Sempre buscar por conhecimento é um instinto natural para o ser humano, um instinto natural para mim.

No entanto desde muito pequeno fui ensinado que a vida se consiste em ser o que você tem e não quem você realmente é. Comprar um carro vale mais do que sorrir por um dia sem as preocupações rotineiras e desnecessárias da sociedade em que nascemos.

“Quando você pagar suas próprias contas você faz o que quiser, enquanto viver embaixo do meu teto sou eu que digo o que você faz ou deve fazer.”, foi o que me disseram, então finalmente entendi – mas não aceitei – que ser adulto é pagar suas próprias contas resolvi sair daquilo que ate então chamava de lar, iniciei minha vida
verdadeira de “cidadão”, consumi, consumi mais e continuei a consumir ate que em um dia percebi que havia sido consumido.

Todo o tempo que sempre separei para escrever, ler e realmente viver cada
momento havia sido consumido pelas responsabilidades da vida adulta. Trabalhar, ir para a faculdade, comer e dormir. Iniciava novamente o ciclo todos os dias e no fim de
semana me jogava na festa mais insana que aparecesse em qualquer cartaz em qualquer poste da avenida. Me transformei naquilo que mais temia durante minha adolescência, um ser humano movido pela necessidade de consumir cada dia mais
por status.

Um notebook, um apartamento maior, um Samsung S1, S2, S3, S4 e tantos “S” que
acabei esquecendo do mais poderoso e libertador de todos, o S da Sabedoria. Sabedoria essa que foi sendo consumida pela rotina, foi consumida pelas amizades de
interesse, pelo patrão que me obrigava a trabalhar das 8:00 horas da manhã ate as 17:00 horas da tarde enquanto ficava em sua sala assistindo programas ridículos na televisão.

Desperdiçava cada dia mais minha juventude, juventude essa que para o sistema do consumo nada mais é do que um banda em uma propaganda da coca-cola ou um time
de futebol em uma propaganda de nescau.

O consumo me consumiu ate que desaparecesse o instinto mais natural que me fazia humano, a busca pelo conhecimento.