State of Grace escrita por Edmayra McHale


Capítulo 10
I'm the Problem




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7 de janeiro de 2019

Desde que Mackenzie havia chegado na cidade há alguns dias, Hayley percebeu que seu marido havia se tornado um pouco mais distante. Não com ela, ou com a filha, mas sua mente parecia estar sempre longe da realidade. Não sabia o que havia acontecido entre eles, mas teve a sensação de que havia sido brutal para ele.

Não queria se meter, esperava que resolvessem por contra própria, mas, com tudo o que tinha descoberto sobre a Kenner, talvez estivesse na hora de forçá-lo a se envolver. Eles eram gêmeos, por mais que estivessem separados há tanto tempo, ele devia sentir que algo estava errado, não é?

Quando se aproximou, sorriu fraco para Aiden, que entendeu o recado e se retirou. Abraçou o próprio corpo para tentar afastar a temperatura baixa de seu corpo e deu mais alguns passos, parando ao lado do marido. Ouviu um longo suspiro escapar pelos lábios dele, então, o olhou. Jackson parecia saber do que aquilo se tratava, mas não estava aborrecido como das vezes anteriores.

— É muito sério?

— Pelo que disse à sua avó ontem, eu pensei que não quisesse saber. — A híbrida suspirou, recebendo o olhar do marido, e se virou de frente para ele. — É muito sério — afirmou. — Ela está com medo. Não teria voltado pra casa se não estivesse, eu sei bem como é isso.

O alfa levou as mãos aos bolsos, voltando seu olhar para a água pantanosa, e deixou que seus ombros caíssem. Ele não era um monstro, é claro que ainda se importava com a irmã, ainda se preocupava com ela.

— Eu não sei o que houve entre vocês, nem vou insistir para que me conte, mas o que eu sei é: — Ajeitou sua postura, sem desviar seu olhar das feições do homem, e mordeu o lábio. — No lugar dela, eu ia adorar ter a minha família por perto. Principalmente aquele a quem sou mais ligada. — Sorriu triste. — Veja a mudança do Klaus por causa dos irmãos... Ela não está sozinha, mas você não está com ela, então, é como se fosse a mesma coisa. Você pode não entender os motivos dela, mas nunca vai saber se não for até ela e perguntar. Você nunca vai conhecê-la se não conversar com a sua irmã, Jack. — Se aproximou um pouco mais e acariciou as costas dele levemente. — E eu sei que você sente falta dela também.

O Kenner respirou fundo, passando sua mão livre pelos cabelos, alongando o pescoço, mas logo se virou de frente para a esposa, segurando o rosto dela, e selou seus lábios. Hayley retribuiu o gesto, apoiando as mãos na cintura dele, e o puxou um pouco mais para si quando o homem encostou suas testas. Gostaria de lhe dar o tempo necessário para digerir tudo, contar exatamente o que precisava saber, mas temia que, talvez, a mulher não tivesse tanto tempo assim.

— Eu vou falar com ela — Jackson sussurrou.

Seu ego não estava mais ferido do que seu coração estava preocupado. A esposa estava certa em duas coisas: a ligação entre os irmãos ainda era forte – pelo menos desde que a irmã tinha voltado – e ele não entenderia nada se não conversasse com ela. Já que ela precisava tanto de ajuda, talvez fosse mesmo a hora de deixar suas mágoas de lado.

Um longo suspiro escapou pelos lábios dele quando Hayley se afastou, então, beijou a testa dela e recolheu as mãos, podendo ver o pequeno sorriso agradecido e orgulhoso estampar seu rosto. Ela não o tornava apenas um lobo melhor, mas também um homem melhor.

— Ela vai estar em casa à noite — avisou, depositando um beijo na bochecha e outro nos lábios do marido, e fez uma leve carícia em seu ombro, mas logo recuou de volta para a cabana sob seu olhar.

Quando a perdeu de vista, Jackson olhou o relógio em seu pulso, conferindo as horas, e respirou profundamente. Não fazia a mínima ideia do que diria à irmã, muito menos que desculpa daria à avó para que não criasse expectativas, mas teria grande parte do dia para descobrir.

 

 

Antes que chegassem a Nova Orleães, Trevor já havia alugado um casarão nos arredores da cidade, ou talvez estivesse mais para uma fazenda. Não sabia quanto tempo precisariam por ali, mas concordou em pagar um mês adiantado se não fizessem perguntas. Quando chegaram, o sedã estacionou em frente à escadaria que levava para a casa, mas o furgão entrou na pequena estrada de terra batida que levava a um casebre de madeira não muito afastado da construção principal.

Assim que desceu do carro do irmão, os olhos de Lawrence seguiram até o veículo que sumiu na sombra que se formava dentro do local. Pensou em ir até lá, mas apenas se apressou até o porta-malas ao ouvir a voz do irmão.

