrava-se no mesmo estado. Os cabelos rosados e, para a surpresa de Sasuke, longos, espalhavam-se na cama, alguns fios até mesmo caindo por cima de seu rosto, tampando a visão do homem de um de seus olhos e da parte esquerda de seus lábios. De Sarada, sua filha de apenas cinco anos, era possível ver os cabelos negros e parte de suas costas, onde o símbolo do clã Uchiha estampava sua camiseta. Por um momento, ele quis andar até elas e fazê-las perceber sua presença, mas sabia que não podia. Embora fosse doloroso, já estava mais que na hora de ir embora. 

Fechou novamente a porta, dirigindo-se de volta à porta principal. Atravessou-a e a fechou. Tudo exatamente do jeito que estava anteriormente. Andou alguns metros, e então virou-se, observando o lado de fora da casa que representava um novo início para ele e para todo um clã. Resistiu ao impulso de voltar e ficar, obrigando-se a afastar tais pensamentos. Se estava fazendo aquilo, era por motivos como aquele. Voltou rapidamente à realidade, só então percebendo as luzes que enfeitavam a frente da casa. As luzinhas coloridas davam uma nova esperança para ele, e nelas podia enxergar lembranças boas. Sorrisos. Via seus momentos de brincadeira com Itachi, suas aventuras com o time 7, o momento em que fora salvo, entre outras coisas. Por último, via a imagem que acabara de capturar e guardar na memória. O doce sorriso nos lábios de sua esposa e o símbolo na roupa de sua filha. 

Sasuke, aos 27, finalmente conseguia enxergar as cores e a beleza daquelas luzes. Por fim, também se tornara fascinado por elas. 

—São muito mais, não é, onee-san? -Murmurou, com um sorriso de canto, enquanto continuava sua caminhada. 

Talvez a neve cobrisse suas pegadas dali a uma ou duas horas. Porém, as luzes de natal continuariam lá. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Feliz Natal



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