O lobo vs coelho - Estrela Invernal escrita por NMCMsama


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Ola!

Bem vindo e esse conto especial de natal! Mas para entendê-lo melhor recomenda-se a ler os livros anteriores:

Meu querido coelho


Baby Bunny



Esperem que gostem da história! Esse é meu presente para vocês!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719450/chapter/1

O fim de ano era marcado pela as árvores que perdiam suas folhas e assim nuas recebiam os primeiros flocos de neve. A floresta que margeava os limites do reino dos coelhos tinha se transformado por completo. Havia, entretanto, além do frio e das mudanças associada a estação, a vila dos lobos, localizado no interior dessa mesma floresta, que comemorava o festival da estrela invernal.

As casas estavam enfeitadas com ornamentos rústicos confeccionados de restos de sementes e pinhas colhidas durante o fim do outono que assumiam formatos semelhante a estrelas, pendurados nas entradas para dar boas sorte as famílias.

E lá no alto, no céu esbranquiçado da estação... Uma estrela permanecia firme e forte, emanando luz e conseguindo ultrapassar as camadas de nuvens densas. Uma estrela que surgia mesmo durante o dia e perpetuava durante toda a noite: a estrela invernal, guardiã dos lobos e portadora dos milagres e esperanças.

~~**~~

Sementes, fitas, resto de troncos, pinhas, tintas de todas as cores. As aulas do final do ano era quase todas relacionadas a prática da “arte”, fazer mais ornamentos para enfeitar a vila de todas as formas possíveis, a criatividade era estimulada ao extremo! Normalmente o inverno é associado a escassez, economizar o que foi produzido nas outras estações para não morrer de fome durante os meses frios! Talvez, no passado o povo lobo tivesse essa mentalidade, mas ao invés de encararem a situação com péssimos, outra visão mais romantizada e cheia de esperanças foi associada a época. O inverno não seria sinônimo de tristeza e sim de alegria, ressaltada na misteriosa estrela que só aparecia nos céus nessa dada estação. Apesar de toda essa significação, Owen não parecia contaminado com o espirito “invernal”, cutucava as suas sementes sem nenhum interesse. Ao seu lado, um lobinho de cabelos ruivos encaracolados e rebeldes, o fitava preocupado e ele não estava sozinho, do outro lado do lobo loirinho, estava um dos maiores lobos da classe, mas não se devia se enganar pelo seu físico forte para um filhote de 12 anos, o “quase” gigante tinha um tremendo coração mole, principalmente em relação aos seus amigos...

Aubert, o lobo ruivo, resolveu tomar a iniciativa, talvez fazer alguma piada para animar, mas um quarto membro do “pequeno” clubinho se revelou:  um grande besouro dourado que voou pela sala, causando terror nos outros filhotes e pousando tranquilamente sob a cabeça loira de Owen.

— Popiru!  – exclamou Owen finalmente sorrindo aquela manhã. Arturo (o “quase” gigante, ainda levando-se em consideração que era o mais novo da classe) soltou um suspiro de alivio e Aubert um meio sorriso de satisfação.

— Owen! O que falei sobre trazer insetos para a aula! – o professor Ferdinando ou mestre ranzinza como as crianças gostavam de chama-lo, franziu o cenho o que fez que suas grandes sobrancelhas negras (algo que Owen sempre comparava com lagartas) se juntassem de modo esquisito. 

— Bem, se o senhor não percebeu... Popiru veio para a sala sozinho, eu não o trouxe. – o besouro em questão bateu suas grossas asas, mas continuou ali, sob a cabeça do lobinho, sem se preocupar com a confusão que tinha causado.

— Mesmo assim... – pigarreou consternado o velho professor, era difícil lidar com aquele filhote em questão, Ferdinando ainda admirava e muito Adamastor por ter sido professor de Owen por três anos seguidos sem ter um surto nervoso – Ele é seu bichinho de estimação, então, você deve impor limites a essa... Er... Coisa!

— Ele não é meu bichinho de estimação e muito menos uma coisa. Ele é um besouro, Classe:Insecta. Subclasse: Pterygota .Infraclasse: Neoptera. Superordem: Endopterygota e Ordem:            Coleoptera... Ainda não sei que espécie ele poderia ser associado, já que só encontrei um Popiru em toda a minha vida... Talvez ele seja único! I senhor devia trata-lo com mais respeito, sabia?

Aubert soltou um longo assobio e tentou esconder um sorriso maroto que se fez em seus lábios. Sabia que Owen iria se encrencar, mas isso já era algo recorrente no cotidiano do grupo. Arturo, por outro lado, transpirava nervoso com propensão da confusão eminente. Afinal, se um deles estiver encrencando, significa todos iriam ficar... Era tipo um pacto compartilhando entre aqueles três lobos mais velhos, esse laço só se tornou mais forte quando a “gangue” foi meio que desfeita, sendo separadas em diferentes turmas.

— Eu não devo respeito nenhum a um inseto! – rosnou o lobo ancião. O resto da classe parecia conter as risadas.