Rodaram por grande parte da noite, então, estavam exaustos. No horário do almoço, Mason ficaria de olho na fugitiva e Kyle levaria comida até o casarão, aproveitando para dar notícias sobre a vigilância. Até lá, o grupo tentaria descansar ao máximo. Mas o sono não veio fácil para todos.

Após pouco mais de uma hora rolando de um lado ao outro da cama, mesmo com seus fones de ouvido, Lance não conseguiu dormir, nem mesmo foi capaz de aquietar sua mente pelas palavras do homem aprisionado. Se sentou na cama, respirando fundo ao notar que seu quarto tinha visão tanto da estrada quanto do casebre, e deixou os ombros caírem. Coçou a cabeça, puxando a jaqueta, e se levantou de uma vez.

Seus pés o guiaram até as portas da pequena cabana de madeira. Provavelmente pertencia ao capataz da propriedade antes que desativassem as colheitas e, então, passou a ser algum tipo de depósito, pois várias ferramentas e caixas estavam no canto que servia de garagem.

O jovem abriu a porta com cuidado, olhando ao redor pela fresta antes que pudesse encontrar o outro no centro da sala – com os braços e as pernas amarrados numa cadeira por correntes. Estava tão enfraquecido que talvez todo aquele cuidado nem fosse necessário. Mas Trevor não gostava de subestimar seus adversários – não os que conhecia.

Lance se aproximou ao fechar a porta, recebendo o olhar exausto de Oliver, que apenas deixou a cabeça cair. O mais novo engoliu em seco, levando as mãos aos bolsos do casaco, mas sentiu-se incomodado ao ouvir a barriga do loiro roncar. Eles haviam parado para comer há algumas horas, mas se lembrou de que o prisioneiro não tinha comido nada. Mexeu a mão um pouco e sentiu a barra de cereais que comprou no posto quando abasteceram.

Parou alguns passos à frente do outro, lhe estendendo a embalagem, e esboçou um sorriso fraco quando Oli o olhou de novo.

— Não tem nada na casa, desculpe — pediu.

Oliver tentou respirar profundamente, mas seu gesto foi interrompido, já que nem forças para aquilo parecia ter. Lawrence mordeu os lábios, se ajoelhando, e abriu a embalagem, levando o lanche à boca do outro, que deu uma mordida pequena.

— Por quê? — perguntou com a voz rouca, tossindo um pouco logo em seguida.

Eram tantas as possibilidades para aquela pergunta, que Lawrence acabou não entendendo. Pensou em várias respostas diferentes para várias perguntas diferentes, mas acabou que nenhuma delas serviu para a verdadeira.

— Por que ajudá-lo?

— Ele é o meu irmão — o mais jovem respondeu, levando a barra à boca do outro de novo, mas Oliver não aceitou, assim como pareceu não aceitar sua resposta. — Ele é da família, o que mais eu deveria ter feito?

O Raymund balançou a cabeça em negação, encarando o chão, e suspirou, fechando os punhos para tentar reunir suas forças e retomar sua postura, conseguindo encarar o outro de uma posição em que não se sentia submisso – ou impotente.

— Perguntas, Lance, deveria ter feito perguntas.

— Que tipo de perguntas? — Soltou um riso forçado, desviando seu olhar.

— “Por quê?” — respondeu num tom quase firme, mas era apenas a decepção. — Você sempre foi tão bom, por que se misturar com as merdas do Trevor? Você também o ajudaria se não fosse o seu irmão?

— O que vocês fizeram é errado, Oliver, o que esperava? Que todos ficassem sentados e de braços cruzados?

— E o que nós fizemos, Lance? — perguntou confuso, estreitando os olhos em sua direção. — Traímos o seu irmão? Matamos o seu pai? Não fizemos nada disso — disse num tom calmo. — Quem matou o seu pai foi o Trevor, eu só o encontrei! — se defendeu.

— Mentira! — acusou, se levantando, e balançou a cabeça em negação de forma contínua. — É tudo mentira! Trevor avisou que você diria isso, que tentaria me colocar contra ele!

— Eu não preciso te manipular, Lance, ele está fazendo isso desde o início, você só precisa pensar com cuidado — apontou, tentando se acomodar, e o acompanhou com o olhar. — Você disse que o Daniel traiu a esposa, não foi? Mas o que o Trevor está fazendo agora? Ele não está sozinho, está? Eu senti o perfume dela.

O mais novo o olhou de imediato, com os olhos um tanto arregalados, e cruzou os braços. “O que isso tem a ver?”, perguntou, mas esqueceu de usar os lábios.

— Mack fugiu há uma semana e ele já está com outra? — Oliver forçou um riso irônico. — Qual é, você sabe a verdade, só não quer enxergar...

— Eu não sou ingênuo! — o interrompeu. — Isso ainda não explica porque o Trevor mataria o nosso pai.

— Porque Daniel descobriu — contou, voltando a deixar os ombros caírem, e suspirou cansado. — Ele descobriu e avisou a Mackenzie, por isso ela fugiu. Nós a ajudamos. Ela não estava traindo o Trevor comigo, ele é quem a estava traindo.

