Make a Memory escrita por Paula Freitas


Capítulo 2
Capítulo I - Sonho


Notas iniciais do capítulo

“Se isso for um sonho... Juntos... Você e eu... Por favor, não me acorde.”



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/718798/chapter/2

 

Ah... Como me arrepiam esses beijos no pescoço... Descendo pelas costas...

Ele me enlouquece de paixão. Esse homem é demais! Meu homem... Meu Félix.

—... Gostou? – Ele suspirou e deitou ao meu lado. Eu estava com os olhos fechados ainda sentindo em meu corpo a sensação de prazer que ele me proporcionara.

— Acorda, carneirinho! Já dormiu tão rápido? Eu te dei toda essa canseira? – Ele brincou.

— Não tô dormindo, Félix. Mas, se isso for um sonho... Juntos... Você e eu... Por favor, não me acorde.

Ele riu e eu respondi sua primeira pergunta.

— Tem como não gostar de ficar aqui juntinho com você? – Falei abraçando-o e senti-o colocar uma mão carinhosamente nas minhas costas.

— Não, não tem, eu sei. Eu sou irresistível. – Ele soltou uma de suas piadinhas e eu só podia concordar, afinal, ele é mesmo irresistível.

— É tão bom esse tempo só para nós dois, não é?

— Que é bom é. Mas, muito me surpreende você, carneirinho, ainda não ter dito que está morrendo de saudades dos seus filhotes.

Ele acha que me engana. Eu sei que ele tem tanta saudade dos meus filhos quanto eu.

— Ah, mas eu estou morrendo de saudades deles sim, Félix. Mas, um fim de semana com os avós só vai fazer bem. O Jayminho e o Fabrício precisam se acostumar com os meus pais. Além disso, a Adriana está com eles para ajudar com qualquer coisa.

— E claro que você aproveitou esse fim de semana para se aproveitar de mim, né carneirinho? Você de bobo não tem nada.

Eu ri, pois era a mais pura verdade. – Não sou bobo mesmo, tá? Você que acha que eu sou bobo, mas eu não sou.

— Sei...

— Não sou, Félix! Tanto que... Estou tendo umas ideias aqui...

— Hum... Ideias? O que se passa nessa cabecinha de cachinhos dourados, hein? Ideias pervertidas, por acaso?

— Hum... Talvez. – Fiz charme para ele saber o que eu queria.

— O que você quer agora? Acabamos de fazer...

— Não é nada disso! Eu só ia propor fazermos um lanche para recarregar as energias. E depois a gente vê.

— Depois a gente vê como gasta essas energias de novo, não é, carneirinho? Entendi qual é a sua.

— Ora, Félix, qual é? Fiquei muitos anos com energias acumuladas, tenho que descarregar agora, não?

O que eu falei o agradou, eu sei. Ele me olhou com um sorrisinho travesso no rosto e avançou em cima de mim, me virando com ele na cama e ficando por cima e me enchendo de beijinhos de novo. Como eu amo isso!

— Para, Félix... Já chega...

— Para, Félix, já chega... – Ele me repetiu manhoso. – Faça-me rir, carneirinho. Como se você quisesse que eu parasse.

— Ei!... – Me virei na cama para ficar de frente para ele. – Eu quero que você pare... Por enquanto.

— Por enquanto até quando? Estou contando os segundos.

— Hum... Tão rápido?

— Ah, pelas contas do rosário, carneirinho, você sabe que eu sou rapidíssimo. Aliás, se quiser agora mesmo já recomeçamos. – Ele logo voltou a me beijar, na boca, no pescoço, nos ombros... Até que eu não resisti mais e me entreguei às carícias dele outra vez ao sentir que o corpo dele já pedia pelo meu, assim como o meu pedia pelo dele.

...

...

Minutos depois...

— Para quem tinha dito antes “para, Félix”, você bem que mudou logo de opinião né, carneirinho? Eu só te ouvi dizer “não para, Félix, não para”! – Ele riu cínico. Levantei também rindo, afinal, eu disse isso mesmo. Eu não queria que ele parasse.

— Vem, vamos para a cozinha. – Puxei-o pela mão. – Estou morrendo de fome.

— Você sempre faminto, carneirinho. Parece sobrevivente do apocalipse!

— Bobo!

— Só depois não diga que não te avisei quando estiver parecendo a Orca, a baleia...

