Ébrio escrita por Agatha Wright


Capítulo 1
Ébrio


Notas iniciais do capítulo

Primeira vez na minha vida que eu escrevo uma oneshot. Obrigada, Yuri On Ice por desgraçar minha vida e abrir novos horizontes.

Essa é uma fic sobre o que eu acho/gostaria que tivesse acontecido após aquele infame baile pós final do GP de Socchi



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Engraçado imaginar que a noite mais importante de sua vida foi um borrão de lembranças alcoolizadas e ainda assim ele nunca havia se sentido tão lúcido e consciente das coisas ao seu redor.

Aquele banquete era um evento bastante familiar para Viktor Nikiforov que sempre marcou presença na final do Gran Prix por pelo menos uma década. Não havia nada o que esperar daquela noite além das costumeiras parabenizações, elogios e a boa e velha tietagem por parte de repórteres, colegas patinadores e treinadores que se faziam ali presentes.

Uma noite de confraternização comum.

Nada de excepcional.

Até ele aparecer.

Yuuri Katsuki

Era aquele jovem japonês que se negou a tirar uma foto com a lenda viva da patinação.

Viktor sabia que deveria se sentir ofendido pelo comportamento rude daquele rapaz quando ele lhe ofereceu uma foto. Mas havia algo no olhar que ele lhe deu antes de se afastar que o deixou intrigado o tempo todo.

Bem, agora ele tinha uma chance de descobrir.

Mas não foi o que ele esperava.

Frustração.

O garoto parecia bastante timido e não parecia muito disposto a socializar.

E Viktor era muito popular e incapaz de simplesmente afastar quem aparecia em sua frente para conversar ou lhe oferecer uma taça de champanhe.

Falando em champanhe...

Foi no exato momento em que ele havia decidido declarar desistência e tentar escapar para o seu quarto de hotel que tudo começou.

Quem começou o que ainda é um mistério, mas quando ele se deu conta, Yuri Plisetsky estava gritando para abrirem espaço pois ele tinha algo para mostrar para o japonês chorão.

E então a melhor competição de dança que ele já havia presenciado começou.

Ele já havia rodado por todos os continentes, mas nada se igualava àquela visão maravilhosa que era Yuuri Katsuki dançando. Era como se seu corpo estivesse conectado com a música... Não! Seu corpo fazia a música.

Ele não havia notado que estava completamente boquiaberto até sentir uma mão empurrando seu queixo pra cima.

“Essa não é uma visão que se vê todo dia”

Era Christopher Giacometti, seu velho amigo que havia se juntado a ele para apreciar os dois Yuris em sua batalha feroz.

Viktor não respondeu, seus olhos pareciam incapazes de desviar o olhar daquele rapaz.

Era óbvio que Chris não iria se limitar a ser um reles espectador e poucos minutos depois ele achou sabe se lá onde, uma barra de pole dance e já estava dando um show para a alegria das mulheres  (e alguns rapazes) que estavam ovacionando a apresentação.

“Ei, Viktor! Se vai ficar só olhando ao menos tire algumas fotos!” Disse Chris no meio de um movimento bastante complicado.

Rindo, ele concordou e sacou seu celular para começar o registro.

 O sedutor suíço estava roubando o show e os dois Yuris viram q teriam que atingir um novo nível para competir.

Aquilo com certeza era um pouco demais para Plisetsky com seus meros 14 anos com certeza ele não poderia rebolar seminu num poste sem que todo mundo no salão fosse parar na cadeia. Ele se afastou da pista rosnando maldições e se pôs ao lado de Viktor.

O mesmo não se aplicava ao Yuuri japonês.

Após perder seu oponente menor de idade, ele foi desafiado por Chris para se juntar a ele no pole dance.

E Viktor achava que não havia mais como melhorar.

Nada naquele mundo o havia preparado para ver Katsuki seminu dançando naquele poste melhor que qualquer stripper profissional.

Quando Christopher saiu do para dar espaço para o japonês brilhar, ele viu o olhar encantado de Viktor e disse.

