Pirações de Duas Semideusas escrita por Alice C S, Nadencia


Capítulo 1
Capítulo 1 - Antes do Início


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Aqui é Alice ^^
Só quero registrar que é uma enorme alegria finalmente postar essa fic e dizer que, semideuses do mundo todo, sabemos como se sentem. Entendemos, pois sentimos o mesmo. Então, aqui está, uma vida na qual nossos anseios são realizados e todas as felicidades e dificuldades dele se concretizam. Espero que vocês se sintam na estória tanto quanto nós!
;D



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PoV Alice

Estou na livraria do shopping, em Nova Iorque. Não moro aqui, mal, mal falo inglês. Estou de férias e finalmente consegui convencer meus pais a deixar que eu e minha melhor amiga, Carolina, a quem só chamo de Desordem – uma longa história - fôssemos ao shopping sozinhas. Ela foi comprar um sorvete e como eu não gosto de doces (provavelmente a única pessoa do universo!) fiquei em minha loja preferida.

Enquanto olho os lançamentos que ainda nem começaram a ser traduzidos para o português, não consigo afastar a ideia de que preciso ir a Long Island. Vou encontrar o Acampamento se for. Tenho certeza que o Acampamento Meio-Sangue existe (não exatamente nessa ordem). Pego um livro cuja tradução espero há mais de ano e decido me sentar em uma poltrona. Quero ler a contracapa e analisar quais as minhas chances de entendê-lo, mesmo sabendo que são próximas de zero.

Olho em volta. Desordem ainda não voltou, a livraria está praticamente vazia, a luz é boa, perfeita para ler, aliás. Tudo está muito bem iluminado, exceto atrás de uma pilastra no canto da loja, que projeta uma sombra. Não sei o porquê, mas isso me incomoda. É como se eu soubesse que a pilastra não precisa estar ali, ela não contribui estruturalmente e não tem utilidade arquitetonicamente falando. Às vezes, tenho sentimentos assim.  Ideias sem muita propriedade ou qualquer fundamento, que me parecem verdades absolutas. Sempre que sinto essas coisas, gosto de pensar que sou filha de Atena. Deixando isso de lado, começo a tentar decifrar o livro.

Quando já tenho certeza de que a primeira frase certamente não é sobre o protagonista pisando em uma fruta explosiva, olho em volta para ver se minha amiga voltou.

Nem sinal dela. Não estou marcando tempo, mas imagino que tenha ficado concentrada na leitura por tempo suficiente para Desordem ter voltado. Tenho uma ideia: o inglês dela é pouco melhor que o meu. Com certeza ela está com problemas para fazer o pedido.

Olho novamente para a pilastra, desta vez focando na sombra dela. Podia jurar que algo havia se mexido ali, no nada, vazio - o que é ridículo, é claro. Mesmo assim, olho fixamente e, PUF!, um garoto aparece naquele lugar. Tenho certeza que ele não estava na loja antes, havia apenas as moças que trabalhavam lá e um senhor idoso, que acabou de sair. A pilastra fica do lado contrário da porta, não tem como o menino ter chegado agora e ido lá sem eu perceber. Não tinha ninguém lá, então eu pisco e quando abro os olhos novamente, o garoto está lá! Assim mesmo, "puf".

Se não estivesse aqui e sim em algum lugar como na minha escola, no Brasil, com meus amigos, eu teria surtado. Mas me controlei. Sei que algo aconteceu aqui, mas não quero pensar nisso. Eventualmente uma explicação aparecerá. Com o máximo de calma possível, ando até a parte dos livros juvenis e coloco de volta o que peguei e, mesmo sabendo que agora sim não vou conseguir ler nem entender nada, finjo escolher outro enquanto olho para o garoto.

Parece ter minha idade, uns quinze anos, mais ou menos. Tem cabelos pretos levemente bagunçados, olhos da mesma cor, profundos a ponto de me fazer sentir que se focar neles, não conseguirei parar. Eu amo olhar dentro dos olhos das pessoas, sempre digo se alguém é bonito ou não depois de fazer isso, penso que sei o que a pessoa está sentindo e pensando e se fala a verdade ou não, só olhando para os olhos dela. O garoto tinha a pele muito clara, quase branco como uma folha de papel pronta para ser usada - embora meu ideal de beleza fosse longe disso, ele era bonito assim. Usava jeans escuros rasgados, uma camisa de uma banda de Rock (da qual, por sinal, sou fã) e jaqueta de aviador. Parecia ser tímido e quieto, bastante misterioso (não só pelo fato de ter aparecido das sombras literalmente), alguém de quem você não poderia determinar nada sobre a personalidade apenas baseado no olhar: seria preciso conhecê-lo, descobrir seus segredos para poder realmente saber quem ele era. Gosto de pessoas assim. O menino me lembra a imagem mental que tenho de um personagem de meu livro preferido, o personagem ao qual sempre me refiro brincando que é meu namorado. Na verdade, lembra muito ele.

Resumindo, é o tipo de garoto perfeito para mim, eu só nunca imaginei que encontraria tanta perfeição junta em um único ser real antes.

Eu já quase tinha esquecido que o menino aparecera do nada e que devia fingir estar interessada nos livros, estou totalmente concentrada no menino que está conversando com a moça da loja. O que eu não daria para saber um pouco mais de inglês e ter um pouco mais de coragem para que pudesse conversar com ele.

Então a moça indicou para o lugar onde eu estava e disse algo que entendi como "os livros juvenis ficam logo ali".