— Shh! – Pus o dedo em sua boca, calando-o e o encarei. – Chega! Eu sei muito bem que você só diz isso da boca pra fora, porque a verdade é que você adora meu corpinho do jeito que ele é.

Vi-o morder os lábios com a cara mais libidinosa do mundo. Ele chegou mais perto e eu senti suas mãos na minha bunda me apertando.

— Eu adoro seu corpinho assim é? Será que eu salguei a santa ceia para você me conhecer tão bem?

Rimos, demos um beijo quente, vestimos as cuecas e finalmente saímos do quarto.

— O que você vai preparar pra a gente? – Ele me perguntou na cozinha.

— Eu só pensei em fazer uns sanduíches, mas se quiser outra coisa...

Ele me olhou de cima a baixo e respondeu: - Eu prefiro outra coisa, mas já comi agora a pouco.

É incrível como ele consegue ainda me deixar vermelho com todo aquele cinismo gostoso que ele tem. Apenas me virei de costas, sorrindo, e comecei a preparar o lanche.

— Me ajuda, Félix?

— Claro.

— Gosta disso? – Peguei com o dedo um pouquinho de uma maionese nova que eu havia comprado. Ele pôs meu dedo em sua boca e o chupou.

— Hum... Que delícia!

— A maionese?

— Não.

Dei uma gargalhada alta como poucas vezes dou. Se bem que desde que estou com o Félix vivo tão feliz, tão alegre, tão cheio de vida, que às vezes me pego sorrindo mesmo quando ele não está.

Claro que namoramos muito na cozinha enquanto preparávamos os pratos. Entre um chamego e outro, ele deixou escapar as palavras mágicas que ele já havia me dito baixinho ao ouvido: amor, planos e vida.

— Meu amado carneirinho... – Ele começou a falar atrás de mim com as mãos em meus ombros.

— Fala, Félix.

— É tão bom te incluir nos meus planos, sabia? Muito bom te ter na minha vida.

Percebi que ele parecia falar como se pensasse alto. Eu me virei para ir colocar os pratos na mesa e então perguntei: - Quando você vai me falar claramente sobre esses seus planos, hein?

Ele sorriu em silêncio sem olhar para mim como quem está com o pensamento distante, imaginando uma cena ou um lugar.

— Félix?

— Oi?

— Então? Não vai me falar sobre seus planos? Faz tempo que você me deixou curioso e até agora nada.

— Se tem uma coisa que aprendi nos últimos tempos, carneirinho, é que tudo tem a hora certa de acontecer.

— Olha, como está filósofo! – Brinquei. – Mas, sério agora, Félix... Você não vai me falar mesmo o que está planejando?

— Carneirinho, vem cá... – Ele me olhou sorridente e me chamou para sentar em seu colo, mas como é um tremendo de um cara de pau, logo mudou de ideia. – Não, não, quer saber? Senta aqui do meu lado que é melhor. – E puxou a cadeira para mim.

— Ai, Félix, você não tem jeito! Tem vezes que nem liga para o meu peso no seu colo. – Dei um sorrisinho malicioso e sentei no colo dele mesmo.

— Ok, carneirinho, vem, eu vou dar o que você quer. E não vá logo pensando outras coisas, estou falando sobre meus planos.

— Eu não estava pensando em outras coisas, Félix. Mas, vai, me fala que eu tô morrendo de curiosidade.

— Eu devo ter feito babyliss na peruca de Sansão para namorar um carneirinho fofoqueiro.

— Ei! Fofoqueiro não. Apenas curioso.

— Sei. Quero só ver se não vai fazer fofoca por aí, porque eu vou te dar uma prévia do que estou guardando, tá bem?

Balancei a cabeça em afirmativo. Ele olhou bem nos meus olhos, demorou um pouco e então sorriu dizendo:

— Eu já disse o quanto seus olhos são lindos, Niko?

O que mais eu podia fazer além de sorrir desconcertado com tanto carinho?

— Na verdade, disse sim.

— Vem, senta do meu lado para eu te ver melhor. – Puxei a cadeira ao lado dele e me sentei. Ele pegou em minhas mãos e continuou: - Sabe... Eu me sinto tão bem quando olho em seus olhos... Eu posso me ver refletido neles.

— Ai, Félix... – Ri, pois pensei que ele viria com mais uma piadinha, mas não. Ele falou sério.

