Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 32
What Am I Doing Hangin' 'Round/ When I Come Around


Notas iniciais do capítulo

The Monkees e Green Day juntos porque sim!



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Há muito que se pode falar sobre Irene Fiori. Que ela era uma mulher talentosa e cheia de sonhos e que acabou no caminho de uma criatura pérfida, que ela foi uma excelente atriz, que ela cometeu erros terríveis…

Que ela é a minha mãe.

Com os olhos mais atormentados que eu já vi que não fossem um reflexo, ela me contou sobre ver meu pai a traindo com a Bárbara Ellen e perdendo o chão. Eu entendi o sentimento, porque sabia omo ela se sentia, a necessidade de manter o corpo em movimento porque assim não ouvimos nossos pensamentos. Eu era um filho de Irene Fiori da pior maneira possível.

A depressão e o desespero de se ver grávida e sozinha só me lembrou o que eu ouvi sobre Renata… Eu pude entender como minha mãe tinha chegado na situação de não suportar a vida que possuía e acabar internada por conta do risco à própria segurança.

— Eu era tão jovem e estava tão doente, meu filho. - ela me disse enquanto eu digeria sua história de vida. A versão dos fatos pela visão da mulher que me abandonou.

Mas que era tão parecida comigo! Finalmente eu via partes de mim em outra pessoa, a necessidade de fuga, a tormenta de fugir… O desespero que vinha da rejeição. Tudo aquilo era eu também e eu herdei de Irene.

Uma péssima herança, mas era quem eu era no fim do dia.

— Você me entregou para a Dona Odila depois da internação, certo? - perguntei e ela desviou o olhar.

— Eles me tiraram você. - lágrimas escorriam de seus olhos. - Me disseram que eu era um risco para sua segurança, quando tive a possibilidade de me informar sobre seu paradeiro, você já estava com o Plínio e a Bárbara. - o desgosto de dizer o nome da Bárbara foi tão parecido com o meu que em outra situação eu teria rido.

— Passei uns dias no lar do Seu Gilson, logo a Dona Odila foi atrás do meu pai. - lhe expliquei e ela acenou com a cabeça.

— Pelo menos para isso as revistas de fofoca serviram, te ajudar a encontrar seu pai. - soltei uma risada pelo nariz em concordância. Odila jamais adivinharia quem era o meu pai se a Bárbara não tivesse a necessidade compulsiva de aparecer na mídia.

Eu devia lhe contar isso qualquer dia, ela com certeza adoraria saber que ela sozinha reduziu a herança da Malu pela metade. Isso faria um bem danado para minha querida mãe de criação.

Essa era uma culpa que não redimiria Irene, porque meus traumas de infância por conta de Bárbara Ellen precisariam de horas e mais horas na terapia e eu não tinha certeza de que eu conseguiria me livrar deles.

— Pelo menos para isso. - concordei e ela me abriu um sorriso tímido.

 

X

 

— Agora sério, Giane. O Fabinho marcou comigo e sumiu no mundo. - Érico me disse com uma expressão preocupada. - Você tem certeza de que não sabe onde ele está?

— Às vezes está na casa da Bárbara Ellen arrancando aquela peruca dela. - sugeriu Wesley e eu me lembrei da fofoca sobre Amora e ele.

— Verdade, Wesley. Érico, saiu uma notícia tensa sobre o relacionamento pouco… - as palavras eram minhas inimigas neste momento. - fraternal entre o Fabinho e a Amora anos atrás e, bem, eu imagino que o circo está pegando fogo lá pros lados dos Jardins.

— Nessas horas agradeço não ser famoso. - ele comentou contendo um arrepio.

— Por que você acha que eu desisti de tudo?

— Só que não, né? Você é uma presença frequente nas colunas de fofoca. - uma voz que eu conhecia muito bem disse se aproximando de mim.

— Caio! Cara, nem sabia que estava por aqui! - exclamei sem abraçá-lo. Estava complicada esta vida que um abraço vira notícia. Cadê as mulheres fruta fazendo hidratação para distrair o público?

— Mal cheguei. Só tive tempo de largar minhas coisas em casa e vir aqui atrás da minha modelo favorita. - ele disse com um sorriso que eu conhecia bem e não queria pensar sobre.

— Depois me dizem que eu sou muito cínica com relação aos homens que me cercam. Vocês acreditam nisso? - perguntei e Caio riu.

— Você era a minha favorita porque era a modelo mais fácil que eu tive para trabalhar. O trabalho acabava rápido e todos ficávamos felizes. - ele se explicou e eu abri um sorriso debochado.

— Era a favorita porque queria acabar logo com isso. Caio, você está só se complicando. - brinquei com ele.

