Make a Memory escrita por Paula Freitas


Capítulo 21
Capítulo XX – O Retorno


Notas iniciais do capítulo

"Será que sonha comigo agora? Será que pode ter uma recordação de nós dois?..."



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Peguei o telefone para ligar para o Niko... Mas, o coloquei de volta no lugar. Repeti esse gesto várias vezes depois que a Márcia discou o número e me entregou o telefone. Eu ainda não me sentia pronto para falar com ele de novo. Para falar com ninguém, na verdade.

— Só me diz por que não quer falar com ele, Félix.

— N-Não... Não sei! Eu... Não sei o que dizer.

— Ora, é só dizer o que você quiser, o que você sentir que é pra dizer.

— E se... N-Não. Não, eu não quero.

— Félix, não seja teimoso!... Olha, eu tenho certeza que a essa hora o carneirinho deve tá morrendo de angústia por não saber onde você se meteu.

— Será, Márcia?

— Claro que é! Não já te disse? Ele te ama, Félix, ele te ama e essa é a única verdade que você precisa saber.

— Acho que... Essa é a única coisa que eu preciso lembrar, na verdade.

— Você não acredita no que eu tô te dizendo?

— Acredito.

— Então? Por que não acredita quando te digo que o Niko te ama, hein?

— Eu acredito, Márcia, eu acredito. Mas, é difícil, entende? É difícil pensar que eu me esqueci de alguém que me ama tanto.

— Olha, meu menininho... – Ela pegou em minha mão. – Eu imagino que deve estar sendo muito difícil pra você se esquecer de tudo assim, de todo mundo... Mas, confia em mim... E confia no Niko. Porque alguém como ele você não vai achar melhor. Não acredita em nada do que te disseram, viu? O Niko ama você e só você. E ele sempre te compreendeu, eu sei que ele vai te compreender mais uma vez.

Fiquei alguns minutos olhando para o telefone, com a cabeça deitada no colo dela como se fosse mesmo um menino sendo acalentado. Fiquei pensando no que ela havia dito. Pensei no Niko. Pensei na minha família. Pensei em mim.

Até pouco tempo atrás eu achava que minha vida era um vazio. Mas, não. Minha vida não é um vazio causado pela minha falta de lembranças... Minha vida é um erro. Uma sucessão de erros incorrigíveis. Agora eu conseguia compreender, mesmo sem me lembrar. Eu sabia o que eu já havia feito em meus anos de existência como Félix... E o que eu precisava era procurar a resposta sobre o que fazer com o fantasma chamado Cristiano. Mas, eu estava cansado demais por tudo que havia passado nas últimas horas para pensar bem no que fazer de agora em diante.

— Márcia... Eu não consigo pensar agora, eu não consigo me decidir...

— Decidir o quê, meu menininho?

— Decidir o que fazer, decidir quem eu sou... Ou melhor, quem eu quero ou preciso ser.

— Mas, você é o Félix, você já sabe...

— Eu sei, eu sei, mas... Se antes me doía não lembrar a vida do Cristiano, a vida que eu já me lembro do Félix dói muito mais. Entende? Se tudo que você me disse é verdade, se eu fiz tantas coisas horríveis, eu... Eu... Não consigo agora pensar em como olhar de novo para a minha família sem pensar que eu fiz muito mal a todo mundo.

— Mas, Félix, eu não estou pedindo para você falar agora com sua família. Fala só com o seu amor, com o seu carneirinho. Ele vai te ajudar.

— Se ele é mesmo o meu amor... O meu carneirinho, como você diz... Talvez eu também tenha feito mal a ele.

— Não! Não, isso não! Félix, a ele você só fez bem.

— O que eu fiz? Eu não entendo. Se eu fui tão mal, se ele sabia, o que eu fiz para ele me amar?

— Olha, eu vou fazer um resumão só do que eu sei, tá bom? Você salvou ele de ser enrolado, de perder a casa, de perder os filhos...

— Filhos? – Interrompi-a. – O Niko tem filhos?

— Tem! Tem dois meninos, as coisas mais lindas! Ah, e como eles te adoram, Félix!...

Fiquei surpreso com aquela notícia.

— Dois filhos? Como assim?