Lance fez uma careta exagerada, querendo negar, mas uma expressão de confusão tomou conta de seu rosto quando os fatos começaram a se alinhar lentamente. Era mesmo estranho o fato de o irmão já estar com alguém, Delilah não parecia ser “uma qualquer” que ele encontrou na rua enquanto afogava as mágoas. Na verdade, Trevor nem mesmo parecia do tipo que afogava as mágoas, apenas seguia em frente.

Oliver mordeu os lábios ao ouvir passos se aproximarem. Não teria tempo de avisá-lo.

— Ela também te tratava como família — lembrou num tom um pouco baixo, sem desviar o olhar do rapaz, mas a porta se abrindo num estrondo chamou a atenção de ambos, revelando a figura alta e musculosa de cabelos pretos.

— O que está fazendo aqui, moleque? — Bruce perguntou num tom arrogante e o encarou.

— Eu só vim ver se ele estava com fome ou sede — respondeu apressado, encolhendo os ombros ao se arrepiar pelo olhar do outro, e abaixou a cabeça. — Eu já estou indo — garantiu, levando as mãos aos bolsos da jaqueta, e quase correu para fora do lugar.

Quando a porta fechou com força atrás dele, o rapaz começou a correr de fato e só parou quando alcançou o carro do irmão. Encostou-se numa das portas, ofegante, e deslizou até que se sentasse no chão. Sua cabeça girava com as informações. Não podia ser real, não é? Seu irmão seria capaz de todas aquelas coisas?

Seu estômago embrulhou e algumas lágrimas escorreram por seu rosto, mas o jovem logo as enxugou, encostando a cabeça na lataria do veículo.

Em sua chegada, o céu estava em um tom de um azul claro, quase sem nuvens, mas, àquela altura, lhe parecia tão cinzento quanto sua mente. As pálpebras pesaram de repente, como se o peso de tanto esforço mental finalmente o atingisse, mas ele não queria entrar na casa, não queria se deitar naquela cama dura ou entrar naquele quarto frio.

Levou a mão à maçaneta do carro e abriu a porta de trás. Quase rastejou para cima do banco e se deitou. Fechou os olhos com força, desejando que tudo fosse diferente, mas já era tarde demais para que pensamentos positivos pudessem ajudar.

 

 

Quando o enjoo matinal a atacou junto ao despertador naquela manhã, Mackenzie já sabia que não seria um bom dia. Mesmo que amasse o que fazia e que a nova chefe soubesse de seu estado, não queria pedir o dia de folga, pois aquele mal estar devia ir embora até o almoço. Bem, ao menos ela esperava que sim.

O que ela não esperava era que Keelin lhe pedisse para ir até a feira semanal do bairro comprar algumas coisas. Ela achava que já tinha passado do período de enjoar fácil, mas o cheiro de certas frutas e grãos provaram que estava muito errada. Assim que se aproximou dos vegetais, precisou parar. Levou uma das mãos à boca, respirando fundo, mas se virou depressa ao sentir duas mãos tocarem seus ombros.

— Não quero te assustar, mas eu acho que você precisa muito sair daqui — o rapaz comentou após analisá-la brevemente e passou um de seus braços pelos ombros da mulher, guiando-a para um lugar mais afastado de onde estavam.

— Quem é você? — ela perguntou confusa, estreitando os olhos na direção do estranho, e tentou se soltar, mas sentiu seu corpo relaxar com a resposta.

— Elijah me enviou — contou, olhando para trás por alguns instantes, e parou perto dos bancos da pequena praça, fazendo sinal para que ela sentasse. — Desculpe o mau jeito, eu sou Josh — apresentou-se, estendendo uma mão para a morena, que logo aceitou.

— Mackenzie — respondeu, mesmo imaginando que ele já soubesse, e olhou ao redor antes de sentar. — Eu já sei que tem gente me seguindo... — avisou.

— Ah, eu sei, eu só não queria que você vomitasse lá — o rapaz brincou, atraindo a atenção da enfermeira, e deu de ombros. — Tive ressacas demais, conheço os sinais.

— Quem me dera fosse só uma ressaca — Mack resmungou, deixando os ombros caírem, e estreitou levemente os olhos ao vê-lo se afastar em direção a uma das barracas, voltando com uma garrafa d’água e estendendo a ela. — Obrigada, Josh. — Sorriu um pouco fraco, visivelmente sem graça, e tomou um gole da água. — Está atrás de mim o dia inteiro?

— Desde que saiu do seu apartamento. — Suspirou e sentou ao lado dela, esperando que estivesse bem para voltar às compras. — Eles não te atacam? Só te vigiam? — Mack assentiu. — Por quê?

— Eu acho que estão esperando algum sinal do meu ex. — Ela deu de ombros, mas podia sentir um olhar estranho sobre si, o que a fez olhar para o rapaz. — Não fico tranquila com isso, mas não tem nada que eu possa fazer, não vou parar a minha vida e me esconder para sempre — defendeu-se.

