Voltei pra casa, me sentindo muito mal, será que meu primeiro amor acabaria assim, e eu que achei que seria pra sempre, será que eu suportaria ver os dois juntos, não, será que eu deveria voltar pra cidade, e morar com meu padrinho, ou deveria ficar e lutar pelo Téo.

Nunca fui de desistir fácil, cadê a Isabela que não se importava com ninguém e que se achava melhor que os outros, bem, ela não existia mais, agora eu era romântica, a única coisa que eu queria agora era ficar com minha família e amar o Téo pra sempre, mas parece que o sempre era só pra mim, não podia obrigar ele a ficar comigo.

Eu já ouvi muitas pessoas falarem que se a gente ama alguém, quer que a pessoa seja feliz mesmo que seja com outra pessoa, é bonito de se falar isso, mas na prática, não é fácil. Se ele quisesse ficar com ela, eu iria embora, com ou sem minha família.

No dia seguinte, passei o dia ignorando o Téo, percebi que ele estava confuso, e até triste, mas não queria ouvir ele dizendo que não gostava mais de mim, que eu perdoasse ele, mas que tinha se interessado por outra.

A Manu tentou falar comigo, mas não ouvi ela também, passei a maior parte do dia em casa, sem ver ninguém, até a minha mãe eu expulsei do quarto. E a noite, não fui a praça, mas de longe percebi ele sentado sozinho no banco.

Passei dias assim, até que resolvi que estava na hora da Isabela voltar a ser Isabela, me arrumei pra escola, me arrumei de uma maneira que não teria um garoto que não me achasse linda.

Quando cheguei na escola, todos olharam pra mim, o Téo me olhou de longe, estava inseguro, não sabia se podia se aproximar, ou estava com medo que eu mandasse ele embora, acho que ele finalmente entendeu que tudo estava terminado, pelo menos assim, eu terminei com ele, e não ele comigo.

O Omar foi o primeiro que veio falar comigo, o Téo olhou pra mim, estava triste, mas se ele podia se envolver com outra pessoa, eu também podia, então conversei com o Omar a manhã toda, até no intervalo.

— então eu posso saber o que aconteceu.

— como assim.

— você e o ex-cego.

Eu olhei pro Téo, ele me encarava, parecia realmente triste, cheguei a pensar em falar com ele, mas daí a Camila chegou e sentou do lado dele, e o que mais me doeu e que ela segurou a mão dele, e ele permitiu.

— entendi.  – disse o Omar.

Eu não respondi.

— você quer ir no haras.

— quero.

Eu fui com o Omar, percebi que estavam olhando pra gente, mas não me importei. Chegamos na casa do Omar, e sentamos próximo ao lago.

— então o ex- cego te deu um fora.

— não chame o Téo assim.

— você ainda defende ele.

— eu...

— eu sou seu amigo, vai me conta o que aconteceu.

Eu contei pro Omar, o que a Camila me disse.

— Isa, eu.....por mais que eu esteja adorando que você e o Téo terminaram, eu tenho que dizer que eu acho que você agiu por impulso, você nem sabe direito o que aconteceu, não falou com ele, o pouco que eu conversei com aquela garota, eu percebi que ela consegue tirar informações até de uma pedra, ele pode ter comentado coisas com ela que não falou com você...... e para ser sincero, se você fosse a minha namorada, eu iria querer fazer outras coisas e não falar porque eu olho o céu.

— então você acha que eu estou errada.

— acho.

— mas e agora.... eu não falo com o Téo a dias, e ainda tentei fazer ciúmes pra ele.

— comigo.....é eu percebi....

— desculpa.... eu não queria ficar usando você.

— na verdade..... se você quiser me usar.....fique a vontade.

Eu acabei sorrindo, o que não fazia a dias. O Omar havia se tornado um grande amigo, ele realmente mudou muito.

Conversamos a tarde toda, quando cheguei em casa, a Manu veio falar comigo.

— o Téo veio aqui.

— ah...é....

— é.....daí eu disse que você estava com o Omar, e ele saiu, muito triste, Isa, não sei o que aconteceu, mais vai falar com ele...... e o que você fez com o Omar a tarde toda.

— não te interessa...

— nossa Isa, você nunca mais tinha falado assim comigo.

— se você faz tanta questão de saber, eu passei a tarde  conversando com o Omar, ele é meu amigo, e seu também.

— eu sei.....mas o Téo eu conheço a muitos anos, a gente cresceu junto, e o Omar, faz só alguns meses que ele se tornou meu amigo.

— você sabe o que o Omar falou pra mim.

— o que.

— que eu devia procurar o Téo, que provavelmente eu estava errada, porque eu sempre tomo decisões precipitadas, então talvez tudo tem uma explicação.

— é serio.....nossa.....não esperava uma atitude assim dele.

— as pessoas mudam Manuela.

— eu sei.....mas....

— e a Camila.

— o que tem ela.

— não eu só queria saber se ela esta bem.......ai Manu.....é claro que eu quero saber o que está acontecendo.

— olha....

— fala logo....

— ela tá mesmo se jogando em cima do Téo, mas eu acho que ela faz assim com todos, você não ficou sabendo que a Sabrina deu um tapa nela, por que ela chamou o Mateus pra ir na casa dela.

— a Sabrina.

— sim.

— deu um tapa na Camila.

— sim.

— comecei a gostar da Sabrina.

— Isa..... o que eu estou querendo dizer, e que você não deve dar atenção no que aquela garota falar, ela só quer confusão.

— ta bom.....eu vou falar com o Téo hoje...

— é isso ai Isa, vai lá e só volta aqui quando tiver esclarecido tudo com o Téo, daí me conta tudo.

— que.

— nós somos irmãs.....eu to curiosa...... tá.....e eu sempre falo tudo com você....sempre te conto sobre o Joaquim.

— mas eu nunca te perguntei nada.

— eu sei, mas eu prefiro falar com você do que com a mamãe.... eu tenho vergonha.

— tudo bem...Manu....

— eu prefiro você assim.

— como assim.

— como minha irmãzinha...... e não aquela garota estranha que veio falar comigo, e me propôs trocar de lugar.

— garota estranha.

— você entendeu né.

— entendi..... e obrigado Manu.

Ela me abraçou, e eu retribui o abraço, fazia dias que eu estava precisando de carinho.