Olhar para aquele caixão e vê-la pálida era um martírio, olhar e saber que dessa vez ela se foi para sempre, é uma tristeza imensa, um choque olhar para o lado e ver a filhar sofrendo por algo que nada podiam fazer para reverter a situação, ele não conseguia chorar, mas o choque era grande.

— Paai. - Sussurra Arianna.

— Oi - Ele susurra de volta.

— Posso te abraçar? - Ela pergunta.

Ele sorri torto e abre os braços para aconchegar a filha, novamente estavam sozinhos, novamente era apenas os dois e as lembranças dos últimos dias de vida daquela mulher guerreira que deu vida ao bem mais precioso de Othon. Arianna Fernandez é a força que ele tem para seguir em frente, de longe estava Nayare com Ohana e Belinda, as três rindo vitoriosas, os planos estavam indo muito bem, o homem não conseguindo mais permanecer ali, sai por uma porta lateral, deixando a filha em seu lugar, ele necessitava respirar e comer algo, já que estava ali desde o momento em que o corpo foi levado até a pequena capela. Othon ouviu vozes conhecidas e decidiu se aproximar da mesa em que as três estavam sentadas, ouvindo toda a conversa, assim que elas pararam de falar, o homem aparece assustando-as.

— Eu vim parabenizar vocês, interessante esse plano ridículo envolvendo a morte de uma pessoa, se pensam que conseguiram algo, estão totalmente enganadas, minhas senhas são números senhorita Ohana, números gerados automaticamente, elas mudam todos os dias, você acha mesmo que eu ia deixar as coisas sob sua responsabilidade, querida eu não sou burro, além do mais você não precisa mais aparecer na empresa, aliás as três estão proibidas de ir lá. - Othon falava olhando para as três. - Se eu desconfiar, se eu desconfiar de alguma coisa errada e ter dedo de vocês no meio, eu juro, que pego tudo o que tenho de provas que vocês mataram a minha mulher e bom, eu jogo as três na cadeia, estão me entendendo?

Ele vira as costas e volta para a capela, avisou a todos que ia embora, por estar cansado, na verdade ele não aguentaria ficar ali mais um segundo se quer, talvez não seja forte o suficiente como todos pensam, ao chegar em casa a primeira coisa que fez, foi ir até os fundos, novamente perder seus pensamentos nas águas daquele rio que passa no meio do seu jardim, ao pegar o celular, encontrou uma mensagem de Rúbia, sensibilizando-se com a dor dele, o mesmo sorriu ao ler aquelas lindas palavras, porém logo voltou a ficar sério, por lembrar tudo o que vem se passando nesses últimos meses.

— Aí, por que duas despedidas? Eu não entendo, sofri muito com a ida dela há alguns anos, novamente volto a sofrer, odeio sofrer, me sinto um fraco, um prepotente que nunca fez nada para que não venha a sofrer como uma consequência. - Ele dizia deitado na espreguiçadeira.

— Deus não quer que sofra, Ele levou-a para morar com ele, por que ela sofria demais, estar na cama e sentindo dores é um sofrimento que não se pode comparar a nenhum outro, você está sentindo a dor da perda, dor essa que um dia qualquer ela diminua e transforme em lembranças boas, eu fiquei esse tempo todo longe, por não saber se aguentaria ver tudo isso de perto, mais hoje eu percebi que você precisa de um ombro amigo, mais não aqueles malas da empresa, um ombro amigo que você possa ser você mesmo e não o Sr. Othon Fernandez. - Dizia Rúbia.

Ele assustou ao ouvir aquela voz tão conhecida, porém não sorriu, os olhos vermelhos e inchados de chorar deixavam para trás toda a pose de homem, galã, durão e independente, trazendo consigo a aparência abatida, ah, se ele tivesse tido essa secretária antes, seria tudo tão diferente, ele não queria mostrar fraqueza diante da filha, porém não podia ser forte o tempo inteiro. Arianna não voltou para casa até o instante momento, Rúbia não sabia se continuaria ali, ela sabia que se a garota chegasse e a encontrasse, poderia ter milhares e reações e duas delas são, correr para abraçá-la ou humilha-la, porém, ver Othon ali sozinho, lhe dava uma certa angústia de deixá-lo ali, por sorte o celular tocou e era Ximena, graças a Deus, ela a chamou para irem em algum lugar, Rúbia precisava dessa distração para poder desabafar um pouco de tudo o que está sentindo.