— Nem deveria — concordou, rindo fraco, e voltou a observar o ambiente.

— Tudo bem?

— Tudo, é que a sua determinação me lembrou alguém — contou com um pequeno sorriso, mas respirou fundo, coçando a nuca com uma das mãos.

Mas ele continuava incomodado com o homem do carro cinza. Josh não conseguia entender aquela situação, todo aquele trabalho só para brincar com o psicológico dela? Ou será que o tal ex estava a caminho e estavam apenas o esperando?

— Só tem um — ele comentou de repente, atraindo o olhar confuso da mulher.

— Merda.

— O que foi? — Estranhou, voltando sua atenção para ela, e apoiou um braço nas costas do banco.

— Eram dois. Durante o fim de semana inteiro. — Mackenzie respirou fundo, fechando os olhos ao sentir um forte calafrio, e levou a mão ao colar em seu pescoço, apertando o cristal sem notar. — Ele chegou — murmurou, mordendo o lábio, e soltou o amuleto antes de olhar para o vampiro. — Eu preciso voltar à clínica…

— Tudo bem, eu te levo e fico de olho, acha que ele pode tentar algo enquanto estiver por lá?

— Com tudo o que aconteceu, eu descobri que não sei absolutamente nada sobre ele — ela admitiu num tom agoniado antes de se levantar e pegar algumas das sacolas, com Josh ajudando com outras.

Sua mágoa era compreensível. Passara os últimos anos de sua vida ao lado de alguém que era uma pessoa totalmente diferente daquela que a caçava como um animal. Por mais que tentasse, ela não conseguiu descobrir exatamente o momento em que tudo mudou, quando ele se transformou naquilo. Ou será que aquela parte dele sempre esteve lá dentro e ele apenas escondia muito bem?

Com tantas dúvidas rondando sua mente, ela mal notou quando alcançaram a casa que servia de clínica comunitária. Enquanto guardava as coisas na cozinha e na despensa, ouviu passos entrarem no cômodo e olhou sobre o ombro para a chefe, soltando um longo suspiro, fechando os armários.

— Está tudo bem? — Keelin questionou enquanto analisava a enfermeira com o olhar, notando-a um pouco abatida, e suspirou ao vê-la negar com a cabeça.

— Cabeça cheia — confessou, pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha, e se virou de frente para ela, esfregando as mãos. — E um enjoo insuportável…

— Quer saber? — A médica olhou para a recepção e notou que não estava tão movimentado, então, voltou sua atenção para a mulher de olhos azuis, se aproximando, e segurou seus ombros. — Por que não tira o dia de folga? Não vou me sentir bem se achar que estou te explorando, assim como você não vai melhorar se não descansar.

— Eu queria muito poder recusar e ficar fora de casa para escapar dos fantasmas na minha mente, mas eu acho que não estou no meu melhor momento para trabalhar também. — Forçou um sorriso para a médica, mas assentiu agradecida, relaxando os ombros.

— Eu me viro por aqui, vá descansar. — Sorriu, depositando um beijo em seu rosto, e a soltou, dando espaço para que a Kenner pegasse sua bolsa antes de sair.

 

 

Quando a porta da casa fechou, todos que estavam na sala ergueram sua atenção para o homem de cabelos loiros que entrava. Kyle pôs as sacolas sobre a mesa de centro, ouvindo os agradecimentos do ruivo, e se jogou num dos assentos do sofá, dando um tapinha no ombro do rapaz que estava ao seu lado.

— Como estamos? — Trevor perguntou ao se esticar para pegar uma das cervejas do engradado, tomando um gole sem desviar a atenção do amigo.

— Ele está meio atrasado, mas disse que já estava a caminho, não quis vir comigo pra não levantar suspeitas — informou, pegando seu celular para conferir a mensagem, mas logo se levantou e voltou até a porta, podendo ver um carro se aproximar pela estrada. Acenou para o motorista, indicando que era o lugar certo, e levou as mãos aos bolsos.

Lawrence olhou curioso para a porta ao ouvir o novo carro parar em frente ao casarão, mas desviou a atenção para o irmão quando ele chamou seu nome, estreitando levemente os olhos pelo sinal dele. As escadas. Trevor estava mesmo lhe tratando como uma criança e o mandando sair?

O caçula inclinou levemente a cabeça, mas arregalou um pouco os olhos ao notar a expressão desgostosa do outro, então, apenas se levantou, pegando uma das embalagens de comida e um dos refrigerantes, e apressou seus passos até o quarto sem vida que ocuparia nos próximos dias. Sentou-se na escrivaninha em frente à janela para a entrada da propriedade, soltando um longo suspiro, e viu a silhueta de Iannick.

Não estava com estômago para comer, Oliver lhe deu muito no que pensar. Ele tinha muitas coisas a revisar em sua vida, não esperava que seu relacionamento com o irmão fosse uma delas, mas já tinha chegado até ali. Por que Trevor teve tanto trabalho de levá-lo consigo na viagem, sendo que o trataria como uma criança e o mandaria para o quarto?