— Não, carneirinho, pelas contas do rosário, não é por isso que eu acho seus olhos lindos, não... É porque... Me faz lembrar coisas boas, sabe? Coisas que... Eu nunca parei para olhar na minha vida.

— Que coisas são essas?

— Tipo... O mar, por exemplo. Seus olhos me lembram o mar e pouquíssimas vezes eu fui à praia, e nunca parei para observar o mar.

— Sério, Félix? Eu acho tão lindo ficar vendo o mar, as ondas batendo nas pedras... E o pôr do sol na praia então? É maravilhoso de se ver.

— Eu queria ver mais esse tipo de coisa, sabe? O pôr do sol, o nascer do sol... Numa praia... Com você.

Senti um estalo em minha mente. Ele queria me dizer alguma coisa com aquilo, eu sabia, mas não entendia bem o quê.

— Como assim? – Indaguei.

— Carneirinho... Você lembra o que você me disse na festa de casamento versão dois da Paloma, não lembra?

— Eu te disse muita coisa...

— Não, mas quando te falei dos meus planos, o que você disse?

— Eu disse que para onde você for, eu vou.

— Pois então... Eu... Bom, minha família tem uma casa em Angra dos Reis. É uma casa enorme, muito boa, mas praticamente nunca foi usada. E eu pensei em... Morar lá.

Fiquei olhando para ele completamente perdido. Eu não sabia o que pensar.

— Morar lá? Como assim? Você quer se mudar para Angra dos Reis? Por quê?

— Porque, Niko, como eu já disse, lá é ótimo, a casa é enorme e creio que seria perfeito para uma nova família.

— Nova... Família?

— É! Os meninos iam adorar!

Eu estava confuso e provavelmente ele percebeu já que levou uma mão ao meu rosto e me acariciou enquanto dizia:

— Eu sou novo nesse negócio de família, mas imagino que lá seria muito bom para o Jayminho e para o mini-carneirinho. Lá a qualidade de vida é melhor, não é tão poluído nem tão cheio de gente como aqui e, claro que eu pensei em você também! Você pode abrir outro restaurante como você deseja. Já andei pesquisando até os possíveis lugares, tenho certeza que você vai fazer sucesso, carneirinho. E... Eu também sou novato em querer o melhor para alguém, mas... Eu só quero o melhor para vocês, eu juro.

Eu fiquei sem palavras. Lágrimas tomaram conta dos meus olhos sem que eu quisesse e a única reação que tive foi abraçá-lo imediatamente. Abracei-o forte ainda sem entender direito tudo que ele havia me dito, mas parecia tão bom que eu me emocionei.

— Félix... Eu... Eu ainda não entendi bem... Você quer morar em Angra e... E...

— E quero levar vocês comigo, carneirinho. Lógico!

— D-De verdade? Você não tá brincando?

— Eu devo ter salgado a salta ceia para você achar que eu brincaria com uma coisa dessas, Niko! Claro que é verdade! A não ser que você não queira mesmo ir morar comigo, que tenha dito tudo que me disse da boca pra fora, no calor do momento...

— Não! – Praticamente gritei e peguei em seu rosto. – Eu vou com você para onde você for! É sério! Eu juro!

Ele deu um sorrisinho, se aproximou de mim e me beijou delicadamente. Era difícil ele me beijar assim. O Félix é um amante selvagem, fogoso, de beijos ardentes... Mas, quando ele me beija assim com tanto carinho eu sei que estou diante do meu grande amor. É o homem bom, inteligente e sempre disposto a tudo por mim pelo qual me apaixonei.

...

...

Depois de me falar sobre seus planos, eu estava mais certo que nunca de que Félix era o homem da minha vida e que eu passaria com ele o resto dos meus dias.

Demos vários beijos de despedida na porta antes de ele ir. Eu gostaria que ele ficasse um pouco mais, mas ele precisava cuidar do pai e nós já havíamos passado quase dois dias inteiros juntos. Foi o final de semana mais gostoso da minha vida.

Fui descansar para esperar meus filhotes que chegariam logo. Meus pais estavam numa cidade próxima, na casa de uma das minhas irmãs, e haviam pedido para passar um final de semana com os netos.

Já estava quase na hora de voltarem.

Acabei pegando no sono no sofá mesmo enquanto os esperava. E sonhei. Sonhei com o dia em que Félix, meus filhos e eu seríamos uma família completa. Completamente tomada por amor e paz. Na nossa nova casa... Nova cidade... Nova vida.