— É que eu fico nervoso perto de uma mulher tão bonita quanto você.

— Menos, bem menos. - exigi ao notar o desconforto de Érico e Wesley com as cantadas de Caio.

 

X

 

— Estou indo atrás do Fabinho. Alguém quer vir junto? - Malu disse. Luz, Kevin e Dorothy se ofereceram para ir junto.

A situação dentro de casa estava tendendo ao insuportável. As câmeras apontadas para Bárbara Ellen, enquanto ela lia uma revista de moda com Amora na capa. O elefante na sala quebrando a mobília e ninguém resolvendo a situação.

Depois que todos os filhos sairam da casa, a produtora do programa abriu um sorriso. Ela precisava garantir a audiência afinal de contas.

— Então, Bárbara Ellen, como estão as coisas em casa após as revelações de ontem?

— Eu tomei remédios para dormir a mais ontem e alucinei coisas. - Bárbara respondeu com uma expressão constrangida.

Que Amora a perdoasse pelo ato falho. Tudo por Amora, a única filha de verdade que teve nessa vida. A única que realmente importava.

 

X

 

Vi Dona Margot caminhando na rua e senti o desenho de Irene escondido em meu avental pesar. Precisava falar com ela e eu ia fazer isso enquanto ainda tinha cara de pau para tanto.

— Com licença, gente. Tenho que resolver uma coisa. - disse correndo para fora da Acácia.

— Dona Margot! - chamei meio ofegante e ela me encarou surpresa.

— Giane, aconteceu alguma coisa? - ela me perguntou com aquele tom maternal que sempre usava para conversar comigo.

Engoli em seco me preparando para o melhor pior momento da minha vida. Suspirei e repetindo o mantra de arrancar o band-aid. Eu tinha que fazer isso pelo Fabinho.

— Eu tenho uma coisa comigo e eu gostaria de perguntar com quem parece. - disse em um fôlego só. Apesar disso, Dona Margot pareceu me entender o que me deixou mais calma, enquanto eu retirava o desenho dobrado de Fabinho.

Aquele que tinha a Rita de Cássia. Aquele que comprovava que Rita de Cássia era Irene Fiori.

— Ah, é a Rita! - ela me disse com um sorriso simpático. - Não sabia que você desenhava, minha querida! Tem muito talento, devia ensinar as crianças lá na Toca do Saci. - ela deu uma risadinha contente e meu coração martelava em meu tempo.

— Foi meu namorado quem desenhou. - disse como quem não queria nada e notei que Dona Margot parecia desconfortável com a informação.

— O irmão da Malu desenha muito bem! - ela exclamou e logo deu uma desculpa para fugir de mim.

Eu sabia de toda a verdade e Fabinho saberia assim que eu o encontrasse. Mas antes disso, eu decidi seguir Dona Margot, íamos conversar e eu ia saber de tudo ou meu nome não era Giane de Sousa!

 

X

 

— Então eu fui transferida para uma instituição no interior pelo meu primo. Ele cuidou de mim nos últimos 15 anos. - Irene me contou com um rubor. A vida não tinha sido boa para ele nos últimos anos. - Eu achava que ele se importava comigo…

— Mas ele extorquia meu pai. - completei e ela encolheu os ombros.

— Ele precisava de dinheiro. Meu tratamento era caro. - repetiu como se tivesse ouvido esse argumento por anos. - Alguns meses atrás ele morreu e a esposa dele, Margot, pôde me ajudar a sair do hospital psiquiátrico. Ela finalmente pôde me salvar. - as lágrimas de gratidão de Irene só me faziam desenterrar esse tal primo e tacar fogo em seus restos mortais.

— Irene, eu cheguei e precisamos conversar… - ouvi uma voz feminina se aproximar da cozinha e se sobressaltar ao me ver. - Querida, não sabia que tinha visita!

— Eu já sei de tudo, senhora. - avisei e ela pareceu mais calma. Até a porta ser socada com toda força e ela se sobressaltar e ir atender.

— Dona Margot, eu acho que nós duas sabemos o que eu quero falar com você. - a voz de Giane soou da porta e eu não aguentei e lhe chamei.

— Maloqueira, conheça minha mãe. - disse assim que Giane se aproximou com a expressão mais assustada que eu já vi na vida.

— Olá, Giane. - Irene disse.

— Oi, Rita. - ela respondeu com uma expressão desconfiada.

Algo me dizia que Giane estava em sua própria busca por minha mãe.

Eu realmente não merecia aquela garota


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Notas finais do capítulo

O que me diriam se eu sem querer começasse uma outra UA?



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