Levou os fones de volta aos ouvidos e viu que os dois amigos do mais velho tinham deixado o casebre, ou seja, Oliver estava sozinho de novo. Pensou em descer e ir até lá, tentar alinhar seus pensamentos, mas a escada dava direto na sala de estar, onde todos estariam, e sua maldição não estava ativa, o que poderia resultar num tornozelo torcido caso tentasse pular do telhado.

Poderia tentar voltar à noite, ou esperar até que o irmão confiasse nele, mas talvez a segunda nem fosse possível se Bruce contasse a ele que estava sozinho com o “hóspede”. Um longo suspiro escapou por seus lábios antes que erguesse o olhar para o céu azulado. Lance abriu o refrigerante e tomou um gole, mas afastou a embalagem de comida e se debruçou sobre a mesa, fechando seus olhos por alguns instantes, que, na verdade, se tornariam algumas horas.

 

Assim que a dupla passou pela porta do casarão, Bruce estreitou os olhos para a quarta figura sentada no sofá, mas balançou a cabeça em negação, cruzando os braços, e sentou ao lado do ruivo.

— Eu nunca vou me acostumar com isso — resmungou.

— Eu poderia me destransformar, mas seria bem nojento, você não conseguiria comer por uma semana — o homem com a aparência de Oliver declarou, soltando um riso baixo, e se acomodou no assento, batucando os dedos nas costas do sofá onde sua mão estava. — Estão todos apreensivos — informou.

— Os Mikaelson são paranoicos por natureza — Delilah lembrou, apoiando seu braço no ombro do alfa, e deixou um riso escapar, alisando a linha do maxilar dele com um dos dedos antes de olhá-lo. — Não se vive tanto tempo sem fazer alguns inimigos. Mas por que eles estão interessados no caso da vira-lata? — questionou curiosa e voltou sua atenção ao outro.

— A mãe da filha do Klaus é esposa do irmão dela — respondeu com uma careta exagerada. — O irmão nem olha na cara dela, mas a esposa parece que a adora. Pediu para que ficassem de olho nela. Foi o híbrido que matou o seu cara.

Trevor esfregou as têmporas com uma mão, deixando que um suspiro pesado escapasse pelos lábios antes de mordê-los. Teria que ser mais inteligente do que os Originais. Se fizesse as coisas do jeito errado, talvez não conseguisse chegar à esposa.

— Algo que eu deva saber sobre a rotina dela?

— Ela vai até a periferia da cidade quase todos os dias — Kyle contou com a boca cheia, notando os olhos do Blake sobre si, e tomou um gole da cerveja. — Tem muito movimento, perguntei a alguns vizinhos, disseram que é uma clínica comunitária.

— É, ela trabalha lá — o estranho confirmou, passando uma mão pelos cabelos compridos. — São ela e mais três pessoas, pegá-la no fim do expediente pode ser uma boa ideia…

— Muita gente na rua. — O loiro de cabelos curtos balançou a cabeça em negação, esboçando uma leve careta, e batucou os dedos na garrafa de vidro da cerveja. — Em trânsito de volta pra casa?

— Acha que conseguem fazer isso? — Trevor dividiu seu olhar entre ele e o moreno, que assentiram, e respirou fundo, tomando um gole de sua bebida, até que olhou para o outro. — Vamos ver como fica a rotina dela amanhã, se nada mudar, faremos no dia seguinte. — Os ouviu concordar e parou sua atenção no estranho. — Obrigado por ficar de olho nela, Lennor.

— Está me pagando pra isso. — Ele sorriu, erguendo seu refrigerante em forma de brinde.

 

 

Mackenzie estava jogada em sua cama, sem conseguir sequer pensar em comida. Josh se ofereceu para comprar qualquer coisa, mas ela apenas recusou com um longo resmungo e se encolheu na cama. Já que o amigo não estava em casa, o vampiro decidiu fazer companhia até que outra pessoa aparecesse para “assumir o turno”, o que ele não esperava que fosse tão cedo.

— Jackson? — estranhou ao abrir a porta e encontrar o alfa dos lobos Crescentes.

— Eu… — balbuciou, olhando brevemente ao redor e para o número estampado ao lado da porta, então, voltou a olhá-lo, ainda confuso. — Eu vim falar com a minha irmã — contou. — Hayley disse que ela estava aqui…

— Ah, claro, entre — pediu, dando espaço para o lobo, e indicou o corredor. — Ela não está se sentindo muito bem, está deitada desde que chegamos.

— Obrigado por ter tomado conta dela. — Esboçou um sorriso fraco, recebendo um aceno em resposta, e indicou a porta fechada apenas para confirmar. Deu duas batidas leves na porta, mas a abriu quando não teve resposta.

