Dark Moon escrita por Pakalia


Capítulo 7
Aliados


Notas iniciais do capítulo

Gente, estamos cheios de acesso e estou muito feliz com isso! Espero que gostem do capítulo!



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É claro que ver o corpo daquela mulher me assustou...

Mas também parecia certo... De algum modo.

Quem era ela?

Não!

Não!

Não!

Não era certo. Era só uma bibliotecária inocente morta! Não tinha como ser certo.

Mas era...

Eu ainda conseguia ouvir ao longe as pessoas sussurrando que a mulher era sinistra, assustadora, que deveria ter tido um motivo para ser morta dessa maneira, superstições idiotas, mas ainda sim com fundos de verdade.

Segundos se passaram até eu sentir minha cabeça doer e minha visão ficar turva, saí daquela multidão esbarrando e empurrando, mas estava fraca demais para alguém me dar atenção, a última coisa que lembro é de cair nos braços de alguém...

*

—Anne, pelo amor de Deus Anne, acorde! Segui a voz com meus ouvidos antes de ter coragem de abrir os olhos - Péssima ideia - o sol na minha cara me cegou e eu voltei a fechá-los com força.

—Graças a Deus. Ouvi a conhecida voz da Shelby murmurando.

—O que aconteceu? Consegui manter os olhos abertos dessa vez e vistoriei onde estava - no Jardim de Casa com Shelby, Lucas (?!) e uma outra menina que parecia familiar de algum lugar.

—Você desmaiou depois de ver o corpo da mulher. A menina desconhecida disse.

—Lucas te viu e te pegou antes de você cair no chão. Shelby disse.

—E acabei descobrindo que você viveu aqui até os dez anos de idade, curioso não é Anne? Lucas disse com um sorrisinho sarcástico e uma erguida de sobrancelha.

Merda.

—Bem, obrigada. E quanto a isso - Virei para Lucas - Não achei necessário falar visto que não vou ficar por muito mais tempo.

—Sério? - A menina pareceu decepcionada - Faz tato tempo que eu não te vejo Anne, nem deve se lembrar de mim.

Merda.

—Eu sou a Priscila - Ela completou e uma luz de acendeu na minha cabeça - Éramos melhores amigas quando pequenas.

—Priscila claro! - ri aliviada e confusa - Meu Deus, eu estava tão focada em trabalhar que nem me lembrei de meus amigos. Sinto muito.

Lucas me encarou fazendo seu julgamento e eu o ignorei completamente abraçando Priscila.

—Eu entendo completamente, estou trabalhando em uma dessas novas empresas tecnológicas e Caramba, eu não tenho tempo para nada.

—Que bom que me entende. Sorri.

—Que tal um café? Ela perguntou sorrindo e apesar de ainda sentir tontura, me vi obrigada a aceitar:

—Claro, as cinco?

—Combinado - Ela sorriu, o que me fez perceber que ela continuava com aquele humor alegre e ingênuo de dez anos atrás, ela olhou no relógio e seu sorriso desapareceu - Sinto muito, mas preciso ir, tipo agora, até as cinco, na melhor cafeteria. Ela gritou e eu gritei concordando.

Hora de encarar os monstros.

Me virei pronta para Lucas, Shelby percebeu a tensão e saiu de fininho com a desculpa que tinha que supervisionar a faxineira, a primeira pergunta veio na lata:

—Porque não me contou quem era de verdade?

—Porque não quero que saibam quem eu sou de verdade?

—E porque isso?

—Se fui capaz de mentir, você acha realmente que ser pega vai me fazer contar?

—Porque saiu da cidade tão depressa?

—Não pensei que tivesse percebido.

—Todos perceberam! - Ele falou um tom mais alto - Não era uma sala tão grande, Priscila chorou por meses.

—Bem, você pode ter certeza que eu tive meus motivos.

—A morte da sua mãe? Isso fez você fugir?

—Isso fez meu pai fugir, eu era dependendo dele, o que você queria que eu fizesse?

—Talvez se despedido? talvez contado a verdade? Talvez dizer agora a verdade porque não me contou quem era?

