A Study in Words escrita por Raura


Capítulo 12
Comfortably Numb


Notas iniciais do capítulo

Capítulo com o nome de uma música do Pink Floyd! o/
Será em 1ª pessoa, narrado pela Molly ♥
Não usei a letra como base, mas vocês entenderão no final.
Ninguém me sugeriu, mas fiz como presente especial para minha maravilhosa consulting beta que é fã da banda: i♥A
Espero que apreciem, boa leitura!

p.s. tem detalhe importante nas notas finais! :3



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Abismada era a melhor palavra para definir como eu me sentia naquele momento.

Fazia algum tempo que eu encarava meu celular na bancada da cozinha (precisamente desde quando a ligação terminou), o aparelho encontrava-se ao lado da xícara de chá que estava preparando.

Eu não estava tendo um bom dia e aquela era a última pessoa com quem eu gostaria de falar naquele momento. A princípio pretendia ignorar a ligação, mas acabei atendendo pela insistência do remetente e também porque aquela pessoa raramente, ou melhor, nunca fazia ligações quando queria falar com alguém. Percebi então que realmente deveria se tratar de algo importante.

O telefonema não durou nem três minutos, mas me pareceu ser bem mais tempo.

Com as pernas trêmulas e o coração descompassado, atendi demonstrando toda indiferença que consegui. Ainda estava irritada com o comportamento dele e por isso acabamos discutindo. Não aguentei ouví-lo dizer que seu abuso das drogas (novamente) era por causa de um caso, os fins nem sempre justificam os meios.

Sherlock sempre me fez pedidos absurdos ao longo dos anos, mas dessa vez o pedido era insensato e segundo ele, eu não deveria questionar o motivo. Não. Sherlock não podia fazer isso comigo e ainda me pedir para não contestar.

Me pedir para dizer aquelas três palavras, mesmo sendo por causa de um experimento para um caso? Que tipo de pessoa fazia isso com outras? E usar experiência como justificativa? Mesmo com todo histórico de coisas horríveis que ele sempre dizia, era insensibilidade demais da parte dele pedir isso a mim. Não era simples assim.

“Moriarty cometeu um erro… A única pessoa que ele pensou que não importava para mim, era a pessoa que mais me importava” me recordei de suas palavras. Não consegui evitar sentir raiva de mim mesma, porque eu acreditava naquelas palavras e com aquele pedido, era como se Sherlock estivesse traindo o que me disse.

Como desejei estar frente a frente com ele, assim poderia esbofeteá-lo pelo pedido. Deixaria uma bela marca de meus dedos nas maçãs de seu rosto fino.

E ele insistiu para eu não desligar, exatamente o que teria feito se não fosse ele pedir com tanta determinação que eu não fizesse isso.

A primeira emoção a percorrer meu corpo foi fúria. Como uma pessoa podia sentir tanto prazer em usar o que sabia para zombar de outra? Pisar impiedosamente nos sentimentos dos outros?

Eu não era nenhum ratinho de laboratório para servir de experimento!

“Não sou um experimento, Sherlock”

Sherlock não podia fazer isso comigo! Eu não podia simplesmente falar isso para ele.

“É claro que pode, por que não poderia?”

Porque Sherlock sabia. Com toda a certeza de que a soma de dois mais dois é igual a quatro. Não era nenhum mistério para o detetive como eu me sentia em relação a ele, na verdade, isso sempre esteve claro como cristal, então por que eu teria que dizer aquelas três palavras para ele?

“Não posso. Não para você”

Nesse momento minha voz já estava embargada e os olhos marejados.

“Porque é verdade, Sherlock. Sempre foi verdade”

“Se for verdade, então fale de uma vez”

Maldito desalmado e cruel! Parecia haver uma mão apertando meu coração. Senti as lágrimas quentes nos olhos, então algo me ocorreu.

Se Sherlock Holmes queria ouvir eu dizer que o amava, então ele teria de dizer primeiro. Com sinceridade. Como se ele realmente me amasse. Simples. Ele fazia tudo por causa de um caso certo? Então que ele dissesse primeiro.

Seguiram-se poucos segundos de silêncio.

“E-eu… Eu te amo… Eu te amo”

Sherlock não obteve minha resposta de imediato. Eu ainda processava o que tinha acabado de ouvir, senti a esperança ameaçando imperar, querendo crer nas palavras dele. Não me permitiria dominar por uma ilusão dessas.

No fundo não era verdade. Não podia ser. Era tudo por causa de um caso.

Ele praticamente implorou em tom angustiado para ouvir as palavras da minha boca.

“Eu te amo”

Nada mais ouvi do outro lado, a ligação caiu.

Jamais imaginei que assumiria com todas as letras meus sentimentos para Sherlock dessa maneira. Nunca passou pela minha cabeça que me sentiria assim após dizer como me sentia. Toda aquela confusão de sentimentos durante a ligação se fora, a sensação predominante agora era o alívio.

Porque ao assumir para Sherlock Holmes que o amava, era como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas. Não me perguntaria mais ‘e se’.Não importava mais se o que Sherlock disse foi só para obter as mesmas palavras de mim, porque se havia resquícios de dúvidas dos meus sentimentos em relação a ele, agora não existia mais.

Eu sabia que Sherlock tinha completa certeza de como eu me sentia.

Não havia mais angústia, nem lágrimas, apenas o sentimento de estar confortavelmente entorpecida e perfeitamente bem com isso


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo complementa o próximo (e sim, ele está pronto o/)
Não sejam fantasmas, me deixem suas opiniões sobre esse capítulo na minha mesa! E caso tenham sugestão de palavras, deixem também!
Até o próximo!
:3