A Study in Words escrita por Raura


Capítulo 2
1 Palavra, 5 Letras


Notas iniciais do capítulo

A escolha para esse foi feita pela minha cara Nana ♥
Sua escolha foi #sammy, desde que vi sua escolha só consegui pensar em uma maneira de encaixá-la na one, espero que apreciem!

boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/718513/chapter/2

 

Cinco letras e uma palavra praticamente saltavam do visor de seu celular.

Pareciam ter mais vida própria que um letreiro neon e piscante em sua frente.

Qualquer outra pessoa que lesse aquilo não encontraria algum significado plausível, mas para o destinatário aquilo tinha um significado delicado. Encarou novamente o visor do celular, sentia as forças lhe fugir das pernas; inspirou e expirou profundamente para se acalmar.

Reuniu suas coisas e foi até a rua a procura de um táxi, após entrar no veículo encostou a cabeça na janela, ainda sentia as pernas bambas, fechou os olhos e não tentou impedir que as lembranças viessem, não adiantaria mesmo.

Naquela época ainda era apenas uma médica residente no hospital São Bartolomeu de Londres, estava andando na recepção quando o viu pela primeira vez. Dois homens caminhavam em sua direção, foi abordada por um deles:

— Você! – o que aparentava ser alguns anos mais velho chamou. — Cuide dele enquanto resolvo algo.

O mais velho entregou o homem que ajudava a caminhar para a jovem médica antes que ela pudesse argumentar, reparou nas roupas do homem enquanto ele se afastava, ele vestia terno e carregava um guarda chuva.

Não tinha outra opção, por isso deixou que o outro homem se apoiasse em si passando um braço pela cintura dele, ele era mais alto que si, também usava roupas sociais, sua camisa estava toda amarrotada e por fora da calça, o cabelo parecendo que nunca havia visto um pente na vida. Levou-o até um consultório disponível e tentou deita-lo na cama para poder examiná-lo melhor.

— Deite-se. – ordenou. Recebeu em resposta um resmungo, encarou-o irritada e seus olhos se fixaram nos dele – por um segundo esqueceu sua irritação  maravilhada com a cor daqueles olhos, azuis e verdes ao mesmo tempo.

— Eu estou bem! – afastou-se das mãos estendidas em sua direção.

— Não está não! Posso não saber o seu nome, mas sei reconhecer alguém a beira de uma overdose. Deite-se agora! – sua voz aumentou um pouco ao repetir a ordem. Era óbvio que ele estava ‘high’ – como alguns colegas de faculdade costumavam dizer quando ficavam sobre o efeito das drogas.

— Hum... Vejo que é nova por aqui. Mora sozinha e tem um gato de estimação, pela sua postura deve ter sido bailarina por um bom tempo, até que decidiu trocar as sapatilhas por um jaleco, imagino que por influência de seu pai, e claro, como toda boa inglesa aprecia um bom chá, mas é apaixonada por um café. – terminou com um sorriso presunçoso enquanto ela o encarava sem palavras. — A propósito, pode me chamar de... Sammy.

— Sammy? – duvidou que aquele fosse seu nome verdadeiro, ele devia estar tirando uma com a cara dela. Suas suspeitas foram confirmadas quando ouviu a tv ligada anunciar a pausa para os comerciais na maratona de Supernatural. — Deite-se logo antes que eu chame algum enfermeiro para lhe sedar e depois o amarrar a cama, o que acha disso, Sammy?

Ficaram se desafiando com o olhar, quando fez menção de chamar alguém ele se jogou na cama de forma teatral, resmungando algo sobre matar um tal de  Mike alguma coisa.

— Como está esse idiota? – o homem que tinha entregado o outro que estava na cama entrou no consultório.

— Farei um exame de sangue para confirmar a quantidade de drogas que ele ingeriu, mas imagino que deva ser bem alta, sou Molly Hooper, o senhor é...?

— Mycroft Holmes, irmão mais velho desse imbecil que chamo de irmão.

— Concordo com o imbecil. – comentou acidamente enquanto tirava sangue do homem deitado.

— Ei! Eu estou ouvindo!

— Cale a boca Sherlock! Tem sorte de eu não leva-lo direto para reabilitação e nem contar a mamãe, encha-o de soro Senhorita Hooper.

— Sammy, ou melhor, Sherlock, pedirei para o enfermeiro mais mal humorado em que eu esbarrar para vir aplicar o soro, enquanto isso farei o exame de sangue. – Sherlock ainda deitado emitiu um resmungo. — E Sr Holmes, imagino que seja o tipo de pessoa que sempre manda o que os outros devem fazer, mas não precisa dizer o que devo ou não fazer, sei perfeitamente o que e como faço, se duvida fique a vontade para olhar meu histórico acadêmico. Ah! – estava com a mão na maçaneta para sair, mas virou-se. — E, por favor, tentem não se matar, ainda não terminei minha especialização como legista e detestaria perder a chance de usar um bisturi na garganta do Sr Imbecil.

Molly saiu deixando Mycroft boquiaberto com a ousadia dela em falar assim com ele, se ela soubesse que ele podia acabar com a carreira dela com apenas uma simples mensagem...

— Credo! Você tinha que me entregar justo pra médica com a boca pequena mais irritante? – Sherlock perguntou quando estavam sozinhos.

— Gostei dela, ela tem potencial. – respondeu sem pensar apenas para ir contra a opinião do irmão – não admitiria, mas não tinha dito aquilo por dizer.

— Achei que ia intimida-la com sua influência por ela ter sido petulante.

— Ah não, meu caro irmão. Como eu disse, gostei dela e ela pode me ser útil no futuro.

Desde aquele dia sempre que Sherlock abusava das drogas, Molly recebia uma mensagem de Mycroft com apenas uma palavra:

Sammy.

Era o código que usavam para essa situação.

Com os anos, além de Mycroft, ela era a única pessoa que sabia reconhecer quando Sherlock tinha usado algum tipo de narcótico, nem mesmo John que conviveu tanto tempo com ele era capaz. E como o Holmes mais velho costumava dizer: ninguém finge tão bem quanto um usuário.

Molly sentiu todo o sangue lhe fugir do corpo quando leu aquela mensagem. Nem o rosto de Moriarty na tv a assustou tanto quanto aquela palavra, sem pensar duas vezes pegou suas coisas para ir até o endereço que Mycroft passara.

Ao todo foram três mensagens do Holmes mais velho, a última dizia:

‘Ele precisa de você – MH’

Por mais que estivesse decepcionada com Sherlock, estaria lá com ele e para ele. Porque ela era assim para Sherlock, seja durante uma queda ou recaída: aquela que sempre que preciso lhe dirá de qual lado cair.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Digam-me o que acharam, e claro, sugestões para palavras são sempre bem vindas!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Study in Words" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.