Maison in Paris escrita por Leticia Vicce


Capítulo 2
Diferente


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, estou muito feliz em poder compartilhar essa ideia com vocês..
Espero que estejam gostando, por favor, comentem!



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Carlisle estacionou o carro em frente a mansão dos Cullen. Albert, um velho empregado da família correu ao encontro dos patrões sorrindo, ele adorava os Cullen, apesar dele sempre dizer que era um mero empregado, tanto os mais velhos quanto seus filhos, lhe tratavam de maneira que se sentisse parte da família, e assim seus dias tornavam-se mais felizes, afinal, Albert era um homem sozinho, não fora casado e nem tivera filhos, então tratava Edward e Emmett como seus também, e os meninos lhe retribuíam todo amor que ele compartilhava desde que eram apenas crianças brincando de bola no quintal da grande casa.
—Olá Albert, como está sendo seu dia de folga? - Carlisle perguntou solícito.
—Meio monótono, mas saí para visitar minha mãe no asilo.- o homem respondeu-lhe sorrindo ao pensar na mãe, uma senhorinha de cabelos brancos, com quase noventa anos e que achava que Carlisle era seu neto, apesar dele não ser muito mais novo que Albert, apenas talvez, uns 12 anos.
—E como Violet estava hoje?- O chefe perguntou.
—Estava bem, perguntou do senhor e dos meninos.
—Desculpe Albert, sinto não tem podido ir hoje, mas prometo que amanhã nós iremos todos. Não é garotos?- Carlisle perguntou para os jovens que caminhavam em direção a porta após saudarem o amigo.
—Claro.- responderam juntos e sorriram para Albert.
O empregado fora cuidar de suas funções no jardim dos Cullen, apesar de estar de folga, nunca conseguia realmente ficar parado e descansar, ele dizia que seu descanso era cuidar das flores.
A família adentrou a casa e cada um seguiu rumo a seus afazeres. Esme fora até a cozinha, conversar com Carmen, sua cozinheira e grande amiga. Edward sentou-se ao piano e pôs-se a tocar divinamente. Carlisle sentou-se no sofá da sala com um copo de Whisky em mãos apreciando a música clássica que Edward tocava.
Enquanto isso, Emmett estava em sua quarto, sentado em uma cadeira de ferro da sacada observando as árvore frutíferas do quintal quase completamente carregadas. O jovem acendeu um cigarro e fechou os olhos puxando a primeira tragada, sua mente vagou pelos últimos acontecimentos, pausou no rosto de uma pessoa em especial, o rosto que o prendera, era ela, parada na porta daquela Maison.
Naquela manhã quando os cullen decidiram aceitar o convite para a inauguração da Hale's Maison, Emmett bateu o pé e negou veemente sua ida, não queria estar no mesmo ambiente de tantas mulheres fúteis que com certeza ficariam em cima tanto dele quanto de seu irmão a fim de conquistá-los para dar-lhes um golpe do baú. Carlisle insistira muito, alegando que deveriam ser sociáveis e que sua mãe estava ansiosa para conhecer o trabalho da tal Rosalie, irmã de seu arquiteto preferido, mas ele continuou negando.
Algum tempo depois, Esme adentrou seu quarto com um sorriso tímido nos lábios, os olhos verdes como os dele encarando-o pidões, ele não teve outra alternativa a não ser aceitar ir com a família ao evento, nunca conseguiria dizer não à sua mãe.
Sua mente voltou ao presente onde o jovem sentiu que a brasa do cigarro queimava seus dedos, soltou a bituca rapidamente em um cinzeiro que estava sempre ali no chão, fora sua mãe quem colocara, ele sorriu ao lembrar de suas palavras: "Já que quer estar sempre com essa...-ela gesticulou com as mãos procurando uma palavra educada para descrever o cigarro na mão do filho. - essa.. coisa, na boca, soltando fumaça em todos os lugares em que passa, ao menos use um cinzeiro para não empestear seu quarto com as cinzas disso."
Sorrindo, o jovem retornou ao seu quarto, a noite já havia caído, apenas os postes de iluminação fraca permitiam que ele visse um pouco do jardim, ele se dirigiu ao interruptor ao lado da cama e acendeu as luzes que clarearam seu quarto, andou até seu guarda roupas onde encontrou roupas confortáveis para que pudesse tomar um banho relaxante e em seguida pudesse dormir um pouco, afinal, no dia seguinte teria de sair cedo com os pais, o irmão e Albert para visitar Violet no asilo.
