Descendants of the Sun escrita por Liv Winchester


Capítulo 2
André, o ladrão




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LEÓN

É sério, essas armas estão quebradas. Como um Capitão das Forças Especiais sul-americana não consegue acertar um único alvo nessa barraca? Eu desisto de viver. Continuei a atirar, mas nenhum tiro pegou. Eu e o Broduey estávamos a mais de meia hora nessa barraca tentando conseguir acertar algum alvo e nada. Atirei mais uma vez e o tempo acabou.


'Tempo esgotado. Atirou de olhos fechados?'


Eu vou quebrar essa máquina. Como isso é possível?


—Você acha que o tambor está torto? - perguntou Broduey encarando a arma de brinquedo e eu também fiz o mesmo.


—Ele nem mesmo zera. - resmunguei tentando mexer em algumas peças da arma. - Está quebrado.


—Vocês vão jogar mais uma rodada? - escutei o dono da barraca perguntar e nós o encaramos.


—Por que não atira corretamente? - perguntou Broduey e o dono da barraca tomou a arma das minhas mãos assim que me viu tentando tirar algumas peças.


—Ei! Você não pode mexer nisso. Esse é um modelo baseado na arma que a força Delta usou no deserto. Rapazes, não é algo como vocês tiveram na força militar. - comentou e eu achei graça. 'Não é algo como vocês tiveram'? Eu já tive armas melhores que essa.


—Não é a arma. - murmurou Broduey e eu ri fraco.


—Ladrão! É um ladrão! - escutamos um senhor gritar e nós saímos de perto da barraca. - Ei! Pegue o ladrão! - tornou a gritar e nós vimos, ao longe, um cara moreno empurrar um homem de uma moto e subir na mesma, começando a pilotar na nossa direção.


—Ele vai vir por aqui. - falou Broduey pegando a arma de brinquedo e eu o encarei confuso. - Deixe-me pegar isso emprestado. - ele pegou a arma da mão do dono da barraca e me deu, logo indo para o meio da rua.


—Ei! Estamos de folga! - reclamei e ele me encarou feio, revirei os olhos e fui até ele.


—Já que é um brinquedo é de curto alcance. Talvez 5 metros. - falou já mirando a arma e eu fiz o mesmo.


—Dez metros. - falei quando o ladrão se aproximava com a moto.


—Sete metros. - murmurou ele e eu respirei fundo. Seis metros. O ladrão já estava perto.


—Saiam do caminho! - gritou para que saíssemos da frente.


—Cinco metros. - falei e nós dois atiramos ao mesmo tempo, quase como se fosse ensaiado, as balas de mentira saíram e acertaram em cheio a testa do ladrão, que acabou caindo estirado no chão, gemendo de dor. Minha vida não faz sentido, eu derrubei um ladrão com uma arma de brinquedo! O interessante é que ele caiu de lado, ele soube como cair da moto sem se machucar muito.


[...]


O dono da moto apareceu e levou a moto embora, já que não teve nenhum estrago. O ladrão permanecia estirado no chão, ainda grunhindo de dor. A cena era bem engraçada, me abaixei para observar o garoto melhor e comecei a improvisar uma tala para o tornozelo dele, enquanto o Broduey ligava para o hospital.


—Deixe. Não está doendo. - resmungou o ladrão tentando se levantar. Dei um peteleco na sua testa e ele grunhiu.


—Fique deitado. - mandei e ele tornou a se deitar. - Não se mexa, ou vai prejudicar a sua coluna. Entendeu? - verbalizei puxando uma cordinha preta que tinha na calça dele.


—O que está fazendo? - perguntou preocupado e eu sorri divertido.


—Estou dando os primeiros socorros para o ladrão que eu peguei. - respondi com o sorriso sacana pendendo nos lábios. Eu encarei o dono da barraca de tiros e apontei para dois ursos. - Deixe-me comprar dois dos bichos de pelúcia. - falei para ele e ele negou.


—Não estão a venda. - retrucou e eu arqueei uma das sobrancelhas.


—É melhor vendê-los. - rebati e ele engoliu em seco. - Ou então, vou ganhar todos. - falei e ele riu sem graça indo pegar os ursos. - Ah! - ele parou. - E se tiver uma caneta, me empreste.


