Um Natal meio... apaixonado escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 1
Se não fosse a neve... - Wolfstar


Notas iniciais do capítulo

Oneshot Wolfstar escrita por Bianca Lupin Black



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Era Natal em Londres, Remus estava quase no fim do expediente na menor cafeteria da cidade. Gerenciado por Aberforth Dumbledore, o restaurante contava apenas com Remus como funcionário, mas, ainda assim, o trabalho lhe deixava bastante tempo livre para dedicar-se ao seu hobby: a escrita.

Eram seis e quarenta, faltavam vinte minutos para que ele pudesse fechar e ir para seu apartamento, passar o Natal e Ano Novo bebendo refrigerante, comendo pipoca e escrevendo seu romance policial, como sempre fazia aos finais de semana. Desde que Hope morrera, o Natal se tornara um feriado comum para Remus.

O sino à porta soou, indicando a entrada de um cliente.

—Um capuccino, por favor – pediu o cliente.

—Xícara ou copo?

—Copo.

O rapaz estava vestido de couro da cabeça aos pés, as botas coturno um pouco surradas e a camiseta dos Beatles lhe davam um ar de roqueiro rebelde desleixado e combinavam com seus olhos azuis e cabelos longos cacheados. Era bonito, conforme Remus constatou enquanto fazia o café com o leite. Colocou o copo no balcão e esperou o dinheiro.

Há muito tempo, ele aprendera a não encarar os fregueses enquanto pagavam suas bebidas, então desviou os olhos para a janela, onde pode ver a neve caindo com intensidade. Subitamente desejou que o rapaz saísse para poder encerrar o dia antes que a situação ficasse tão crítica que ele não conseguisse chegar ao ponto de ônibus.

Deu o troco a ele e começou a arrumar as xícaras e copos descartáveis enquanto o rapaz sentava em uma mesa perto da porta observando a queda da neve. Remus terminou o que precisava fazer e suspirou ao ver o que o cliente não tinha acabado o café.

—Oi? James? - Remus ouviu-o atender uma ligação. - Não, eu estou tomando café, já estou saindo. Calma, cara. Diga a mamãe e papai que vou chegar na hora. Eu sei que é importante, a Lily, sim, sim, mas… como se eu não soubesse disso há anos. Ok, ok, tchau. - Ele desligou o aparelho e guardou com uma bufada. - Dia difícil? - perguntou, ao ver Remus pendurar o aventar fazendo uma careta.

—Nem tanto. É só… esse gancho estúpido – ele lutava para pendurar o avental.

—Quer ajuda? - o rapaz se levantou e jogou o copo no lixo.

—Não, valeu. Droga – ele quase chorou ao ver a neve atravancando a porta. - Você tem algum compromisso? Bem, é claro que tem, é Natal?

—Posso cancelar. E você? Compromissos natalinos?

—Nah, só Netflix, refrigerante, pipoca e meu bloco de notas. Nada que não faça em folgas normais.

—Sua família não comemora o Natal?

Remus baixou os olhos. Não deixaria a cafeteria tão cedo, e Misterioso – nome cuidadosamente escolhido pelo cérebro escritor de Remus – seria sua única companhia, mas ele devia compartilhar algo tão pessoal algo tão pessoal como a morte da mãe com alguém que mal conhecia? Os olhos azuis de Misterioso procuraram os castanhos de Remus, à espera de uma resposta. Está bem Misterioso, Remus disse a si mesmo, você venceu.

—Minha mãe morreu três anos atrás e meu pai se mandou quando eu tinha dois anos. Não acho que faz sentido cozinhar uma ceia suficiente para um batalhão sendo que eu vou comer tudo sozinho.

Misterioso meneou a cabeça. Tomaram lugar no reservado mais para o fundo da loja e observavam a neve. Usavam casacos grossos, e a porta estava fechada, mas assim mesmo, o ar gélido fazia sair fumaça de seus narizes e bocas.

—Hey, que tal outro café? - disse Misterioso. - Para mim e para você, por minha conta.

—Obrigado – disse ele, pulando para detrás do balcão e preparando as bebidas. - Seus cafés, senhor – sorriu.

—Dez libras, certo? - Misterioso sorriu também. - Saúde.

—Saúde – eles bateram os copos e deram um longo gole. - A propósito, sou Remus.

—Sirius.

Apertaram as mãos. A mão de Remus era mais macia que a de Sirius, e um pouco mais fria também.

—Deus! - exclamou Sirius, colocando a mão de Remus no bolso de seu casaco. - Onde você coloca essas mãos?

—O café é quente, mas as máquinas são bem geladas. E as suas mãos? Onde você costuma colocá-las?

Sirius riu pelo nariz.

—Eu ando muito de moto, os calos são do guidão.

—Você sabe andar de moto? Eu queria aprender.

