P.O.V Ícaro

— Amy?

— Quero ficar sozinha, Ícaro.

— Eu sei, mas podemos ficar sozinhos juntos - a ouvi destrancar a porta e entrei no quarto. - Você está bem?

— Na medida do possível - olhei para o chão, onde ela estava sentada, e sentei do seu lado - Suicídio? Logo eles?

— Não sei, eu falei com uns guardas da prisão e eles disseram que meu pai foi ver sua mãe antes disso tudo acontecer.

— Homicídio?

— Talvez. Só não sabemos qual dos dois.

— Era para ser o melhor dia das nossas vidas. - ela deitou em meu ombro e encostei a cabeça na sua.

— Vamos passar o resto das nossas vidas juntos, meu amor. A gente casando hoje ou não.

— Só que...logo hoje?

— Espera, você não está triste pela morte deles?

— Sim, eu estou. Mas tinha que ser bem no dia do nosso casamento? - sorri de lado e dei um beijo em sua testa.

— Se você quiser, podemos casar amanhã.

— Mas você tem que assumir o trono.

— Eu assumo depois de estar casado com você. No momento, isso é a única coisa que importa para mim.

— Eu te amo sabia?

— Sim, eu sei disso - Amy me deu um soquinho no braço e fingi que doeu - Aprendi com você.

— Percebi.

— Também te amo, minha querida.

— Eu vou te jogar da janela, Ícaro.

— Eu sei que não faria isso - rimos e ela deitou em meu ombro novamente.

P.O.V Cath

— Era para ser o melhor dia da vida dela, mas foi arruinado. - andava pelo corredor e Chris ria do meu desespero - Não ria, seu bobo. É importante.

— Você vai quebrar o chão se continuar pisando forte desse jeito, e com esse instrumento de tortura.

— Isso se chama salto alto e serve para que eu fique mais alta. - ele pegou minha mão e me puxou para si. - Você sabe que até o casamento ser oficializado, não podemos ficar fazendo isso pelo corredor.

— Então tudo bem - ele nos puxou para o meu quarto e nem tive tempo de reclamar, já que senti seus lábios macios colarem nos meus. - Melhor assim?

— Melhor do que no corredor - ele riu e olhou para mim - O que foi?

— Nada, só estava pensando.

— No que?

— Em como eu gosto de você. - sorri e ele me deu um selinho - Mas eu ainda sou um guarda do palácio. Tenho que voltar ao trabalho, incluindo dar um jeito no que aconteceu hoje mais cedo.

— Nem me lembre. Agora eu não sei se a Amy está triste ou se está soltando fogos por conta do Rei e da mãe dela.

— Isso eu vou ver daqui a pouco quando eu for falar com o Ícaro. Te vejo mais tarde?

— Aham - ele me deu mais um selinho e saiu do meu quarto.

Depois de um tempo, decidi ver se a Amy estava bem. Pelo que eu sabia das outras selecionadas, ela não abriu a porta para ninguém.

— Amy? - bati na porta e ninguém respondeu - Amy, sou eu. Abre.

— Oi - Ícaro abriu a porta e sorriu.

— Mas o que...?

— Relaxa, não abusei da sua amiga/minha noiva - rimos e ele mostrou que a Amy tinha dormido.

— Ela estava uma pilha desde ontem a noite por causa do casamento. Imagino agora depois do que aconteceu.

— A Amy até que está bem. um pouco triste, mas ela vai ficar bem.

— E você?

— Vou bem e você?

— Larga de ser besta Ícaro, eu conheço vocês dois muito bem. Como você está lidando com isso?

— Eu...Eu não estou lidando sabe. - fechou a porta e fomos andando pelo corredor - Meu pai e a Angeline podem ter feito coisas ruins, mas ainda sim eram o meu pai e a mãe da Amy. Não foi um baque, como a morte da minha mãe, mas eles eram da família entende?

— Sim. Sei que mesmo fazendo burradas, vocês os amavam.

— Eu não acredito que tenham sido suicídio duplo.

— Como assim?

— Meu pai estava estranho ao entrar para ver a Angeline, segundo alguns guardas. Acho que pode ter sido suicídio e homicídio.