Por mais que os olhos estivessem fechados e ela nem se movesse, sua expressão agoniada não lhe dava a impressão de que a mulher estava dormindo. O lobo se aproximou devagar, chamando pela irmã num sussurro, e esfregou levemente a mão livre, com a outra apoiada na cintura enquanto a observava.

Mackenzie encolheu um pouco os ombros ao ouvir sua voz, mas imaginou que fosse apenas coisa de sua mente, no entanto, quando sentiu o toque em seus cabelos, abriu os olhos de imediato, sentindo sua garganta fechar.

— Jack?

Seu tom era um sussurro, como se estivesse quase dormindo, mas os olhos arregalados mostravam que estava bem desperta. Ela se sentou na cama com cuidado para que não piorasse seu enjoo e deixou as mãos sobre o colo, sem desviar a atenção do gêmeo.

— Eu acho que já passou da hora de conversarmos, não é? — Um sorriso sem graça estampou o rosto dele assim que proferiu tais palavras.

Ele não sabia como tentar se aproximar da irmã, mas, pelo olhar que ela lhe deu, sentiu seu peito apertar. Mordeu o lábio com força, sentando na cama, e a puxou para seus braços, fechando os olhos ao senti-la se acomodar. Como sempre, um não precisava falar para que o outro soubesse que as coisas não iam bem. Por mais que anos tivessem se passado, ou que fossem pessoas totalmente diferentes. Ainda tinham seus sinais, aqueles que apenas os dois conheciam.

— Vai ficar tudo bem agora — ele sussurrou para confortá-la, dando um beijo demorado no topo de sua cabeça enquanto afagava os cabelos pretos da irmã.

— Não, não vai — resmungou antes de apertá-lo um pouco mais, sentindo algumas lágrimas escorrerem por seu rosto.

O coração do Kenner quase murchou pela reação da irmã. Pensou que, quando a visse, talvez pudesse aliviar um pouco as coisas, que ela ao menos ficaria feliz por vê-lo com uma bandeira branca. Mas, vendo a gêmea naquele estado, entendia o que a esposa queria dizer. Ela não estava apenas com medo, estava apavorada. Que tipo de irmão ele foi para deixar que as coisas chegassem àquele ponto?

— Eu estou aqui, não vou a lugar nenhum — garantiu, a apertando em seus braços. — Eu não vou te deixar, Kenzie.

Um calafrio percorreu a espinha da mulher ao ouvir tal apelido, fazendo com que seu corpo encolhesse um pouco mais. Apenas duas pessoas a chamaram daquela maneira em toda sua vida. Primeiro, o irmão, a quem ela havia abandonado anos atrás. Depois, o marido, a quem ela prometeu sua vida, mas que não fora capaz de fazer o mesmo por ela e que, na verdade, a perseguia por ter desistido da promessa.

Jackson não entendia nada que estava acontecendo, mas fez tudo ao seu alcance: ficou ao lado da irmã, ou melhor, com os braços ao seu redor até que ela se acalmasse o suficiente para parar de chorar. Sabia que não estava bem, então, se deitou com ela e aguardou até que estivesse.

 

A chuva batia forte do lado de fora do armazém abandonado onde os jovens comemoravam o aniversário de um dos amigos do colégio. Por terem amigos em comum, Mackenzie e Jackson haviam sido convidados para a pequena reunião. Todos estavam bebendo, exceto Mack, que havia parado há algumas horas.

Já eram quase três da manhã quando um dos rapazes se aproximou dela. Ele não disse uma palavra sequer, apenas sentou ao seu lado. De repente, ela sentiu uma mão percorrer suas costas e o encarou.

— Cai fora, Neal — mandou, se livrando da mão do rapaz.

— Não seja careta, Kenner — ele insistiu, passando o braço por sua cintura e depositando um beijo no pescoço dela.

— Eu disse não, Neal! — Ela o empurrou, fazendo-o cair do caixote onde estavam.

Quando ele se levantou, Jackson já se colocava entre os dois, afastando-o de sua irmã.

— Você não escutou? — Jack o repreendeu, mantendo uma mão no peito do rapaz com a irmã logo às suas costas. — Ela não quer nada com você.

— Só porque a Marie não quer transar com você, não significa que sua irmã também deveria morrer virgem, Jack — o outro zombou com um riso irônico.

— Vá à merda, LaSalle — murmurou e passou o braço pelos ombros de Mackenzie, puxando-a para fora consigo. — Vamos sair daqui.

— Você está bem para dirigir? — ela perguntou e o olhou a tempo de vê-lo negar com a cabeça.

— Não. — Riu e puxou a chave do carro de sua jaqueta, a entregando. — É por isso que você vai dirigir.

Ela sorriu, destrancando a porta do velho Impala para o irmão, mas, assim que se virou para ajudá-lo, viu Neal caminhando a passos pesados em sua direção com a garrafa de cerveja quebrada em sua mão. O espanto em seu rosto foi o suficiente para que Jackson a empurrasse para o lado, deixando que Neal acertasse o vidro do carro. Em seguida, se virou para o Kenner, apoiado no capô do veículo.