— É! Assim, ele adotou um menininho, de uns oito anos, eu acho... E teve um bebezinho por inseminação. Sabe, aquela coisa de barriga solidária, algo assim? Pelo que eu sei, a moça lá que foi a barriga pra esse bebê dele queria roubar o menino dele. Imagina! Ela queria ficar com o filho do Niko pra ela! Ela chegou a sequestrar a criança, Félix! E quem ajudou ele a resgatar o filho, foi você.

— Eu?

— Você!

— Mas... – Recordei naquele instante do que aquele mendigo com o qual conversei havia me dito. Que eu só estava me lembrando das coisas ruins que fiz, não das coisas boas. – Então, eu... Eu resgatei o filho dele?

— Resgatou. Vocês até viajaram pra salvar o bebê.

— Quando foi isso?

— Há pouco tempo.

— Mas, como? Há anos eu joguei um bebê numa caçamba de lixo e agora eu ajudei a resgatar outro?!

— Pra você ver... As pessoas mudam, meu menininho. No seu caso, você mudou bastante. Completamente, eu diria. Aliás, o Niko já me disse uma vez que você cuida muitíssimo bem dos filhos dele.

— Eu cuido? – Eu ainda estava um tanto incrédulo.

— Cuida. Mas, disso eu já sabia. Eu descobri antes dele que você tinha jeito com criança. Quando você ficou morando aqui, você cuidava que era uma beleza da minha Mary Jane.

— Mary Jane?

— A minha netinha, Félix! Vem, vem ver... Eu deixei ela no bercinho, mas ela já deve ter acordado. Vem! Ela gosta de ficar no seu braço.

Ela me puxou pela mão e me levou até um quarto. Tinha uma cama e do lado o berço, onde a netinha dela estava inquieta.

— Aqui. Não disse que ela tinha acordado? Eu conheço os horários dessa fofura. Daqui a pouco ela já dorme de novo, só acordou pra tomar o leitinho. Eu vou fazer. Pode segurar ela, Félix?

— S-Segurar? Eu?

— Tem outro Félix aqui? Eu sei que você tá confuso, mas não é pra tanto. Vem, se ajeita... – Ela pegou a menina e colocou em meus braços. Eu peguei meio sem jeito. – Assim... Pronto... Viu como é fácil? Você tem jeito pra isso, tô dizendo! Fica aí com ela que eu volto já, viu? Vou fazer o leite dela.

Ela saiu ligeiro do quarto me deixando com a pequena nos braços. No início foi um incômodo. Quando eu olhava para aquele ser tão frágil e indefeso nos meus braços eu sentia como se ela fosse a menina que eu joguei na caçamba. Eu não queria olhar para ela para não me lembrar das cenas terríveis que me vinham à mente.

Em um determinado momento, eu cheguei com ela perto do berço, ia colocá-la lá de volta, porém eu vi em minha mente a caçamba de lixo. Estava na minha frente e eu ia colocar a bebê dentro. Tal visão me amedrontou e, ao invés de colocá-la lá, eu a segurei mais forte em meus braços.

Era isso que eu deveria ter feito! Era isso! – Pensei comigo e chorei em silêncio. A pequena Mary Jane fez menção que ia chorar também e eu a abracei. Comecei a balançá-la para ela ficar tranquila... E eu também.

Aos poucos o incômodo foi desaparecendo e a sensação de ter aquele ser tão inocente nos meus braços foi me deixando confortável e, sobretudo, em paz comigo mesmo. Comecei a brincar com ela e ela sorriu para mim. Como aquilo me fazia bem! Era como se eu estivesse sendo perdoado por tudo de mal que eu fiz. Naquela hora algo dentro de mim me dizia que eu já tinha recebido esse perdão.

Eu já não sentia mais medo, apenas uma paz inexplicável. Levantei-a nos braços brincando com ela, vendo que ela sorria a cada gesto meu. Coloquei-a para o alto, uma, duas, três vezes... Numa dessas foi como se eu visse outra criança. Era um bebê loirinho, muito fofo e que me trazia felicidade. Recordei um nome...

— Fabrício!... Mas... Quem é Fabrício? – Eu me perguntava e perguntava a Mary Jane como se ela pudesse me entender. – Será que é outro bebê? Deve ser esse bebê loirinho de que me lembrei. Espera... Loirinho?... Será que filho do...

