Hoje seria meu primeiro ensaio com a C1R, estava tão nervosa, mas muito animada, eu já estava conseguindo cantar muito bem, fui cedo pra cidade, passei primeiro na mansão, pra ver se estava tudo em ordem, depois fui para gravadora.

O André, o Felipe e o Joaquim e a Julia, me receberam muito bem, estavam animados em voltar a ensaiar, o Felipe me abraçou, disse que estava com saudades, quem não gostou de me ver foi a Priscila, ela achou que seria a única vocalista, mas agora eu podia cantar.

Ensaiei durante horas com a banda, e todos ficaram admirados com a minha voz, como eu melhorei, fiquei feliz, voltei pro vilarejo, me sentindo muito bem, contei pra Manu e pra mamãe, como todos me elogiaram, elas ficaram felizes por mim.

Depois do almoço, fui até a sorveteria, me encontrar com o Téo, eu contei tudo o que aconteceu na gravadora, ele me deu um abraço, daqueles bem apertado, que não é necessário falar nada, só sente.

Depois de alguns dias, começamos os preparativos para o casamento da mamãe com o Otávio, finalmente, a igreja evangélica estava sendo decorada com flores, a praça já estava toda enfeitada, as mesas arrumadas, estava tudo perfeito.

A mamãe estava muito nervosa, mas estava linda, eu ajudei ela escolher o vestido.

— você esta linda mãe.

— é mãezinha, tá parecendo uma princesa.

— obrigado, meninas.......vocês duas também estão lindas.

A Manu e eu estávamos com o vestido parecido, ideia da nossa mãe, não gostei da ideia, mas não tive opção, resolvi aceitar. Quando sai de casa, o Téo já estava no portão, ele estava lindo, o sorriso dele ao me ver, fez meu coração palpitar.

— você está linda, e eu fico feliz de poder ver você.

Eu sorri.

— você também esta lindo.

O Joaquim também veio pro casamento, mas estava sentado em um banco na praça, eu o cumprimentei, mas fiquei com o Téo, esperando começar a cerimonia, o pastor estava em frente a igreja, recebendo as pessoas. O Otávio também estava lá, andava de um lado pro outro, estava muito nervoso, mas feliz.

Meu pai sempre será o Orlando, mas eu aceito o Otávio na família, ele fazia minha mãe feliz, então eu estava feliz por ela.

— você esta tão linda.

Estava tão distraída, que levei um susto, o Téo estava do meu lado, olhando pra mim.

— você me deixa constrangida.

— porque, eu estou falando a verdade.

Meia hora depois , a cerimonia ia começar, todo o vilarejo, estava presente, a igreja estava lotada, o Otávio estava no altar muito ansioso, a Manu e eu entramos na igreja, jogando pétalas de rosas pelo chão, depois foi a Dóris carregando as alianças, e finalmente, minha mãe, ela estava linda, radiante de alegria, seus olhos brilhavam.

O sorriso do Otávio, quando minha mãe ia em sua direção, me fez ter certeza de que eles seriam felizes, eu me emocionei quando eles colocaram as alianças.

Meu olhar se encontrou com o do Téo, e ele sorriu, ao lado dele estava a dona Fiorina, daí eu pensei, que se um dia eu me casasse com o Téo, eu teria que fazer igual a tia Helena, e me casar nas duas igrejas, pra evitar brigas, olhei pra dona Fiorina, depois pra minha vó, e cheguei a conclusão que sim, teria que fazer igual.

A cerimonia foi linda, depois fomos à praça onde seria a festa, todos estavam se divertindo, dançamos, comemos o bolo, depois minha mãe jogou o buque, mas dessa vez quem pegou foi a professora Flávia, ela e o pastor trocaram olhares discretos, mas cheios de amor.

Minha mãe e o Otávio, saíram discretamente, eles iriam pra um hotel, depois iriam viajar de lua de mel, e o pessoal do vilarejo ficou muito tempo ainda na festa, até restar somente o Téo e eu.

— dança comigo.....Isa.

— claro.

Dançamos até anoitecer, e como fazíamos todas as noites, ficamos olhando as estrelas, o céu estava lindo, depois me despedi dele, e fui pra casa.

Demorei pra dormir, naquela noite, fiquei lembrando do meu passado, o que será que teria acontecido comigo, se eu não tivesse encontrado minha família, se eu não tivesse vindo aqui pro vilarejo, se eu não tivesse visto a Manu. Estaria ainda nas mãos da Regina, ainda estaria sozinha. Olhei pra cama ao lado, e observei a Manu, ela dormia tão tranquila, que nem dava pra perceber tudo o que ela já havia enfrentado, mas tinha noites que ela ainda acordava chorando, ou gritando, implorando que a Regina a deixasse em paz, minha mãe não sabia disso, não contamos pra ela, ela ainda se sentia culpada, por nunca ter suspeitado que tinham me roubado dela, de não ter feito nada, enquanto a Manu estava nas mãos da Regina, mas ela não tinha culpa, como ela teria feito alguma coisa se ela não sabia de mim, não sabia o que estava acontecendo, mas mesmo assim, ela se sentia culpada, eu também sonhava com aquele maldito porão, ou com o acidente, passei tantos anos com a Regina, que era impossível, não me lembrar dela. Como era possível, que até depois de ela ter morrido, continuava a me fazer mal.

Olhei pra mesinha ao lado da minha cama, onde eu tinha três fotos, a primeira foto, era a Manu, eu e a nossa mãe, a segunda meu pai e eu, e a ultima, o Téo e eu; o amor que eles sentiam por mim, era a única coisa que acalmava meu coração, adormeci olhando para as fotos, e tive um sonho lindo, fazia tempo que eu não sonhava com ele, meu pai sorria pra mim, e dizia que me amava, me abraçou tão forte no sonho, que quando eu acordei, eu ainda podia sentir a presença dele, como se ele tivesse acabado de me abraçar de verdade, não sei se foi por causa do sonho tão real, mas eu podia jurar que senti o perfume dele pelo quarto.