— Pensei que devíamos respeitar todas as coisas vivas. Creio que Popiru pode ser incluindo nisso, não? – comentou sagazmente Aubert.

O professor encarou o seu outro pupilo reconhecendo de imediato o sobrinho do atual líder da vila dos lobos e também melhor amigo de Owen.

— Isso não vem ao caso! Essa... Popupa... Sei lá o que!

— Popiru, senhor. – tentou ajudar, Arturo, ganhando um olhar gélido do educador.

Popiru, não deve ficar aqui! Está atrapalhando a aula!

— Hum... Então, o que devo fazer? – inqueriu Owen, alheio a fúria que crescia no interior do velho lobo.

— Leve-o para fora, agora!

O lobinho se levantou, Aubert e Arturo fizeram menção de se levantar também mas foram interrompidos pelo professor.

— Essa é a tarefa de Owen e não de vocês! Ou será que o amiguinho de vocês não consegue nem ao menos colocar um inseto para fora?

Aubert deu um pequeno rosnado.

— Está tudo bem. – sorriu Owen segurando o grande besouro dourado nas mãos – Eu volto logo!

Os amigos relutaram a voltar a sentar, observando o amigo se distanciando.

— Ele é tão estranho... – comentou um dos coelhos da sala.

— Não me admira que fora ele o culpado da vila dos coelhos quebrarem o acordo! – concordou um lobinho não se preocupando em esconder sua opinião.

Aubert estava pronto para atacar aqueles fofoqueiros, mas uma mão forte apertou o seu ombro. Arturo negou com a cabeça. Não era o momento para brigas... Isso só poderia piorar as coisas. Já tinha passado quatro anos desde que Owen tinha se aventurado na vila dos coelhos, lógico que de forma acidental. Essa sua “aventura” desencadeou vários eventos que acabou por resultar no fim do sacrifício da Páscoa. Alguns habitantes da vila dos lobos, principalmente os mais novos, jogaram a culpa no filhote esquisito e energético pelo o que estava ocorrendo...

— Só espero que ele não tenha ouvido. – resmungou Aubert com os punhos fortemente cerrados.

Infelizmente... Owen tinha ouvido. O lobinho ao sair da sala fixou seu olhar no chão, tentando controlar a vontade de chorar mesclada com a fúria. Por que a insistência em culpa-lo por um fato que era muito mais além do que sua visita infeliz a vila dos coelhos? Fora apedrejado e perseguido! Agora, mais velho, imaginara qual seria o seu destino caso fosse capturado... Isso lhe causava pesadelos.

Por fim, soltou um suspiro. O besouro dourado zumbia sob a sua cabeça, como para reconforta-lo.

— E quem liga para o que eles pensam, não é? – sorriu o lobinho para o amigo inseto – Se sou estranho? Ora, sou mesmo e com orgulho!

Sim, não iria perder o seu otimismo, mesmo com as constantes fofocas a seu respeito. Começou a andar pelo corredor da escola, seus passos começaram lentos, mais logos mudaram de ritmo, para uma corrida. Mesmo contento, lágrimas teimavam a rolar por sua face.

Queria ser otimista, mas sê-lo era tão difícil.

~~***~~

A floresta o acalmava, ainda mais quando subia no galho mais alto de uma das árvores e tinha a visão de praticamente toda as terras por ele conhecida. A floresta que margeava os limites das terras dos coelhos, esta, por sua vez, era composta por colinas repleta de fazendas e lá no centro se erguia várias edificações rodeados por uma muralha fortificada, no passado o nome “vila dos coelhos” seria apropriado, mas agora era melhor ser chamado de cidade... Ou castelo? Fortaleza? Ao longo dos anos os coelhos começaram a construir mais fortificações, como se de algum modo os lobos fossem atacar a qualquer momento... Uma grande mentira. Os lobos viviam suas vidas pacificamente, só que lhe foi retirado uma das suas mais importantes comemorações: a páscoa.

— Às vezes penso que foi mesmo a minha culpa... – sussurrou abraçando as pernas. O besouro voava a sua volta, talvez tentando alegra-lo. Owen forçou um sorriso, tentou pensar em outra coisa como... O fato de ter escolhido fugir do que permanecer na escola. Isso daria uma grande confusão, apostava que Daly, seu meio irmão, que se encontrava em outra classe, quando descobrisse iria organizar uma equipe de busca imediata! Só esperava que não informasse os seus pais... Contudo, mesmo que se metesse em problemas não se arrependia, precisava daquele tempo sozinho.

O som de passos. Suas orelhas lupinas brancas ficaram em pé, atentas. Um sentimento de decepção já o dominava, não era possível que seus amigos já tivessem o encontrando! Todavia, seu nariz lhe trouxe outro tipo de informação. Farejou o ar frio e seus olhos arregalaram.

Um coelho de orelhas curtas, forçava a sua passagem na neve. Owen sabia quem era, reconhecera o cheiro... Era o seu antigo professor: Adamastor. O que ele estava fazendo ali? Será que veio procura-lo? O lobinho se encolheu no seu esconderijo esperando não ser visto, mas o seu ex-mestre não parecia estar procurando algo e sim estava apressado continuando seguindo pela trilha rumo a fronteira da floreta.