“Ei Yuuri! Acho que você roubou o coração do nosso Viktor!”

Ao ouvir o nome de seu ídolo, o jovem se virou e seus olhos encontraram o olhar hipnotizado do russo.

“Viktor!!!” Exclamou Yuuri descendo do poste e se jogando em direção ao ele.

O abraço inesperado fez Viktor perder todo o ar. Ele ficou lá com uma expressão completamente perdida enquanto o rapaz se esfregava nele de uma forma que o faz ter pensamentos que o decoro jamais lhe permitiria expressar publicamente.

Ele estava bastante atordoado com o contato inesperado. Yuuri estava falando algo sobre ir para as termas no final da temporada, mas ele não recordava as palavras com precisão pois estava focado demais naquele rosto corado por causa do álcool.

Era uma cena estupidamente ridícula.

Estupidamente bela...

As engrenagens de seu cérebro ainda estavam tentando voltar ao seu ritmo quando ele ouviu Yuuri proferir aquelas palavras.

“Se eu vencer a competição de dança... Você vai ser meu técnico, né?”

O que aquele belo garoto bêbado estava falando? Ele ser técnico? Que ideia era essa?

“Seja meu técnico, Viktor!”

E então o garoto se prendeu em seu pescoço.

E Viktor Nikiforov viu sua perdição.

Yuuri era adorável, divertido e bastante sedutor, mas havia algo nele que fez o coração de Viktor parar de bater e logo depois entrar em um ritmo alucinado. Com certeza o outro rapaz podia senti-lo através do abraço. Ele havia perdido o controle de sua voz e abriu e fechou a boca varias vezes sem ser capaz de formular uma resposta para aquele pedido embriagado.

Ele foi salvo de dar uma resposta quando Chris puxou Yuuri de seus braços e o fez voltar à pista de dança. Depois disso ele também acabou sendo arrastado para a tal competição e quando deu por si, estava dançando junto com aquele garoto maravilhoso. As risadas que ele deu naquela noite foram as mais puras e verdadeiras que ele já havia dado desde muito tempo atrás.

Felicidade.

Esse show durou por mais algumas horas antes das pessoas começarem a sair e os dançarinos caírem pelos cantos do salão exaustos. O sorriso no rosto de Viktor parecia que nunca iria sair de seu rosto. Pela sua visão periférica ele localizou Yuuri escorado contra uma parede, ele tentou procurar pelo técnico do garoto, mas pelo visto ele também tinha perdido o controle na bebida e estava apagado em uma das mesas.

Bem, aquele rapaz não poderia ficar ali naquele estado. Com um suspiro Viktor se aproximou e sentiu seu sorriso se alargar quando Yuuri olhou em seus olhos.

“Ei, Yuuri! Acho que está na hora de voltarmos para nossos quartos.”

“Viktoooooruuuu...” O sotaque do jovem se acentuando cada vez mais por causa da embriaguez. Viktor achou particularmente agradável ouvir seu nome assim.

“Vamos, acho que a noite já foi o suficiente para nós.”

“Maaas eu querooo ficar. Vamos dançar, Viiii...”

Yuuri tropeçou em seus próprios pés e teve que ser aparado por Viktor para não cair de cara no chão. Jogando um dos braços do rapaz em seus ombros, o russo começou a leva-lo em direção ao elevador.

“Oooonde estamos indo?” Gemeu Yuuri passando seus braços em torno da cintura de Viktor assim que as portas do elevador se abriram.

Rindo para si mesmo, Viktor deu seu jeito de entrar no elevador com o japonês agarrado nele e murmurando coisas incompreensíveis contra o tecido de sua camisa. Assim que eles chegaram no andar, o russo lembrou que não fazia a menor ideia de onde era o quarto de Yuuri.

“Yuuri, você lembra qual o seu quarto?”

“Oh! No final do corredor... a direita...”