Respirei fundo, eu não poderia contar tudo, mas faria ele se sentir culpado, apontei para a casa:

—Você tem ideia de como é acordar no meio da noite e encontrar sua mãe deitada no chão da sala morta? Você tem ideia de como é para uma criança de dez anos ver a pessoa que mais amava estatelada no chão? Ver o pai chorando? Não derramar uma lágrima porque estava em choque? Você não deve saber senão não estaria julgando porque eu nunca mais quero voltar nessa cidade maldita, porque minha mãe morreu nela! Gritei a última parte com ódio e rancor, o ódio e o rancor que nunca tinha me permitido sentir.

Ele ficou em silêncio e por um minuto, ouviam-se apenas duas respirações pesadas.

—Fui um idiota - Ele disse por fim - Eu gostava de você, não em um sentido amoroso, mas você era minha amiga, e ver a Priscila chorando, minha irmãzinha, quando você foi embora, ver sua carteira vazia, acho que voltei a ser uma criança de dez anos imatura. Sinto muito por isso.

Recuperei minha compostura:

—Tudo bem, acontece. Eu também não deveria ter me escondido, mas pareceu uma ideia mais tentadora, e foi legal da sua parte me convidar para reconhecer a cidade onde eu tinha nascido.

Ele riu:

—Gostou da revisitação.

—Foi ótima - De repente me lembrei do corpo alguns metros abaixo da casa - E aquela mulher? Você sabe alguma coisa sobre ela?

Ele deu de ombros:

—O que todos sabemos: Bibliotecária, sinistra, vulgo bruxa assustadora...

—Bruxa?

—Algo assim, corria na boca do povo. Boatos.

Talvez mais verdadeiros do que se pensa.

—Que curioso - Respondi com um sorriso amarelo - Porque não fica para o almoço  me atualiza mais sobre isso, eu não recusaria comida da Shelby.

Ele riu.

—Não faria essa desfeita.

*

 Já era noite, o dia tinha passado incrivelmente rápido com Lucas e eu colocando os assuntos em dia, falando como tínhamos passado esses anos, nossos pais, a Shelby falando sem parar enquanto servia o almoço e o lanche da tarde, e claro sobre a mulher assassinada, no fim do dia, tinha descoberto:

Nada sobre a Shelby, porque já conhecia tudo sobre ela, inclusive sobre os trigêmeos que ela apadrinhou na África e que eram as coisas mais fofas e perfeitas que ela já tinha visto.

Sobre o Lucas: Que ele era um dos gestores principais de uma das empresas que vim negociar, que seus pais tinham se separado, a mãe era agora uma floriculturista e o pai tinha fugido com uma vagabunda qualquer, que apesar de permanecer em Lambert, viajava muito mais do que ficava na cidade.

Sobre a mulher assassinada: Bibliotecária sinistra com ficha por posse de narcóticos pesados e sequestro de crianças, já tinha sido presa, feito serviço comunitário e saído mais cedo, era considerada uma Pária na cidade e uma bruxa, seu nome era Yane Renet. 

Alguma coisa tinha acontecido com ela e eu suspeitava que não era um simples assassinato de temporada, ela estava tentando alguma coisa, por isso pareceu certo sua morte, e eu precisava descobrir o que era. 

Encontrei a Priscila a tarde no café, Lucas me deu uma carona e depois de horas de conversa fiada, tive coragem de perguntar:

—E a Larissa?

Larissa era nossa outra melhor amiga, juntas formávamos o triozinho da pré escola, Priscila me contou que Larissa tinha se tornado uma jornalista e que estaria voltando para Lambert amanhã, sorri, era tudo o que eu precisava, perguntei se não poderíamos marcar um encontro e ela sorriu de orelha a orelha com um sim animado.

Amanhã bem cedo perguntaria se elas queriam relembrar o tempo da pré escola e descobrir um pouco mais sobre o assassinato e a vida daquela assustadora mulher.

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem. Deixem seus comentários, favoritem a história, acompanhem e recomendem, isso ajuda muito realmente. Obrigada!



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