Nicolas a puxou de volta, fazendo-a se assustar. Ele a colocou de costas pra ele e a abraçou pela cintura, dando uma mordida na sua nuca descoberta por conta da camisola.

Gabrielle ficou assustada, mas não podia se deixar enganar. Aquele era o seu Nicolas, a pessoa que ela amava. Ele riu do susto da esposa e a soltou, por algum motivo, não queria força-la a nada. Depositou um beijo na bochecha dela, algo que a surpreendeu, e virou-se para dormir.

No dia seguinte, Gabrielle acordou cedo, mas seu marido já não estava lá, como sempre. Ela resolveu que estava entediada e pegou umas roupas suas e de Alina para lavar; por mais que tivesse uma boa vida e diversos empregados à sua disposição desde pequena, a moça sempre gostou de ajudar e aprendeu os afazeres domésticos.

Ela foi para a lavanderia da mansão e passou horas lá. Aproveitou para organizar a lista de compras para Lea.

— Pode entregar a ela, por favor, Marie? – A moça entregou a lista de compras para a outra empregada.

— Claro, senhora. – Marie respondeu e se retirou.

Gabrielle abaixou-se para apanhar umas roupas que haviam caído quando Nicolas passou por ali. Ele nunca prestara atenção naquele lugar e naquelas pessoas, mas reconheceria aquele par de pernas em qualquer lugar.

— O que diabos você pensa que está fazendo aqui? – Perguntou enquanto puxava o braço dela com força, fazendo com que ela se levantasse.

— Estava... estava... – a jovem gaguejou. – Como soube que era eu? Você nunca vem por aqui e, quando vem, nunca presta atenção.

— Conheço minha mulher muito bem. Cada pedaço seu, Chérie. – Ela revirou os olhos, duvidando. – Ainda duvida? Vamos ver... você tem mania de morder o dedo mindinho quando está lendo e o dedão quando está nervosa com algo, tem uma veia na testa que pulsa quando está com raiva, geralmente de mim, tem um sinal, mínimo, na parte interior da coxa direita...

— Chega! – Ela bufou e ele riu. – Já entendi.

— Por que está aqui? – Nicolas já não sorria.

— Estava entediada, e resolvi ajudar os empregados, algum problema? – Gabrielle deu de ombros. Era a verdade.

— Entediada? – Ele soltou uma risada seca. – Quer dizer que, com milhares de coisas para fazer, você resolveu fazer o trabalho das empregadas? Trabalhos pelos quais eles são pagos?

— Se me conhecesse tão bem, teria reparado que gosto de ajudar. – Ela resmungou.

— Então, deixe-me ajudar a curá-la desse tédio. – Ele a segurou pelo cotovelo e a puxou para a cozinha, onde os outros empregados estavam.

***

Nicolas estava quase abrindo a porta de casa, quando Lea a abriu violentamente.

— Senhor, ela está se machucando. – Avisou. – Sabemos que ela errou, mas ela já fez o suficiente...

— O quê?

— O castigo que deu a senhora Gabrielle. Ela já fez muito, está exausta e machucada e... – ela não pôde continuar, pois foi interrompida, pois Nicolas praticamente voou pra dentro da casa.

Encontrou Gabrielle limpando a escada principal; seus dedos já estavam vermelhos de tanto esfregar. Nicolas a puxou e a encarou.

— O que você está fazendo? – Perguntou, com a expressão séria.

— AI! – ela gritou e deixou a escovinha que estava usando cair no chão. – Apenas o que você mandou. – A moça resmungou.

— Deus, Gabrielle, eu estava blefando! – Nicolas revirava os olhos quando percebeu que os dedos da esposa estavam machucados. – Não se machuque assim, Chérie. – Ele depositou um beijo nas partes feridas.

— Você ainda vai me enlouquecer, sabia? – Ela murmurou.

Nicolas a levou para o quarto e, seu corpo estava tão exausto que Gabrielle não tinha forças para reclamar quando ele entrou no banheiro com ela. A água que caía em cima dela fazia com que despertasse, mas sabia que, assim que saísse dali, o mundo poderia explodir que ela não sentiria.