A Márcia voltou me pedindo a pequena para dar o leite. Ela se sentou na beira da cama e eu sentei ao lado, olhando para aquela coisinha tão fofa e meiga.

— Viu? Eu não disse que você tem jeito com criança? – Ela comentou.

— Você estava espiando enquanto eu estava com ela, por acaso?

— Espiei um pouquinho pra ver se ela não ia chorar, depois fui fazer o leite.

— Você pensou que eu poderia fazer algo errado?

— Você faria algo errado com ela, Félix?

— Não. Mas, quando eu estava segurando ela cheguei a me imaginar jogando a filha da minha irmã na caçamba. Márcia, você acha que hoje em dia eu ainda seria capaz de algo assim?

— De jeito nenhum! Você mudou muito, já te falei. E, além disso, sei que você não faria mal a Mary Jane nem a bebê nenhum. Sabe por que, Félix? Porque você é um homem bom.

— Eu... Tenho a impressão de já ter ouvido isso... De alguém...

— Hum... Deve ter sido do Niko.

— O Niko me acha um homem bom?

— Hum! Em todos os sentidos, segundo ele! – Ela riu. – Mas, falando sério... Você é bom, sim, apesar de tudo. E ele foi, aliás, ele é, foi e sempre será a pessoa que mais acredita nisso.

Suspirei profundamente pensando nele.

— Depois de tudo que você me disse sobre ele... Eu queria muito estar com ele de novo.

— E por que não quis ligar pra ele, criatura?

— Eu já disse, Márcia, eu não saberia o que dizer, ainda mais por telefone.

— Você tá muito cansado, não tá?

— Estou com dor de cabeça e com muito sono. Eu queria dormir e sonhar para assim, talvez, me lembrar de alguma coisa que preste. Infelizmente, todos os meus sonhos têm sido recordações... E eu estou cansado de sonhos ruins.

— Eu entendi o que você quis dizer. Mas, dorme, Félix, dorme o quanto você quiser. Pode deitar aqui nessa cama mesmo, viu? Você precisa descansar. Precisa esquecer mais as coisas ruins e lembrar mais as coisas boas. Você vai ver que assim não vai ter mais nenhum pesadelo.

Deixei o cansaço me vencer e a obedeci. Tirei os chinelos e deitei na cama. Ela levantou, pôs a bebê no berço e pegou um pano para me cobrir.

— Pronto, meu menininho. Olha, a Mary Jane vai ficar aqui, ela já tá dormindo de novo. Se ela acordar você dá uma olhadinha, tá? Eu sei que você pode fazer isso. E qualquer coisa que precisar me chama. Dá um grito que eu venho correndo. – Ela me deu um beijo na testa. – Bons sonhos, meu menininho. – E saiu do quarto.

Continuei pensando no Niko antes de dormir. Eu estava cansado, não só fisicamente, mas cansado de pensar nas coisas ruins da minha vida. Eu queria pensar nas coisas boas, como o Niko... Para, quem sabe, sonhar com ele e ter finalmente um sonho bom.

...

Horas depois...

...

Abri os olhos e vi que caía o entardecer. Eu não sabia por quantas horas havia dormido, mas pela iluminação do quarto percebi que já era tarde, o sol estava se pondo. Olhei para o berço e vi que a bebê não estava lá. Provavelmente ela tinha acordado em algum momento, a Márcia deve ter vindo buscar e eu não ouvi. Acho que eu estava cansado demais para conseguir acordar.

Quando virei o rosto para o lado da janela, meu coração deu um pulo ao que me deparei com aquela imagem...

Era ele... Era o Niko!

Estava lá no quarto, olhando pela janela com a expressão mais serena do mundo, como se esperasse um desejo se tornar realidade.

Ele não tinha percebido ainda que eu havia acordado. Por uma fração de segundo imaginei que eu pudesse ter morrido e sido levado ao paraíso onde meu anjo estava me esperando na forma dele. Ou seria um sonho, talvez... Talvez eu ainda estivesse dormindo e sonhando com ele. Ou ainda poderia ser a beleza do pôr do sol me trazendo aquela visão maravilhosa para a redenção dos meus pecados.

Contudo, no fim dessa fração de segundos, percebi que era apenas ele... Real... Ele... Não uma ilusão... Era ele... O meu amado...

