Inverno & Verão
Ela é uma lembrança de dor parcial...
Nos dias quentes a vejo voar ao longe, como pardal;
Contudo, sinto-a em meus ombros no inverno frio e glacial.

É duro enxergar voar, o pássaro azul, com suas asas ao ar...
Manhãs quentes com uma brisa fria,
Fina como fim de verão.
Diga-me que é neles que se vive a emoção,
Ou deixe a dúvida daqueles beijos sem paixão.
Saiba que ainda desconheço esse mundo;
Sou novo e estranho nesse ninho profundo e mudo.
Ouço seus assovios de pardal e sigo-os com ouvido atento.
Saiba que ainda tento entender como é frio o vento,
Todavia, das dúvidas que me cercam essa é a que me importo menos.
Quero viajar contigo em grandes travessias...
E deixar que aqueles beijos sem vida criem suas respectivas trilhas,
Levamo-nos a percorrer um destino que se inicia
Com suas penas me mostrando a amante esquecida.
Suas falas ainda me convencem como em soberania,
Sua mecha azul ainda me ilusiona.
Estarei preso aos seus dizeres como peão;
Minha cálida garota do verão.

Ainda está frio aqui, mas talvez sempre seja...
Esqueço-me das epifanias enquanto contemplo suas madeixas vermelhas.
Você ainda é impassível, suas mãos ainda frias,
E enquanto caminhas em meu ombro, percebo o peso de cada canto
Não cantado.
Se o casaco não nos esquenta propriamente,
Talvez devesse tentar ofegar corretamente.
Eu ainda consigo admirar o som do silêncio,
Como se isso fosse tudo que o tempo pode nos dizer.
Saiba que não preciso falar para te fazer entender,
Que, de todas, eu realmente amo você.
Estamos presos nesse íntimo toque,
E ainda morre certos sentimentos em mim quando percebo
Que você é só lembrança.
Ah, esse frio me cansa, só que ainda me faz amar...
É mais difícil para mim quando você pousa em meu ombro, forçando-me a cantarolar.
Eu jamais esqueceria, decerto;
Minha fria garota do inverno.

~Gabriel.