Um Natal meio... apaixonado escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 3
O dever de Adivinhação - Jily


Notas iniciais do capítulo

One-shot Jily escrita por Bianca Lupin Black



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Há anos, Lily Evans não comemorava o Natal. Desde que foi admitida em Hogwarts, seus pais deixaram muito claro que ela não era bem-vinda para as festas, então aqueles dias nada mais eram que folgas para passear em Hogsmeade e adiantar deveres. Na manhã de Natal daquele ano, Lily acordou cedo, suspirando ao ver o quarto vazio, já que Mary, Marlene, Dorcas e Alice estavam em casa.

Ajeitou os cabelos e a roupa, indo para a sala comunal, com os materiais debaixo do braço. James Potter usava uma das mesinhas para apoiar a bola de cristal que tentava decifrar.

—Bom dia Lily – disse ele, sorrindo da maneira “cafajeste bonzinho” que só ele conseguia fazer, enquanto a ruiva se acomodava na mesa ao lado.

—Bom dia Potter – ela respondeu, abrindo o livro de Transfiguração. - Cadê seus amigos?

—Ainda lá em cima, dormindo. E suas amigas?

—Em casa – ela deu de ombros. Já estava acostumada a passar o Natal sem as meninas com quem andava para todos os lados no resto do ano. - Você e os outros Marotos vão ficar por aqui?

É claro que vão, Lily, ela se repreendeu, a pergunta era idiota, mas ela não suportava o silêncio constrangedor que se instalava quando estavam sós e calados. Isso incomodava James também, pois ele logo respondeu:

—O plano era irmos para a minha casa, mas tínhamos muito dever a fazer, então mudamos de ideia.

Lily estalou a língua. Pelo que ela sabia, nada fazia os Marotos mudarem seus planos, exceto uma pequena coisa: a lua cheia. Lily descobrira esse “padrão” há alguns meses, de os Marotos desaparecerem uma semana por mês e depois retornassem à rotina como se nada tivesse acontecido, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, Remus Lupin foi até ela implorar que guardasse o segredo dele. É claro que ela o fez, dando uma piscadela para ele sempre que voltava de sua semana lupina. Enquanto fingia remexer as coisas em seu estojo, Lily deu uma olhada em um calendário lunar. Naquela data começaria o ciclo da lua cheia.

James encarava a bola de cristal enevoada, certo que estava fazendo algo errado. Observou Lily escrevendo, o rosto apoiado no punho fechado, os cabelos cacheados ruivos longos colocados atrás da orelha, e desejou ter uma máquina fotográfica, como as que Remus e Sirius tinham, para poder tirar uma foto dela. Hey, ele podia ter uma máquina daquelas.

Discretamente, usou um feitiço convocatório para atrair a câmera de Remus até suas mãos. Deu um clique, eternizando a pose de Lily. Sabia que quando a revelasse, veria-a balançando a pena entre os dedos, com expressão pensativa nos olhos.

—O que foi isso, Potter? - Lily indagou, pousando a pena na mesa. - Tirou uma foto minha?

—Tirei – ele respondeu com um sorriso infantil. - Quer ver?

—Quero – ela riu, se aproximando.

James mostrou a foto para Lily, que sorriu.

—Você seria um ótimo fotógrafo entre os trouxas, sabia?

—Já sei o que fazer se a carreira de auror não der certo. Quando eu revelar, te mando uma cópia.

Lily assentiu, esticando os olhos para bola de cristal que a essa altura, James já desistira de decifrar.

—Hey, você… quer ajuda com isso? - ela apontou a esfera.

James não acreditou em seus ouvidos. Lily Evans ia ajudá-lo com o dever de Adivinhação? E ela ainda se voluntariou a isso? Sem ele precisar implorar? Era mesmo um milagre de Natal para o Potter. Chegou ainda mais perto de Lily para ouvir sua explicação sobre como manusear uma bola de cristal corretamente.

—Viu? É simples – a ruiva disse ao terminar. -É toda sua.

Ela se afastou, deixando que ele observasse a esfera por alguns minutos. Em vez de transcrever sua visão para o pergaminho à frente, James apenas encarou Lily, boquiaberto.

—Olha isso – disse pausadamente.

Intrigada, Lily observou o que a bola mostrava. Eram versões dos dois alguns anos mais velhas. Estavam em um chalé confortável, Eles não tinham cortinas, eles se viram claramente na minúscula sala de estar, o homem alto de cabelo preto e óculos, soprava fumaça colorida da sua varinha entretendo o pequeno garoto de cabelo preto no seu pijama azul. A criança ria e tentava agarrar as espirais.