“Por que a fronteira?” Agora Owen estava curioso e também preocupado, afinal, o líder dos lobos tinha proibido a todos de se aproximarem da fronteira... Seu ex-professor sabia disso, então por que estava se direcionando para lá?

Tentando ser o mais furtivo possível, Owen desceu a árvore e ainda as escondidas, seguiu Adamastor. A neve abafava seus passos, mas a floresta se tornara mais silenciosa o que tornava qualquer deslize por parte do lobinho um verdadeiro desastre sonoro! Lobos aprendem a serem sorrateiros, seu pai, Varg, tinha o ensinado a caçar, bem que os lobos atuais eram mais pescadores do que caçadores de fato, mas aprender as técnicas ancestrais era algo meio que obrigatório para os lobos, Owen sempre fora bom em se mesclar na natureza, ainda mais naquele ambiente branco do inverno que combinava com a sua pelagem de igual cor. Era praticamente invisível!

Adamastor continuou a trilha, agora descia por um barranco, Owen reparou que segurava algo envolto em uma coberta. Se o garoto estava curioso antes agora estava praticamente doido para descobrir o segredo por trás do pacote! O seu ex-professor desceu com certa dificuldade, pois era mesmo íngreme. Owen o seguiu relutante, tentou ser cuidadoso, mas seu pé acabou por topar em uma raiz escondida na neve o que gerou o rolar do filhote “ladeira” abaixo.

 – Droga... – choramingou balançando a cabeça para retirar a neve. Agora além da humilhação por ter se deixado notar, estava morrendo de frio!

— Owen? – Adamastor se agachou ao seu lado, vestia um casaco azul de lã, por cima de uma blusa branca com indícios de bastante uso (a notar pelos remendos), além de sua calça negra de algodão. Usava também um grande cachecol que Owen logo reconheceu sendo trabalho de Tristan, o amante lobo do professor  – Está bem? Se machucou?

Como sempre, seu professor, ou mehor ex (não podia esquecer), não começou a dar sermão logo de cara, pelo contrário, era bastante indulgente e detinha uma incrível paciência, por isso era um dos adultos preferidos do lobinho.

— Er... Eu estou bem. – riu nervoso, o coelho mais velho retirou os flocos persistente nos cabelos loiros claros do seu aluno.

— O que estava fazendo aqui na floresta? Não devia estar na escola?

— Estou fazendo um estudo de campo, sabe? – disse isso sem olhar nos olhos do outro, mirar em um arbusto sem folhas, carregado de neve, parecia ser algo muito interessante no momento...

— Aham... – Adamastor ergueu uma sobrancelha que se elevou acima dos seus óculos – Sei, não creio que Ferdinando goste desse tipo de metodologia... Ainda mais permitindo que seus alunos explorem esse lado da floresta.

— Bem, o senhor não pode me dar sermão já que também está nesse lado da floresta! – falou Owen, sabia que não devia contradizer um adulto, já ficara de castigo muitas vezes por causa disso, mas simplesmente não podia evitar de falar o obvio!

— Certamente. Acho que nós dois estamos encrencados, então. – piscou o mestre fazendo o lobo rir.

“Por isso ele é meu adulto preferido!”.

— Você sabe guardar segredo, não é?

Owen assentiu rapidamente com a cabeça. O besouro dourado escolheu esse momento para demonstrar sua presença, voando e pousando no ombro de Adamastor.

— Oh! Olá para você também! – disse sorridente, Adamastor era um dos poucos que aceitava Popiru e não tinha nojo ou aversão pelo grande besouro dourado – Owen... Talvez sejam as estrelas que o tenham guiado até aqui. Não sou tão religioso pois a minha criação na vila meio que abafou a minha fé e crença, mas a minha vivência aqui com os lobos me ensinou a confiar na força misteriosa do destino...

— O que você está querendo dizer com isso? – perguntou o menor, tombando a cabeça para o lado, confuso.

O coelho sorriu.

— Só acho que sua vinda aqui foi muito conveniente.

Owen ainda estava sem entender nada, mas confiava no seu ex-professor, ainda mais não podia conter a curiosidade que só aumentava...

— Vamos. Eles já devem estar chegando? – informou de forma misteriosa.

— Eles? Eles quem?

Adamastor não respondeu apenas piscou para o seu pupilo e seguiu a trilha. Owen fez biquinho, sempre fora ansioso para descobrir as coisas.

— Eles quem!? – inqueriu de novo, mas novamente fora ignorando e o pior, o coelho já estava se afastando, Owen correu para alcança-lo, seu rabo balançava para os lados, ansioso e feliz por se encontrar em outra pequena aventura.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Amanhã será postado mais um cap! E finito!!

Espero que estejam gostando!!

Link da Barb que me ajudou a fazer a capa: http://barbaratp.deviantart.com/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O lobo vs coelho - Estrela Invernal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.