A Little Piece of the Heaven escrita por Gabrielle Silva


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Mesmo que o título engane, esta fiction não tem nenhuma relação com a banda Avenged Sevenfold,



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Ora, se não havia luz solar para iluminar o recinto, então por que a menina insistia em erguer a palma de sua mão para o céu, tentando cobrir tal luminosidade de seu rosto?

A única forma de luz que se produzira no local — e permitia a visão das coisas — era ocasionada pelas chamas fortes que engoliam as árvores atrás da moça.

A praia onde estava era totalmente manchada de preto e cinza. Não havia verde, nem amarelo, muito menos o azul do céu. Era tudo mantido apenas em preto, cinza e o vermelho das labaredas que insistiam em queimar por toda a floresta.

A menina, porém, era um corpo estranho naquele cenário. Sua pele branca chegava a ser tão pálida quanto a luz que tanto procurava, seu cabelo era negro como o resto do recinto, mas era lustroso e brilhava de forma diferente do preto do céu ou do petróleo que formava o mar logo a sua frente. Seus olhos emanavam o verde esmeralda mais vívido do que qualquer coisa atrás ou na frente de si. A camisa de algodão branco funcionava como um vestido para a mesma, cobrindo seu corpo desde o colo até a metade das coxas. A garota era como um ponto de vida em lugar totalmente morto. Mas nela também não havia a vida.

Estava tão morta quanto aquele cenário monótono de praia durante a noite. E estava confusa também. Confusa, assustada e desorientada.

Várias questões se formavam em sua mente como: 'por que eu pareço estar em presa em um filme antigo?' Ou 'por que as árvores que ardem em chamas insistem em continuar inteiras, como se nada as tocasse?' Porém, existia uma questão mais importante, a maior de todas as perguntas. Esta pairava em seu cérebro esmagando as demais: 'O que estou fazendo aqui?'

Somente após alguns minutos analisando suas possibilidades ela percebeu, então. Estava no Mundo Inferior, morrera no Mundo Humano e reaparecera ali, no inferno.

Esta era sua sina. O inferno fazia questão de moldar-se de acordo com o sofrimento de cada indivíduo, dando assim, a punição particularmente adequada ao pecador.

O castigo da garota era esse, permanecer a eternidade em um cenário morto. Ela, e somente ela.

Já conformada, deitou-se na areia acinzentada e encolheu-se ali mesmo. Estava esperando que, de alguma forma, a brisa da praia pudesse confortá-la. Mesmo que nem ao menos isso houvesse no recinto.

Quando as pessoas morrem podem ser tanto beneficiadas como castigadas. No caso da humanidade atual, muitos são punidos por seus atos durante a eternidade, porém sempre existem aqueles que merecem algo melhor em sua 'vida' após a morte. Esses abençoados têm o direito de exercer ou tomarem para si aquilo que amam, independente das regras daquele mundo ou do que seja objeto em si.

A morte trágica da garota fez com que ela odiasse o mundo, a tudo e a todos existentes nele. Exceto por uma pessoa, a qual lhe fez realmente feliz. Ela sentia falta de seu amado, queria poder permanecer sua eternidade junto dele. Mas sentia que não seria possível, pois pensava ter sido desrespeitosa em sua vida e não se sentia no direito de ter sua benção como prometido pelo inferno.

Porém, é claro que a base do achismo pode ser muito delicada e quebra-se facilmente quando se trata de um contexto complexo como aquele. Ao abrir os olhos a garota pôde perceber isso.

Sentado ao seu lado, encarando a escuridão daquele céu, estava o rapaz dos mesmos cabelos negros e lustrosos da garota porém de íris levemente avermelhadas como o fogo atrás dos jovens.

Era estranho como o homem podia sorrir calorosamente mesmo em um local já falecido como aquele. Fez questão de quebrar o silêncio dirigindo sua voz rouca à menina.

— "Você será meu até mesmo após a morte!" Vejo que não estava brincando quando disse tais palavras — ironizou o rapaz com sua voz. A menina, por fim, mexeu-se na areia recostando sua cabeça na perna do moço e sorriu.

O sorriso timidamente satisfeito da moça era a luz no fim do túnel.

Talvez a eternidade não seja algo tão ruim como pensam. — indagou ela em sua mente.


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Notas finais do capítulo

peço desculpas pelo quão curto este conto acabou sendo, porém foi maravilhoso poder escrevê-lo...



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