Então voltei à realidade, ao ver o garoto vindo em minha direção. Pego um livro como se estivesse tentando decidir qual queria esse tempo todo e finalmente tivesse encontrado o que procurava. Adoro uma teatralização. Sei que não enganei nem a trabalhadora, mas... o quê mais eu poderia fazer?? Ali, ainda em pé, tento achar uma frase na contracapa particularmente complicada. Quem sabe pudesse pedir para o menino traduzir para o espanhol. Falo espanhol fluente e pelo que sei, a língua era para ser para os americanos quase o mesmo que o inglês para os brasileiros. Quase.

Enquanto tentava formular uma frase para pedir isso ao menino, ele falou:

—Hi. My name is Nico.

E estendeu a mão para que eu a apertasse. Depois de alguns segundos de descrença (o deus grego estava falando comigo!!), aperto a mão do menino, pensando que, se entendi bem, tem o nome igual ao do personagem que achei parecido com ele. A mão era ainda mais fria que a minha (o que era anormal), exatamente como o do livro.

—Hi. I’m Alice. I don’t speak english...

—I know but let’s try.

—Anh, okay.

"Really?", perguntou, como se achasse que eu não tinha certeza. Decidi interiorizar meu choque, melhorei minha postura e disse, em um não perfeito inglês (mesma língua que usamos a partir de então):

—Sim, tenho certeza. E você?

—Ah, ótimo! –ele parecia realmente feliz com isso - Então...

Dessa vez eu é que o interrompo:

—Você disse que se chama Nico? Igual ao Di Angelo, de Percy Jackson? Ou melhor, você conhece Percy Jackson? Você gosta?

Geralmente começo uma conversa com um desconhecido perguntando se a pessoa gostava de ler. Se a resposta era não, dava um jeito de parar de conversar com esse alguém. Mas, considerando que Nico estava em uma livraria, na parte de livros dedicada a nossa idade, supus que gostava.

—Eu adoro Percy Jackson. E sim, me chamo Nico como no livro.

—Que coincidência! –Digo.

Nico murmurou algo como: “Você nem faz ideia” - ao menos, foi o que consegui entender, mas antes que pudesse perguntar, ele disse:

—Mas você acha coincidência só porque tenho o mesmo nome?

A verdade é que acho coincidência que eu gosto dos dois, mas arrumo uma saída:

—Não só isso: você parece fisicamente e pelas roupas que usa também.

—É verdade. Então você é uma grande fã de PJ também?

E pronto. Eu poderia falar sozinha o resto do dia, mas nós realmente conversamos sobre o livro. Ele era fã mesmo, falava de alguns pedaços como se tivesse participado das aventuras. Conhecia tudo muito bem, assim como eu, e sentia as emoções como se fossem parte de sua vida.

Provavelmente por causa do que e da maneira que eu falava, ele pergunta:
—Você gosta do Nico? Digo, o Di Angelo?

—Ah bem, eu sempre brinco que ele é meu namorado, porque gosto do jeito dele, embora o Tio Rick não dê muita atenção para ele. – Nico fez uma cara de vergonha, como se eu estivesse falando que gostava dele, não de alguém que nem existia. Então apressei-me em dizer:

—Mas gosto do personagem, não pense que só por causa das coincidências estou gostando de você também, certo?

Não disse nenhuma mentira. Estou gostando dele, mas não por causa das coincidências.

Ele se apressou:

—Ah, claro. Não, não, eu nem pensei em uma coisa dessas! Mas, mudando de assunto, você acreditaria que tudo é verdade? Que, hipoteticamente, todos os personagens que narram os livros escrevem um diário e mandam para o Rick que seria, não sei, um amigo dos semideuses? Você acreditaria, acha possível que tudo seja verdade? Na vida real? Não fale só por que gosta, estou dizendo mesmo: você acredita? Que tudo possa ser real?

Paro e penso. Eu entendi o que ele está querendo perguntar: uma coisa é quando brinco que existe, outra coisa é realmente acreditar, que todo o mundo que conheço é só uma parcela do mundo real, que parte de toda minha vida é mentira, ou pelo menos, que ela é incompleta. Eu poderia acreditar? Devo ter ficado um bom tempo pensando e Nico não me interrompeu, parece que o que ele queria era exatamente isso, me fazer refletir. Acho que não estou mentindo quando respondo que "Sim, eu acredito".

Ele sorri e começa a falar alguma coisa, mas bem nesse momento, como se também tivesse surgido do nada (o que dessa vez sei que não aconteceu, eu estava concentrada e é muito possível que ela tenha chegado até aqui sem eu ver) Desordem chega.

—Eu passei por muita coisa para conseguir esse sorvete. Tive que entrar pelo balcão e apontar de perto o sabor que eu queria, mas pra fazer isso eu sem querer acidentalmente apartei um botão e saiu sorvete para todo lado! Todo mundo ficou bravo, menos um cara que riu da minha cara, e ele era muito fofo! Eu queria conversar com ele, mas acho que não vai mais rolar e...

Então ela para, como se só agora tivesse reparado em Nico e que eu estava conversando com ele. Ela certamente nota a semelhança entre ele e o personagem e tenta consertar o estrago (provavelmente irreparável) que fez:

—Annh, sorry. My name’s Carol. I’m an idiot and I know it.

Então ouço um barulho estranho de coisas sendo derrubadas do lado de fora da livraria e o som de pessoas desesperadas correndo e gritando. O barulho se aproxima e o que vejo na frente da porta da loja me apavora. Desordem desaba com tudo.


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Notas finais do capítulo

É, como podem ver, são só duas fãs normais - PORÉM NÃO, ou não ia ter estória, né? Hihihihi, ao menos, até então, eram...
Ainda vem muita coisa por aí, comentem o que estão achando, o próximo capítulo está prontinho só esperando o 'medidor de feedback' (queremos saber o que vocês [des]gostaram)!
Beijinhos
|Alice



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