Foi com muita surpresa que Viktor constatou que o quarto do garoto era ao lado do dele. Como eles nunca se toparam nesses dias hospedados lá? Era bastante deprimente saber que eles só interagiram nas suas últimas horas juntos. Na manhã seguinte ele pegaria um voo de volta para St. Petersburgo para começar os treinos para o nacional. E Yuuri provavelmente voltaria para Detroit. Meio mundo os manteria separados até o Campeonato dos Quatro Continentes.

Isso era algo bastante triste.

Os dois caminharam pelo corredor de uma forma bastante cômica com Yuuri ainda agarrado na cintura de Viktor que também estava sentindo um pouco os efeitos do álcool e não estava no seu melhor no quesito equilíbrio.

Por sorte a chave de Yuuri ainda estava segura no bolso de suas calças, mesmo depois do strip-tease de mais cedo. Desajeitadamente, Viktor pegou a chave de dentro do bolso e isso fez Yuuri soltar um leve suspiro e erguer o rosto, quando o russo voltou seu rosto para o garoto após destrancar a porta, os olhos castanhos encontraram os orbes azuis.

Não demorou muito para os lábios seguirem o mesmo exemplo.

Viktor soltou um gemido quando Yuuri enroscou seus dedos em suas mechas prateadas, aquele era seu ponto fraco e ele se sentiu derretendo naquele beijo. Era o melhor beijo de toda a sua vida, ele podia sentir o gosto leve do champanhe quando suas línguas se encontraram.

Era o gosto mais delicioso.

Eles permaneceram naquele beijo, explorando e desbravando a boca de cada um com seus lábios e línguas enquanto as mãos faziam o mesmo com seus corpos. Viktor foi quem ficou sem ar primeiro e precisou quebrar aquele contato, mas Yuuri parecia ter outras ideias. Assim que se viu afastado dos lábios, ele continuou a distribuir beijos pelos cabelos e pescoço do russo deixando algumas marcas naquela pele alva e macia que seriam difíceis de esconder no dia seguinte.

Viktor estava no paraíso. Ele já tivera alguns encontros românticos antes, mas nada se comparava àquela intensidade, química, sincronia...

Ele queria congelar aqueles momentos para sempre.

Foi apenas quando ele se sentiu sendo empurrado contra a porta destrancada e logo em seguida em direção à cama que um pouco de racionalidade voltou à sua mente.

Ele sabia o que viria a seguir.

E sabia que aquele não era o melhor momento.

Seus instintos gritavam para que ele mandasse tudo para os ares e levasse aquilo adiante. A sensação era tão boa, os sentimentos mais maravilhosos nublavam seus pensamentos e tudo que ele queria ter, ver e sentir se resumia a um nome.

Yuuri Katsuki.

Mas ele também queria ter, ver e sentir esse homem em momentos além daquela noite. Ele queria conhecer algo além do que apenas o corpo desse rapaz, ele queria conhecer Yuuri como um todo.

“Vi...Viktor?” Perguntou Yuuri quando viu que os olhos de Viktor se tornaram perdidos e ele havia parado com seus beijos e toques.

Aqueles olhos brilhantes de desejo, as bochechas coradas e o som de seu nome sendo dito naquela voz era o bastante pra fazer Viktor quase perder sua mente.

Quase.

“Eu acho que estamos indo um pouco rápido demais, Yuuri.” Disse Viktor claramente enquanto tocava aquelas bochechas coradas com ternura.

“Viktoooor...” Gemeu Yuuri em resposta. “Eu quero você...”

Isso fez um grande calor se alojar no peito do jovem russo. Ele se inclinou e deu beijo delicado nos lábios do japonês.

“Diga isso novamente para mim quando estiver sóbrio.” Sussurrou ele olhando claramente naqueles belos olhos amendoados.

Yuuri não respondeu, mas caiu pesadamente contra o corpo de Viktor que o apoiou e o guiou delicadamente até deita-lo na cama. O garoto estava completamente perdido com tanto álcool em seu sangue e aqueles beijos maravilhosos que adormeceu assim que Viktor tirou seus sapatos e o cobriu. Sorrindo, o russo tirou seus óculos, os dobrou com cuidado e os deixou no criado mudo onde ele notou um bloco de notas com o timbre do hotel e uma caneta ao lado. Ele pegou a caneta e escreveu seu nome, telefone e endereço de e-mail. Mesmo com um oceano de distância, ele desejava manter contato até que eles pudessem finalmente se encontrar.