[...]


Botei mais um pouco do meu hambúrguer na boca e fiquei encarando o Broduey que parecia distante em seu mundo chamado: Camila. Era desconcertante ver ele desse jeito, ele era amigo meu desde os 8 anos. Estávamos em uma sorveteria, tentando aproveitar o tempo, mas ele só faz pensar na Camila. Vi ele segurar a pata do bicho de pelúcia e eu resolvi brincar com ele para trazê-lo de volta.


—Sua namorada é muito bonita. - falei de boca cheia apontando para o bicho de pelúcia.


—Sinto que encontrei a garota dos meus sonhos. - falou encarando o urso, entrando na brincadeira. Ele me encarou. - Vocês ficam bem juntos. - falou apontando para o meu urso-macho-delta... Alfa sou eu.


—Esse é meu amigo! - repliquei fingindo estar irritado. - Por que você os aceitou? - perguntei apontando para os ursos.


—Como eu poderia negar com ele implorando para que aceitássemos e não voltássemos mais? - rebateu e eu revirei os olhos com tamanha bondade neste ser.


—Eu me pergunto como um manteiga como você consegue ser bom em batalhas. - falei surpreso e ele fechou a cara. - Eu não entendo! Nossa! - exclamei surpreso deixando de encará-lo e escutei ele respirar fundo.


—O rapaz de mais cedo vai ficar bem, não é? - perguntou e eu tomei um pouco de refrigerante. Se o meu superior visse eu comendo essas porcarias, ele me matava.


—Ele soube como cair de lado quando caiu da lambreta. - falei e ele assentiu. Uma coisa que somos treinados é saber e ter a capacidade de observar cada detalhe de algo. E quando aquele cara caiu da moto, eu percebi, ele tinha algum tipo de treinamento. - Ele é atlético. Ele vai ficar bem. - completei encarando o meu urso, começando a afagar a cabeça do mesmo.


—Eu tinha a idade dele. Um atleta deve encontrar uma boa pessoa para guiá-lo. - falou pensativo e eu o encarei curioso. Essa é nova.


—Por que? Está preocupado com ele? Ele lembrou você dos seus dias obscuros? - perguntei brincando e ele me encarou.


—Eu sinto um pouco de pena dele. - respondeu e eu fiquei surpreso.


—Sargento Oficial Mestre Nascimento, você fez coisas ruins quando tinha a idade dele? - perguntei com o meu sorriso sacana costumeiro e ele me encarou parecendo ofendido.


—Eu era o chefe! - replicou e o meu sorriso aumentou.


—Então sua história é do gênero noir. Mas ele é apenas um criminoso. - verbalizei fazendo um som exasperado. - Você é cruel. - ele apenas me encarou, mastigando a batata frita que pôs na boca. - Olha só você, olha... - fui interrompido pelo meu celular tocando. Peguei o mesmo e vi quem era. Camila.


—É da tropa? - perguntou.


—Com certeza é da tropa, mas não da nossa. - mostrei o celular a ele e vi ele ficar sério.


—Não atenda. - mandou e eu sorri de canto.


—Vou atender. Vou atender e dizer para que ela venha aqui. É melhor você resolver isso como um homem de verdade! - exclamei fingindo ser sério enquanto cutucava a mesa com o indicador.O celular ainda tocava.


—Eu compro sua janta. Carne! - tentou me comprar para que eu não atendesse.


—Eu ganho dinheiro o suficiente para comprar. - brinquei erguendo o indicador para atender a chamada. Estava prestes a aceitar a chamada, quando ele segurou o meu braço.


—Que tal uma bebida? Um vinho de 17 anos! - falou e eu parei para pensar.


—Dezessete anos? Isso é um adolescente! - reclamei e vi ele ficar desesperado.


—Eu apresento a minha prima para você! Ela voa. - falou e eu arregalei os olhos.


—Na Força Aérea? - perguntei confuso e ele negou.


—Uma aeromoça. Tenho fotos das colegas dela no meu celular. - fingi estar ofendido e puxei o meu braço, fazendo-o me soltar.


