Dark Moon escrita por Pakalia


Capítulo 5
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Sinto muitíssimo pela demora em postar o novo capítulo, felizmente, acho que vou conseguir postar mais um antes do Ano Novo então por favor, não fiquem bravos, enfim, espero que continuem acompanhando, obrigada por lerem.



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A sensação era muito parecida com a espionagem, em toda a extensão do meu imenso quarto, eu poderia sentir olhos, mas não os via e mesmo sob a forte luz da manhã, eu sentia uma névoa escura me envolvendo.

Levantei desconfiada e caminhei até a janela, a vista era fantástica, sempre fora, quem olhava pelo meu terraço tinha três paisagens para admirar - as montanhas ao norte, a floresta a oeste e a cidade a leste - cada uma com suas particularidades e cada uma mais bonita que a outra.

E entretanto, eu não via beleza na minha frente.

Tudo o que eu conseguia encarar eram as sombras bem abaixo da minha janela.

Senti meus pelos arrepiarem, quis sair correndo, mas continuei ali, encarando a sombra desaparecer sob a luz do sol.

Que caramba era aquilo?

*

—Bom dia Anne. Shelby me cumprimentou quando trouxe o café no antigo bule fervente.

—Bom dia - Cumprimentei ainda arrepiada - Como passou a noite?

—Bem, e você?

—Bem.

—Aonde vai hoje? Ela perguntou questionando minha camisete branca e minha saia lápis preta.

—Vou fazer o que eu vim fazer. Rondar as empresas, descobrir o que posso oferecer.

—Bem, boa sorte.

—Eu tenho talento Shelby!

—Acredite em mim garotinha, eles também têm.

Novamente meus pensamentos voaram para Lucas.

—Bem, de qualquer forma, este é meu terceiro dia aqui, não posso continuar adiando o meu serviço.

—Entendo.

*

A primeira empresa me deixou entrar assim que reconheceu meu nome, uma secretária que parecia modelo de roupa de ginástica me ofereceu um café e me levou até a mesa do chefe - um homem gordo na faixa dos sessenta anos, mas que o olhar não enganava, ainda era bom no que fazia, em todos os aspectos.

—E então? - Ele sorriu com dentes amarelados de cigarro para mim o que me deixou enojada - No que posso ser útil gata?

Sorri entrando no meu papel e tirei os papéis da minha bolsa:

—Bem senhor Mariano, creio que vai precisar da minha ajuda em breve, então no que eu posso servi-lo?

Ele se sentou me avaliando, sempre faziam isso, como se eu fosse uma menina pequena e indefesa, mas sabiam eles, eu era a melhor no que eu fazia.

—Bem, oque quer dizer com isso? Eu conheço seus serviços: propaganda, compra e venda de empresas, defesa, vocês são ótimos faz todo do ramo, mas não creio que eu precise da ajuda de uma menininha.

Xeque mate!

— Nesse caso, creio que meu trabalho aqui acabou, mas eu volto quando precisar vender sua empresa.

Ele riu arrogante:

—Não vou te ver antes do meu enterro?

—Vai se matar em breve então - Sorri - Com o número de fraudes. 

O sorriso desapareceu daquele cara nojento e ele endireitou a postura como se só estivesse considerando aquela uma conversa séria agora.

—Não sei do que está falando?

—Ótimo, novamente, eu retorno quando você precisar vender a empresa.

—Não há fraudes!

—Está justificando isso para mim ou para você?

—Pare de jogar comigo sua Vadia!

—Cuidado - Eu sorri - Eu estou no controle agora, eu sei sobre as fraudes, assim como os policiais também podem. Mas se aceitar minha oferta...

—Você é uma sanguessuga traiçoeira.

Sorri:

—Obrigada.

—Qual a sua oferta?

—Nós te livramos da acusação, mas queremos metade da empresa.

—Nada efeito.

—Ótimo, compramos por preço de banana depois.

Eu já estava saindo quando ele levantou e bateu na mesa, eu virei com o meu melhor olhar inocente:

—Cuidado, não queremos que você morra antes das acusações.

—Eu aceito!

—Ótimo. Eu trago os papéis a tempo.

 

Saí sorrindo, não era o emprego mais humano do mundo, mas era algo que me distanciava dos meus pesadelos internos e algo que me ajudava a superar o fato de estar de volta na cidade onde minha mãe havia morrido.

Caras como aquele eram comuns no meu ramo, a minha empresa era uma das melhores, tínhamos nossos contatos, tínhamos como saber coisas e tinham pessoas que não queriam que autoridades soubessem o que acontecia, era aí que entravamos, éramos bons no que fazíamos.

Felizmente, essa era a única empresa com fraudes na região, as outras eram empresas legalizadas e honestas, só venderíamos nossos serviços, e seria útil lidar com pessoas que não eram desonestas e safadas para variar.

Mas claro que eu tinha que lidar com a parte péssima do meu trabalho também.

Liguei para o meu chefe da pracinha do meu antigo colégio e avisei sobre a empresa do arrogante:

—Maravilhoso Anne, e as outras?

—Vou vê-las nos próximos dias.

—Entendo.

—Precisa de mais alguma coisa? Melhor falar porque eu não volto nessa cidade tão cedo.

—Não, por enquanto não. E desligou.

Por enquanto?

Merda.

 Me concentrei no que fazer agora, meu trabalho por hoje já estava terminado e de maneira alguma me enfiaria em algum escritório de novo.

Olhei para o prédio antigo onde a escola ainda funcionava, sim, eu estava com saudades, foram os melhores anos da minha vida.

Eu não sabia o que estava fazendo quando entrei no colégio, dando meu nome real, apenas pedi para poder entrar e olhar, a mulher foi irredutível:

—Não entre nas salas de aula.

—Tudo bem. Disse dando de ombros, a mulher repetiu meu movimento e voltou a se concentrar no celular.

Eu andei pelos corredores desertos, observando as crianças nas salas de aula, ainda era o mesmo cheiro de produto de limpeza barato, as paredes de tijolos, o pátio e a quadra bem cuidados, era maravilhoso rever tudo aquilo, eu caminhei por toda a extensão do colégio, parei nos meus lugares favoritos: Embaixo da escada onde tomava lanche, minha sala de aula, o laboratório e finalmente a biblioteca.

Entrei na saleta repleta de livros, a bibliotecária olhou com curiosidade mas não disse nada, sussurrei que era uma visitante, se poderia entrar, ela assentiu.

Caminhei por entre as estantes totalmente absorta no cheiro dos livros antigos, sentei encostada nas prateleiras com os olhos fechados e depois de um tempo senti algo espetando meu pescoço, uma sensação esquisita.

Abri os olhos e foquei na primeira coisa a minha frente - um pássaro - um pássaro azul, ele me encarava com o que eu juro que era curiosidade, ele sentou no meu colo, me deixando paralisada, eu tentei expulsá-lo, mas ele não saía.

Finalmente ele planou acima de mim e saiu voando devagar por entre as prateleiras, não sei porque, mas o segui, quando encontrei ele, ele estava sobre um livro específico, e no segundo seguinte não estava mais, a curiosidade me venceu e eu fui ver qual era o título, meu sangue gelou:

A história sobrenatural de Lambert.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

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