O dono dos cabelos loiros investiu contra Jackson, que desviou o quanto pôde, até que tropeçou em uma pedra e caiu de costas ao chão. Antes que chegasse até o moreno, no entanto, Neal sentiu algo colidir contra sua cabeça e caiu ao chão. Jackson saiu do caminho e se levantou rapidamente, vendo o pedaço de madeira que a mais nova segurava. Ele notou suas mãos trêmulas e as segurou, apertando firmemente.

Os amigos deixaram o galpão ao ouvir o grito de Neal e encararam os Kenner. Jackson tinha a irmã em seus braços, mas a soltou quando ouviu seu gemido, temendo tê-la machucado. De repente, ela caiu de joelhos no chão. Pôde ver a coluna da gêmea se sobressair sobre a pele e se agachou à frente dela.

— Saia daqui — ele pediu num sussurro e a ajudou a se levantar. — Eu dou um jeito nisso.

Mack tentou olhá-lo, mas uma nova dor em suas costas interrompeu o contato. Sentiu um forte calafrio antes de ouvi-lo mandar que fosse embora de novo, então, apenas obedeceu. Ela deu a volta no carro, mas perdeu o equilíbrio e quase caiu, se apoiando no capô. Se ergueu novamente e abriu a porta do motorista, assumindo o volante. Deu a ré no carro, ignorando o pequeno círculo ao redor do corpo de Neal, e seguiu pela estrada de terra de volta ao pântano.

Quando perdeu seu carro de vista, Jackson voltou sua atenção ao amigo. Ele sabia exatamente o que estava acontecendo, mas não sabia como havia acontecido. Ao se aproximar, notou os pregos presos na madeira que ela havia usado. Ela havia derramado sangue humano e estava sofrendo as consequências.

 

Mackenzie abriu os olhos de repente, como se tivesse acabado de acordar com um susto. Precisou piscar algumas vezes para que sua visão focasse e seu cérebro voltasse ao presente, então, encontrou dois olhos castanhos em sua direção. Deixou que um longo suspiro aliviado escapasse por seus lábios e se permitiu aproveitar aquele momento.

Jackson sorriu ao notar as írises azuis dela em sua direção mais uma vez, analisando cada detalhe de seu rosto, como se quisesse ter certeza de que ele estava mesmo ali e que não era apenas um sonho. Depositou um beijo demorado na testa dela e logo segurou sua mão, soltando um leve suspiro.

— Me desculpe — ela pediu num sussurro, fazendo com que a confusão assumisse as expressões dele. — Me desculpe por ter voltado para bagunçar a sua vida...

— Está tudo bem — garantiu, apertando sua mão, onde deu outro beijo, e olhou nos olhos dela, mas soube que aquilo não era tudo.

— Me desculpe também por ter sumido, você é o meu irmão, aquilo foi muito injusto e cruel da minha parte...

— Mack — ele a chamou num tom calmo, puxando sua mão um pouco mais para perto do peito. — Me desculpe por ter deixado você pensar que não poderia ficar, que não poderia contar comigo. Sempre vai ter um lugar pra você onde eu estiver. Eu deveria ter sido um irmão melhor...

— Você sempre foi o irmão perfeito, Jack, sempre cuidou de mim. O problema sou eu. Sempre foi. — Ela respirou fundo, desviando o olhar para suas mãos, e acariciou a dele com o polegar, esboçando um sorriso triste. — Eu só era boa em fugir. Foi o que eu fiz antes e é exatamente o que eu estou fazendo agora — confessou, suspirando ao voltar a notar a confusão dele. — Nós realmente temos muito a conversar.

Antes que ela pudesse contar sua história, Jackson se lembrou das palavras do vampiro e concordou em ouvi-la enquanto comia algo. Foram para a sala, onde ela finalmente pediu a Josh que comprasse algo, e se acomodaram no sofá.

Com calma, mesmo com o estresse e a tristeza, Mackenzie contou seu trajeto até aquele momento. Quando decidiu deixar Nova Orleães por vergonha do que tinha feito, quando encontrou Melissa, quando a perdeu, quando conheceu as pessoas que considerou sua família pelos últimos anos, mas, principalmente, quando viu que algumas partes eram apenas mentiras.

— A pior parte é que eu estou ligada a ele — sussurrou amargurada, sentindo o estômago revirar, e deixou o restante da comida sobre a mesa de centro, voltando a encolher as pernas sobre o sofá. — De todas as formas possíveis. Física, mental e espiritualmente — resmungou, passando as mãos pelos cabelos, e olhou para o irmão, mordendo o lábio. — Eu estou esperando um filho dele, Jack.

O alfa arregalou os olhos, um tanto atordoado pela informação. Mas já deveria esperar algo do tipo, não é? Afinal, se não soubesse o possível fim da história, se ela não estivesse sentada à sua frente, acreditaria mesmo que estavam apaixonados – que ela estava.

