Sentaram-se todos para finalmente jantar. Rony começou, novamente um breve relato sobre o que acontecera nas últimas semanas em sua missão. Os dias perseguindo os comensais foragidos em segredo até que ele e seus dois parceiros de missão foram descobertos e acabaram sendo aprisionados numa emboscada. Com sorte, Aluísio Werneck conseguira enviar uma mensagem avisando que estavam em apuros. 

Harry começou sua narrativa nessa parte, dizendo como ele e seu grupo encontraram os garotos e duelaram contra os aurors, que haviam armado muitas armadilhas prevendo a possível ajuda que os presos poderiam receber. 

Rony voltou com a narrativa falando sobre o papel que cada um cumprira no ato final da captura dos comensais e como Davina havia o livrado de um feitiço que atingira e pilastra que caiu e poderia ter ceifado sua vida, ou pelo menos o deixado com ferimentos permanentes. Ao ajudá-lo, a garota foi atingida por um forte feitiço e caiu desacordada. Achando que a garota seria esquecida pelos comensais, Rony focou em deter os que ainda estavam de pé, mas quando olhou para Davina novamente, viu que um comensal lançava uma cruciatus nela que, inconsiente não reagia a nada. Harry entrou em cena novamente e conseguiu imobilizar o comensal que torturava a garota e mais alguns outros, mas também foi atingido e também ficou inconsiente. 

Algum tempo depois ainda batalhando, os aurors que ainda estavam de pé, conseguiram finalmente derrotar o comensal que restava e então retornaram. 

— As armadilhas tormaram tudo muito complicado. - dizia Harry - Não conseguiamos nos movimentar sem cair em alguma. Quase fomos mortos diversas vezes por conta delas. 

— E além de tudo ficávamos sempre mais lentos com elas. - completou Rony.

Hermione ouvia atentamente a narrativa. Ainda não tinha tido tempo de conversar com os garotos e ouvir toda a história. Ficaram impressionada com a bravura dos garotos e também com a bravura de todos os envolvidos. Principalmente da garota. Davina. Era esse o nome. Ela afinal salvara Rony, talvez seja por isso que ele passava tanto tempo com ela no hospital.

Terminaram o jantar ainda conversando animadamente e foram todos pra sala. Após algum tempo, Hermione viu Harry chamar Rony e ambos saíram discretamente da casa. "É agora." Pensou. Segurou a respiração por alguns segundos e então retornou para a conversa que estava rolando.

Harry caminhou com Rony em direção ao jardim, se distanciando casa e envolvendo Rony em assuntos agradáveis afim de prepará-lo para o que viria. Ele ainda não não tinha certeza na reação do ruivo, mas já sabia que ele não ficaria indiferente. 

— Rony, - decidiu que era hora - como você e a Hermione estão?

O ruivo olhou apreensivo para o amigo. Como ele e Hermione estavam? Ele não sabia dizer. A amizade estava frágil, ele sentia isso. Mas o que mais tinha entre eles? Ele decidiu não pensar mais no que sentia por Hermione a algum tempo, mas com sua volta isso era inevitável. Ele percebeu que sentira saudade da garota. Mas sentira saudade de sua namorada ou de sua amiga? Ele sempre respondia a si mesmo: "amiga". E não se questionava se era verdade. 

— Er... eu não sei. Nós estamos bem. Por que?

— Você acha que tem chances de vocês voltarem? - Harry decidira sondar inicialmente os sentimentos do amigo.

— Não - Rony respondeu de supetão, mas viu como soou aquele súbito "não" e prosseguiu - Não funcionamos mais juntos como namorados. Acho que nosso tempo junto já passou. É claro que ainda a quero perto, afinal, sempre fomos melhores amigos, né? 

Harry sentiu a insegurança nas palavras do garoto e aquilo só o fez ter mais certeza que deveria logo contar a Rony antes que ele descobrisse de outra forma. 

— Ela está namorando. - O moreno viu o ruivo apertar os punhos, tentando se manter calmo diante da informação. - Com Antônio Goldstein. Tem apenas duas semanas. 

— Olha, Harry, a última vez que eu vi esse Antônio, ele era um sonso. Se Hermione quer se envolver com um panaca desses, é escolha dela. Não sou babá dela. - ele estava claramente nervoso com a afirmação. Ambos ficaram em silêncio por alguns minutos e então Rony voltou a falar, dessa vez mais calmo. - Hermione e eu não temos mais nada. Eu fico feliz por ela não está presa ao passado e seguir sua vida. 

— Assim como você. - Harry completou com um sorriso. A dúvida surgiu no rosto do ruivo que claramente não estava entendendo sobre o que o amigo estava falando. - Davina. Você parece gostar bastante dela.

— Não!  - Rony dizia agora sorrindo e com toda a tensão fora de seu corpo - Não.  Davina e eu não temos nada. Ela é uma ótima garota. Ótima amiga e companheira de missão, mas nada além disso. - Ele disse com sinceridade.

— Mas não poderia vir a ser algo mais? - sugeriu Harry.

— Não. Ela vai voltar pra Escócia essa semana. Harry, eu não quero complicações. Eu quero soluções!

Ambos riram. Conversaram mais um pouco e então resolveram que já era hora de retornar para a casa. Ao entrarem, Hermione desviou os olhos e tentou focar na conversa que ainda rolava animada, com medo do que Rony poderia fazer.

Rony, ao ver a garota, cerrou os punhos mais uma vez. Porém, lembrando da condição que estavam agora, pensou que ficar nervoso poderia piorar a situação de forma irremediável. Ele decidiu não falar com a garota aquela noite para não ser rude com ela. Sentou-se perto dos irmãos mais velhos e embalou nas conversas que ali rolavam. 

Algum tempo se passou até que a morena decidiu que era hora de ir embora, no outro dia ainda teria que ir trabalhar cedo. Se despediu de todos, e deu um breve aceno de cabeça a Rony. Harry a acompanhou, também estava indo embora. Se despediu de todos, demorando mais com a noiva e então caminhou para fora com a amiga.

— Ele reagiu bem. Não ficou com raiva. Apenas um pouco nervoso, mas parece está tudo okay pra ele. 

Hermione assentiu. Rony não fora indiferente. Sentiu-se um pouco envergonhada por ter gostado de ele não ter sido indiferente. Mas ainda assim sentia um certo pesar. Estava tudo okay. Ela namorava Antônio. Rony estava bem com isso. Seu amigo. Amigo. E assim ela dava um novo passo em direção ao futuro. Aparatou.