Desenterrando passados... escrita por Juju Moreira


Capítulo 14
O que é o amor?




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  Ao ver Grissom caminhando em minha direção sem jeito, eu baixei um pouco os olhos e fiz uma carinha de decepção.

— Está esperando alguém? – Disse com um sorriso modesto.

— Ah não, não, estou apenas tentando a sorte fazendo sinal para todos os taxes que passão, mas nenhum se deu ao trabalho de parar para mim e me levar para casa.

— Bem... acho que nenhum vai parar, esta área de Vegas é muito perigosa e os motoristas evitam parrar por aqui.

— Ai que droga e agora, como irei para casa? Meu carro está na oficina e nenhum taxi quer para mim. – Disse comum ar triste e fingido.

— Olha se quiser... eu posso lhe dar uma carona! – Disse passando a mão no cabelo modestamente, bingo, meu plano estava funcionando baby.

— Faria isso por mim?

— Claro, não será nenhum incomodo.

— Obrigada Gil.

— Venha, meu carro está logo ali. – Entrei no banco do passageiro e o orientei até o apartamento em que eu estava instalada. Não era um lugar ruim, já estive em lugares piores, como o armário do zelador, mas está história vocês já conhecem e eu prefiro não retoma-la. Ele estacionou o carro em frente ao prédio e em seguida, saiu dele, deu a volta imediatamente no veículo e abriu a porta do passageiro para mim em um ato de cavalheirismo. Fechei a porta atrás de mim e me posicionei bem próximo dele, ao ponto de nossas respirações estarem se cruzando.

— Obrigada por me trazer até em casa Grissom. – Ele ficou vermelho com a minha aproximação.

— Não foi nada, de qualquer forma eu não poderia deixa-la sozinha no estacionamento esperando por um taxi.

— Não quer entrar? – Ele pareceu surpreso, eu o vi enfiar as mãos nos bolsos de forma rápida e nervosa, talvez para que eu não pudesse vê-las tremerem.

— Acho... acho que não seria uma boa ideia, já está tarde.

— Oh tem razão, sua esposa pode ficar preocupada!

— Não sou casado, moro sozinho, mas é que eu não acho apropriado subir até o seu apartamento está hora da noite!

— Calma Grissom, não estou convidando você para ir para a cama comigo, estou apenas convidando para subir e talvez tomar uma taça de vinho ou Bourbon comigo, podemos até continuar falando do caso! – Ele pareceu ficar ainda mais constrangido.

— Eu... eu não sei.

— Vamos, prometo conversarmos apenas do caso.

— Está bem, acho que algumas horas a mais fora de casa não irá fazer diferença já que não tenho alguém à minha espera, deixe-me ao menos ajudá-la a levar sua maleta até lá em cima. – Senti uma certa solidão recair sobre seu corpo, aquilo me fez pensar um pouco, estou a tanto tempo nesse ramo, sempre fazendo serviços para meu tio, e nunca nem se quer tive um homem que pudesse me amar de verdade, que nunca olhasse apenas para minha beleza e minha perfeita aparência, mas que conseguisse enxergar a mulher diferente que existia dentro de mim, não uma assassina, mas uma mulher que nunca soube o que é o amor, que nunca recebeu carinho, que nunca foi tocada de forma apaixonada por um homem. Eu sempre quis ganhar flores, sempre desejei ter alguém que me dissesse que eu era a mulher de seus sonhos, que fizesse planos para nós dois. Alguém que eu pudesse amar sem medo, que eu pudesse gritar para o mundo inteiro o quanto eu o amo... mas talvez, talvez eu nunca descubra o que o amor, talvez o meu anjo mal nunca me abandone e sempre irá me fazer machucar as pessoas, pois isso é a única coisa que aprendi em toda minha vida.

— Obrigada. – Em poucos minutos chegamos ao meu apartamento e eu abri a porta, em seguida acionei o interruptor e meu apartamento foi completamente iluminado.

— Seu apartamento é muito bonito e organizado.

— Obrigada, venha, sente-se. – Disse o guiando até a varanda. O lugar ficava no decimo oitavo andar e tinha uma linda vista de Vegas. – E então, o que quer beber?

— Se não se importa, eu prefiro não beber nada, quero me manter focado no caso.

— Oh Grissom, assim você me ofende, vem até minha casa e não aceita nada para beber?

— Está bem, mas beberei apenas uma taça de Bourbon.

— Pode deixar. – Está noite eu também beberia Bourbon, a bebida não era muito de meu agrado, mas faço tudo por um jogo de sedução, eu não podia me desconcentrar de minha missão. Estava decidida, aquela seria a minha última, depois disso seguiria com minha vida.

— Muito bem, por onde começamos?

— Que tal falarmos um pouco do veneno encontrado no vinho de todas as vítimas?

— Ótima escolha, muito bem, a estricnina era uma espécie de pesticida usada por exterminadores de pragas, mas o risco de contaminação humana era muito auto, então o governo achou melhor banir o seu uso.

— Então quer dizer que ele é uma substancia de difícil acesso?

— Sim, nosso assassino pode ter tido acesso a ela pelas mãos de algum contrabandista ou de um laboratório. A substância além de causar autos danos por um pequeno contato com o ser humano, ela quando é diluída em alguma bebida que em nosso caso é o vinho, poderá levar a vítima a morte em poucos minutos. – Permanecemos por alguns minutos em silencio olhando apenas para as luzes dos faróis dos veículos que piscavam sobre a Strip. Ele então retirou os óculos e olhou para mim intensamente.

— E então, você vem de Oregon? – Dei-lhe um sorriso. Finalmente ele resolveu quebrar a regra de que falaríamos apenas do caso.

— Sim, Portland, morrei lá a minha vida toda.

— E o que a fez vir para Vegas?

— Sabe, quando você passa a sua vida toda fazendo as mesmas coisas, chega um tempo que você não aguenta mais e quer buscar ares novos.

— E o que a fez escolher Vegas?

— Bem, acho que eu estava procurando por encrenca. – Ele soltou uma doce gargalhada espontânea, nunca vi ninguém rir modestamente do que eu dizia, aquilo também me arrancou uma gargalhada. – Na verdade, acho que eu estava procurando mais emoção, estava procurando casos diferentes de todos aqueles que encontrávamos diariamente em Portland que sempre tinham a mesma causa da morte, sempre acidental ou morte natural, eu estava cheia daquela cidade pacata, onde nada agradava uma garota encrenqueira como eu!

— Então você gosta de uma encrenca?

— Sim, você não? – Ele sorriu e se levantou.

— Acho que falar de minhas origens fica para a próxima, tenho de ir.

— Ah não, isso não é justo, eu lhe contei sobre minha vida. Então você deve contar sobre a sua.

— Deixemos isso para uma próxima ocasião. Boa noite Catherine. – Disse segurando minha mão e a apertando com um pouco de delicadeza, era como se chamasse minha atenção, e um arrepio percorreu meu corpo por inteiro.


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