Indecisa Lucy escrita por Risurn
Notas iniciais do capítulo
Meu amor, estou muito nervosa, mas espero que goste!
Nunca mais, é uma promessa.
Eu prometi para mim mesma que não iria mais brigar com ela por isso, mas as vezes eu precisava me controlar mais do que o habitual.
Respirei fundo tomando mais um gole de café. Cheguei meu relógio mais uma vez conforme mais pessoas passavam pela cafeteria e eu continuava sozinha.
Ela estava atrasada, para variar.
Lucy era tão indecisa que provavelmente havia se perdido na hora de escolher a roupa, o caminho que ia tomar até mim ou qualquer outra coisa cotidiana. Mas eu já estava acostumada e havia decidido não brigar daquela vez, de qualquer forma. É só respirar que em algum momento ela vai aparecer.
Bom, eu acho, pelo menos.
Não levou muito tempo até ela entrar, tentando fechar a bolsa. Quando finalmente levantou a cabeça e olhou para mim, tirando o cabelo que havia caído em frente ao rosto, ela sorriu.
Acenei e a chamei até a nossa mesa.
Parecia que havia vindo correndo — e eu não duvidaria disso —, mas conseguiu se acalmar o suficiente para falar depois de algum tempo.
— Desculpe pelo atraso, é que eu fiquei meio... Enrolada. Você sabe.
Ah é. Senhoras e senhores, eu não disse?
— Tudo bem. — Sorri. — Já pedi para você, algum problema?
Ela negou, ainda sorrindo, antes do celular começar a tocar.
Ela pediu licença e atendeu enquanto eu encarava meu copo de café. Depois de três frases eu já sabia com quem ela falava no telefone.
— E então? — Perguntei quando ela desligou.
— Hm? Ah, certo. Então. Ele... Quer sair comigo.
Levantei a cabeça, surpresa.
— Jura? Isso é novidade! E onde vocês vão?
— Ah. Ela coçou a cabeça. — Eu não sei bem. Não conheço o lugar, é um pouco longe daqui. Ele disse que é bem reservado.
Franzi o lábio e tentei não transparecer minha decepção.
— Então... Lá não vai ter ninguém que vocês conhecem?
— Não vem com isso de novo, por favor...
Suspirei, mas sorri. Eu disse que não brigaria hoje.
— Lucy. Eu só quero o seu melhor, você sabe... Por mim está tudo muito bem você ser assim, desse jeitinho indeciso. Pode levar horas para escolher a roupa, o sabor do suco, a faculdade, a pizza... — Peguei sua mão e a apertei de leve entre os dedos. — Mas me dói ver você vivendo nessa dúvida sobre o amor dele por você. Não dá pra amar escondido Lucy. O amor se mostra, ele brilha, pula, explode! E quando você não consegue ver... Ele não existe. E eu não consigo ver o que ele sente por você.
Ela mordeu o lábio e soltou minha mão, esfregando o rosto.
— Eu sei. Eu estou tão... Confusa.
E indecisa. Completei mentalmente.
Lucy é um pouco mais nova do que eu e tem o mesmo problema que a maioria das meninas da idade dela. Quer o mundo todo enquanto não consegue decidir qual passo dar no segundo seguinte é se desespera por isso.
Ela precisa entender que está ok não saber direito o que fazer com a vida por um tempo, já que o que ela sente não é metódico como uma fórmula matemática, cheia de lógica e regras. É diferente dos números que são daquele jeito e ponto, ela ainda pode mudar e mudar várias vezes ao longo do tempo.
Ela sempre será tão mais do que palavras podem descrever e se contenta mendigando amores rasos, algo que é tão, tão pouco para ela. Afinal, ela não pode ser presa em uma folha, já que ela não é uma fórmula de fato.
Tenho vontade de sorrir e dizer que os sentimentos dela não se encaixam porque eles não precisam se encaixar. Assim como o cabelo dela não se encaixa muitas vezes, ou mesmo que ela se sinta como uma palavra que ninguém aprendeu a definir direito.
A verdade é que Lucy é complexa demais para pequenas metáforas, complexa demais para qualquer uma que eu pense ou consiga usar.
Mas tudo bem.
Eu preciso tentar, de qualquer forma.
Sorri e peguei na mão dela outra vez.
— Está tudo bem Lucy. E vai melhorar. Acredite em mim.
E ela acreditou.
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Espero que tenham gostado ♥