... ... ...

Niko chegava a uma casa enorme e bonita que ele nunca havia visto na vida. Deslumbrado com aquele lugar desconhecido e tão espetacular, ele se aproximou quando ouviu uma vozinha familiar.

— Papai, papai! – Jayminho correu chamando-o.

— Oi, meu filho! – Ele o abraçou surpreso ao ver seu filho saindo daquele lugar desconhecido.

— Papai, vem ver! – Jayminho puxou-o pela mão fazendo os dois entrarem na casa.

— O que você quer que eu veja? – Niko perguntou, mas parou surpreso ao ver seu amado Félix brincando no chão com seu bebê Fabrício. Jayminho se juntou a eles e eles pareciam tão felizes que Niko começou a sorrir ainda sem entender o que estava acontecendo ou onde estavam.

— Carneirinho! Que bom que você chegou! Tenho uma surpresa para você.

— Uma surpresa para mim?

— Olha bem! – Félix levantou-se e deu uns passos para trás, agachou e estendeu os braços para Fabrício.

— O que vai fazer, Félix? – Niko nem terminou a pergunta quando viu que seu filho já estava se levantando sozinho. Niko foi tomado por uma preocupação repentina e tentou se aproximar, mas por alguma razão permaneceu parado apenas observando-os.

O pequeno Fabrício ficou de pé e devagar deu uns passinhos para frente. Niko se emocionou e se pôs a falar: - E-Ele está andando, Félix! Ele está andando!

Félix não dizia nada, apenas chamava o garoto com as mãos enquanto o pequeno se aproximava com seus passinhos desajeitados. O bebê conseguiu chegar até ele e ele o abraçou. Niko comemorava.

— Você ensinou ele a andar, Félix!

— Claro que ensinei, carneirinho. Afinal, agora somos uma família.

Ouvir aquilo fez Niko abrir um largo sorriso. A felicidade estava estampada em seu rosto. Seu maior sonho estava se tornando realidade bem na sua frente! Como que por uma estranha magia tudo estava dando certo e ele nem sabia como havia chegado a isso.

De repente, Niko sentiu um aperto no peito, uma angústia imensa, um sentimento de perda. Ele sentiu uma criança pegar em sua mão, era Jayminho.

— Papai? – Foi tudo o que o garoto pronunciou antes de Niko prestar atenção novamente em seu filho menor e seu namorado que se afastavam dele.

— Ei! Para onde vocês vão? – Niko gritou.

Félix olhou para trás e tinha no rosto uma expressão assustada no lugar do sorriso de antes.

— Félix? O que está acontecendo? – Félix segurou Fabrício nos braços e levantou-o entregando a Niko.

— Félix! – O loiro chegou mais perto e pegou seu bebê. – Oh, Félix! Mais de uma vez você me devolveu meu filho. – Falou em tom de agradecimento, mas quando olhou de novo, Félix havia sumido.

Niko olhou para todos os lados e se sentiu sozinho sem seu amado ali. Segurou mais forte seu bebê em seus braços e com a outra mão segurou a mão de Jayminho, quando o ouviu dizer apontando: - Olha ele ali!

Niko olhou para onde Jayminho o mostrava e Félix estava lá, em pé, parado, como alguém que está perdido. Ele estava sem cor, sem brilho e Niko, preocupado e confuso, perguntou:

— Félix! O que você tem? Olha pra mim!

Félix virou para ele e seu rosto estava estranho, com uma expressão irreconhecível. Então, ele apenas abriu a boca para falar algo, mas nenhuma palavra saiu. E tudo que Niko ouviu depois foi o som estridente de uma buzina de carro e a voz do filho chamando-o:

— Papai! Papai!

... ... ...

— Ah! – Levantei-me do sofá assustado com o estranho pesadelo que havia acabado de ter. Mal me sentei e ouvi a vozinha do meu filho como se esta tivesse saído do meu sonho.

— Papai!

— Hã? Oh!... Eles chegaram! – Percebi o que estava acontecendo, voltei a mim e corri eufórico para abrir a porta.

— Filhotes! – Jayminho pulou nos meus braços abraçando-me forte. Vi minha mãe logo atrás dele com Fabrício no colo e o meu pai acabando de sair do carro.

