Game of Lovers escrita por Jamile James


Capítulo 5
Capítulo 5




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Jamile

Não pude evitar fazer uma pequena recapitulação da minha vida amorosa até hoje. Aos 5 anos, eu conquistei meu primeiro namoradinho. Seu nome era Jade, nós adorávamos brincar na terra e vivíamos plantando a semente de qualquer coisa que comêssemos para ver se algo brotava. Por algum motivo, nossas tentativas de plantio nunca davam certo, mas nosso “namoro” foi um sucesso enquanto durou. Numa casinha de boneca que tinha no pátio da nossa escola, um dos nossos colegas nos contou que se eu e Jade nos beijássemos ficaríamos juntos para sempre. Naquela casinha eu dei meu primeiro selinho. Infelizmente, nosso relacionamento durou somente até a próxima mudança da minha família.

Houve um intervalo de 7 anos até que eu me envolvesse novamente com um menino. Dajan era dois anos mais velho do que eu e adorava me provocar na escola. Certo dia ele me perguntou se podíamos conversar depois da aula, e foi numa rua abandonada que tinha no quarteirão de onde estudávamos que demos nosso primeiro beijo. Ficamos juntos por 10 meses, até que fui morar em outra cidade. E então houve outro hiato.

Por sorte, havíamos nos mudado novamente para a mesma casa em que morávamos na cidade do Kentin, um antigo amigo que eu havia conhecido dois anos atrás. Fiquei muito feliz quando soube que voltaria para aquela escola e poderia revê-lo. Mas essa felicidade durou pouco tempo. Eu tinha acabado de fazer 13 anos quando a minha prima faleceu devido a um acidente ocorrido no nosso quarteirão. Ela voltava de bicicleta para casa quando um carro a atropelou. O motorista não prestou socorro, e ela se foi. Segundo os médicos, ela teria chances, caso tivesse sido socorrida mais rápido. Passei meses na base da terapia e do apoio de Kentin, até a próxima mudança.

Eu tinha 15 anos quando o Dake apareceu. Bonito, loiro, bronzeado, divertido, ele me fazia esquecer os problemas. E foi assim que pouco a pouco ele foi me conquistando. Mas Dake não era perfeito. Ele gostava muito de sair com várias garotas e, por mais que ele dissesse que só tinha olhos para mim desde que me conheceu, eu não confiava totalmente nele. As desconfianças me faziam muito mal, eu passava dias chorando depois de vê-lo muito próximo a outra garota e toda vez que eu o questionava sobre algo, nós brigávamos muito. Ele dizia que não poderia continuar comigo se eu não confiasse nele, e eu, com medo de perdê-lo, concordava e me calava. 

Nossa situação piorou quando eu mudei novamente. Dake me visitava frequentemente, mas a distância logo se tornou um obstáculo difícil de contornar. Eu já havia sofrido demais quando decidi ir visitá-lo para tentar achar alguma solução para o nosso relacionamento. Era uma sexta-feira, o dia que ele passava surfando, e eu decidi fazer uma surpresa o esperando na praia em que ele sempre ia. Eu passeava pela praia ansiosa para vê-lo quando ele chegou acompanhado de uma garota. Ele a ajudou a forrar a areia e passou protetor solar em suas costas. Quando ele acabou, ela se jogou no colo dele e eles se beijaram.

Dake nunca soube que eu vi aquele beijo. Algumas horas depois, quando senti que eu não choraria na frente dele, eu fui até onde ele e a menina estavam na praia. Ele me disse que a garota se chamava Debrah, que seu pai estava lançando a carreira musical dela e pediu que ele a distraísse enquanto estivesse na cidade. Ele também me contou que a moça tinha um namorado, e por isso eu não precisava me preocupar.

Depois de terminar com o Dake, eu voltei pra casa, sem saber de quem eu sentia mais pena: de mim, ou do namorado que aquela garota continuava enganando.

Durante os quatro meses que passaram depois disso, eu evitei me aproximar de qualquer pessoa. Tive medo de ser magoada novamente. Entretanto, após a noite que passei com Lysandre em Sweet Amoris, eu senti que poderia confiar em alguém de novo. Talvez Lys não fosse a pessoa com quem eu devesse ficar, mas pelo menos ele me passava segurança para começar a me abrir pra essa possibilidade novamente. Eu esperava poder fazer isso aos poucos, ao passo em que eu ia o conhecendo e me adaptando a essa nova realidade.

Mas então, aconteceu:

— Você está falando sério? – eu disse, extasiada – Por quem?

— É o que estou tentando dizer. Jamile, eu...eu... – Kentin parecia desajeitado. Será que ele se sente constrangido por falar desse tipo de assunto comigo?

— Sim?

— Eu... – ele parou, pousou a mão carinhosamente em meu rosto e me beijou.

Naquele momento muita coisa invadiu a minha cabeça: Minha vida amorosa, minha noite com Lysandre, o incômodo que senti quando descobri que Nathaniel e Melody eram próximos, Castiel e seu efeito magnético sobre mim, o jeitinho gentil e inspirador de Armin. Eu pensei em tudo, menos em Kentin.

— Bem... – eu tentei emitir uma reação depois que ele se afastou – eu...não sei o que dizer, eu não...

— Está tudo bem – fui interrompida – esse beijo significou muito pra mim.

Eu comecei a ficar sem jeito e Kentin me abraçou.

— Só quero que saiba que eu vou lutar pra conquistar você – ele murmurou no meu ouvido antes de se afastar e ir embora.

— K-Kentin! – chamei, mas ele não pareceu me ouvir.

Pensei em ir atrás dele, mas assim que me levantei meus olhos se encontraram com os de outra pessoa na quadra. Automaticamente, eu voltei para o meu lugar e tentei fazer de tudo para evitar a decepção que eu encontrei nos olhos de Lysandre.

