Julia me disse uma vez que as pessoas não mudam, apenas mostram realidades diferentes de si mesmas. Gostaria de acreditar nesse ditado, mas todos sabíamos que quando se entra para aquele clube em especial, tudo que se oprimia dentro de você transparece com uma explosão de sentimentos absurda. Poder, ganancia, ódio... Mas principalmente: Liberdade. Era como se estivéssemos nos libertando de tudo o que a sociedade reprimia, e os reprimindo com tudo o que acreditávamos.

Foram praticamente três anos vivenciando uma república de segredos. Sabíamos de tudo, controlávamos quem quiséssemos com a desculpa de sermos controlados por eles. Anotávamos cada deslize de cada pessoa que ousasse criticar qualquer um de nós, como um livro de desgraças alheias.

Mas como um sábio disse uma vez, “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. Obviamente, não sabíamos como administrar tudo aquilo, e as coisas começaram a fugir do nosso controle.

Três pessoas saíram prejudicadas com aquele jogo de poder, até resolvermos parar. Então enterramos o ensino médio a sete palmos abaixo do chão, junto com um corpo.

Depois disso, nos afastamos, crescemos, nos envolvemos nos nossos dramas particulares e ignoramos completamente a existência de quaisquer que fossem as provas dos três últimos anos de colegial.

Como eu li em um livro uma vez, “todos temos um segredo que guardamos a sete chaves no sótão da alma. Esse é o meu”. Mas infelizmente, o passado possui todas essas chaves, e ele o liberta nas horas mais inesperadas. Principalmente quando você se apaixona.