— Carneirinho.

...

...

... ... ...

— Alô? Márcia? Que surpresa você me ligar!

— Como você está, Niko?

— Não posso dizer que estou bem...

— Notei pela sua voz que você está tristinho, não está?

— Estou... ... Sem palavras para definir essa tristeza que sinto agora.

— É por causa do desaparecimento do Félix, não é?

— É.

— Me diz uma coisa, Niko... O que você mais queria nesse mundo agora era estar com ele?

— Com certeza, Márcia. Não sabe a noite péssima que eu passei sem dormir, só pensando no que fazer para encontrá-lo. Tudo que eu queria era saber onde ele está para ir buscá-lo correndo e trazê-lo pra mim.

— Pois então, vem pra cá.

— Pra onde?

— Pra cá, pra a minha casa. Ele tá aqui.

— Quê?!

— O Félix está aqui na minha casa. Vem logo, Niko, ele precisa muito ver você. Mas, vem rápido e vem sozinho, tá?

— M-Mas... Mas...

— Não me pergunta nada. Quando você chegar aqui eu explico. Vem logo.

... ... ...

Minutos depois eu chegava à casa da Márcia. Ela me explicou como o Félix havia chegado lá, como foi encontrado, e que ele a pediu para não chamar a família. Ela me disse também que ele já sabia a verdade sobre o Cristiano, mas ainda não se lembrava da própria vida nem de tudo que fez. Pelo menos, não de tudo de bom que fez para mim, por exemplo, pois dos erros do passado ele já havia recordado.

Ela me levou ao quarto onde ele estava. Ao entrar e vê-lo, não segurei a emoção e chorei de alegria por reencontrá-lo. Eu queria me aproximar dele, abraçá-lo, beijá-lo, mas ela me aconselhou a esperar que ele acordasse, pois ele estava bastante cansado quando dormiu. Concordei, então. Pedi para ficar lá o observando enquanto dormia, velando seu sono até que cessasse para que eu pudesse ver novamente aqueles olhos castanhos tentadores se abrindo para mim. Ela, claro, deixou. Pegou a netinha para que ela não fizesse barulho e a levou, deixando a mim e Félix a sós.

Eu me sentei ao lado do meu amor e agradeci em silêncio por ele estar vivo e ter voltado para mim. Com cuidado, dei-lhe um beijo na testa e fiquei olhando para ele, esperando pacientemente quando ele acordaria.

Tê-lo ali ao meu lado de novo era uma imensurável realização. Comecei a lembrar da canção que cantei para ele da última vez que dormimos juntos...

... Deitado perto de você

Sentindo o seu coração bater

E imaginando o que você está sonhando

Imaginando se sou eu quem você está vendo

Então eu beijo seus olhos e agradeço a Deus por estarmos juntos

E eu só quero ficar com você

Neste momento para sempre, para todo o sempre...

— Será que sonha comigo agora? Será que pode ter uma recordação de nós dois? Eu só quero ficar com você, Félix... Para todo o sempre. Volta pra mim, meu amor. Volta por completo.

...

As horas passaram e ele ainda dormia profundamente. Levantei e comecei a caminhar pelo quarto quando percebi que o sol já estava se pondo. Ele devia estar mesmo muito cansado para dormir tanto!

Guiei-me até a janela e procurei no céu a primeira estrela que aparecesse. Mas, percebi que não tinha para quê procurar estrelas se eu tinha o sol lá fora fazendo um espetáculo de cores e aqui dentro o meu sol particular, o homem que amo. Fiquei ali esperando que ele acordasse para eu poder saciar a minha vontade de amá-lo como se não houvesse amanhã. Fiquei ali, tal qual o Gepeto esperando que a fada azul transformasse seu bonequinho em um menino de verdade, eu esperava que meu sonho de ter o meu amado de volta se tornasse realidade. E foi quando, como numa mágica, eu senti meu coração pular ao ouvir uma voz familiar me chamar como antes...

...

— Carneirinho.

Virei devagarzinho ao ouvir sua voz. Ele tinha mesmo me chamado assim? Carneirinho? Desse jeito que só o Félix me chamava?!

— V-Você... C-Como me chamou?

— Carneirinho.

Outra vez?! Sim! Não tinha mais como negar... Era ele! Era o meu amor. Era o meu...