Quando acabou o banho, Emmett apenas se vestiu e caiu como uma rocha em sua cama, adormeceu minutos depois. Mergulhado no mundo dos sonhos, o jovem a viu novamente, estava parada em frente a Maison, sorrindo largamente. Trajava calças novamente, dessa vez eram brancas, sua blusa floral de botões contrastava perfeitamente com os óculos gatinho em seu rosto, usava um lenço vermelho na cabeça, com os cabelos soltos caindo em cascatas de cachos perfeitos pelos ombros, nos pés usava um sapato baixo da mesma cor do lenço. Ela sorriu para ele, estendeu a mão em sua direção em um convite e guiou-o até seu carro conversível parado em uma rua próxima, ela dirigia com uma música suave tocando no rádio, sorria sempre que virava seu rosto na direção do dele, estava cantando animada até que parou o carro e mais uma vez pegou sua mão. Ambos desceram juntos do veículo, ele não sabia onde estavam, sabia apenas que era uma praia de areia clara e água cristalina,ela tirou os sapatos e correu pela areia gargalhando alto enquanto ele a perseguia também sorrindo. Quando enfim a alcançou, eles caíram, ela estava em cima de seu corpo, rindo como uma garotinha em manhã de natal, visivelmente feliz. Ela retirou os óculos e ele encarou aquele belo par de olhos azuis, tão profundos que pareciam ver sua alma, mas tão enigmáticos que poderia se perder dentro deles. Seus rostos se aproximaram, seus narizes se tocavam enquanto ambos sorriam, os lábios a poucos centímetros de distância. Mas foi só isso, ele acordou sem saber o final de seu sonho, frustrado por não poder ter desfrutado de sua fantasia com uma mulher que mal conhecia, mas que tanto lhe encantou.
O rapaz ficou um bom tempo encarando o teto branco, olhou em direção a varanda e constatou que esqueceu de fechar as portas, andou até ela e notou que já era dia. Com um suspiro, Emmett tratou e se arrumar para tomar o café da manhã e partir em direção ao asilo.
Quando chegou a sala de jantar, todos estavam lá, falavam sobre a Hale's Maison, Emmett não pôde deixar de notar em como seu irmão era só elogios ao estilo de Rosalie e sua ousadia. Apesar de saber que o irmão era loucamente apaixonado por Isabella, uma garota que trabalhava na Tiffany's como vendedora à qual conheceu em uma das idas com seu pai para comprarem presentes de aniversário para a mãe, nunca teve coragem de convidá-la para sair, ou mandar uma carta de cortejo. Ele sentiu algo crescendo em seu peito, algo tão forte que o fazia sentir raiva, talvez fossem ciúmes. Mas como poderia ele saber? Antes de conhecer essa mulher que mexeu tanto consigo com apenas um olhar, ele havia namorado duas garotas, duas interesseiras, como ele costumava dizer, mas nenhuma provocou tal sensação em seu peito.
—Bom dia. - Desejou assim que se sentou à mesa e serviu-se de um pouco de café.
—Bom dia filho.- Esme disse levantando-se e depositando um beijo em sua bochecha.
—Estávamos a pouco falando do quanto você pareceu bobo por estar na presença de Rosalie. - Edward disse-lhe rindo.
—Como?- Emmett perguntou abismado, não sabia que todos haviam notado seu momento como idiota.
—Não ligue para ele Emm, está apenas tentando lhe tirar do sério.- Esme colocou fim aquilo antes que os irmãos resolvessem discutir.
Quando todos acabaram o café pegaram dois carros na garagem e foram em direção ao asilo. Em um deles estavam Esme, Carlisle e Albert. No outro, estavam Emmett e Edward, que seguiram caminho em silêncio até o lugar tão conhecido por ambos.
A família Cullen passou uma tarde divertida e animada com os senhores do asilo, ouviram as tão famosas histórias que eles tinha a contar, sempre sendo gentis e estando interessados em saber mais. Aproveitando um momento de distração dos pais, Emmett saiu em direção aos fundos do local, sentou-se debaixo de uma árvore, tirou o blazer ficando apenas com a camisa branca com as mangas arregaçadas até os cotovelos e acendeu um cigarro.
Quando estava prestes a acabar, já em sua última tragada, o irmão mais novo sentou-se ao seu lado pegando um cigarro do maço e lhe passando mais um.