— Vamos dar um jeito nisso — garantiu, segurando a mão dela firmemente, e depositou um beijo demorado enquanto olhava em seus olhos. — Eu prometo que vamos te separar dele, nem que, pra isso, eu tenha que matá-lo — disse num tom firme, mesmo que a expressão dela tenha sido dolorosa por suas palavras. — Ele é um monstro, Kenzie, não vou deixar que ele faça mal a você e ao meu sobrinho. — Sorriu fraco para a irmã.

Mack suspirou, observando-o com atenção, e sentiu um pouco de alívio por suas palavras finais, fazendo com que seu coração se acalmasse lentamente. Então, ela se inclinou em direção ao irmão, abraçando-o firmemente, e deu um beijo demorado em seu rosto.

— Eu te amo, Jack.

 

 

É bom ter o meu irmão de volta. Eu nunca negaria que senti falta dele, afinal, sempre faltou uma parte de mim sem ele por perto. Preciso agradecer a Hayley depois por tê-lo feito passar por cima do orgulho e ter me procurado hoje, eu realmente precisava dele. Eu amo o Oli, mas nunca foi a mesma coisa...

Eu sei que não deveria, mas, repassando a minha vida pela milésima vez, me peguei pensando no que aconteceria se as coisas tivessem sido diferentes. Como eu disse ao Mikaelson, foram meus erros que me fizeram conhecer pessoas incríveis, porém, não consigo deixar de pensar que eu poderia ter feito as coisas de um jeito melhor. Eu só queria que a minha vida fosse normal.

“Normal”.

Talvez antes de fugir de Nova Orleães, antes de ativar minha maldição. Eu era o plano B da matilha, mas as coisas costumavam ser mais simples. Queria poder voltar para quando eu era apenas uma garota preocupada com a escola, não uma loba preocupada se viverá até o próximo amanhecer.

Falando em preocupações, acho que as minhas finalmente me alcançaram. Eu estou farta de vigiar minhas costas, eu só gostaria de voltar a viver.

Eu costumava saber o meu lugar no mundo, agora eu nem mesmo sei se ainda tenho um.

 

Assim que terminou o desenho de uma das barracas da feira na borda da página, Mackenzie ouviu a porta se abrir, revelando seu melhor amigo. Esboçou um pequeno sorriso, vendo-o deixar as embalagens de comida italiana sobre a mesa, e suspirou, fechando seu diário.

— Por onde esteve? — perguntou curiosa, já que não teve sinal dele o dia inteiro e nem se lembrava de que ele pudesse conhecer alguém na cidade.

— Procurando emprego e aproveitando para conhecer Nova Orleães — contou, se aproximando, e beijou a testa dela antes de sentar ao seu lado. — Como foi o seu dia?

— Enjoativo. — Suspirou, apoiando a cabeça no encosto do sofá, e riu fraco. — Literalmente. Eu mal consegui trabalhar hoje... Mas o Jack esteve aqui — contou e o olhou, cruzando as mãos sobre o diário em seu colo. — Nós conversamos, disse tudo o que precisava dizer a ele, pelo menos eu acho que disse tudo. — Fez uma leve careta, retomando sua postura.

— E ele? — questionou curioso, estreitando os olhos na direção dela. — Aceitou tudo numa boa?

— Eu acho que ninguém aceita um narcisista sociopata perseguindo a própria irmã, então, eu diria que não. — Deu de ombros, se levantando, e passou uma mão pelos cabelos. — Eu vou tomar banho para jantar. — Beijou o rosto do amigo e seguiu em direção ao seu quarto para pegar suas roupas.

Assim que a porta do banheiro se fechou, Lennor levantou do sofá e apressou-se de forma silenciosa até o quarto, vasculhando a cômoda atrás do diário. Havia notado suas anotações na noite em que chegara, quando o viu ao lado da cama, mas, desde que começou a ser rondada por estranhos em sua própria casa, ela achou que seria melhor esconder.

Tanto pelas lembranças de Oliver, quanto pelas observações diárias que fazia da mulher, a conhecia bem o suficiente para saber onde ficava, então, começou a ler seus pensamentos — não de forma literal. Daquele jeito, poderia ter certeza do quão perturbada ela estava e se suspeitava de algo. Ao terminar de ler, o homem suspirou. Ao menos por enquanto, seu disfarce ainda estava intacto.

Se os planos de Trevor dessem certo, até o fim da semana, ele teria a própria vida de volta. Ele só precisava manter suas mentiras um pouco mais e garantir a ela de que estava tudo bem. Mesmo que ela sentisse que a verdade era o completo oposto.

 


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Notas finais do capítulo

Então... Fila de espera, não é? Bem, essa provavelmente vai ser a última história que eu posto nesse site, então, por favor, me acompanhem nos outros, eu posto bastante coisas exclusivas por lá!
https://www.wattpad.com/user/edmayra_
https://www.spiritfanfiction.com/perfil/edymchale



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