Lua Vermelha

Sonho em caminhar pelas ruas desertas que me cercam...

O medo me aflige tanto,

Quanto a luzes muito claras chateiam aos cegos.

É estranho encarar cada estrada com receio,

Deixo que minhas sensações explicitem meus anseios

Por meios que julgo vícios.

Sob a Lua Vermelha que brilha como assíduo sangue,

Caminho e caminho sob seu véu de eloquência gritante.

Os vermes escondem-se nas latas de lixo,

As baratas tonteiam entre os cacos quebrados de vidro,

Ratos roem roupas velhas e sujas,

Enquanto gatos miam como lobisomens para suas misteriosas luas.

Ah, eu sinto frio em minha carne nua...

Encolhido em mantas finas de seda, eu vejo bicho

Da mesma cera que contém em meu ouvido.

Isso faz de mim notívago surdo, mas ainda ouço ruído,

Exíguo, é imparcial a capacidade auditiva do mudo,

Colocando à prova meus pensamentos mais obscuros.

Quero contê-los, afinal...

Não sei o que pensariam de mim se os liberasse

E deixasse proliferar suas misteriosas interpretações à catarse.

Eu só ando em direção ao horizonte, seguindo...

Lua Vermelha me diga por que te sigo.

Imagino destinos se desenhando em cada atalho,

Nessa rodovia reta e coberta de cascalho.

Nem o mais vil e frio dos assassinos se atreveria,

A me mandar um olhar de soslaio.

Sou alma penada condenada a procurar redenção,

Nessas ou naquelas estradas por onde caminha a salvação.

Só estou perdido entre indagação e razão,

Enquanto há manchas de sangue nos centros de cada portão.

Chego perto, respiro fundo...

Será que estaria pronto, de fato,

Para descobrir os mistérios que guardo nesse estranho novo mundo?

~Gabriel.