“Bons sonhos, Yuuri.” Disse ele sem resistir a dar um beijo no rosto do rapaz.

Quando ele finalmente se viu na segurança de seu quarto, ele se jogou em sua cama sem se preocupar em tirar seus sapatos ou trocar sua roupa. Ele rolou nos lençóis rindo como uma adolescente de um seriado de qualidade duvidosa. Mesmo que ele ainda não fosse capaz de admitir em voz alta, cada pequena fibra de seu ser sabia com toda a certeza...

Viktor Nikiforov estava apaixonado por Yuuri Katsuki.

Com esse crescente sentimento preenchendo seu corpo, ele caiu no melhor sono que ele já tivera em anos.

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Aquela era com certeza a pior sensação da vida de Yuuri.

Sua cabeça doía como se tivesse sido arremessada várias vezes contra a pista de gelo. Sua boca tinha um gosto estranho e seus ombros pareciam uns 10kg mais pesados.

A luz que vinha por uma abertura das cortinas o cegou assim que ele abriu os olhos e em tão ele precisou tatear até localizar seus óculos derrubando tudo que estava em cima do criado mudo.

Xingando para si, ele pôs seus óculos e pegou seu celular que estava no bolso de sua calça. Ele deveria estar tão cansado e deprimido depois daquele fiasco na final do GP e aquele baile triste que ele deve ter caído em sua cama e apagado.

Seu celular estava sem bateria. Com um suspiro irritado ele procurou por seu carregador e acabou chutando um bloco de notas que estava no chão para debaixo da cama. Ele decidiu ignorar dando de ombros e ligou seu celular assim que o conectou.

E então ele viu as horas.

Ele tinha exatamente uma hora para seu voo e sua mala estava longe de estar arrumada. Ele correu pelo quarto como um furacão jogando tudo para dentro. Ele tomou um banho rápido e após isso se esforçou para fechar a mala com tudo desordenadamente socado dentro. Seu telefone estava vibrando loucamente com as mensagens de seu técnico perguntando quando ele iria descer.

Minutos depois ele estava em um taxi olhando tristemente para a cidade ao seu redor. Ele nem sequer teve a oportunidade de trocar uma palavra com Viktor, ele esperou tanto por essa oportunidade de ver seu ídolo como um igual...

O pensamento daquelas palavras do campeão russo quando ele o viu ainda fazia seu coração apertar.

Ele não era nada para Viktor, ele com certeza deve já ter esquecido de sua existência...

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“дерьмо!”

Viktor acabou dormindo bem mais do que devia, ele viu as mensagens enraivecidas de Yakov que o estava esperando no hall junto com o resto da equipe.

Por sorte, ele já havia deixado suas malas prontas o que lhe deu tempo para tomar um banho e não ir para o aeroporto cheirando a ressaca e suor...

E um certo japonês bêbado...

“Obrigado, Katsuki.” Murmurou ele ao notar as marcas arroxeadas em seu pescoço, quase altas demais para se esconder completamente com um cachecol.

Após estar limpo e vestido, ele saiu com sua mala e passou pelo quarto de Yuuri, mas os camareiros já estavam lá dentro arrumando. Com certeza o garoto também tinha um voo e não pode esperar por ele.

“Bem, ele vai me deixar uma mensagem quando chegar.” Disse Viktor para si mesmo dando de ombros e sorrindo enquanto fazia seu caminho para o elevador.


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Notas finais do capítulo

Então é isso! Eu francamente não acredito e nem quero acreditar que rolou algo a mais entre eles naquela noite, mas espero que eu tenha divertido vocês com essa one. Vou ter que me segurar para não começar algo longo tendo minha outra fic pra terminar XD

Me deixem saber o que acharam!



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