— Mãe! Que saudade! – Abracei-a, dei-lhe um beijo na bochecha e logo peguei meu bebê com pressa, repetindo: - Oh, que saudade, meu amor!... Meu fofo, meu bebê... Como tá cheiroso! – Eu adoro sentir esse cheirinho de bebê.

— Ah, filho, eu ainda sei dar banho em bebê, tá?

— Eu sei que sabe, mamãe.

— E eu? Não vou receber abraço? – Meu pai perguntou se aproximando.

— Pai! – Abracei-o também. – Que saudade de vocês. De todos. Eu também estava morrendo de saudade dos meus filhos.

— E nós de você, filho. – Mamãe falou. Ela estava com um sorriso imenso. – Foi incrível passar esses dias com meus netinhos, Nicolas. Você só nos deu netos lindos.

— Ah, mãe... Eu sou pai coruja, assim eu fico babando de orgulho.

Papai se pronunciou. – Parece que estava babando mesmo.

— Oi?

— Estava dormindo, Nicolas?

— Eu? É... Estava. Por quê? Parece é? Eu tô com a cara amassada?

— Não, só um pouquinho... – Ele riu levando logo uma cotovelada da mamãe. Ela não deixa ele bancar o engraçadinho com os próprios filhos.

— Não fale isso dele! – Ela reclamou e virou para mim. – Você está lindo, filho. Só o cabelo que está um pouquinho desgrenhado, deixa a mamãe arrumar. – Ela avançou em cima de mim querendo arrumar meu cabelo, ficando na ponta dos pés para poder alcançar minha cabeça. Eu achei graça.

— Ma-mãe! Não precisa! Eu não sou mais criança!

— Eu sei, querido, agora você tem crianças, e por isso mesmo tem que dar o exemplo, viu? Por que estava dormindo no meio da tarde?

— Ah, mãe, primeiro não é meio da tarde, já é quase fim de tarde, tá? Em segundo lugar, hoje é domingo e não é todo domingo que eu vou ao restaurante, até porque eu tirei esse fim de semana de folga e... Enfim. E em terceiro lugar, eu estava descansando para poder aproveitar muito os meus filhotes e vocês quando chegassem.

— Hum... Ok, desculpas aceitas. Por enquanto.

Papai comentou: - Quando chegamos eu buzinei e o Jayminho te chamou várias vezes e você não foi abrir a porta logo. Eu imaginei que você estivesse dormindo ou no banheiro.

Pelo que meu pai disse cheguei a conclusão que o que eu havia ouvido no sonho nada mais havia sido que a buzina do carro do meu pai e o próprio Jayminho me chamando. Minha mente misturou sonho e realidade. Pensei: talvez por isso o sonho que começou bom tenha se transformado em pesadelo. Então, fiquei mais tranquilo.

— Eu fiquei esperando vocês, mas eu estava cansado e acabei pegando no sono aqui no sofá mesmo.

A minha mãe, que não deixa passar nem um detalhe, me questionou: - Se você pediu folga esses dois dias, o que ficou fazendo tanto para estar tão cansado?

— É... – Fiquei sem saber o que dizer e senti minhas bochechas ficarem vermelhas. Como eu ia falar que estava cansado por ter passado dois dias inteiros com meu namorado aqui em casa? Claro que eu não contava com a astúcia da minha mãe.

— Depois você me diz o que ficou fazendo, hein?

— É... Tá, pode ser... – Tratei de mudar logo de assunto. - Então, vamos fazer o jantar juntos como nos velhos tempos?

Todos concordaram. Jayminho disse que estava morrendo de fome e meu pai também. Minha mãe e eu fizemos o jantar como quando eu era mais jovem e a ajudava na cozinha. Fabrício dormiu quase o tempo todo, mas claro, acordou faminto. Passei boas horas com meus pais antes de eles irem descansar no quarto de hóspedes. Eu queria que eles ficassem mais, mas precisavam voltar para a casa deles no dia seguinte e o voo sairia por volta das seis da tarde.

...

...

No dia seguinte...

Como havíamos combinado, Félix chegou a minha casa para conhecer meus pais antes da viagem. Me surpreendi ao ver como ele conquistou rápido a simpatia dos dois, principalmente da minha mãe que não parava de conversar com ele. E esses dois adoram conversar.

— Ah, que pena que não tenho tempo de ir conhecer sua mãe, Félix. Eu iria adorar.