— Mas a questão é: quem matou quem e quem se matou?

— É por isso que eu preciso da sua ajuda. Você é inteligente, Cath.

— Não exagera Ícaro.

— Sei que se nós nos juntarmos, poderemos descobrir o que aconteceu.

— Nós quem?

— Nós quatro. Eu, você, a Amy e o Chris.

— Olha, Ícaro...

— Por favor. Nem é por mim, é por ela. Eu não ligo se meu pai foi assassinado ou cometeu suicídio, mas a Amy liga. Ela era muito ligada a ele, quase o pai dela de verdade, mesmo depois das merdas que ele aprontou.

— Tudo bem vai, faço isso.

— Tudo bem, deixa a Amy acordar e contamos o que estamos pensando para ela.

— Posso te perguntar uma coisa?

— Claro

— Onde o pai dela de verdade está nessas horas?

— Desde que a Seleção começou, ele não ligou para ela, não mandou carta, nem nada. Só sabemos o que minha mãe tinha nos contado.

— O que?

— Ele está meio que de férias com a família dele.

— Mas a Amy é filha dele.

— Eu sei, sempre foi assim.  Espero que ele não queira dar as caras no funeral, se não ele vai ouvir e muito da Amy.

— Entendi

— Ela sempre teve a nós como família e agora que meus pais morreram...

— A Amy ainda tem a gente. Eu, você, as outras meninas. Não vamos abandoná-la.

— É bom ouvir isso - nos viramos e vimos Amy atrás de nós, sorrindo.

— Vem cá - abri os braços para ela, que revirou os olhos e me abraçou - Nunca vamos te deixar.

— Quando vai ser o funeral? - ela perguntou para Ícaro

— Acho que amanhã. - ele deu de ombros, mas ela sorriu ainda mais

— Ótimo. Na sexta nós nos casamos - ele abriu a boca várias vezes para falar algo, mas não falou. Apenas a abraçou e sorriu.

— Então, sexta.

— Sexta.

— Vou arrumar as coisas do casamento...de novo - eles riram e saí do jardim.

P.O.V Chris

— Um suicídio e um homicídio - olhei para Ícaro e o mesmo assentiu - Como pensávamos.

Nós quatro nos juntamos e começamos a procurar qualquer coisa que servisse como pista para descobrirmos o que aconteceu. Depois de quase três horas, conseguimos descobrir.

— Mas não sabemos quem matou quem - Amy disse e assenti.

— Acho que eu posso ter uma idéia - Cath sorriu de lado e começou a olhar para o quadro que tínhamos montado com as pistas. - Seu pai entrou na prisão não é? - ela perguntou para Ícaro e ele assentiu - Bom, estamos progredindo.

— Ainda não entendi - disse e ela riu

— Relaxa, querido. Você vai entender.

— Ah não Cath, você foi contaminada com esse negócio de querido e querida também? - Amy começou a rir e revirei os olhos.

— Depois de meses aqui com vocês, eu tive que pegar alguma mania né, mas continuando. O guarda disse que ele estava estranho não é?

— Sim, estranho até demais - respondi e ela concordou.

— Muito bem. Sabemos que o Rei estava ressentido com a Angeline por conta da morte da Rainha Marina.

— Sim

— Pronto. Ele matou a Angeline.

— Ainda não sei como você consegue fazer essas coisas.

— É tão fácil como matemática.

— Que horror - Amy reclamou e Cath riu - Sou humanas pura.

— Que horror digo eu - Cath disse e as duas riram. - Vocês entenderam?

— Mas como por que meu pai se matou depois?

— Isso eu não sei. Quem sabe foi arrependimento por todas as coisas que ele fez com vocês e com a sua mãe, Ícaro.

— É uma bela teoria - segurei sua mão e a beijei

— Chris...- ela corou e fez Amy e Ícaro rirem

— Que fofos vocês dois. Assim que nos casarmos, quero ir no casamento de vocês.

— Amy, não exagera né amiga. - Cath corou novamente e escondeu o rosto entre as mãos.

— Quem sabe