—Não sabia que estava fumando agora. - Emmett disse esperando que o irmão lhe passasse o isqueiro.
—De vez em quando fumo, é bom pra relaxar.
—Mamãe não ficará feliz ao saber que seu filho perfeito está seguindo os passos da ovelha negra da família.
—Eu tenho vinte e seis anos, ela não pode me dizer o que fazer. Além do mais, faço porque quero, não porque te vejo fazer.
Emmett deu de ombros e continuou em silêncio olhando para o nada.
—Irmão, me perdoe por hoje de manhã, foi apenas uma brincadeira. - Edward pediu desculpas por ter dito o que viu, na presença dos pais.
—Tudo bem. - Emmett respondeu simplesmente.
—Sabe, acho que tenho razão, você está mesmo encantado por ela.
—O que quer dizer com isso?
—Acho que deveria ir vê-la, todos notaram que houve uma conexão instantânea entre vocês.
—E o que você sabe sobre conexões Edward? Você já está há quase um ano babando pela garota da Tiffany's e nunca mexe uma palha.
— É diferente! - Edward disse sorrindo ao lembrar-se de Bella e seus lindos olhos castanhos.
—Pois me diga então, como isto pode ser diferente?
—Eu não tenho coragem como você, irmão. - Edward disse apagando o cigarro na falha de terra que havia em meio ao gramado em que estavam, tocou o ombro do irmão e saiu andando em direção à casa de repouso novamente.
Emmett ficou por um bom tempo sentado no gramado, refletiu sobre as palavras do irmão e pensou novamente em Rosalie. Cada vez que o rosto dela surgia em sua mente, ele sorria, era como pensar em algo bom, talvez ela fosse algo bom, talvez fosse diferente das outras, talvez fosse o que ou quem ele sonhou para si.
Depois de almoçarem com Violet, os Cullen juntamente com o fiel amigo, Albert, retornaram à grande casa rindo e falando sobre como seu dia havia sido doce e divertido, sentaram-se, assim que chegaram, na sala de estar falando sobre assuntos corriqueiros que vinham acontecendo em suas vidas, até Carmen e Olga, as empregadas, haviam se juntado a eles numa conversa animada. Emmett levantou-se, alheio a conversa que os demais mantinham, pegou as chaves do carro no console perto da porta de saída, beijou o rosto da mãe, cumprimentou o pai e seguiu em direção a porta, olhou mais uma vez para trás e sorriu sugestivamente para o irmão, claramente avisando que estava indo atrás dela.
Emmett dirigiu por alguns minutos em direção ao centro da cidade, não sabia onde encontrá-la, então foi até a Maison, mesmo sabendo que era domingo e provavelmente estaria fechada. Para sua surpresa, ela estava parada na porta, observando a vitrine que agora possuía novos modelos e roupas. Estava vestida como sempre com suas tradicionais calças sociais, usava uma blusa listrada em preto e branco e tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo alto.
—Olá.- Ele disse e em seguida riu ao notar que ela tivera a mesma reação do dia anterior se assustando ao ouvir  voz dele.
—Oi.- Ela respondeu simpática, como ele se lembrava que ela fosse.
Ambos ficaram em silêncio por um tempo, apenas se encarando, não diziam uma palavra ou soltavam um suspiro sequer, apenas silêncio reinando. Rosalie pigarreou quando notou que ele não dizia nada.
—Estou atrapalhando? - ele perguntou passando a mão pelos cabelos, era a primeira vez que não sabia como falar com uma garota.
—Não, estava apenas vendo se as peças da vitrine estão alinhadas.Venha, entre. - Ela disse abrindo uma das portas douradas e em seguida pendurou uma placa com os dizeres: "Fechada hoje", pelo lado de dentro.
—Ontem não pude ver muito bem, mas esse lugar ficou realmente muito bonito. -Emmett elogiou a fazendo sorrir.
—Obrigada! É como um sonho se tornando realidade. Apenas sinto que vovó não possa estar aqui para vê-lo.- Rosalie surpreendeu-se ao notar em como já o tratava como um amigo íntimo, lhe contando coisas pessoais.
—Aposto que ela está feliz. - Ele disse sorrindo.
—Aposto que sim. Mas então, aceita um café?
—Não, obrigado.