—Posso ensinar qualquer dia desses, se essa neve parar, é claro – ele girou o pulso e conferiu a hora. - Meu Deus, sete e meia. Preciso ligar para casa. Com licença – Remus assentiu enquanto Sirius sacava o telefone. - Sra. Potter? É o Sirius. Queria avisar que não vou pra casa a tempo da ceia

Houve uma pausa na fala de Sirius, e Remus pode ouvir a mulher do outro lado da linha gritar: Sirius Black! Como você se atreve a me deixar preocupada assim? Podia ter ligado antes, moleque atrevido. E sra. Potter? O que é isso, menino?

—Desculpe, mãe – pediu Sirius, a voz baixa e de tom envergonhado. - Não estou sozinho, relaxe. Sim, vou arranjar algo pra comer.

Com um suspiro afetado, ele colocou o aparelho de volta ao bolso. Remus pôs um croissant em um prato de porcelana e empurrou para Sirius, que aceitou o salgado com um sorriso.

—Você ouviu tudo, não foi? - Remus anuiu com uma ponta de saudade de sua própria mãe. - Não se deixe levar pelos gritos, ela é um amor quando está calma – ele mordeu um grande pedaço de croissant. - Não sei o que faria sem ela e Fleamont. Me adotaram quando tinha oito anos, depois que meus pais biológicos morreram em um acidente de carro.

—Entendi… - Remus disse absorto nos olhos dele – quer ketchup, mostarda…

—Molho de alho, pode ser? Não gosto muito dos condimentos normais.

Remus estava cada vez mais maravilhado com seu novo amigo. Nunca gostara de condimentos tradicionais, e isso sempre fora curioso para sua mãe, a maior usuária de ketchup que ele conhecia. Colocou o vidro de molho diante dele, com um sorriso. Seria uma ótima noite.

 

—Remus! Acorda! - disse Sirius, com a animação de um garoto de cinco anos. - É manhã de Natal!

Com um grunhido, Remus se virou para o amigo eufórico e se levantou, pulando para o balcão a fim de preparar o café da manhã. Com as canecas de Expresso aquecendo os dedos, olhavam a rua molhada da neve derretida, e tinham que admitir: estavam um pouco desapontados.

—Então é isso – disse Remus, batendo as mãos nas coxas. - Agora você pode voltar para a sua família.

—Na verdade, eu posso ir com você?

—Você quer mesmo?

—Claro – Sirius piscou. - Meu irmão adotivo levou a noiva para passar as festas lá em casa, e não quero ficar de vela enquanto se agarram no sofá.

—Então vamos – ele abriu a porta para saírem. -Feliz Natal, Sirius.

—Feliz Natal, Remus.

1 ANO DEPOIS…

—Oi. Saudade – disse Remus, beijando Sirius nos lábios.

—Saudade – Sirius correspondeu ao beijo. - Minha mãe acabou de ligar.

—Bem, não vamos deixá-la esperando então.

O casal tomou um táxi até a casa dos Potter, na sala de estar, James e Lily arrumavam a mesa, conversando sobre os planos de passar a páscoa com os pais dela.

—Sim Lily, por favor, leve-o para um lugar bem longe no próximo feriado – disse Sirius, fazendo piada.

—Qual o problema de eu estar aqui, maninho? - James foi brincalhão.

—Ah, nenhum. Eu só gostaria de poder me agarrar um pouco com Remus no meu antigo quarto, mas não dá com você aqui.

—Sua casa é a um táxi de distância, você não precisa do seu antigo quarto.

—Preciso se estiver bêbado o bastante.

—Nunca duvide da capacidade dele de ficar bêbado – disse Remus, entrando na brincadeira. - Chega a impressionar.

—Vocês já se decidiram sobre – falou Lily, distribuindo as primeiras taças de vinho – oficializar?

Sirius segurou a mão de Remus. Estavam juntos há dez meses, moravam no apartamento de Remus e trabalhavam na cafeteria de Aberforth – que crescera consideravelmente desde o Natal em que se conheceram. Cogitavam há algumas semanas a ideia do casamento - “não que vá mudar muita coisa”, diziam, “mas queremos a cerimônia e tudo o mais” - e queriam fazer tudo tradicionalmente, o que envolvia o anúncio para Euphemia e Fleamont.

—James! - gritou Euphemia da cozinha. - Sirius e Remus já chegaram? Se não, vá pegá-los em casa. Ah, aqueles dois… nunca aprendem a lição.

—Calma mãe – disse Sirius – estamos aqui.

—Oh filho… o que é isso? Quase posso ver os ossos de vocês. Estão vivendo só de café, como sempre.

—Nós trabalhamos numa cafeteria, mãe – reclamou Remus, obedecendo à exigência que Euphemia fizera para que ele e Lily a chamassem de mãe— o que acha que almoçamos todos os dias?

—Café, é claro – disse Fleamont, juntando-se a eles. - Os meninos sabem viver, Euphy.

Logo a família Potter-Black-Evans-Lupin sentou-se à mesa e se serviu da ceia maravilhosa feita por Euphemia.

—Eh, a atenção de vocês, por favor – pediu Sirius no meio da refeição. - Nós vamos nos casar.

A família comemorou e brindou.

—Feliz Natal, Sirius.

—Feliz Natal, Remus.


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