Lysandre

Era mais um jogo de basquete normal. Castiel e Nathaniel se provocavam incansavelmente na quadra, sem de fato, nenhum deles serem os principais pontuadores de seus times. Por mais que a rivalidade deles fosse estressante, em alguns momentos, ela chegava a ser engraçada às vezes.

No final do primeiro quarto a diferença era de três pontos. Aproveitei o intervalo para beber água e acenei para a Rosalya que gritava incentivos para nosso time, ela estava sentada junto com nossos outros colegas de classe que não participavam da partida. Procurei rapidamente por Jamile entre eles, mas ela não estava lá. Decidi então olhar para o restante da arquibancada para ver se ela nos assistia.

Era estranha a sensação que a novata me causava, estranha e boa ao mesmo tempo. Depois da noite que passamos juntos, presos na sala de aula, fiquei ansioso para poder encontrá-la novamente. Quando cheguei à escola pela manhã e ela não havia chegado, eu fiquei aflito. Mas quando a avistei no corredor na hora do almoço, eu tive que me esforçar para conter a euforia que eu sentia. No entanto, a alegria não durara muito, boa parte da minha tarde foi dedicada a digerir as insinuações que Armin fizera a ela naquele mesmo corredor, e ela,  que por sua vez, não demonstrara nenhum incômodo em relação a isso. Em contrapartida, quando a Melody pediu para que ela não ficasse encima do Nathaniel, ela pareceu bem abalada para alguém que era somente colega de classe dele.

Essas observações eram quase como um balde de água fria para mim. Eu não queria que a garota simplesmente acordasse no dia seguinte me dizendo que estava apaixonada, mas eu pensei que o momento que vivemos juntos tinha sido especial para nós dois. Eu me abri para ela, e pensei que talvez com o tempo ela...eu...nós teríamos uma chance.

Mas apesar disso, eu ainda a procurava, eu queria ter certeza do que ela pensava sobre mim. Só não imaginava que eu conseguiria essa confirmação da pior forma possível.

Não demorei muito para localizar Jamile, ela estava do outro lado da arquibancada sentada com o Kentin. Eles pareciam ter uma conversa acalorada quando se beijaram.

Eles se beijaram!!!

Logo percebi que tudo a que eu tinha me apegado até agora era pequeno. Nada daquilo importava, nem mesmo nossa noite presos nesse prédio. Toda intensidade do momento em que vivi com ela, quando ela pegou minha mão, quando dormimos um colado no outro, não tinha significado algum, porque ela já estava com alguém. Ela tinha o Kentin!

Quando o intervalo acabou, eles já não estavam mais juntos. Mas nem por isso eu me senti melhor. A cada jogada eu não parava de pensar em como tinha sido burro até agora, como tinha me deixado enganar tão facilmente. Na metade do segundo quarto eu disse ao professor Boris que não me sentia muito bem e pedi que ele me liberasse para sair mais cedo. Não queria mais ficar ali.

— Ei, você está bem? – Castiel se aproximou enquanto eu ia para o vestiário.

— Estou – tentei andar mais rápido.

— Isto não é por causa daquela garota, é?

— Não, é só um mal estar.

— Tudo bem, eu espero que melhore – ele voltou para a quadra.

Me troquei o mais rápido que consegui, juntei as minhas coisas e fui em direção ao pátio ansioso para sair dali.

— Aonde você vai? – Jamile surgiu atrás de mim.

— Embora – continuei andando.

— Lysandre...por favor, fique aqui comigo – ela disse numa voz triste.

— Por que não pede para o Kentin ficar com você? – eu parei para olhar para ela, finalmente.

— Porque eu quero a sua companhia agora.

— Ah, por favor! – eu disse irritado.

— Lysandre, você poderia ao menos escutar?Por favor.

— Escutar o quê? A história de como tudo ocorreu com você e Kentin?Não, eu agradeço – dei-lhe as costas e continuei a andar em direção a saída.

Eu podia ouvir os passos apressados de Jamile atrás de mim enquanto eu atravessava o pátio.

— Lysandre, escute. A maior razão de eu ter vindo a essa escola hoje era poder falar com você. Eu digo isso porque... – ela parecia com dificuldade de encontrar as palavras – porque depois de ontem a noite, eu senti que nós tínhamos construído alguma ligação especial ali. V-v-você parece tão fechado, eu tive medo de você não querer dar uma c-chance para o que aquela noite pode ter proporcionado a nós dois.

Ela parou de me perseguir e me deixou ir embora. Eu dei mais cinco passos antes de parar de vez e encará-la. Ela me fitava com uma expressão triste e eu não resisti ao instinto de me aproximar dela.

— O que você está dizendo? – eu perguntei a ela já parado na sua frente.

— Estou dizendo que ontem eu senti que tinha alguém – ela pegou na minha mão e se aproximou um pouco mais de mim – eu sinto que tenho alguém sempre que estou próxima a você.

— Mas o Kentin... – tentei argumentar.

— Ele é um velho amigo, aquilo não deveria ter acontecido,  mas serviu  para que eu percebesse que nunca sentirei nada por ele – ela olhou em meus olhos e se aproximou ainda mais.

— E por que você concluiu isso?

— Porque com ele eu jamais faria algo assim.

Eu estava prestes a perguntar do que se tratava quando Jamile enlaçou o meu pescoço e me beijou. Eu reagi instantaneamente e apertei seu corpo contra o meu. Quando terminamos, ela se afastou e me fitou com um sorriso malicioso:

— Você deveria ir - ela disse.

— Não, ainda não - eu respondi e a puxei novamente para mim.


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