— Mami poderosa também iria adorar conhecê-la. Aliás, conhecê-los. Tenho certeza de que ela ficaria olhando para vocês dois tentando descobrir a quem o carneirinho puxou mais.

— Ah, claro que ele puxou mais a mim, com certeza! Não sei se notou, mas o Nicolas é minha cara.

— Percebi. Realmente, ele parece com você. Não sei se é pelos olhos claros... Por falar nisso, muito obrigado por ter dado esse gene tão bom ao carneirinho, eu sou louco por esses olhos verdes dele.

— Oh, obrigada, Félix!

Papai e eu só observávamos e ele me cutucou e falou: - Ele está elogiando sua mãe, agora ela vai ficar se achando.

Mamãe se virou para nós e exclamou: - Não vou ficar me achando, ele diz a verdade! Eu passei os genes bons para esse menino, ok?

— Ora! E eu? Fiz o quê?

— Só o necessário, meu bem. Só o necessário.

Meu pai me olhou balançando a cabeça e eu só conseguia rir. Eles dois sempre têm essas briguinhas que só servem para se gostarem mais. Enquanto isso, mamãe e Félix continuavam a conversar. Ela já estava dando mais atenção a ele que a mim!

— Mais uma coisa, Félix, eu acho tão fofo, mas tão fofo, você chamar o nosso Nicolas de carneirinho! De onde saiu esse apelido?

— Ah...

— Opa! Se for algo íntimo entre vocês não precisa contar.

Félix olhou para mim e eu, envergonhado, sentei ao lado da minha mãe.

— Mãe! Não é nada íntimo, ora... Que história é essa?

— Ah, filho, por favor... Vocês não são mais dois adolescentes. Eu sei que esse namoro é algo sério, senão você não teria pedido tanto para a gente conhecer seu bofe magia.

— Mãe! – Tentei segurar o riso, mas não aguentei. Olhei para Félix e ele também estava rindo. Eu sabia que ele estava pronto para soltar uma das suas.

— Bofe magia? É assim que o carneirinho me descreve para vocês, é?

— Não, na verdade o Nicolas fala de você como “o namorado”, “o grande amor da vida dele”, “o homem dos sonhos”, coisas assim. Ele nunca disse bofe magia, isso é por minha parte.

— Ah, bom... Pelas contas do rosário! Eu já estava pensando que o Niko também me colocava apelidinhos por aí.

Meu pai entrou na conversa. – Ele não, mas essa aqui adora esse negócio de apelidos. Ela me colocou uns cinco só quando a gente namorava. – Disse apontando para minha mãe.

— Exagerado! – Ela retrucou.

— Exagero nada, só digo a verdade. E você, Félix? Pelo visto também gosta de apelidos.

— É... Bom, eu não posso negar que costumo colocar sim uns apelidinhos carinhosos em algumas pessoas do meu convívio...

— Nem sempre foram apelidinhos carinhosos, né Félix? – Falei para provocá-lo. Ele olhou para mim arregalando os olhos.

— Carneirinho, estou tentando não queimar meu filme com seus pais. Pode me ajudar, por favor?

Sorri, sentei ao lado dele e peguei em sua mão. Olhei para meus pais e falei, sério agora, o que sentia.

— Pai, mãe... Eu sei que eu já me enganei muito com relação à... À minha vida amorosa. Mas, hoje eu sou muito mais maduro, mais consciente, e eu sei, com toda certeza do mundo e do fundo do coração, que o Félix é a pessoa que vai me fazer feliz. De verdade. Para o resto da minha vida.

Meus pais se entreolharam e voltaram a mim.

— Você o ama muito, não é, filho?

— Amo, mãe. – Falei olhando nos olhos de Félix. – E não é só muito amor... É amor verdadeiro. É de alma. Eu sinto que estávamos destinados um ao outro. Nossa sintonia, nossa química... É fora do comum. E para mim o amor é isso. Algo incomum, extraordinário... Único e inexplicável.

Félix também olhava em meus olhos profundamente, como poucas vezes havia olhado. Eu sei que ele ouvia atentamente cada palavra minha e suas mãos me seguravam firme. Eu quase podia senti-lo tocando minha alma.

— E você, Félix? O que você sente pelo nosso filho? – Meu pai indagou e eu senti as mãos de Félix apertar as minhas como num impulso. O que será que ele vai dizer?

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Make a Memory" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.