Ela deu de ombros e serviu duas xícaras com líquido negro ignorando-o, em seguida bebericou um pouco e ele fez o mesmo, depositaram as xícaras quase vazias em uma pequena mesa de centro redonda em frente as cadeiras de espera.
—Se importa se eu fumar? - Ela perguntou o surpreendendo.
—Você fuma? Não, claro que não, é seu ateliê, fique a vontade. - Ele disse espantado em notar como Rosalie era totalmente diferente das mulheres que conhecera, sem frescuras ou gracinhas.
Ela sabendo que ele também fumava, abriu seu porta-cigarros de metal prateado e o ofereceu um enquanto subia as escadas fazendo sinal para que ele a acompanhasse, lá dentro ela se jogou no divã sentando sobre as pernas na posição de indiozinho, como sua mãe dizia. Ela indicou a poltrona a sua frente para que ele se sentasse e pudessem conversar.
Emmett não sabia, mas era a primeira vez em um bom tempo que Rosalie sentia-se tão a vontade com um homem em sua presença, desde que ela conhecera Stefano na Itália e então fora traída de forma sórdida por ele, ela passara a desconfiar de todo e qualquer homem que se aproximasse, exceto Jasper e seu pai.
—Bom, acho que não veio aqui para desfrutar de minha companhia enquanto fumamos, não é mesmo? - Ela foi direta, uma de suas grandes qualidades, não gostava de dar voltas, era curta e direta.
—Não, é só que pode parecer estranho o que quero dizer. - ele riu nervoso.
Ela ajeitou sua postura deixando as costas retas enquanto acendia outro cigarro e lhe entregava outro, assim que ele acendeu o seu, ela gesticulou para que ele continuasse.
—Você é diferente. - ele disse.
—Diferente? - ela perguntou um pouco irritada, pensou que ele lhe julgaria como os outros faziam, como quando achavam estranho ver uma mulher usando calças compridas e fumando um cigarro como um homem deveria fazer, ou como quando a viam bebendo ou ouviam-na falando de sua outra paixão, carros.
—Não de um jeito ruim, é bom. -Ele disse constrangido arrancando uma gargalhada dela.
—Você também é diferente. Na verdade, não parece se encaixar na vida que tem, ou aparenta ter.
—Realmente, não me encaixo.- Ele sorriu. - Acho que somos únicos.
Rosalie lhe sorriu ao ouvir essas palavras deixando seus lábios, com certeza eles eram únicos, ela notou isso assim que seus olhares se prenderam no dia anterior. Pensou em uma vez em que ouviu nas aulas de filosofia sobre amor a primeira vista, pensou em como era cética ao pensar naquilo, mas sua concepção passou a ser diferente assim que seu caminho encontrou o dele, era como se suas almas conversassem e se entendessem entre si, talhando um sentimento único e lindo que começava a surgir em seus corações.
Os dois jovens passaram toda a tarde e o início da noite conversando, era como se eles se conhecessem há séculos, como se fossem predestinados a estarem ali, juntos. E talvez fosse realmente isso. Quando ela viu que estava ficando tarde, juntou suas coisas e ambos foram juntos em direção a seus carros parados em frente a Maison, ele a ajudou a fechar o ateliê e sem graça como um adolescente foi se despedir dela.
Ele pensou em como estava sendo idiota, afinal, já era um homem de quase trinta anos, apenas 4 meses mais velho que ela. Ele lhe estendeu a mão sem realmente saber o que fazer na tentativa de receber como cumprimento um aperto de mãos, surpreendeu-se quando ela tomou iniciativa e aproximou seus corpos depositando um singelo beijo em seus lábios, em seguida caminhou em direção ao seu carro, sorrindo e acenando enquanto partia e o deixava com um sorriso bobo no rosto, ainda parado na calçada.
Após alguns segundos ainda sorrindo e olhando a rua pela na qual o carro dela seguira, ele pareceu acordar de seu devaneio, entrou em seu carro e dirigiu até chegar em casa sem nunca tirar o sorriso do rosto, cumprimentou os pais e o irmão com tamanha alegria como eles nunca tinham visto antes, subiu as escadas como um relâmpago e se jogou em sua cama assim que chegou em seu quarto, parando apenas para trocar suas roupas antes de dormir, sem dúvidas estava ansioso para cair em inconsciência e sonhar com ela novamente, a mulher por quem se apaixonou a primeira vista, se é que isso era possível.


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Notas finais do capítulo

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