Uma porta abriu-se e a mãe entrou, dizendo algo que ele não ouviu. O seu longo cabelo ruivo caía pela sua face. O pai pegando no filho ao colo entregou-o à mãe. Atirando a varinha para baixo do sofá espreguiçou-se, bocejando…

O portão rangeu enquanto ele o abriu, mas James Potter não escutou. Sua mão branca puxou a varinha debaixo da capa e apontou-a à porta, que se abriu com um estrondo…

Ele já tinha entrado quando James veio correndo para o hall. Estava fácil, muito fácil, ele nem tinha pego a varinha…

—Lily, pegue Harry e vá! É ele! Vá! Corra! Eu seguro-o aqui!

Segurá-lo sem uma varinha na mão!... Ele riu antes de lançar o feitiço…

—Avada Kedavra!

A luz verde encheu o apertado hall, iluminando o carrinho de bebê que estava encostado contra a parede. James Potter caiu como uma marionete cujos cordões são cortados.

Ele conseguia ouvir os gritos dela no andar de cima, presa, mas enquanto ela fosse sensata, não teria nada a temer… Ele subiu os degraus, ouvindo com leve prazer as tentativas dela de se defender. Também não tinha varinha… como eram estúpidos, e quão confiantes que pensavam que repousavam tranquilos entre amigos, onde as armas poderiam ser largadas, mesmo que por momentos…

Com um movimento da varinha, ele forçou a porta, empurrando para o lado a cadeira e as caixas que precariamente se encontravam empilhadas contra a porta… e ali se encontrava ela, a criança nos seus braços. Com a visão dele, ela colocou seu filho no berço atrás e abriu os braços, como se isso fosse ajudar, como se protegendo ele da visão, ela esperasse ser escolhida ao invés…

—O Harry não, ele não! Por favor, o Harry não!

—Sai da frente garota tonta… sai da frente agora.

—O Harry não, por favor, não! Leve-me! Mate-me ao invés…

—É o meu último aviso…

—O Harry não! Por favor… Misericórdia… O Harry não! Por favor… faço qualquer coisa…

—Sai da frente! Sai da frente, garota!

Ele poderia tê-la forçado a sair, mas era mais prudente acabar com todos…

A luz verde iluminou toda a divisão e ela caiu como o marido. A criança não havia chorado todo esse tempo. Continuava segurando nas barras do seu berço e levantou o olhar para o rosto do intruso com interesse. Pensando talvez que seria o seu pai escondido por baixo da capa, fazendo mais efeitos luminosos, e sua mãe se levantaria a qualquer momento, rindo.

Ele apontou a varinha muito cuidadosamente para o rosto da criança. Ele queria ver a destruição deste perigo inexplicável. A criança começou a chorar. Percebeu que não era James. Ele nunca tinha tido paciência para suportar os pequenos chorando no Orfanato…

—Avada Kedavra!

E então ele desfez-se.

Com a garganta fechada e os olhos marejados, Lily cobriu a boca e não hesitou ao enterrar o rosto no ombro de James. Um dia eles se acertariam a ponto de se casar. Um dia eles teriam um filho, um lindo menino de cabelos pretos e olhos verdes. Um dia eles morreriam, dando a vida por aquela criança. Por mais que fosse triste, ela não conseguia desejar uma morte melhor.

James, por sua vez, abraçou sua Lírio e se permitiu derramar uma lágrima ou duas. No futuro, ele se casaria com Lily e construiria uma família, era a realização de um sonho. Sonho esse que não duraria muito, já que James e Lily do futuro não pareciam ter mais que trinta anos, mas seria um sonho concretizado. E também não podia deixar de sentir orgulho de suas atitudes futuras. Dar a vida pela esposa e pelo filho era, com certeza, muito nobre, grifinório, e Maroto.

Quando Lily parou de chorar, James puxou o rosto dela delicadamente e disse:

—Hey Lírio… eu sei que o que acabamos de ver não é muito agradável, e o que eu vou dizer agora não é muito adequado, considerando o momento, mas… agora nós sabemos que um dia vamos nos casar e ter Harry, então que tal se… você saísse comigo? Sabe, para a gente se conhecer melhor, e pensar em uma forma de evitar o que vimos.

Mais uma vez, para surpresa de James, Lily assentiu, com um sorriso úmido de lágrimas. Ela limpou o rosto e se levantou, estendendo a mão para ajudá-lo. Deixaram os materiais onde estavam e foram para Hogsmeade. Tomaram chá na Madame Puddifoot e se beijaram pela primeira vez. A primeira de muitas.


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