—Você esteve escondendo isso de mim esse tempo todo? - perguntei dando o meu celular para ele, que encerrou a chamada. - O seu celular. - pedi, queria ver as fotos exatamente agora. Ele começou a procurar o celular e eu fiquei encarando a sua expressão de surpreso. - Uh! Está tentando me enganar? - perguntei surpreso, era a primeira vez que ele tentava me enganar. - Procure nos seu bolsos! - falei e ele fez uma cara de quem estava tentando se lembrar de algo.


—Mais cedo... - começou e eu franzi o cenho.


—Você foi roubado pelo cara lá?


—Eu vou matá-lo. - resmungou e eu ri fraco.


—Você sentiu pena dele. - repliquei ainda rindo.


—Qual era o hospital?


[...]


VIOLETTA

—Eu mandei tirar isso! Estou patético! - escutei o paciente que eu ia tratar resmungar e eu ri ao ver a cena, ele estava com dois ursos presos nos dois lados do pescoço, como um colar cervical. Pela primeira vez no dia, eu ri. Ele estava implorando para tirarem aquilo do pescoço dele. Eu me aproximei e a enfermeira falou:


—Ele esteve em um acidente de moto. - eu me aproximei do paciente e vi algo escrito no braço dele: 'Ele é um ladrão, faça-o sentir dor'.


—O prontuário está aqui. - falei pegando o braço dele. - Quem escreveu isso? - perguntei e ele me encarou.


—Os homens que me deixaram assim. Por favor, tire isso de mim! - pedi e eu ri internamente, ele, com certeza, não sabia o que tinha escrito.


—Entendido. Não se mexa. - falei e encarei a enfermeira. - Mude para um colar cervical.


—Claro. - falou ela se retirando e eu tornei a encarar o rapaz.


—Quem fez os primeiros socorros fez um bom trabalho. Muito detalhista e elegante. - comentei sorrindo fraco, fazendo-o revirar os olhos. Pensei na frase que tinha no seu braço e examinei o seu corpo de cima a baixo. - Deixe-me ver. Costelas fraturadas, possivelmente. - falei cutucando a sua costela e ele grunhiu cobrindo a região. - Você tem uma fratura. - encarei o seu tornozelo e vi a tala improvisada. - Tornozelo... - bati no seu pé e ele grunhiu um pouco mais alto. - ... está torcido. Você é um ladrão? - perguntei o encarando e ele pareceu surpreso.


—O quê?


—Está escrito aqui: 'Ele é um ladrão. Faça-o sentir dor'. - mostrei o braço dele e ele o puxou.


—Do que você está falando? Eu sou a vítima aqui. - resmungou e a enfermeira voltou, começando a retirar os ursos do pescoço dele. Eu não acreditava nele, mas fazer o quê?


—Fale com o seu seguro sobre o seu tratamento. Eu vou pedir um exame de raios-X para ver suas costelas e tornozelos. - falei e uma outra enfermeira apareceu.


—Doutora, o diretor quer vê-la.


—É verdade. Me avise quando os resultados saírem.


—Ok. - concordou e eu saí de lá.


[...]

 

ANDRÉ

Quando a doutora saiu, a enfermeira terminou de colocar o colar cervical e elas foram embora; Quando elas saíram, eu peguei o meu celular que estava no meu bolso e peguei o celular que eu havia roubado do cara que me derrubou. O meu celular tocou e eu me sentei, com dificuldade, na cama, atendendo o mesmo logo em seguida.


—Ei! O que aconteceu? Você foi pego? - escutei Napo perguntar e eu respirei fundo.


—Sim, estou ferrado. - resmunguei e fiz uma careta de dor.


—O que aconteceu? - perguntou preocupado e eu cocei a cabeça.


—Atiraram em mim enquanto eu fugia. - respondi começando a retirar a tala improvisada do meu tornozelo.


—Atiraram em você? - exclamou ele e eu revirei os olhos.


—Não é isso. É uma longa história. - quando consegui tirar a tala, eu me virei para sair da cama. - De qualquer forma, venha com a sua lambreta. - quando terminei de falar, caí com tudo no chão. Resmunguei e encerrei a ligação. - Droga.

[...]

 


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