The Senser escrita por Gabrielus
Cinzas
O corpo ainda descasca com o descaso das feridas...
Elas preenchem poesia ao ar como pétalas de uma estação esquecida.
Deixe-me em inércia seguir ao ritmo que bombeia como coração,
Varrendo impurezas sob as montanhas repletas de cerejeiras.
Arde um fogo em seu topo, oscilando entre o sereno do frio;
E o barro esquecido e polimorfo.
Sinto cheiro de mofo e fumaça,
A cada andar dessa extensa caminhada, sinto-a queimar...
Neve como derretendo fúnebres insertes.
A fogueira no topo da casa de madeira,
Ainda demonstra certa peculiaridade.
Oh, doce altura vertiginosa vista do topo dessa árvore...
Enxergo nuvens e as toco como algodão;
E ainda tampo os ouvidos em negação
Ao que dizem sobre tempestade e trovão.
Sentei-me à beira daquela real depressão...
Pensei em lhe escrever soneto ou puramente canção;
Mas fiquei estagnado com sua prepotência e monção.
Monções são como brisa de praia nas montanhas.
Ah, eu quero recitar poesia...
Todavia, será que as rochas dessa montanha acolheriam,
Minhas linhas tão pífias?
Transformei todo o papel que usei para escrever
Em combustível para fazer arder uma chama que ascende ao céu tão perto.
Tão, tão perto que quase o toco...
É verdade, fiz fogueira para tocar meu violão de Sapele,
Assistindo as cinzas de minhas composições voarem ao longe.
Sabe aquelas? Aquelas que meu corpo agora queima e descasca mais avidamente...
Não é epifania pura e eloquente que me faz presente nesse show ardente.
Eu queimei o único resquício de minha verdade,
Para ter as cinzas da liberdade espalhadas pela noite.
~Gabriel.
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