— Félix!

Com dois passos largos o alcancei. Praticamente pulei em cima dele, dando-lhe o abraço mais apertado que eu podia. E quão grande foi a minha emoção ao sentir seus braços em volta de mim, me apertando também. O choro saiu cheio de felicidade. Ele estava de volta! Eu sentia, eu sabia! Não, não era mais um estranho chamado Cristiano. Era o único e todo meu Félix!

— Você voltou pra mim! Você voltou!

...

...

Como definir a emoção de vê-lo chorando outra vez por mim. Chorando pelo meu retorno. Chorando de felicidade. O sorriso que acompanhava o choro me fazia ver a verdade. A única verdade que eu deveria saber: que o Niko me ama.

— Niko... Meu amado carneirinho...

Toquei em seu rosto quando disse isso e ele chorou muito mais. Era lindo vê-lo rindo e chorando ao mesmo tempo. Meu passado havia sido apagado de fato. Agora eu podia ver. Ele era a minha redenção. Agora sim eu estava salvo.

— V-Você lembra? Você já se lembra de tudo?

— Eu não preciso me lembrar de tudo para saber tudo que eu sinto por você. – Agora eu era quem não segurava mais o choro. – Eu sonhei com você!... Eu queria tanto estar com você de novo, carneirinho...

— Como é bom te ouvir me chamando assim de novo! Eu morri de saudades.

— E eu senti tanto medo. Me promete...

— O quê? Qualquer coisa! O que você quiser eu prometo...

— Que não me deixa escapar nunca mais.

Nós dois rimos nesse momento deixando as últimas lágrimas escorrerem. E ele me prometeu:

— Eu nunca, nunca te deixarei escapar de mim... Nem sem mim. Nunca mais. Eu te amo.

— Eu preciso tanto de você.

— Eu também preciso, Félix, eu te necessito! Não foge mais, por favor. Eu não posso mais viver sem você.

— Acho que sou eu... Félix... Quem não vive sem você, carneirinho.

Após tal confirmação, nossas bocas se encontraram para selarem nosso reencontro com um beijo.

...

...

...

Pouco depois...

Despedimos-nos da Márcia agradecendo a ela tudo que ela tinha feito. Ela me fez prometer que eu cuidaria do Félix e não o deixaria sozinho por nem mais um instante. Claro que eu prometi, afinal, eu já havia prometido isso antes a mim mesmo.

Coloquei o Félix no meu carro e voltamos para a minha casa. A alegria por tê-lo de volta era imensa, eu estava radiante e não conseguia parar de sorrir. Ele também estava feliz, dava pra ver. Depois de tanto sofrimento a gente merecia isso.

Como eu não havia avisado nada à Adriana, quando chegamos ela estava na sala com os meus filhos. Assim que entrei o Jayminho veio correndo me dar um abraço como sempre faz, mas a surpresa maior foi quando ele viu o Félix.

— Olha quem veio... – Deixei o meu amado entrar. Ele, sem jeito e meio desconfortável com a roupa que estava, entrou todo tímido, mas fez uma carinha linda de surpresa quando o olhar do Jayminho se iluminou e o meu garoto gritou:

— Félix! Você voltou! – Jayminho correu a abraçá-lo. Pensei que o Félix me lançaria aquele olhar questionador cheio de dúvidas, mas não. Ele me surpreendeu ao se agachar e abraçar o meu filho também.

O Jayminho gostou tanto do seu retorno que se emocionou. Ver aquela cena tão singela me fez chorar de novo. Eu sou um sensível mesmo!

— Está feliz pela volta do Félix, Jayminho? – Falei seu nome para o Félix ouvir.

— Estou. – Ele me respondeu enxugando as lágrimas do rostinho. Félix pegou nas mãozinhas dele e disse:

— Ei, se está feliz por mim, não chora. Eu não vou mais embora.

— Você promete, Félix?

— Prometo... Jayminho. – Félix sorriu me surpreendendo mais uma vez por ter prestado atenção ao nome dele. Meu filho também lhe sorriu e o abraçou de novo. E, dessa vez, foi o Jayminho quem surpreendeu a nós dois, ao afirmar:

— Agora que você voltou e não vai mais embora, você já pode ser meu pai.

...


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Notas finais do capítulo

Continua...



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